Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alegria em comemorar o aniversário do PC do B e breve histórico da construção e das conquistas do partido.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Alegria em comemorar o aniversário do PC do B e breve histórico da construção e das conquistas do partido.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2017 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ALEGRIA (RS), COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), PARTIDO POLITICO, COMENTARIO, HISTORIA, CONSTRUÇÃO, REPRESENTAÇÃO, CONQUISTA (MG), LUTA, DEFESA, DEMOCRACIA.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Peço a V. Exª, Sr. Presidente... Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente, não só pela concessão da palavra – pela cessão da palavra –, mas pelos cumprimentos em relação ao aniversário do PCdoB.

    Nós, hoje, estamos fazendo um ato político, aqui no Congresso Nacional, agora, a partir das 14h.

    Agradeço também ao Senador Thieres, que permutou comigo para que pudesse falar e registrar o aniversário do Partido, antes de me dirigir até a Câmara dos Deputados, antes de me dirigir até o Auditório Nereu Ramos, onde realizaremos o nosso ato pelos 95 anos de existência do Partido Comunista do Brasil.

    Desde a semana passada, estou convidando todos os Parlamentares e as Parlamentares, para que participem desse evento. Na realidade, estamos organizando um ato político, no dia de hoje, dia 22, apesar de o aniversário do Partido ser no dia 25, no próximo sábado.

    Então, hoje, às 14 horas, teremos esse ato político, a partir das 14 horas, na Câmara dos Deputados, Auditório Nereu Ramos, e, no sábado, Senador Cássio, faremos uma grande festa na Cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Lá teremos inclusive um importante evento relacionado à localização, à localidade, ao imóvel onde o Partido foi inaugurado no ano de 1922, onde o Partido foi fundado, onde o Partido foi criado.

    Então, é com muita alegria, mas, acima de tudo, com muito orgulho que participo de mais uma homenagem. Desta vez, na condição não só de Senadora, a única Senadora do PCdoB nesta Casa, portanto ocupando a Liderança deste Partido, quero homenagear por esses 95 anos de existência. E me enche ainda mais de alegria, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. O plenário está repleto de mulheres: Senadora Fátima, Senadora Ângela, Senadora Ana Amélia, Senadora Gleisi, quase a Bancada, Senadora Kátia, que também se encontra no plenário. É com muita alegria que participo dessas homenagens, porque o único partido a que me filiei em toda a minha vida foi o Partido Comunista do Brasil – PCdoB. Aliás, entrei para o Partido quando ele não tinha ainda a legalidade. Era uma jovem estudante da Universidade Federal do Amazonas e tomei conhecimento das ideias, da luta que muita gente travava em favor do País, em favor do povo. Filiei-me ao PCdoB e até hoje estou filiada com muito orgulho a este mesmo Partido, que procuro ajudar, procuro contribuir na sua construção.

    Ficamos, Sr. Presidente, fora do Senado, o nosso Partido, desde que o Senador Luís Carlos Prestes fosse eleito como o primeiro Senador do Partido. Em seguida, voltamos a ter representação nesta Casa, com a eleição do companheiro, camarada, que está em Brasília, participará do evento, o ex-Senador, ex-Deputado Federal, membro da Direção Nacional, Inácio Arruda, que, por forças outras, não pôde voltar a esta Casa, nem sequer ser candidato à reeleição.

    Hoje ocupamos este espaço institucional e temos nos dedicado à luta sem tréguas à defesa do restabelecimento da democracia e do respeito à vontade popular. Esta, de acordo com o nosso Partido, é a luta primordial e primeira do povo e da Nação brasileira.

    Nós lutamos contra o retrocesso. Lutamos contra a reforma da previdência. Lutamos contra a reforma trabalhista. Lutamos contra a precarização no mundo do trabalho, cuja votação deverá ser iniciada daqui a alguns instantes na Câmara dos Deputados, do projeto da terceirização, mas lutamos, acima de tudo, em defesa da democracia.

    Preocupa-nos muito, Sr. Presidente, o momento em que nós vivemos, um momento em que os direitos básicos de liberdade passam a ser suprimidos da nossa gente e do nosso povo.

    A luta pela democracia do povo brasileiro tem sido o nosso objetivo maior desde a nossa fundação em 1922...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... e foi justamente isso que me trouxe ao Partido ainda em minha adolescência, como falei aqui.

    Não há nenhuma luta popular que não tenha a participação ativa e corajosa dos comunistas.

    Eu acho, Sr. Presidente, que aconteceu um engano. Estou falando como oradora inscrita, e a mim só foram dados cinco minutos.

    Agradeço, Sr. Presidente. Agradeço muito.

    Não há nenhuma luta popular que não tenha a participação ativa e corajosa dos comunistas. Esse tem sido o nosso caminho. Foi assim na República Velha, onde lutamos pelo voto secreto, extensivo às mulheres e aos analfabetos.

    Nos anos de 1930, fomos os primeiros a alertar o País sobre a tragédia mundial que viria com a subida ao poder dos fascistas e nazistas. E mesmo durante o Estado Novo, quando fomos duramente perseguidos, fomos às ruas pelo rompimento do Brasil com os países do eixo nazifascista.

    Após o fim da guerra, vivemos nossa primeira experiência eleitoral, quando elegemos o Senador Luís Carlos Prestes e mais uma bancada de 14 Deputados Federais.

    Na Constituinte de 1946, lutamos para ampliar a democracia, conquistar a liberdade sindical e de greve e a liberdade religiosa, inclusive. A liberdade religiosa, inscrita na Constituição brasileira desde 1946, foi uma proposta de um Parlamentar que compunha a bancada feminina, Jorge Amado, Sr. Presidente, e que trouxe a todos os brasileiros a liberdade de crença, a liberdade de culto e a liberdade, portanto, da própria organização religiosa.

    Apesar desse breve momento democrático, a pressão americana por conta da Guerra Fria dobrou os ministros do TSE e nos colocou na ilegalidade novamente em 1947. Isso não nos impediu, entretanto, de continuar na luta em defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos do nosso povo, a luta contra o golpismo que patrocinou a sórdida campanha que levou ao suicídio do Presidente Getúlio Vargas em 1954, que apoiou as tentativas de impedir a posse e de derrubar o Presidente Juscelino Kubitschek em 1956 e 1957, que tentou impedir a posse de João Goulart e manobrou a imposição do parlamentarismo em 1961 e que, por fim, festejou o golpe militar de 31 de março de 1964, que implantou uma nefasta ditadura de 21 anos.

    Em todos estes momentos, estivemos na rua, na ilegalidade, mas nas ruas, enfrentando a repressão e defendendo o Brasil.

    Durante a ditadura, nosso Partido não se amedrontou e participou de todas as frentes de luta contra a ditadura militar, do Parlamento, da mobilização do povo à luta armada na região do Araguaia. Esteve presente ao lado dos estudantes, dos operários e da intelectualidade progressista nas grandes campanhas pela liberdade. Levantou bem alto as bandeiras da anistia, da Constituinte e pelo fim das leis de exceção. Foi um ativo participante da campanha pelas Diretas Já e contribuiu com todas as suas forças para a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

    Essa, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, é a trajetória do Partido Comunista do Brasil e, nessa quadra histórica, onde assistimos ao ressurgir das vozes do arbítrio, do obscurantismo, do atraso, inclusive com representações no Parlamento, nossa postura segue alavancada na coragem.

    Não há, dentre as vozes que nos criticam, quem defenda mais direitos, quem defenda mais distribuição de renda, quem defenda mais democracia.

    Fomos muito firmes aqui, assim como na Câmara dos Deputados e nas ruas, na defesa do mandato da Presidenta Dilma. Infelizmente, mais um golpe, mais um golpe perpetrado contra a Nação e o povo brasileiro, um golpe que, a cada dia que passa, deixa claro os seus reais objetivos e a sua real razão: aplicar um projeto político não vitorioso no processo eleitoral democrático e, a partir daí, voltar ao período das privatizações, voltar ao período da retirada dos direitos dos trabalhadores.

    Nesta pequena homenagem, portanto, que faço, Sr. Presidente, não à sigla do PCdoB, mas aos milhares e milhares de militantes que atuam hoje, que atuaram no passado, às famílias e aos amigos daqueles que se foram, tombando na luta, eu quero aqui reafirmar que nós temos lado, temos consciência e temos coragem de defender os direitos e a democracia e que neste Parlamento assim fazemos, como tenho certeza de que assim faz a nossa militância nas ruas.

    Para concluir, Senador Cássio, que preside esta sessão, quero aqui dizer o seguinte: "Eu sou teimoso [...]". Este é um trecho da letra de uma música que foi vinculada no nosso programa, no dia de ontem, aliás, do Boi Bumbá, um belíssimo programa, alegre, como alegre é a Nação e o povo brasileiro:

Eu sou teimoso, eu sou valente, sou guerreiro, eu sigo em frente. Moço, nosso coração está apertado, mas trazemos conosco os nossos sonhos, os nossos sonhos e desejos de mudar o País, de construir uma Nação melhor para todo o povo brasileiro.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2017 - Página 13