Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações acerca das manifestações públicas ocorridas na avenida Paulista no dia 26 de março de 2017.

Críticas ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Considerações acerca das manifestações públicas ocorridas na avenida Paulista no dia 26 de março de 2017.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2017 - Página 7
Assuntos
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, MOVIMENTO SOCIAL, LOCAL, SÃO PAULO (SP).
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENFASE, MODELO, AMPLIAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ANALISE, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos estão acompanhando agora pela TV Senado, pela Rádio Senado, aproveito para fazer um cumprimento especial a toda a equipe, tanto da Rádio Senado quanto da TV Senado, porque tenho percorrido o Estado de Mato Grosso, lá nos rincões, lá no interior, e noto o quanto esse instrumento de comunicação é bem visto e ouvido nos lugares mais recônditos desta Nação brasileira.

    Sr. Presidente, no último domingo, tivemos novamente a população brasileira indo às ruas. Vi um certo ar de comemoração por parte dos simpatizantes do governo que saiu, porque disseram que foram um fracasso as manifestações.

    Vejo que manifestação é sempre um sucesso, seja ela de qual matiz for, porque significa que a população está participando da vida política do País e está indo às ruas manifestar o seu contentamento ou descontentamento. Enfim, o certo é que, se essa manifestação tivesse sido do lado do PT, provavelmente hoje estariam os quatro cavaleiros aqui dizendo que tinha sido um sucesso, que a Paulista ficou lotada, mas, como não foi, estão, nas redes sociais, dizendo que foi um fracasso.

    Queria parabenizar todos os movimentos que foram às ruas manifestar o seu apoio aos temas que defendiam, como o fim do foro privilegiado, o apoio à Lava Jato, os temas mais variados.

    Penso que isto é muito bom para a democracia: as pessoas se manifestarem. E, mais, manifestaram-se de forma pacífica, de forma ordeira, dando, mais uma vez, uma aula para alguns grupos que, quando vão se manifestar, fazem da quebradeira, das pichações o mote da sua manifestação.

    Recentemente, aqui em Brasília, quebraram todas as vidraças do Ministério da Agricultura, já tinham quebrado as do Ministério da Educação, e, cada vez que Boulos e sua turma saem para as ruas, é uma quebradeira imensa. Ele, na ânsia de substituir, de ser o novo Lula, pega um caminho totalmente diverso do que deve ser a conduta daqueles que prezam pela democracia.

    Sr. Presidente, também nessa mesma linha, o que eu tenho observado é que, após perder, entregar de mão beijada a outorga que a população brasileira lhe tinha dado, o ex-Presidente Lula tem feito, cada vez que pega o microfone, um verdadeiro, eu diria, terrorismo verbal, desde chamar os outros de ilegítimos, passar aquela ideia arrogante de que só ele é dono da verdade, até mentir deslavadamente para a população brasileira. Isso tudo na ânsia de recuperar as ruas que outrora o amavam tanto.

    Recentemente, eu estava assistindo a um vídeo, Sr. Presidente, em que Lula dava uma entrevista e dizia o seguinte – abro aspas: "Quando a gente está na oposição, a gente mente mesmo. Certa vez eu estava em Paris com Roberto Marinho e Jaime Lerner [palavras do Lula], e aí, no debate, eu disse que o Brasil tinha 25 milhões de crianças de rua". E disse que foi falando aquelas mazelas todas do Brasil, que achava bonito falar mal do Brasil e que foi aplaudido de pé pelos franceses e tal. Quando ele se sentou, Jaime Lerner falou no ouvido dele: "Ô, Lula, não há como haver 25 milhões de crianças de rua, senão, a gente nem andava na rua". E ele falou: "Essa é a realidade. A gente fazia uma passeata e jogava um número lá para cima para dizer que...". E depois Lindbergh também confirmou isso aí.

    Então, eu estou repetindo isso aqui por quê? Para que fiquemos de ouvidos abertos, de olhos bem abertos ao discurso que está sendo feito agora. Hoje anunciaram que vão fazer uma homenagem, no dia 21 de abril, lá em Minas Gerais, ao ex-Presidente Lula, numa intenção de compará-lo com Tiradentes, o mártir da Independência brasileira, porque ali começaram seus sonhos de independência. Muita gente ficou chocada com isso. Eu vi alguns amigos comentando: "Nossa! Mas está se comparando com Tiradentes?" Eu falei: "Eu acho que é até pouco, para quem já se comparou com Jesus Cristo". Há poucos dias, ele se comparava a Jesus Cristo. Então, não fiquei admirado com isso, embora eu ache que, da forma como ele está aparecendo nas delações, está mais para Barrabás do que para Jesus Cristo.

    Mas essa linha de contar mentiras é que me preocupa, porque, de repente, as pessoas vão dizer: "Não! Lula mente mesmo, faz aquela galhofada". E as pessoas até gostam. Mas a minha preocupação, minha gente, é que essas mentiras vão ficando, vão ficando e dificilmente, num pleito eleitoral, a verdade consegue vencer a mentirada. Cito, por exemplo, que, quando foi lançado o Plano Real – e eu creio que nenhum brasileiro há de contestar que ele foi um sucesso –; eu me lembro de que o Lula dizia: "Esse é um programa eleitoreiro". E praticamente quase todo o PT foi contra o Plano Real.

    Como o Plano Real foi um sucesso total, ele se apoderou do plano e passou a demonizar o seu mentor. Fernando Henrique foi demonizado por essa gente que parecia que era mais fácil defender Mefistófeles do que Fernando Henrique. Aí está a falha do PSDB, que parece que passou a ter vergonha do seu líder – e foi aí que Lula deitou e rolou. Mas nessa linha da mentirada é que eu digo: apoderaram-se de quase todos os programas que existiam neste País, remodelaram e fizeram como se fosse do Partido do Trabalhadores.

    Eu me lembro de que, numa das eleições, o PT demonizou, de forma muito forte, as privatizações, mas depois, sem dinheiro, precisava fazer privatizações, e aí começou a fazer privatização envergonhada. De que jeito era essa privatização? Era um modelo híbrido: pegava um pouco da iniciativa privada, concedia; e a outra parte era de responsabilidade do Governo. E é aí que quero chegar, para ver o resultado dessas mentiras todas, o quanto têm impacto na vida da sociedade.

    A BR-163 foi concedida nesse modelo híbrido e, lá no meu Estado, resolveram fazer um edital em que a concessionária que ganhou a licitação, que ganhou a concessão faria 10% da obra – e, a partir daí, já poderia cobrar pedágio –e a outra parte dessa duplicação dessa nova rodovia seria feita pelo DNIT. Obviamente o restante ia ser continuado pela concessionária. O que aconteceu? A concessionária fez sua parte – 10% – e a parte do DNIT não foi feita, até hoje se arrasta. Isso bem antes da Copa, já há bastante tempo. O certo é que os mato-grossenses hoje pagam pedágio e não têm a rodovia duplicada. Para complicar, quando veio a Operação Lava Jato, em que a Norberto Odebrecht entrou como protagonista desse escândalo, o BNDES trancou os financiamentos e o restante da obra, lá em Mato Grosso, está praticamente parado e ninguém sabe se vai sair ou não.

    E aqui faço um parêntese para que o Governo brasileiro, a Casa Civil possa chamar às falas o BNDES. O BNDES não é banco de entesouramento; é banco de fomento, de desenvolvimento e o Estado de Mato Grosso nada tem a ver com a confusão de gente safada que fez corrupção, que se embrenhou em lamaçal. O Estado de Mato Grosso quer e precisa da rodovia BR-163 duplicada.

    Continuando, Sr. Presidente, esse foi o modelo chamado modelo híbrido, que eles não chamavam de privatização, davam outro nome, um apelo bonito para não dizer: "Não, nós não estamos fazendo privatização". Na verdade, era privatização e acontece que deu errado. E, aí, o Brasil não teve o retorno do serviço e ficou sem a obra tão necessária.

    Esse modelo, essa retórica de passar simplesmente a ideia de que o mundo é perfeito, de que o PT é o dono da verdade, de que a verdade está com esse grupo que defende essas ideias tem prejudicado muito o Brasil. Tem prejudicado até nas relações, em que tentam dividir homem contra mulher, branco contra não branco, índio contra não índio. É a divisão do nós e eles, para poder dividir para governar. Isso tem causado um tremendo risco à democracia brasileira.

    E por que digo isso? Digo, sem medo de errar: porque isso não se sustenta na realidade, na verdade e vai causando divisão, ódio, a ponto de as pessoas não aguentarem mais.

    Para quem está nos ouvindo vou dizer um pouco do roteiro, como é isso. Quando sobe um Parlamentar aqui que defende essas ideias, faz uma cara de indignado e fala com toda a força dos pulmões. Na verdade, é tudo fake, para dizer que está indignado, que os pobres estão sendo arrebentados, que a classe trabalhadora está tendo seus direitos precarizados. Tudo fake, minha gente. Tudo fake, sabe por quê? Tudo falsidade, fingimento, dissimulação, sabe por quê? Porque se passaram 13 anos – se passaram 13 anos –, e não se via essa preocupação.

    Eu fui sindicalista na época em que essa turma estava aí. Não tinha a menor vontade, aliás, corria da classe trabalhadora. Quando, de repente, se viram com o bote dando água, correram atrás dos movimentos sociais, correram atrás dos sem-terra novamente. Sem-terra vivia de bolsa dada pela Conab, na época desse povo. Não demarcaram um palmo de terra. No apagar das luzes, fizeram ali do Palácio do Planalto algo como se fosse uma sede sindical: encheram de panfleto, encheram de sem-terra, porque era o que lhes restava.

    E, agora, pousam aqui de defensores da previdência, de defensores da CLT. Lembrem-se de que, até há poucos dias, o Presidente Lula falava de forma inflamada. Ele dizia da seguinte forma: "É bem verdade que a população brasileira está vivendo mais. A população brasileira está vivendo mais, e, se tem mais gente para receber e tem menos gente para pagar, temos que fazer uma reforma". Ele fazia isso, para justificar que era preciso uma reforma. E fez uma reforma.

    A Presidente Dilma, até há poucos dias, defendia, com seus ministros, a reforma da previdência. E agora, aos quatro cantos, vociferam – chega a sair perdigoto –, para dizer que são contra a reforma.

    Não estou aqui defendendo a reforma. Não sei nem que tipo de reforma vai chegar aqui. Do jeito em que está, realmente, toda a Base aqui já disse que não vota na reforma.

    Mas o que mostro aqui é a incoerência dessa gente – a incoerência de quem mente, mas sem pestanejar, para voltar a pegar a viúva novamente. Querem é o dinheiro da viúva, essa é a verdade.

    Quanto a essa história de defender o Brasil, não vejo preocupação alguma com o Brasil, porque, veja bem, houve uma das campanhas em que ganharam em cima da Petrobras, dizendo que, se o PSDB ganhasse, iria acabar com a Petrobras.

    Pois bem. Eles ganharam. O que fizeram com a Petrobras? Todo mundo sabe o que fizeram com a Petrobras.

    Então, é uma mentira atrás da outra. Eu faço esse levantamento aqui para que os brasileiros abram o olho, porque dissimulação, coitadismo e mentira são a marca dessa gente que quer voltar ao poder. Vejam bem: eles pediram o impeachment de todo mundo que passou. Quando foi pedido o impeachment do Governo do PT, o que eles falaram? "É golpe!" Então, impeachment contra o PT era golpe. Aí começaram a dizer: "Tiraram uma Presidente honesta, que não cometeu crime algum. Nada pesa contra a Presidente Dilma. A Presidente Dilma não foi delatada. A Presidente Dilma não tem nada de investigação aberta contra ela." Esse é o mantra que espalham no mundo inteiro, enxovalhando a imagem do Brasil.

    Acontece que não é verdade. O Marcelo Odebrecht veio e disse: "Tanto o Lula quanto a Dilma sabiam de tudo. Tanto Lula quanto Dilma sabiam das quantias que eram repassadas ao Sr. João Santana e à sua esposa." Sabiam de tudo. Está lá nas delações. Mas ela continua posando de impoluta. Poderíamos falar: "Medeiros, ela já foi cassada." Mas temos que falar isso aqui, para relembrar. Não há essa história de competente, mãe de toda a honestidade e mãe de toda a seriedade. Na verdade, nós tivemos uma Presidente que foi cassada porque cometeu erros. E erros graves. Esse erro de maquiar balanço, gente, já derrubou grandes empresas. Eu tenho citado sempre aqui a Aero, que maquiava seus balanços para dar ganhos aos acionistas. E ainda havia um slogan assim: "Pergunte por quê". Quando perguntaram, descobriram. Foi a mesma coisa quando perguntaram por que o Governo da Presidente sempre dava superávit. É porque maquiava os balanços. E isso é crime. E foi por isso que a Presidente foi cassada.

    Então, não existe essa coisa de coitadismo, em que se juntou um monte de gente e resolveu cassar. Eu vi, durante o impeachment, alguém dizer: "Olha, se juntou o FBI e a direita reacionária para cassar a Presidente." Primeiro, o FBI só cuida de interesses internos, de questões internas norte-americanas. Mas o certo é que eles falam qualquer coisa, para tentar confundir a população brasileira.

    Eu queria dizer a toda a população brasileira que, neste momento, o que nós precisamos fazer é nos unir; nos unir para defender o Brasil, para defender este País, que está arrebentado, que está alquebrado por esse vírus que contraiu e que passou aí, incubado, durante treze anos. Nós precisamos reconstruir, principalmente, as bases do emprego.

    E aqui eu os vejo o tempo inteiro contra a reforma, contra se fazer reforma, dizendo que os trabalhadores vão perder. Gente, o direito mais sagrado do trabalhador é o emprego. O direito mais sagrado é ele poder se levantar todo dia, voltar à tarde e, no final do mês, ter o seu dinheiro e viver com dignidade.

    Mas essas pessoas têm o raciocínio de que o Estado tem que ser pai de todos, de que tem que pagar a todos. Acontece que não existe essa história de almoço grátis. Se você está comendo o almoço e não está pagando, alguém está pagando. Eles louvam os programas sociais. É bacana ter programas sociais. Mas, gente, é preciso ter uma entrada para os programas sociais. As pessoas têm que ter uma entrada. Mas é mais importante que elas tenham uma saída, que as pessoas possam...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... ter acesso à educação e ao seu trabalho, para viverem com dignidade.

    Como dizia Luiz Gonzaga, a esmola ou vicia ou humilha o cidadão. E tudo de que nós não precisamos é de uma Nação viciada ou humilhada.

    Sr. Presidente, já marchando para o final, quero deixar a todos os brasileiros a mensagem de que o Brasil teve uma boa notícia nesse final de semana. Já vários mercados internacionais voltaram a comprar a carne brasileira, voltaram a ter confiança no mercado brasileiro.

    Aqui fica um exemplo para todos, fica uma lição para a Polícia Federal e para todos nós que precisamos, acima de tudo, desfazer esse feitiço que foi feito por Lula e sua trupe, de colocar todos os ovos numa cesta só. Acabaram, através da sua política de capitalismo de Estado, colocando todo o setor produtivo de carne brasileira na mão de JBS e de dois ou três.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – O que é que aconteceu? Deu um probleminha lá num frigorífico, que contaminou toda a nossa base, e quase o boi vai para o mato, com a corda e tudo. E, nesse momento, acabamos de receber essa notícia alvissareira de que a China e outros países já estão voltando a comprar carne brasileira.

    Quero parabenizar aqui o Presidente Michel Temer e a equipe do Mapa, na pessoa do Ministro Blairo Maggi, que agiu rápido e, de forma competente, mostrou transparência nesse problema todo que tivemos.

    Eu não tenho dúvida de que Mato Grosso tem orgulho do seu Ministro, e já estamos até colocando o nome dele lá, Senador Thieres, como um possível presidenciável. Eu notei que já há outros aí que estão incomodados e até começaram a atacá-lo, mas fica de parabéns o Ministro Blairo Maggi.

    Um abraço!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2017 - Página 7