Pela Liderança durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro das manifestações organizadas pelos grupos Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Registro das manifestações organizadas pelos grupos Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2017 - Página 21
Assunto
Outros > SISTEMA POLITICO
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PARTICIPAÇÃO, MOVIMENTO SOCIAL, JUVENTUDE, OBJETIVO, COMBATE, CORRUPÇÃO, ANALISE, REDUÇÃO, ADESÃO, POPULAÇÃO, MOTIVO, AUSENCIA, FINANCIAMENTO, PARTIDO POLITICO, IMPRENSA, COMENTARIO, IMPEACHMENT, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ALTERAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, VIOLAÇÃO, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, CASSAÇÃO, CHAPA, DILMA ROUSSEFF, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado e pelas redes sociais, o domingo passado foi marcado pelo fracasso total das tentativas de manifestações organizadas por alguns próceres do golpe contra o governo da Presidenta Dilma, como o chamado MBL (Movimento Brasil Livre), o Vem pra Rua e algumas figuras, algumas celebridades que se destacaram nessa condição de golpistas, como o ex-comediante, como foi tratado pelo Brasil 247, Marcelo Madureira, Kim Kataguiri, Alexandre Frota e outros conselheiros e consultores de Michel Temer.

    As panelas ficaram silentes nas varandas gourmets, os patos se recolheram e, mesmo com esse Governo atolado até o último fio de cabelo na corrupção, parece não haver mais incômodo com a degradação política do País. De um lado fica evidente que esses movimentos neofascistas perderam total adesão popular ao se mostrarem completamente diferentes daquilo como se vendiam. Nada têm de apartidários, nada têm de isentos. Ao contrário, são fortes linhas auxiliares, Sr. Presidente, cúmplices da administração de Michel Temer, em total consonância com os partidos que os financiam.

    Isso foi sobejamente denunciado, recursos de partidos políticos que financiaram aquele movimento pelo impeachment. Ao contrário, o que se viu foi que, quando não tiveram o apoio e a participação de partidos, que agora não querem gente na rua, eles se mostraram absolutamente incompetentes para promover mobilizações. Isso desacreditou a população, que se viu utilizada como massa de manobra para o favorecimento de interesses político-partidários.

    Em outra vertente, também ficou absolutamente claro que a falta de apoio ostensivo dos responsáveis diretos pelo golpe – partidos, como o PSDB, o DEM e o PPS, que hoje integram o Governo e querem dar paz a Michel Temer; a Fiesp, que tem ganhado consecutivos presentes do Planalto, como a aprovação da terceirização irrestrita no Brasil, em prejuízo dos trabalhadores e das trabalhadoras; a mídia, que não fez mais chamamento à ocupação das ruas –, toda essa falta de apoio financeiro, estrutural e publicitário para fomentar passeatas e atos públicos também fez a movimentação minguar.

    Não houve mais gente comendo filé-mignon e tomando champanhe servidos na Av. Paulista; não houve mais campanha com frases pretensamente cívicas na fachada da Fiesp. Em cima dos trios elétricos, os mesmos ídolos aparvalhados de sempre, muitas vezes dispostos não a discursar, mas simplesmente a proferir impropérios contra líderes da esquerda no Brasil. Embaixo, o sobejo da plateia de outros tempos. Grande parte, de gente que estava pedindo intervenção militar ou a volta da monarquia. Enfim, foi um domingo condizente com o enredo patético que sempre embalou esses grupos.

    Como já tive oportunidade de dizer, Lula e Dilma sozinhos colocaram mais gente em Monteiro, na Paraíba, no dia 19, para a inauguração popular da transposição do São Francisco, do que esse pessoal em todo o Brasil no domingo passado. E isso é uma prova cabal de que milhões de brasileiros parecem ter acordado para o fato de que foram feitos de joguetes nas mãos de vontades eleitorais contrariadas, foram usados para acuar e derrubar um governo com o único propósito de satisfazer interesses políticos que não eram os seus.

    A tônica era acabar com a corrupção, como se os governos do PT tivessem sido a origem desse mal e de todos os outros males da sociedade brasileira. Muitos acreditaram nisso piamente, encantados pela flauta da mídia aberta à melodia do compadrio político e econômico. Derrubada a Presidente Dilma, seu substituto instaura uma administração que sangrou, inicialmente, um ministro por mês, todos degolados por denúncias. Hoje, seis deles estão na mira das delações, dois dos quais na antessala do Presidente da República, que também está delatado, todos afogados nesse imenso escândalo.

    O desmonte de programas sociais, de direitos e conquistas históricas, o ataque à Previdência Social e à legislação trabalhista, tudo caminha a passos largos. E, então, todos veem mais claramente que foi com esse propósito que Dilma foi apeada. Todos entendem que foi golpe e qual era o propósito do golpe. E aí, talvez, tenham ficado em casa no último domingo, constrangidos, envergonhados por terem sido feitos de patos.

    Escárnio dos escárnios, o PSDB – esse freguês do PT nas disputas presidenciais, esse derrotado de sempre, esse chorão de sempre –, que pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a cassação da chapa Dilma-Temer por pretenso abuso de poder econômico, volta agora ao TSE para requerer que só Dilma seja considerada culpada pelas acusações que faz, e que Temer nada teria a ver com isso.

    O PSDB, que mama avidamente nas largas tetas dessa administração nefasta, que se locupleta das benesses deste Governo por meio de extorsão política com olhos em 2018, desce abaixo da linha da vergonha, tentando remendar seu próprio pedido inicial para tentar livrar Michel Temer de uma eventual condenação naquele tribunal, ao perceber que deu um tiro no pé quando requereu a cassação da chapa.

    São esses os altos acordos da República, as conveniências que norteiam os interesses políticos. Sob o risco de que uma cassação da chapa vitoriosa de 2014 provoque novas eleições diretas, num momento em que Lula vence em todos os cenários para a Presidência da República, de acordo com as pesquisas eleitorais, a ordem é buscar urgentemente uma solução para manter o débil Michel Temer no poder para que, trôpego no cargo, ele possa chegar cambaleando até o fim de 2018, refém dos aliados que o querem suceder.

    É o metagolpe. É o golpe dentro do golpe, que tem representantes no Executivo, no Legislativo, no Judiciário e no Ministério Público, em larga parcela do poder econômico, tendo a mídia como fiadora.

    E mais: situações até absurdas de certas ideias surgem, como a de que, se a chapa vier a ser cassada pelo TSE – e não há razão para que o seja, porque a campanha da Presidenta Dilma foi aprovada pelo próprio TSE no que diz respeito às suas contas –, a novidade agora é que o Sr. Michel Temer poderia ficar elegível e ser candidato a uma vaga pelo Congresso Nacional, ser Presidente. Primeiro, por um golpe. E, depois, por um golpe dentro do golpe; e mais: uma eleição na Câmara dos Deputados para que ele seja Presidente. Eu acho que, aí, já é até abusar da inteligência da população brasileira; é um verdadeiro escárnio, como eu disse anteriormente.

    Por isso, é importantíssimo que todos estejamos atentos ao que virá do Tribunal Superior Eleitoral nas próximas semanas, quando esse julgamento deve ser pautado. A nossa defesa, a defesa da Presidenta Dilma, é de que não houve o cometimento de qualquer ilicitude...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... na campanha de 2014. Foi uma campanha limpa e auditada por todas as instâncias competentes.

    No entanto, se o TSE decidir, de forma diversa, que o peso da sua decisão seja para a chapa, que é integrada pelo Vice – que dela não pode, sob qualquer hipótese, se dissociar, salvo por um acordão político inaceitável, salvo por um novo golpe que venha para impedir a realização de eleições diretas –, o Brasil, com toda a certeza, não aceitará essa solução que as elites, mais uma vez, querem tomar, ao largo dos interesses da população do nosso País.

    Muito obrigado pela tolerância, Sr. Presidente.

    Muito obrigado, Srªs Senadoras e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2017 - Página 21