Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de nota de autoria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB em defesa da rejeição da proposta de reforma previdenciária apresentada pelo governo federal.

Registro de artigo de imprensa de sua autoria intitulado "Divid et impera", publicado nos portais da internet Jornal do Brasil, Vermelho e Brasil 247, em que defende a rejeição da reforma da previdência proposta pelo governo federal.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Leitura de nota de autoria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB em defesa da rejeição da proposta de reforma previdenciária apresentada pelo governo federal.
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Registro de artigo de imprensa de sua autoria intitulado "Divid et impera", publicado nos portais da internet Jornal do Brasil, Vermelho e Brasil 247, em que defende a rejeição da reforma da previdência proposta pelo governo federal.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2017 - Página 202
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Indexação
  • LEITURA, DOCUMENTO, AUTORIA, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ASSUNTO, CRITICA, PROPOSTA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETO, ALTERAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, PREVIDENCIA SOCIAL, APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO, APOSENTADORIA POR IDADE, CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIARIA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ORADOR, PUBLICAÇÃO, INTERNET, JORNAL DO BRASIL, ASSUNTO, CRITICA, PROPOSTA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETO, ALTERAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, PREVIDENCIA SOCIAL, APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO, APOSENTADORIA POR IDADE, CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIARIA, ENFASE, CATEGORIA PROFISSIONAL, PROFESSOR, POLICIAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR - SERERP

COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

27/03/2017


    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as críticas e o repúdio à reforma da Previdência estão acontecendo em todos os cantos do país.

    Grandes órgãos e entidades já se posicionaram contra a PEC 287/2016, como OAB, DIEESE, IPEA, Conselho Federal de Economia, Associação dos Magistrados Brasileiros, Conselho Nacional dos Direitos Humanos, entre muitos outros.

    Hoje, quero registrar nesta tribuna o posicionamento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

    A nota é assinada pelo Arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, Cardeal Sergio da Rocha, pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia e Vice-Presidente da entidade, Dom Murilo Krieger e por Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário-Geral da CNBB.

    Segundo a nota, os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são contrários dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo.

    Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias.

    É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil.

    Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade.

    O sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética.

    Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres.

    Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários.

    Na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica.

    Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 “soluciona o problema”, excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios.

    Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores…); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social.

    A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC.

    Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência.

    Essas opções ajudariam a tornar realidade o Fundo de Reserva do Regime da Previdência Social - Emenda Constitucional 20/1998, que poderia provisionar recursos exclusivos para a Previdência.

    O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses.

    Quando isso acontece, quem perde sempre é a verdade. O diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade deve ser buscado até à exaustão.

    A nota ainda pede: às senhoras e aos senhores parlamentares, fazemos nossas as palavras do Papa Francisco:

    “A vossa difícil tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias.

    Não falte entre as vossas prioridades uma atenção privilegiada para com o trabalho feminino, assim como a assistência à maternidade que sempre deve tutelar a vida que nasce e quem a serve quotidianamente.

    Tutelai as mulheres, o trabalho das mulheres!

    Nunca falte a garantia para a velhice, a enfermidade, os acidentes relacionados com o trabalho.

    Não falte o direito à aposentadoria, e sublinho: o direito -- a aposentadoria é um direito! -- porque disto é que se trata.”

    No mesmo documento, o cardeal Sergio da Rocha, o arcebispo Murilo Krieger e o bispo Leonardo Steiner convocam “os cristãos e pessoas de boa vontade, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados.

    A Nota da CNBB termina com o seguinte apelo: "Deus nos abençoe".

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar artigo de minha autoria que foi veiculado em vários portais, entre eles o do Jornal do Brasil, Vermelho e Brasil 247.

    Divide et impera? Nem sempre! Aqui é Brasil.

    O presidente Michel Temer excluiu da reforma da Previdência os servidores dos estados e os funcionários públicos municipais.

    Não que ele não tenha razão. Pelo contrário, oxalá ele exclua todas as categorias de trabalhadores do campo e da cidade, e acabe de vez com essa proposta de reforma que só vai trazer prejuízos grandiosos ao povo brasileiro.

    É obvio que o objetivo dessa tática é enfraquecer o poder de mobilização da sociedade e dos movimentos sociais.

    Porém, fica mais obvio ainda que o presidente Temer não tem certeza dos votos da sua base governista, além de se mostrar totalmente contraditório a essa proposição.

    Aliás, apenas para lembrar, ele já havia deixado de fora as Forças Armadas, bombeiros e policiais militares.

    Pois bem, observem só a lambança que está para acontecer: suponhamos que a reforma como está sendo proposta pelo governo seja aprovada.

    A questão surgente da hora é como ficarão os professores e os policiais, apenas para dar esses dois exemplos.

    Teremos professores e policiais vinculados aos estados e municípios que manteriam a aposentadoria especial aos 25 anos de contribuição; e, do outro lado, professores e policiais do âmbito federal tendo que alcançar a idade mínima de 65 anos e 49 de contribuição para se aposentar.

    Isso não tem explicação... Uma anarquia com sistemas diferentes e injustos.

    É certo que a voz das ruas do nosso país está consciente e combatendo com as armas da boa luta as reformas previdenciária e trabalhista. Não há possiblidade alguma de recuo.

    Pela primeira vez, depois de muitos anos, o Palácio do Planalto conseguiu unir a grande maioria dos brasileiros.

    Ademais, foi graças a mobilização de toda a sociedade e das redes sociais que alcançamos 62 assinaturas de senadores, de 81 possíveis, para a criação da CPI da Previdência.

    Em breve ela será instalada e o país saberá o que há dentro dessa verdadeira caixa de pandora.

    Ao longo dos séculos, vários governantes, para alcançarem seus objetivos políticos e militares, utilizaram a tática do dividir para conquistar.

    Ou seja, separar e fragmentar as forças adversárias para enfraquecê-las.

    Entres eles, podemos citar César, Filipe da Macedônia e Napoleão. Mas por si só esse método não é sinônimo de sucesso ou vitória.

    Divide et impera? Nem sempre! Aqui é Brasil.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2017 - Página 202