Discurso durante a 36ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à gestão do Governo Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à gestão do Governo Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2017 - Página 44
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DILMA ROUSSEFF, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CRISE, SAUDE PUBLICA, AUSENCIA, VAGA, LEITO HOSPITALAR, UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI), RECEM NASCIDO, REFERENCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADÃO, DEFESA, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, CRIAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, CRIANÇA, FELIZ (RS), OBJETIVO, ACOMPANHAMENTO, EDUCAÇÃO INFANTIL, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham pela TV Senado, pela Rádio Senado, enfim, pelas redes sociais, na sexta-feira, saiu uma matéria no Estadão, dizendo o seguinte:

Em seis anos, País desativa 10,1 mil leitos pediátricos na rede pública. Apenas em UTIs neonatais, para recém-nascidos em estado grave, seriam necessárias mais 3,2 mil vagas, segundo parâmetros da Sociedade de Pediatria.

    É uma longa matéria, que não vou ler toda, para não cansar ninguém. Mas ela diz, mais ou menos, o seguinte:

Brayan tinha só um dia de vida quando foi diagnosticado com disfunção cardíaca grave. Os médicos da maternidade avisaram à família que ele teria de ser transferido para um hospital especializado e passar por cirurgia o mais rápido possível. Quanto mais o procedimento demorasse, maior era o risco de morte. A vaga, porém, só saiu três meses depois, quando a família entrou com ação na Justiça. “Toda noite era uma angústia. A gente ia embora do hospital e não sabia se ele estaria vivo no outro dia”, diz a atendente Érica Bezerra de Melo, de 25 anos, mãe do bebê.

Brayan, hoje com 6 meses, aguentou esperar e sobreviveu à cirurgia. Já Luan, nascido em novembro, não suportou tamanha demora. Diagnosticado também com problema no coração, o bebê morreu com só 70 dias, após aguardar um mês por um leito que nunca foi liberado. “A gente tenta acreditar que ele veio para esse mundo numa missão. Ou a gente pensa assim ou fica revoltada”, diz a prima do menino, a estudante Maria de Jesus Araújo, de 19 anos.

A situação da rede hospitalar para crianças no País preocupa. Entre 2010 e 2016, o Sistema Único de Saúde fechou quase 10,1 mil leitos de internação em pediatria clínica (para pacientes de 0 a 18 anos), segundo levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria e obtido com exclusividade pelo [jornal] O Estado de S. Paulo. Em 2010, a rede pública tinha 48,2 mil vagas do tipo (entre leitos próprios e conveniados). Em 2016, caiu para 38,1 mil.

Só em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais, estruturas necessárias para atender recém-nascidos em estado grave, como Brayan e Luan, faltam 3,2 mil leitos, conforme parâmetro da Sociedade de Pediatria. Segundo a entidade, são necessários ao menos 4 leitos do tipo por mil nascidos vivos. No País, a taxa atual é de 2,9.

“É uma situação gravíssima porque as crianças muitas vezes chegam a um serviço de pronto-socorro e não têm para onde ser encaminhadas.[...]"

    Sr. Presidente, eu resolvi trazer essa matéria aqui porque ela faz um diagnóstico e traz um roteiro do que foram os últimos seis, sete anos nessa seara.

    E digo isso, também, porque, quando a gente chega a esse cenário, vejo aqui quase cotidianamente Senadores que perderam o Poder recentemente – do recém impitimado governo – chegar aqui e gritar para a população que era um mar de rosas, que este País era um paraíso, que este Pais cuidava das crianças, que este País cuidava dos pobres, que este País era perfeito. É uma brincadeira com a nossa memória, porque a gente sabe que não é isso. É um País que... Era um governo que deu cheque sem fundo, gastou o que não podia e, depois, quando a conta chegou, todos aqueles pseudobenefícios que foram dados para as pessoas estão sendo retirados. Então, temos crianças morrendo, nós temos uma saúde arrebentada nas três esferas de Governo – Estado, Município e Governo Federal.

    E eu vejo eles fazendo discursos inflamados aqui, defendendo a pobreza, defendendo as crianças, defendendo os negros, defendo as mulheres, defendendo os índios. Viraram, de uma hora para outra, o pai dos pobres, os defensores dos mais fracos, como se nunca tivessem pisado no Governo, como se nunca tivessem tido a chave do cofre, como se nunca tivessem tido a oportunidade de resolver todos esses problemas.

    Estamos aqui com dados: dez mil leitos fechados – só para as crianças. Em nossos hospitais, de fora a fora no País, pessoas morrem nos corredores. E, de repente, eles querem, simplesmente, passar a fatura, passar todas essas mazelas e dizer: "A culpa disso é do Governo que está aí". E eles costumam dizer: "É o governo golpista, usurpador" e, por aí vai.

    Na verdade, o que este Governo está fazendo é uma transição. E nós tentamos fazer uma transição do grave quadro que o ex-governo nos deixou. Nós estávamos em queda livre, eu não tenho dúvida.

    Hoje, eu vi uma foto que exemplificava bem: vi uma foto de um Lixão lá em Roraima, Estado de V. Exª, Senador Thieres, onde havia urubus, índios e muitos venezuelanos disputando alguma coisa para comer. Esse era o porto final do Brasil se aquele governo – graças ao bom Deus – não tivesse caído, porque o script do filme era o mesmo, e o roteiro, os diretores são os mesmos.

    Essa gente se reuniu no chamado Foro de São Paulo e chegaram a tirar fotos juntas: o Mujica, da maconha; o Chávez, que à época estava vivo; a Kirchner; a Dilma. E, por trás, a foto era muito emblemática: por trás de todos eles estava, nada mais, nada menos, do que Marcelo Odebrecht – porque toda quadrilha precisa de um grande financiador. Tanto que existe um crime tipificado que se chama "associação para o crime". Se eu sou um delinquente e não tenho o que fazer, não tenho como me financiar, geralmente vou a um financiador, pego o dinheiro – ele me dá o dinheiro a juros exorbitantes –, eu vou lá, compro a cocaína, vendo e pago esse financiador. O cara está lá, como se fosse de mãos limpas. Esse é o financiador. Mas, reservadas as devidas proporções, o cenário é esse.

    Agora me fez uma...

    Hoje eu vi um Twitter que me chamou muito a atenção, um Twitter da Joice, dizendo que certas coincidências... E eu não sou da teoria da conspiração, mas é muito interessante que em todos esses governos que ganharam eleição, através dessas urnas bolivarianas – e agora ganhou no Equador também –, o percentual seja de 51%, Senador Thieres. Eu falei: "Que interessante: uns quatro ou cinco sempre ganharam com 51%." Será que não poderia ser 50, não poderia ser 52? Não, é 51%. E eu falei: "Será que o programa estava programado para isso?" Mas isso é outro papo.

    O que eu repiso aqui é o fato de que essa gente está por aí, nas ruas, gritando. Reuniram três mortadelas essa semana, em cada capital brasileira, e disseram o seguinte: "O Brasil foi às ruas contra as injustiças." Na semana que passou, os movimentos Vem pra Rua e MBL colocaram mais de 50 mil pessoas na Avenida Paulista e em vários lugares do Brasil. E eles vieram aqui para esta tribuna dizer que era um fracasso. Não é momento de ficar medindo quem levou mais gente à rua. Mas por que eu digo isso? É para mostrar a incoerência dessas pessoas o tempo inteiro. E nós – cada um de nós que estamos tentando reconstruir este País – precisamos vir cotidianamente.

    Recebi uma mensagem no meu Facebook dizendo: "Senador, vá lá falar dos seus projetos, vá lá dizer o que o senhor está fazendo. Não vá falar mais sobre esse assunto. Não venha falar de PT. Não venha falar dessas brigas." Não. Nós precisamos falar do PT. Nós precisamos falar todos os dias. Nós temos que fazer como o povo de Israel, quando ficou exilado por muito tempo, trabalhando como escravo na Babilônia, e eles voltavam e sempre relembravam, para que as gerações futuras não fossem escravizadas de novo. Nós precisamos falar desse desastre, se possível, todos os dias.

    Falemos de outras coisas também. É bem verdade que tenho proposto muitos projetos. E digo aqui que, inclusive, estão aí, no Portal do Senado. Tenho trabalhado muito, mas tenho feito, acima de tudo, cada vez que subo a esta tribuna, esse contraponto, para que nunca mais, nunca mais nós sejamos enganados. Digo isso porque eu fui enganado, e boa parte dos brasileiros foi enganada, com aquela voz melodiosa que irradiava simpatia; voz de uma pessoa pobre que tinha saído de Pernambuco; voz de uma pessoa que nós sempre pensamos ser séria. Mas, acima de tudo, ele, além de ser um bom...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Exatamente. Fomos todos traídos.

    E, ao mesmo tempo em que ele manipulava, também era manipulado pelos chamados intelectuais. Essa gente tem uma boa responsabilidade: o Sr. André Singer, Dona Marilena Chauí... Todas essas pessoas têm boa parte de parcela de culpa nesses 10,1 mil leitos que estão faltando aqui. Sabe por quê? Por causa daquele discurso de que os fins justificam os meios. Nenhuma coisa boa pode sair quando os meios são maus, Senador Thieres, e essas pessoas fizeram um dano imenso ao País. Sabe qual o maior dano? O ódio.

    Eu nunca vi um discurso do Lula que não fosse destilando ódio ou criando um vilão para que ele pudesse combater. Um discurso sempre amparado no roteiro de Hollywood, onde você cria um coitado no início do filme, e aquele coitado sofre, sofre, sofre, e aquele sofrimento é simplesmente para justificar que ele cometa as maiores atrocidades no final do filme, e a plateia possa aplaudir e dizer: "Temos um herói." Esse é o roteiro. E continua.

    E quando alguém ou algum jornalista ousa escrever uma linha a respeito dessas verdades, se eles pudessem, fuzilariam esse sujeito, porque começam a dizer que é perseguição da imprensa, que é perseguição disso, que é perseguição... Todo mundo neste País responde por seus crimes; não essa gente do PT. Mesmo acusados, mesmo presos, eles continuam apontando para os outros. É contra isso que eu me levanto, é contra isso que eu falo quase todos os dias aqui. Prestemos atenção nesse comportamento para que não caiamos na mesma cilada.

    Nós estamos com a saúde debilitada, nós estamos com a educação arrebentada, por causa da doutrinação dessa gente que quer se manter no poder a qualquer custo, gente que manda panfletos para distribuir para crianças, como eu vi há poucos dias no Mato Grosso; gente que sai tentando demonizar todos os políticos, para tentar jogar na mesma vala do PT.

    No meu Estado, neste momento, um sindicato de ladrões está colocando outdoors dos Parlamentares, declarando votos que ninguém ainda declarou. A questão da previdência nem chegou aqui. E eu digo ladrões, Senador Thieres, porque não tenho dúvida de que gente que pega dinheiro do pobre trabalhador, para trabalhar contra o próprio trabalhador, está roubando o dinheiro dele, está furtando o dinheiro dele. Então, é nesse sentido que eu digo que essa gente precisa ser desmamada, essa gente precisa ser extirpada, e o Governo do Presidente Michel Temer precisa fazer uma devassa dentro do serviço público.

    É de doer o coração quando a gente vê que a antiga secretária, se não me engano, da Senasp hoje faz parte de altos cargos na Petrobras. É de doer o coração quando a gente vê que essa gente que destruiu o Brasil está em todos os cargos no Mato Grosso. Trocaram-se poucos. Nós continuamos sob a égide dessas pessoas. Nós continuamos sofrendo por causa dessa máquina pública aparelhada.

    Então, Sr. Presidente, quando a gente observa o cenário todo, a gente nota que, em apenas seis meses, todo o caos criado pelo governo do PT é jogado nas costas deste Governo. Não estou aqui com procuração para defendê-lo, mas o que eu digo é o seguinte: nós precisamos atravessar, e essas pessoas não estão nem aí para o Brasil. Elas estão apenas preocupadas em manter o que já furtaram, o que já roubaram, e em poder voltar ao poder para roubar de novo.

    Odeio ter que apontar dedos aqui, mas o faço porque vi, no final de semana inteiro, as pessoas mostrando a capa da Veja em que saiu Aécio Neves. Quando saiu o Lula na capa da Veja, a Veja não tinha credibilidade nenhuma. Então, é dessa forma que essas pessoas se comportam.

    Já marchando para o final, Senador, eu digo o seguinte: esse dinheiro todo que foi para financiar o Partido dos Trabalhadores e seus puxadinhos... O Partido dos Trabalhadores e seus companheiros que estão arrebentados tiraram dinheiro das crianças, tiraram dinheiro da saúde e da educação. E aqui eles vêm fazer biombo. Na verdade, a última coisa que essas pessoas querem é que a educação brasileira seja uma educação protagonista, uma educação de vanguarda, porque gente instruída, gente que sabe fazer um raciocínio crítico, uma avaliação crítica, só vai na onda dessa gente se estiver ganhando algum. Podem até ir por um tempo, mas, quando descobrem, saem fora.

    Senador Thieres, falando em crianças, existe um programa do Governo Federal que se chama Criança Feliz. Esse é um programa que, eu não tenho dúvida, vai mudar o futuro do Brasil, tanto na educação quanto na segurança, porque ele começa a cuidar das crianças, cuidar do futuro adulto já na infância. Mas aí eu pergunto a V. Exª: como ir para frente um programa dessa natureza, se as crianças não têm acesso à saúde, se o dinheiro das UTIs foram parar na conta de um Partido vermelho por aí? Partido esse, Senador Thieres, que grita aos quatro cantos do País, que toca fogo, que quebra vidraças, dizendo defender a Previdência e querendo que cobrem a conta daqueles devedores. Justo. Eu também concordo. Mas esse mesmo Partido deve mais de R$10 milhões à Previdência, Senador. Então, é por isso que esse discurso dessas pessoas não se sustenta, porque os pés dessa estátua são de barro.

    O projeto desse povo não tem alicerce; o projeto desse povo é apenas falácia, é apenas retórica, é apenas uma coisa ensaiada. Até os discursos inflamados aqui têm uma tônica. E sabe qual é? É trazer um tema que tenha apelo popular, achar um vilão, achar uma vítima e gritar, a plenos pulmões, aqui, como se estivesse indignado. Vocês podem perceber: gritam indignados e, quando descem aqui, já passou a raiva. Por quê? É um teatro puro. É bem possível que, pela competência que alguns Senadores desse Partido e seus puxadinhos têm, de vir aqui fazer esse proselitismo, tenham sido treinados ali, ou pelo Maria Clara Machado, ou por uma escola de teatro muito bem competente, porque não é possível que possam fazer com tanta realidade. Choram aqui na tribuna pelas crianças, pelos pobres. Mas os pobres, as crianças, os negros e os indígenas não passam de catapultas, para que eles se mantenham aqui no poder. Digo isso porque eu fui a uma tribo, em Campinápolis. Estive com o cacique nesta semana, aqui no meu gabinete. Os índios estão passando fome, Senador Thieres. As crianças estão morrendo. E cadê o dinheiro que ia para esses índios? Cadê o Partido que defendia tanto esses índios? Esses movimentos sociais que defendem o Partido dos Trabalhadores... Quantos palmos de terra ganharam no governo do PT, em 13 anos? Nada!

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Estamos tentando, agora, fazer a regularização fundiária e vi o cipoal que é. Então, é o pobre como biombo.

    E os negros? De repente, eles chegam aqui com os cabelos amarrados ou então com um turbante, membros desse Partido, para dizer que defendem os negros. Defender o negro não é isso. O que o brasileiro quer... Gostam de separar o País, em negros, índios, fulanos, beltranos, sicranos. E sabe de uma coisa? O que nós precisamos é ter uma Pátria só. O que nós precisamos é de brasileiros com condições de trabalhar, porque não existe algo que deixe o cidadão com mais dignidade do que ele ter acesso a emprego, a uma boa educação.

    Se você tiver uma boa educação para todos, você vai ter milhares de joaquins barbosas. Você vai ter pessoas que não vão precisar ser definidas por raça, cor ou religião.

    O artigo da Constituição, para essas pessoas...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... o art. 5º, parece ser letra morta, quando diz: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de cor, raça, sexo ou religião."

    E com isso eu encerro, Senador Thieres, agradecendo a tolerância e, mais uma vez, servindo de atalaia, aqui, para que o povo brasileiro, nas próximas eleições, abra os olhos para aqueles lobos vestidos de pele de cordeiro, principalmente os lobos-guará, da pele mais avermelhada.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2017 - Página 44