Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre o processo judicial em que sua Ex.ª responde por violência doméstica em desfavor de sua esposa.

Autor
Lasier Martins (PSD - Partido Social Democrático/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Esclarecimentos sobre o processo judicial em que sua Ex.ª responde por violência doméstica em desfavor de sua esposa.
Aparteantes
Ana Amélia.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2017 - Página 19
Assunto
Outros > PODER JUDICIARIO
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, PROCESSO JUDICIAL, REU, ORADOR, DENUNCIA, AUTORIA, ESPOSA, CRIME, VIOLENCIA DOMESTICA, ENFASE, RESPEITO, MULHER, REGISTRO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEFESA, EXISTENCIA, INOCENCIA, ACUSADO.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado.

    Sr. Presidente, Cássio Cunha Lima, Senadores, Senadoras, telespectadores, ouvintes, eu bem que gostaria, como tenho feito constantemente aqui, nesta tribuna, de falar dos grandes temas nacionais, da Ordem do Dia, das pautas da crônica política nesta etapa da vida nacional de tanta turbulência e preocupações, mas sempre terei tempo para essas abordagens.

    Hoje, Sr. Presidente Cássio, diante de um problema que deveria ser estritamente pessoal, mas que alcançou enormes repercussões em parte da imprensa, no mundo político e aqui nesta Casa – nesta Casa, onde trabalho, onde tenho compromissos, onde devo respeito, sobretudo, aos Srs. Senadores e às Srªs Senadoras –, se um integrante desta Casa é atingido de alguma maneira, tem a sua conduta posta em dúvida, isso repercute na Casa, que é uma grande instituição política nacional.

    Então, Sr. Presidente, diante desses acontecimentos é que decidi vir à tribuna, até porque tenho recebido muitos pedidos de entrevistas, as quais tenho negado, sobretudo por se tratar de questão pessoal, de uma questão familiar, de um conflito conjugal, de coisa de vida privada.

    E alguém poderá dizer: "Mas isso não interessa, porque o Senado Federal deve discutir as questões de Estado, os grandes problemas que estamos vivendo". Isso é verdade.

    Agora, se isso mexe com a espontaneidade de um dos integrantes desta Casa, de alguém que tem uma vida totalmente transparente, a vida inteira, eu me vi na conveniência, Sr. Presidente, de vir à tribuna falar, mesmo com a crítica procedente daqueles que entendem que vida privada não é de ser trazida para a tribuna do Senado. Entendo que há exceção e estou diante de uma exceção.

    De outra parte, outro fato relevante é preciso invocar quando a vida privada transborda para o ambiente público. É que, no drama pessoal a que qualquer pessoa está sujeita, há uma criança. Há uma menina de dez anos, uma menina talentosa, cativante, muito querida, que não pode sofrer efeitos negativos, deletérios sobre o cenário que foi armado. Então, também por isso é que vim a esta tribuna.

    Como disse, é problema pessoal, que está sub judice, Sr. Presidente, que deveria ter ficado restrito a uma vara de família, mas não foi o que aconteceu – e não vim a esta tribuna para atacar quem quer que seja. Não vou reprimir, não vou criticar ninguém. Sou uma pessoa de paz, respeito a todos, principalmente as mulheres, e tenho gratidão, como qualquer cidadão tem gratidão às mulheres.

    Eu tenho três filhas, todas muito bem-sucedidas na sua vida privada. No meu gabinete, predominam as mulheres: minha chefe de gabinete é mulher; minha assessora de imprensa é mulher. Sou defensor da Lei Maria da Penha. Tenho pregado a necessidade de disseminar as delegacias da mulher por esse Brasil afora.

    Agora, na medida em que sou alvo de críticas, de reportagens, vou provar a minha total inocência, mas no local exato. Não pelas redes sociais, não por entrevistas. Agora, se esses efeitos repercutem na espontaneidade de um Senador e vêm ultrapassando os limites, recomenda-se um pronunciamento, e é o que estou fazendo.

    Eu sou um Senador, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que veio da comunicação social: foram 53 anos de vida na comunicação, no meu Rio Grande do Sul, nas duas maiores empresas de comunicação no Sul do Brasil – televisão, rádio e jornal. Foram 53 anos sem nenhuma mancha, Sr. Presidente, sem nenhum fato desabonador, sem nenhuma queixa de infração ou de violência contra quem quer que seja. E os gaúchos me conhecem. E por isto também eu estou aqui: porque eu tenho um eleitorado que me mandou para cá, Sr. Presidente, com 2.145.000 votos, e porque conhecem a minha credibilidade e a retidão da minha vida. E aqui tenho o compromisso de representá-los bem, de cabeça erguida e de cara limpa, porque eu sou um cara limpa, Sr. Presidente.

    Então, tenho sido vítima de injustiças que quero esquecer. Não pretendo mais voltar a esse assunto.

    As minhas posições na imprensa de críticas às mazelas no País, as minhas posições nos meus comentários na televisão e no rádio e, seguidamente, também em jornais e nos debates de televisão sempre foram na medida moderada. Sempre a minha crítica teve limites no respeito à pessoa humana. Das pessoas que me conhecem no Rio Grande do Sul – e sou muito conhecido no Rio Grande do Sul – tenho recebido centenas e centenas de manifestações, mas, fora do Rio Grande do Sul, há quem não me conheça, e aí suspeitam. Mas verão, com o passar do tempo, que o meu Rio Grande do Sul está bem representado.

    Tenho participado do encaminhamento de vários projetos de lei. Atualmente, eu tenho 29 projetos de lei em andamento, alguns já passados pela CCJ. No ano passado, participei de quatro Comissões Temáticas, sendo Presidente de uma delas, a de Ciência e Tecnologia. No corrente ano, sou membro titular da Comissão de Constituição e Justiça, da Comissão de Agricultura, da Comissão de Relações Exteriores, em que tenho feito um trabalho profícuo no cumprimento daquilo que me trouxe para cá.

    Então, Sr. Presidente, eu não posso viver sob críticas infundadas, que serão discutidas. A prova será feita no devido processo legal, que não deveria ter vindo a público.

    Então, Sr. Presidente, Srs. Senadores que me ouvem toda a atenção, pares, colegas, a quem respeito e de quem tenho granjeado respeito e amizade, mesmo dos companheiros de plenário com os quais temos divergências ideológicas, ou programáticas, ou partidárias, nós vivemos aqui em um ambiente de muito entendimento, de mútuo respeito, que é o que eu quero continuar vivendo.

    E quero pedir paciência: naquilo que depender de mim, o processo judicial andará muito rápido porque eu quero ver o fim desse dilema que se transformou em um pesadelo injusto.

    E quando me perguntam: "Mas por que não abre mão do foro privilegiado?", se eu pudesse, eu já teria feito, mas é imperiosidade constitucional, é prerrogativa da função e não da pessoa. Então, se pudesse, eu estaria abrindo mão do foro privilegiado.

    Mas eu quero fazer com que esse processo tenha um andamento o mais rápido possível para demonstrar aos meus colegas, aos meus eleitores, à população que me ouve por este Brasil afora e que tantas mensagens tem me feito nos últimos dias, que eu sou uma pessoa de paz. Eu sou um jornalista que, na semana que vem, Sr. Presidente, embora não pareça, vai completar 75 anos de idade e que não tem nada de desabonador na sua vida – nada!

    E foi por essa credibilidade e por essa respeitabilidade que eu cheguei ao alto grau de Senador da República, missão honrosa, mas de enorme responsabilidade, a qual eu quero cumprir como se deve: com trabalho, com dedicação, com participação na vida nacional, que, como disse ao início, vive também momentos traumáticos e onde nós temos grandes obrigações de contribuir para que as coisas se resolvam, para que o Brasil retome o seu caminho da prosperidade.

    E o Brasil precisa de nós, e eu preciso de serenidade para cumprir essa obrigação, e eu preciso do respeito dos meus colegas, porque eu tenho feito por merecer esse respeito, e assim vou continuar.

    Obrigado, Presidente.

    A Senadora Ana Amélia me está pedindo um aparte.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu apenas queria dizer, Senador Lasier, que é muito difícil num caso estritamente pessoal e particular – íntimo eu diria –, porque é a sua palavra e a palavra da pessoa que o denunciou. Mas eu apenas faço um registro como Senadora, para quem a lei é igual para todos, de que houve manifestação, houve casos semelhantes, análogos ao seu, envolvendo colegas que não tiveram o mesmo tratamento dado a V. Exª. Então, se a lei é igual para todos, nós temos que tratar com igualdade também os antecedentes. Não podemos usar dois pesos e duas medidas. Eu queria apenas ressaltar, como jornalista, sua colega – que trabalhamos numa empresa –, a forma sempre respeitosa que V. Exª teve com as colegas jornalistas e também, das informações que tenho sobre a sua convivência familiar, com a sua família. Então, esse depoimento tem tão somente o objetivo de resguardar aquilo que para nós deve ser muito caro, que é a Justiça. Obrigada, Senador.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS) – Eu que agradeço, Senadora Ana Amélia, que foi, durante muito tempo, uma companheira de trabalho no jornalismo, uma pessoa que me conhece e que me fortalece com seu depoimento.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2017 - Página 19