Pela Liderança durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a constitucionalidade da cobrança de contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural.

Autor
Cidinho Santos (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: José Aparecido dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a constitucionalidade da cobrança de contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2017 - Página 28
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Indexação
  • CRITICA, DECISÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), ASSUNTO, CONSTITUCIONALIDADE, COBRANÇA, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL, FUNDO DE ASSISTENCIA AO TRABALHADOR RURAL (FUNRURAL), CONTRIBUINTE, PRODUTOR RURAL, PESSOA FISICA, MOTIVO, EXISTENCIA, BITRIBUTAÇÃO, PREJUDICIALIDADE, AGRONEGOCIO, REGISTRO, AUDIENCIA, PARTICIPAÇÃO, ELISEU PADILHA, HENRIQUE MEIRELLES, MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), OBJETIVO, DISCUSSÃO, MATERIA.

    O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco Moderador/PR - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou procurar ser bastante rápido. Temos agora uma audiência na CMA; e haverá uma votação importante lá.

    Queria só registrar a nossa surpresa com a decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 30, pela constitucionalidade da cobrança do Fundo de Defesa do Trabalhador Rural (Funrural). Essa sentença impõe uma dívida bilionária aos produtores rurais brasileiros e desequilibra o setor agropecuário.

    A cobrança do Funrural estava suspensa desde 2011, em decisão liminar do Tribunal Regional da 4ª Região. Agora, o posicionamento dos Ministros do STF impôs um passivo de bilhões de reais aos produtores de todo o País. A estimativa é de que mais de R$7 bilhões deixaram de ser arrecadados nos últimos anos em função dessa decisão do TRF. Com certeza, os produtores rurais não se viram obrigados a recolher, e muito menos as empresas do agronegócio, da agroindústria, que poderiam fazê-lo.

    O Fundo Rural, no nosso entendimento, Sr. Presidente, é uma bitributação. É uma cobrança injusta. É uma cota patronal do INSS – da Previdência Social, mais risco de acidente de trabalho – totalizando 2,1% do valor total das operações de comercializações.

    Se o passivo disso for cobrado de forma imediata, será um caos; todos iriam para a inadimplência e fecharia o setor rural brasileiro, justamente a atividade que hoje dá certo no País, que contribui com a nossa balança comercial. Temos agora a expectativa da produção da maior safra brasileira neste ano, e essa decisão, realmente, traz preocupação a todo o setor do campo brasileiro. Temos recebido manifestações de todo o Brasil, dos sindicatos rurais, do setor do agronegócio brasileiro, preocupados com essa decisão do Supremo Tribunal Federal.

    Hoje, tivemos a oportunidade de estar na FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária). Lá compartilhamos com o Presidente da Frente, Deputado Federal Nilson Leitão, com os demais Parlamentares que estavam lá – daqui, do Senado, estavam eu e o Senador Ronaldo Caiado –, nossa preocupação com a situação, manifestando que precisamos achar meios jurídicos e políticos para resolver essa situação. Primeiramente, garantir que esse retroativo não tem condições de ser arcado pelos produtores rurais brasileiros. É inviável que se faça esse recolhimento hoje; é um valor muito alto, torna-se impossível recolher esses valores do passado. Segundo, garantir tranquilidade ao homem do campo de que ele vai produzir com tranquilidade.

    Se tivermos, realmente, de cumprir com o recolhimento desse Funrural daqui para frente, que seja em alíquotas, que sejam passíveis de ser pagas. Da forma como está, como já disse, é uma bitributação, o que vai onerar, com certeza, ainda mais o setor do agronegócio brasileiro, trazendo mais custos, onerando o nosso setor, que hoje, como disse antes, é o setor que dá certo em nosso País.

    Portanto, é preciso união entre os setores do agronegócio brasileiro, porque, quando se fala no Funrural, envolve não só o grande agricultor, o grande pecuarista, mas também o pequeno produtor rural, aquela pessoa que produz o leite, que vende uma vaca para o açougue, todas as pessoas que estão envolvidas nesse recolhimento – que considero injusto, pois é mais um imposto que se coloca para os produtores rurais brasileiros.

    Espero, Senador Medeiros, meu colega de Mato Grosso – sei da sua luta por essa causa também –, que possamos nos unir com o Ministro Blairo Maggi, com o FPA, com todos aqui para fazermos um movimento em defesa do agronegócio brasileiro nessa questão do Funrural.

    Estou apresentando, na medida provisória da desoneração, uma emenda, primeiro, para a remissão das dívidas retroativas – e espero contar com o apoio dos demais Colegas Senadores –, e também outra emenda, que diminui a alíquota do percentual a ser arrecadado ao Funrural e que o mesmo seja recolhido sobre a folha de pagamento, não ficando sob a responsabilidade das empresas fazer esse recolhimento, para que não tenhamos uma bitributação do Funrural, onerando mais a carga do setor rural.

    Nós vemos cada vez mais o nosso setor produtivo sendo atacado. Em uma hora é a Operação Carne Fraca; em outra hora é a oneração da folha de pagamento; em outra hora é a Previdência Rural; em outra hora são setores querendo cobrar ICMS das exportações brasileiras, principalmente da soja.

    Com o preconceito que existe com o setor rural em relação à questão ambiental, é preciso que nos fortaleçamos e entendamos que, se um setor está dando certo, está gerando emprego, está gerando divisas, está ajudando a economia do País, por que maltratarmos, pisarmos esse setor, justamente o que está nos garantindo essa estabilidade que hoje temos? É através do setor rural, da grande produção brasileira, que esperamos sair da crise em que nos encontramos. Então, é preciso que nós estejamos unidos com os produtores brasileiros para passarmos, Sr. Presidente, por mais essa dificuldade que ora se sobrepõe a eles.

    Hoje, às 16h30, haverá uma audiência no Palácio do Planalto, com o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também com o Ministro da Fazenda, para tentar entender essa situação, fazer com que o Governo entenda, e também para que o Supremo Tribunal Federal, que ainda não publicou essa decisão, possa ao final entender que essa questão de o retroativo ser recolhido é impossível. E que possamos procurar uma solução pacífica, talvez, através do Legislativo, para os recolhimentos futuros.

    Era só isso, Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2017 - Página 28