Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a situação da citricultura no Estado do Sergipe.

Autor
Eduardo Amorim (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Comentários sobre a situação da citricultura no Estado do Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2017 - Página 41
Assunto
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • COMENTARIO, CRISE, ATIVIDADE AGRICOLA, PRODUÇÃO, FRUTA CITRICA, ESTADO DE SERGIPE (SE), REGISTRO, REDUÇÃO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO AGRICOLA, DECADENCIA, PRODUTIVIDADE, PEDIDO, DESTINATARIO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, OBJETIVO, INVESTIMENTO, CAPACIDADE TECNICA, PRODUTOR RURAL, CONCESSÃO, CREDITOS, MANUTENÇÃO, SAFRA, ENFASE, IMPORTANCIA, ATIVIDADE, INDUSTRIA, ENTE FEDERADO.

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, ocupo esta tribuna, nesta tarde, para falar dos produtores rurais, especialmente os do meu Estado, e, mais especialmente ainda, da situação da citricultura no Estado de Sergipe. O Nordeste brasileiro é responsável por cerca de 10% de toda a produção nacional de citros, sendo a segunda maior região produtora do País, com aproximadamente 122 mil hectares de área colhida. A produção gira em torno de 1,9 milhão de toneladas de frutos.

    A Bahia e o meu Estado, Sergipe, se destacam com cerca de 90% de toda a área plantada do Nordeste, sendo que Sergipe detém cerca de 57,6 mil hectares plantados. Dessa maneira, somos o terceiro produtor de citros do País – perdendo apenas a posição, de primeira e de segunda colocação, para São Paulo e, em seguida, para a Bahia –, com uma produção de aproximadamente 840 mil toneladas de frutos, sendo a maior quantidade de laranjas, com cerca de 822 mil.

    Em Sergipe, os principais pomares estão concentrados nos Municípios de: Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, lndiaroba, ltaporanga d'Ajuda, ltabaianinha, Lagarto, Pedrinhas, Riachão do Dantas, Salgado, Tomar do Geru, Umbaúba e Santa Luzia do ltanhy. O meu Estado e a Bahia, juntos, são responsáveis pela maior área cultivada de toda a citricultura tropical do mundo. Caso os dois Estados fossem um único país, seria o terceiro maior produtor de laranja do Planeta.

    A laranja, Sr. Presidente, é a fruta mais consumida no mundo, atualmente. E Sergipe já chegou a ser o maior produtor no Brasil; hoje, como já disse, ocupa a terceira colocação.

    Dos diversos produtos do agronegócio exportados, o suco de laranja congelado e não fermentado foi o principal produto vendido em 2016, com participação de cerca de 47,56% de exportação no setor. No ano passado, a exportação do suco de laranja movimentou mais de US$53 milhões, com um aumento de 13,88% em relação ao ano de 2015.

    Entretanto, agora, é importante ressaltar que a quantidade de suco de laranja exportado registrou uma queda em 2016 em comparação com o ano anterior. Em 2016, embora tenha havido uma queda na produção em números absolutos, o valor do produto exportado aumentou. Dessa maneira, houve uma recuperação no preço do suco de laranja na indústria internacional. O principal destino do suco de laranja sergipano é a Holanda, além de outros mercados como o da Irlanda, do Reino Unido, da Turquia, da Polônia, do Japão, entre outros.

    E aqui, Sr. Presidente, Senador Cássio Cunha Lima – V. Exª, nordestino como eu –, Srªs e Srs. Senadores, é importante destacar que a região centro-sul de Sergipe dispõe de um importante parque industrial responsável pelo processamento de frutas, que gera, com toda certeza, milhares e milhares de empregos para toda a região.

    Há duas semanas, acompanhado do amigo e Vereador, por Estância, Misael Dantas, visitei a fábrica Tropfruit, naquele Município, onde fomos gentilmente recebidos pelo diretor administrativo e comercial da empresa, Sr. Diorane Morais, e pelo diretor financeiro, Sr. Raelmo de Melo Fontes. Lá pude ver de perto a importância do fortalecimento da citricultura para a economia de uma cidade e de seu entorno. São milhares de pessoas, Sr. Presidente, que dependem não apenas diretamente, como também indiretamente, da fábrica e da produção de laranja, já que a fábrica compra produtos até de quem chega com pequenas quantidades. Pessoas chegam à fábrica com sacolas, com sacos que lá são vendidos e adquiridos, e, depois, essas pessoas retornam para as feiras ou para os supermercados para fazer aquisição de insumos básicos. É assim, Sr. Presidente, que funciona.

    Com tudo isso, colegas Senadores, lamentavelmente, os governos, nos últimos anos, vêm relegando a citricultura a um plano extremamente inferior, deixando pais e mães de família que vivem desta cultura passando por grandes dificuldades.

    Nos anos 90, no século passado, tivemos o auge da citricultura em nosso Estado. Os governos investiam na agricultura, e os produtores aproveitaram o momento para fazer com que suas produções gerassem emprego e renda para toda a região.

    Porém, Sr. Presidente, a crise iniciada no final da década de 1990 vem se arrastando na citricultura sergipana e avolumou-se a partir do ano 2000. Infelizmente, por causa das fortes secas, a produção vem caindo, com a mortandade de pomares girando em torno de 30%.

    É importante, Sr. Presidente, que se invista numa universidade e em cursos técnicos voltados para as necessidades da região. A baixa escolaridade da maioria dos pequenos citricultores dificulta que eles toquem suas produções sem a intervenção de uma assistência especializada. É importante também que a Secretaria de Estado da Agricultura conscientize os produtores para a importância da troca de pomares. Além disso, devemos fomentar a pesquisa voltada para a citricultura familiar, para que o pequeno produtor possa ver, de perto, que a ciência e a tecnologia estão dentro da sua realidade.

    Outra questão diz respeito às dificuldades financeiras, Sr. Presidente, dos produtores. E o Governo do Estado deve, sobretudo, viabilizar créditos para que os produtores possam se recuperar da forte oscilação do mercado ocorrida nos últimos anos e possam investir nos seus pomares.

    Sem a ajuda do Governo, com a omissão do Governo que está lá, Sr. Presidente, a citricultura será decadente e a geração de emprego, com certeza, cairá cada vez mais. É a citricultura que tem mantido a região centro-sul do nosso Estado, assim como o plantio de arroz mantém a região norte do nosso Estado, especialmente o Baixo São Francisco, assim como o plantio de milho mantém o nosso Sertão sergipano. É importante também que os produtores se organizem em associações ou cooperativas, esqueçam os problemas do passado, quando foram enganados por aproveitadores, para que se unam para lutarem juntos por conquistas para toda a região.

    Quanto a nós, vamos cobrar do Governo Federal e do Governo do Estado que as ações de combate à seca em nosso Estado sejam efetivadas. É importante que se dê atenção dobrada, ou redobrada, para que consigamos reverter essa situação. Não podemos perder espaço em nenhum campo, especialmente um campo tão importante como a citricultura.

    É a citricultura que mantém a indústria na região centro-sul do nosso Estado. É a citricultura que alimenta ainda dezenas, por que não dizer milhares de famílias que lá estão na região sul do nosso Estado, como eu já disse que o milho está para o Sertão e que o arroz está para a região norte do nosso Estado, para o Baixo São Francisco. Portanto, Sr. Presidente, a citricultura precisa de oportunidade.

    A citricultura, que foi capaz de mover governos, de chamar a atenção de governos para a geração de empregos, para a renovação de pomares e, com certeza, gerou riqueza para a região sul do nosso Estado, precisa ser lembrada fortemente, especialmente pelo Governo do Estado. O Governo não pode ser tão omisso, o Governo não pode ser tão perverso com pequenos produtores. O Governo não pode ser ausente com os pequenos produtores, como nós temos visto e a que temos assistido permanentemente, Sr. Presidente.

    Faço aqui um apelo, mais uma vez, ao Governo Estadual e ao Governo Federal, para que juntos possam realmente...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... dar novas oportunidades aos citricultores do nosso Estado, especialmente da região sul.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, cumprindo o tempo dentro do que é regimentalmente permitido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2017 - Página 41