Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio à matéria publicada na revista Veja que acusa S. Exª de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht.

Autor
Aécio Neves (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Aécio Neves da Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Repúdio à matéria publicada na revista Veja que acusa S. Exª de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht.
Aparteantes
Ana Amélia, Antonio Anastasia, Antonio Carlos Valadares, Ataídes Oliveira, Cristovam Buarque, Cássio Cunha Lima, Fernando Bezerra Coelho, Flexa Ribeiro, Garibaldi Alves Filho, José Agripino, João Capiberibe, Paulo Bauer, Raimundo Lira, Reguffe, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2017 - Página 43
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • REPUDIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, VEJA, REFERENCIA, PAGAMENTO, PROPINA, AUTORIA, EMPRESA PRIVADA, ENGENHARIA, BENEFICIARIO, ORADOR, ENFASE, MANIPULAÇÃO, INFORMAÇÃO, REGISTRO, AJUIZAMENTO, AÇÃO JUDICIAL, OBJETIVO, APURAÇÃO, ATO, PERIODICO, COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, AGRADECIMENTO, MANIFESTAÇÃO, APOIO, DEFESA, QUEBRA DE SIGILO, DELAÇÃO PREMIADA, REFORMULAÇÃO, POLITICA.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Srs. Deputados Federais, que me honram aqui com a sua presença em grande número, em especial, companheiros do PSDB, lideranças políticas que acompanham esta sessão do Senado Federal, brasileiros e brasileiras que nos ouvem neste instante, ocupo hoje esta tribuna movido por um fortíssimo sentimento de indignação e perplexidade.

    Como é do conhecimento público, nesse final de semana, a revista Veja publicou reportagem de capa na qual sou acusado de ter recebido recursos ilícitos da Odebrecht em uma conta que seria operada por minha irmã na cidade de Nova York. É mentira, Sr. Presidente. É mentira, Srªs e Srs. Senadores. Falo isso desta tribuna da Casa de Rui Barbosa.

    Segundo a revista, a acusação faria parte da delação de um ex-executivo da empresa, homologada pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, em diálogo mantido com o meu advogado, Alberto Toron, o advogado desse executivo citado negou totalmente a informação. Segundo ele, não há, na delação de seu cliente, nenhuma menção ao nome de minha irmã ou à tal conta em Nova York. Em outras palavras, a acusação simplesmente não existe.

    Repito aqui o que tenho dito nos últimos dias: neste momento, mais importante do que identificar o mentiroso, se o delator ou a fonte da revista, o mais importante é desmascarar a mentira. E é por isso que estou aqui.

    Isso seria muito simples, muito simples mesmo. Bastaria que apresentassem o banco e a conta, para que a mentira fosse provada – e provada de imediato. Não fizeram isso. Insisto, insisto mais uma vez: mostrem o banco, mostrem a conta, e essa farsa ficará desmascarada de forma absolutamente definitiva.

    Srªs e Srs. Parlamentares, a democracia vive da verdade, das pessoas que têm, como eu, a coragem de estar aqui, mostrando o rosto, mostrando a face. A democracia não se faz com aqueles que se escondem nas sombras do anonimato, para covardemente tentarem destruir reputações, sabe-se lá com que objetivo.

    Peço licença às senhoras e aos senhores, para expor aqui, Sr. Presidente, três hipóteses aventadas para o surgimento desse absurdo, todas elas extremamente graves, todas elas criminosas.

    Na primeira hipótese, como disse a revista, a mentira constaria da delação do ex-executivo da Odebrecht homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, por se tratar, Líder Paulo Bauer, de uma acusação concreta e não subjetiva, de uma acusação objetiva, teria bastado uma checagem preliminar no banco, para que as autoridades pudessem comprovar a falsidade de tal acusação, simples assim. Nesse caso, insisto, teríamos aqui mais um entre tantos vazamentos criminosos selecionados e dirigidos.

    Na segunda hipótese, a mentira teria constado apenas de algum termo preliminar para o acordo de delação e teria sido descartada pelas autoridades responsáveis, por comprovarem elas a falsidade da acusação. Nesse caso, o vazamento é ainda mais criminoso, porque pouquíssimas pessoas tiveram acesso às negociações preliminares das delações. Portanto, quem vazou a informação para a revista, se o caso é esse, sabia que estava vazando uma informação descartada, por ter sido apurada como sem fundamento.

    Na terceira hipótese, Srªs e Srs. Parlamentares, a fonte da revista simplesmente mentiu. E, nesse caso, quem induziu essa publicação a um erro tão clamoroso e por que teria feito isso? Que interesses escusos manobram, nas sombras, afirmações que jamais existiram, travestidas de informações pretensamente de interesse público?

    Como disse antes, mais importante que descobrir a origem da mentira, é desmascará-la. Em qualquer que seja a hipótese, lamentavelmente a revista, mesmo alertada do erro da informação, mesmo não dispondo sequer do nome do banco ao qual se referia, não teve a precaução de confirmar a denúncia antes de estampá-la em sua capa, mesmo tendo eu oferecido a ela toda colaboração para ajudar a apurar a verdade.

    Digo aqui ao Brasil, aos mineiros, de forma especialíssima, com todas as letras: é mentira, é calúnia, é injúria, é difamação, é crime. Mas mesmo nada disso do que foi relatado existindo, nada sendo real, as senhoras e os senhores sabem bem: o factoide cumpriu o papel de instrumento, ou melhor, de poderosa arma para atacar a minha reputação e de minha família. Os prejuízos pessoais e políticos, Sr. Presidente, são incalculáveis. 

    Diante de tudo isso, não havia outro caminho. Solicitei formalmente ao Ministro Edson Fachin duas providências. Por um lado, que investigue a origem desse pseudovazamento criminoso e puna aqueles que o cometeram, e que me permita, por outro lado, acesso à delação premiada desse executivo como forma de saber do que e por quem estou sendo acusado.

    Reputações não podem, Srs. Senadores, permanecer reféns da má-fé de vazamentos selecionados. É importante que haja uma reforma efetiva a essa pratica criminosa. Considero – e aqui fica uma sugestão – que um bom caminho é franquear ao acusado acesso imediato às delações vazadas em que é citado, como forma de permitir condições mínimas para o direito de defesa.

    Além disso, decidi tomar as medidas judiciais cabíveis para apurar o crime, repor a verdade e responsabilizar os culpados.

    Srªs e Srs. Parlamentares, vivemos um momento único no País. Que se punam os culpados, que se punam os que erraram, mas que se reconheçam e respeitem os inocentes, e que seja garantido o amplo, irrestrito e constitucional direito de defesa a que todos temos direitos.

    Que se restabeleça, Sr. Presidente, a verdade e nada mais do que a verdade. É apenas isso que peço. O que não podemos, seja sob que pretexto for, é buscar a verdade e a justiça contraditoriamente, corrompendo e atropelando as leis, rasgando preceitos constitucionais, normas legais, obrigações, deveres e rigores do Estado, do Poder Público e da própria sociedade democrática. Se for assim, corremos o risco de nos transformar de País infestado pela corrupção numa pátria de cidadãos sem direitos. E onde não há direito, Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, tampouco há justiça, tampouco há democracia.

    Ontem foi comigo, amanhã violência similar pode ocorrer contra qualquer outro cidadão. Eu ainda tenho, pela vontade majoritária dos mineiros, esta tribuna para me defender, mas milhões de brasileiros, que têm direito ao mesmo respeito e às mesmas garantias legais, não dispõem dela.

    Não podemos permitir que a saudável indignação dos brasileiros se transforme numa indignação preguiçosa e superficial de quem prefere a opção fácil de ser contra tudo e contra todos a enfrentar a complexidade da realidade. Não podemos, senhoras e senhores, transformar-nos num País que confunda justiça com prévia condenação. Não podemos nos transformar num País em que a verdade seja apenas um detalhe secundário num pé de página qualquer. Não podemos nos transformar num País em que o direito de defesa seja detalhe sem importância depois de julgamentos públicos sumários, patrocinados por vazamentos irresponsáveis. Não podemos, senhoras e senhores, transformar-nos num País em que leis sejam burladas sob o olhar impotente de quem deveria zelar por elas. Insisto: não podemos nos transformar num País que confunda justiça com prévia condenação.

    O Brasil de hoje, senhoras e senhores, precisa de menos fogueiras e mais pontes, de menos intriga e mais diálogo, de mais responsabilidade. A Srª Presidente afastada, Dilma Rousseff, em entrevista hoje à Folha de S.Paulo, tripudia, no campo pessoal, desse pesadelo kafkiano que minha família está enfrentando. Afinal, reitero, estamos sendo acusados sem saber sequer se fomos acusados. Ao fazer isso, ela legitima a covardia do vale tudo, alimenta os monstros e abre a caixa de onde eles sairão fortalecidos para devorar, na mesma irresponsabilidade, o próximo da fila.

    Ainda assim devo uma palavra de agradecimento à Presidente afastada por reconhecer que a obra da Hidrelétrica de Santo Antônio, a qual tentam me associar de forma indevida, foi licitada e conduzida pelo Governo Federal, como atesta ela na sua entrevista de hoje. Seria a primeira vez, Srs. Senadores, na história, que alguém teria recebido um benefício indevido por obra conduzida e realizada por um governo adversário.

    Srªs e Srs. Senadores, tenho defendido amplamente o fim do sigilo das delações para que os brasileiros tenham acesso aos conteúdos de todas elas e possam se defender das eventuais citações de que sejam alvos, Presidente Eunício. É importante que isso ocorra. O sigilo, se existisse efetivamente, seria até justificado em determinados casos, mas a situação que vivemos hoje é da mais profunda hipocrisia.

    O sigilo existe apenas para os acusados que não conseguem se defender de vazamentos parciais e dirigidos, motivados seja por antipatias pessoais, seja por políticas. Há meses, vazamentos seletivos ocorrem, reputações são queimadas em praça pública sem que o direito de defesa possa ser exercido.

    Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Parlamentares, tenho mais de 30 anos de vida pública. Acompanhei de perto a reconstrução da história do nosso País desde a redemocratização. Assinei honrado a Constituição de 1988. Liderei por vários anos a Bancada do meu Partido na Câmara Federal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o governo mais transformador da nossa história recente, responsável, entre outras conquistas, pela estabilidade econômica do País.

    Presidi, com extremo orgulho, a Câmara dos Deputados, e, ao lado dos meus Pares, editamos e aprovamos o conjunto de medidas que ficou conhecido como pacote ético, quando colocamos fim à imunidade parlamentar para crimes comuns, quando criamos a Ouvidoria Parlamentar, a Comissão de Legislação Participativa e a Comissão de Ética, dentre tantos outros avanços.

    Governei a minha querida Minas Gerais por dois mandatos consecutivos, e nos orgulhamos, Senador Anastasia, dos avanços sociais obtidos – por exemplo, quando levamos o Estado a ter a melhor educação fundamental do País, segundo o Ideb.

    Orgulhamo-nos da chancela de instituições internacionais como o Banco Mundial, que nos alçaram à posição de referência, de inovação e de excelência em gestão pública para outras partes do mundo.

    Nesta Casa, Srªs e Srs. Senadores, busco cumprir com rigor e dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo mineiro.

    Fui, Sr. Presidente, candidato à Presidência da República em eleições recentes e obtive a confiança de mais de 51 milhões de brasileiros. Dirijo hoje o meu Partido, o PSDB, fruto da confiança dos meus companheiros, inúmeros deles aqui presentes, aos quais, mais uma vez, agradeço.

    Aproveito também para agradecer as milhares de manifestações de apoio e de indignação que recebi nesses últimos dias, a começar pelo Presidente de Honra do meu Partido, Fernando Henrique Cardoso, de todos os nossos governadores, de Senadores, de Parlamentares federais e estaduais, de dirigentes partidários, de brasileiros de todas as partes do País e, em especial, dos mineiros, que muito bem conhecem a minha história pessoal e política.

    Agradeço também, neste instante, às lideranças políticas de diversos outros partidos pela solidariedade demonstrada – e a muitas delas, Senador Fernando Bezerra, pela presença hoje neste plenário.

    Olhos nos olhos dos meus filhos todos os dias com a honra e o orgulho dos homens e das mulheres de bem.

    Quero afiançar-lhes: nesse itinerário, desde as praças tomadas pela memorável campanha Diretas Já, quando tudo começou, até aqui, até agora, até este instante, não há nenhum ato em toda a minha vida e pessoal que possa me envergonhar no exercício da política ou fora dela. Reajo, portanto, com indignação a essa acusação absurda – por mim, pela minha família, por cada um dos mineiros e por cada um dos brasileiros que me honrou com a sua confiança.

    Srªs Senadores, Srs. Senadores, o Brasil não está nascendo agora. Não podemos, cada um de nós, perder a memória das nossas caminhadas até aqui, dos avanços que cada um de nós, Senador Agripino, em cada momento, no governo ou na oposição, ajudou a construir. Temos o compromisso com a nossa história individual, com o trabalho que já fizemos e temos compromisso com o futuro que estamos ajudando a construir.

    E o futuro, no campo da representação política, impõe a realização urgente da reforma política, para que todo esse ciclo de mudanças em curso possa inspirar rigor e responsabilidade à necessidade, como disse, urgente de um novo arcabouço legal legislativo que precisamos debater e instalar no País.

    Aproveito para me dirigir em especial aos Deputados aqui presentes, que debatem já essa matéria, para que permitam que ela rapidamente chegue ao Senado Federal.

    É preciso, senhoras e senhores, mais que manchetes e discursos para mudarmos verdadeiramente o País. É preciso muito mais para reformar de verdade o Brasil. Temos, sim, avançado; avançado neste momento difícil, porque as instituições brasileiras têm nos dado exemplos de cumprimento do seu dever. Por isso, ações à margem da lei e das instituições, patrocinadas por interesses pessoais inconfessáveis, como vazamentos escolhidos e criminosos, são tão graves. São graves, porque atingem, como vítima final, a seriedade do trabalho que vem sendo feito por homens e mulheres de bem, inclusive no âmbito da Operação Lava Jato.

    Srªs e Srs. Parlamentares, neste momento de forte e indiscriminado ataque à atividade política, quero aqui, desta tribuna, reiterar a minha fé e a minha crença de que, apenas a partir dela – e me refiro, claro, Sr. Presidente, à boa política, praticada com idealismo, com comprometimento e tantas vezes com paixão –, apenas através da política, o Brasil vai construir as soluções adequadas para os gravíssimos problemas que enfrentamos hoje. Professo, portanto, minha fé na política, minha fé na democracia e minha fé, neste instante em especial, na verdade.

    Minhas amigas e meus amigos, o Brasil está escrevendo as primeiras páginas de uma nova história. Para que ela seja a história que o País espera e merece, precisa ser escrita sobre dois pilares: o da verdade e o da Justiça. Qualquer coisa menor do que isso será uma traição aos brasileiros e uma manipulação do desejo da nossa sociedade. Verdade e Justiça, é isso que devemos buscar e alcançar. É por isso que continuarei sempre lutando, não só para mim, mas para todos os brasileiros.

    Muito obrigado pela atenção.

    O Sr. Paulo Bauer (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – V. Exª me concede um aparte, Senador Aécio? (Palmas.)

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Com muita honra, Líder Paulo Bauer, ouço V. Exª.

    O Sr. Paulo Bauer (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Senador Aécio Neves, depois de ouvir o discurso de V. Exª, é desnecessário fazermos aqui qualquer comentário que complemente as informações que V. Exª presta e a defesa que faz acerca dessa matéria injusta e absolutamente infundada que a revista publicou a respeito de uma delação vazada, como V. Exª aqui bem mencionou e informou. V. Exª, para nós do PSDB, é um político honrado, é um Líder nato,...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Paulo Bauer (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – ...e, acima de tudo, um grande companheiro, que merece nossa solidariedade, nosso apoio e vai continuar tendo o nosso apreço, e acima de tudo, a nossa fidelidade à sua Liderança aqui, no Senado, e no nosso Partido. Também devo dizer e registrar apenas – já que V. Exª não o fez – que foi uma coincidência que absolutamente a gente não consegue nem compreender, nem explicar: a matéria foi publicada exatamente no fim de semana no qual o PSDB realizava convenções em quase 4 mil Municípios do Brasil. Uma coincidência que merece obviamente uma grande interrogação de todos nós que queremos construir um partido político e que estamos construindo ao seu lado, para que possamos contribuir com a democracia, com as instituições, com a Justiça e, acima de tudo, com a verdade no Brasil – palavra que V. Exª colocou muito bem ao final do seu pronunciamento. Meus cumprimentos em nome da Bancada do PSDB.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª. Senador Tasso Jereissati, é com muita honra que ouço V. Exª.

    Em seguida, o Senador Anastasia.

    O Sr. Tasso Jereissati (Bloco Social Democrata/PSDB - CE) – Sr. Presidente, Senador Aécio Neves, conheço V. Exª desde que iniciava sua carreira política, forjada na estrutura e na personalidade de um dos maiores homens públicos que este País conheceu. E, sem dúvida nenhuma, um exemplo histórico da importância da política para a condução da vida pública, não só neste País, mas em qualquer país do mundo. Portanto, não tenho a menor dúvida sobre o caráter, a retidão e, principalmente, o compromisso público que V. Exª tem e, como eu disse, teve, historicamente forjado na figura de Tancredo Neves. Compartilho da sua indignação, porque, tenho certeza absoluta, para homens sérios, homens de bem, não somente políticos, mas políticos principalmente, não existe nada mais sério, nenhuma acusação, nenhuma derrota mais vil do que ver a sua honra, a sua reputação sendo tentada a ser manchada. A derrota eleitoral faz parte da nossa vida, a disputa, a própria disputa, a polêmica política faz parte dos nossos dias. Às vezes, vencemos; às vezes, perdemos; às vezes, ganhamos discussões, perdemos questões, mas tem uma coisa que nos fere profundamente – e de uma maneira que mesmo que venha a cicatrizar essa ferida, deixa marcas, deixa cicatrizes –, que é ver a nossa própria honra sendo atingida ou a tentativa de atingi-la. Como V. Exª disse, com muita dignidade, eu olho para os olhos dos meus filhos todos os dias. Eu acho que é a maior glória, o maior teto que o homem público pode alcançar, poder chegar ao fim da sua vida pública e poder olhar nos olhos dos seus filhos, nos olhos dos seus netos, com toda a dignidade. E tenho certeza que V. Exª faz isso hoje, fará amanhã e fará sempre. Agora, também, é preciso dar um basta em algumas coisas. Nós vemos aqui, diuturnamente, reputações sendo abaladas, de todos os lados, de todos os partidos. Não se trata, em nenhum momento – V. Exª já disse isso muitas vezes antes e a maioria diz aqui –, de nenhuma tentativa contra a Lava Jato, de maneira nenhuma. A Lava Jato nunca foi tão necessária quanto hoje, uma investigação do nível da Lava Jato. No entanto, a derrocada da imagem dos políticos, colocando-os todos nos mesmos níveis – corruptos e não corruptos pertencem à mesma laia, basta ser um homem público para ser um homem suspeito de ser corrupto –, isso não leva a nada. Isso só traz a intranquilidade ao País, e ninguém sabe qual o tamanho da consequência, qual a intensidade com que isso está sendo feito. Então, é preciso dar um basta a isso. Quando eu digo dar um basta, para não ser mal interpretado, porque qualquer político hoje que fale ou coloque alguma restrição ao processo de acusação que está aí é imediatamente acusado de querer parar com a Lava Jato. Ninguém quer parar com a Lava Jato, mas as reputações das pessoas precisam ser preservadas a qualquer custo. E, para isso, várias medidas precisam ser tomadas, mas uma é essa que V. Exª vem pedindo e, aqui no seu discurso, salientou muito bem. É preciso que essas delações premiadas que estão aí sejam imediatamente tornadas públicas, para que não se viva nessa constante fofocada, nesse constante murmurar de que fulano está no meio, de que sicrano está no meio, vazou uma delação que ninguém sabe de onde veio, quem fez nem como foi feita nem quais os motivos. E as pessoas ficam com a sua reputação totalmente indefesa diante do julgamento do povo brasileiro. E isso não é mais possível. É preciso, Presidente Eunício, que – não sei se existe algum mecanismo jurídico –, pelo menos oficialmente, se peça, se coloque diante do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público, seja lá do que for, uma colocação desta Casa, da Câmara Federal, enfim, de todos os Poderes instituídos, que seja definitivamente colocado a público, que deixem de acontecer esses vazamentos criminosos, que são criminosos, porque derrubam a reputação de um homem público ou de um homem qualquer – não precisa ser público, mas derruba a sua reputação. E, como disse aqui o Senador Aécio Neves, derruba a capacidade do homem de olhar nos olhos dos seus próprios filhos. Isso é um dos piores crimes que se pode fazer a um cidadão honrado. Então, uma medida como essa precisa ser implantada imediatamente, porque esse clima que atinge todo o Brasil, todas as instituições brasileiras, todos os homens públicos brasileiros, colocando-os nos mesmos níveis dos meliantes, não é possível, não é desejável e não é construtivo. É absolutamente destrutivo. Então, fica aqui, Senador Aécio, a nossa palavra de solidariedade a essa sua indignação, e nós compartilhamos dela.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª, Senador Tasso, pelas palavras.

    Ouço com atenção o meu ilustre coestaduano, Senador Antonio Augusto Anastasia.

    O Sr. Antonio Anastasia (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Muito obrigado, eminente Senador Aécio Neves. Seria a essa altura igualmente despicienda a minha palavra após a intervenção de nosso Líder, Senador Paulo Bauer, e das lúcidas, como sempre, e sensatas palavras do Senador Tasso Jereissati, mas não posso deixar aqui de fazer igualmente o meu registro e o meu testemunho, até porque tive a honra e a oportunidade de conviver com V. Exª, de modo muito próximo, durante oito anos do governo de Minas. Inicialmente, como seu secretário de Estado e, no segundo mandato, como vosso vice-governador. Naquele período, acompanhando a trajetória espetacular de vosso governo, reconhecido e aplaudido pelos mineiros e pelos brasileiros, fui testemunha privilegiada do empenho, da dedicação, da lisura, da probidade, do esforço de V. Exª à frente do governo de Minas Gerais, aliás, dando continuidade à vossa trajetória na vida pública, que tão bem salientou durante esse pronunciamento. Por isso mesmo, a todos nos causa indignação, horror mesmo, um noticiário como esse, até porque V. Exª bem colocou os parâmetros e as bases falsas do que foi editado. E, pior ainda, trazendo para tal infâmia e tal covardia a figura de sua irmã Andrea, nossa amiga, que nem política é, que, de modo gracioso, voluntário e gratuito, durante tantos anos, dedicou parte de sua vida às obras sociais no Estado, presidindo o Servas em vosso governo e no meu. A covardia não tem tamanho. Nós, que assistimos ao vídeo dela em especial, tocado de uma emoção genuína, aquilo doeu fundo no nosso coração e na nossa alma. O que é a injustiça! O que é a maldade! A que ponto a maldade humana chegou para fazer isso! Essa política vale a pena? Essa que ainda é sua indagação: vale a pena a vida pública para isso? V. Exª, ao final de vosso pronunciamento, de cabeça erguida, como deve ser...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Antonio Anastasia (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – ...disse que vai continuar – e tenho certeza – no empenho, na luta e no trato político, mas nós todos sofremos juntos. E saiba V. Exª que nós, mineiros, não só estamos ao vosso lado, como sempre estivemos, mas, mais do que isso, estamos todos indignados e revoltados com a baixeza que foi feita e com o corolário de mentiras que ali foi depositado, naquela reportagem. Receba, portanto, mais que a nossa solidariedade, a nossa amizade e o nosso peito sempre, de gratidão pelo que fez por Minas e pelo que muito fará ainda, não só pelo nosso Estado, mas pelo nosso País. Muito obrigado.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª.

    O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Social Democrata/PSDB - PA) – Permite-me um aparte, Senador Aécio?

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Senador Flexa, ouço-o com alegria.

    Em seguida, Senador Agripino, se o Presidente permitir.

    O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Social Democrata/PSDB - PA) – Presidente, Senador Aécio Neves, tudo o que já foi dito com os Senadores que me antecederam dá uma demonstração do reconhecimento de todos nós, e não só dos Senadores, mas, com certeza absoluta, do povo mineiro e brasileiro. Realmente, é uma situação em que nós temos que prestar solidariedade a V. Exª. Eu diria que a sua ida à tribuna para fazer o pronunciamento que fez, para quem o conhece, não era necessária, não seria necessária, mas V. Exª vem à tribuna e fala para o Brasil, demonstrando que V. Exª construiu uma vida, uma vida de retidão, com caráter, ao longo de toda a sua caminhada. E, através de um momento, de um vazamento seletivo, vem e coloca essa situação que o Brasil inteiro, de forma atônita, vê acontecer ao longo desse tempo todo. V. Exª tem razão, acho que tirar o sigilo de todas as delações é necessário, porque fazer vazamento seletivo só faz desacreditar que realmente não é preciso nós votarmos o abuso de autoridade, porque esse vazamento é abuso de autoridade. V. Exª não tem conhecimento na íntegra do que foi feito da delação, e a imprensa tem acesso a tudo e estampa da forma como o fez. Então, Senador Aécio, eu tenho certeza de que, como disseram aqui o Senador Anastasia, o Senador Tasso, V. Exª vai continuar na vida política, porque o Brasil precisa, Minas precisa da sua carreira para fazer o bem, como sempre fez, para o povo mineiro e para todos nós, brasileiros.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª, Senador Flexa.

    Ouço com alegria o Senador José Agripino, o Senador Capiberibe e o Senador Raimundo Lira.

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) – Senador Aécio Neves, há seis anos, nós convivemos quase que diariamente neste Senado. Eu devo confessar que nos conhecíamos, pois eu tinha tido um papel de certa relevância na sucessão presidencial quando Tancredo Neves foi eleito, eu era Governador. Eu o conheci menino, não que eu seja velho, mas o conheci menino, assessor de confiança de Tancredo, que foi uma referência na sua época e continua a ser uma referência na política no Brasil. Ao longo desses seis anos de convivência diária – e pugnamos juntos em momentos importantes da vida pública do Brasil –, eu tive a oportunidade de conhecer o Aécio Neves político e o Aécio Neves cidadão. O Aécio Neves cidadão, de hábitos moderados, não tem nada de hábito de homem rico, nem de homem que convive com a opulência, nada disso. Eu digo isso com o sentimento de quem precisa prestar um testemunho no momento de dificuldade em que V. Exª vive, por uma acusação que eu reputo injusta, dar um depoimento de uma pessoa que convive há seis anos e conhece o seu dia a dia, que vai à sua casa – você vai à minha casa, eu conheço os seus hábitos, sei qual é o carro que você usa, sei qual é o vinho que você bebe. Não existe nada que o coloque no patamar dos opulentos, dos que convivem com a improbidade – nada. Eu quero prestar esse testemunho...

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) – ... e dizer – e quero ser breve – que fiquei satisfeito com o tom de indignação de sua reação, porque ela traduziu o seu íntimo, colocou o foco no desafio de que se prove aquilo de que o acusam. O que V. Exª quer – desculpe – é a oportunidade de saber do que V. Exª é acusado, para ter a oportunidade de desafiar aqui que provem aquilo de que V. Exª é acusado.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Exatamente.

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) – É isso. E eu quero prestar esse testemunho com a convicção de que, ao final, V. Exª vai se sair bem. Não que queira sair como vítima, mas vai se sair bem, porque vai sair com a verdade. Quem vem à tribuna pronunciar o discurso que V. Exª fez, quem gravou os vídeos que V. Exª gravou – e aqui a minha solidariedade à Andrea, sua irmã – não tem medo da verdade e nem de enfrentar a verdade. Esse é o meu pensamento, o pensamento de um Senador que convive com Aécio Neves há seis anos e que continua a confiar na probidade e na correção do Senador Aécio Neves.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço as palavras sinceras e pessoais de V. Exª.

    Ouço com satisfação o Senador Capiberibe e, em seguida, o Senador Raimundo Lira.

    O Sr. João Capiberibe (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) – Estou com um pouco de dificuldade de falar, mas eu não poderia perder esta oportunidade, para apresentar uma sugestão. Eu acompanhei o discurso de V. Exª do meu gabinete e, em vários momentos, V. Exª se referiu ao vazamento seletivo, que causa danos, muitas das vezes irreparáveis, às pessoas que são vítimas desse tipo de procedimento. Eu, ao entrar aqui no Senado, em 2012, uma das minhas primeiras propostas foi apresentar um PLS, um projeto de lei propondo o fim do segredo de justiça nos procedimentos investigatórios e processuais em que agentes públicos sejam investigados ou acusados, com uma série de regras para isso. Essa proposta está aqui no Senado, e eu acho que está madura. Nós precisamos tomar uma decisão, para que as investigações, de fato, se tornem públicas para todos e não para uns, escondendo outros. V. Exª tem inteira razão: se as investigações fossem públicas, certamente V. Exª não estaria passando por esse momento constrangedor. E tantos outros já passaram. Eu apresentei essa proposta – é o PLS 141, de 2012 – e peço o apoio desta Casa, para que a gente possa aprová-lo e pôr fim, definitivamente, a esse processo que é muito útil para alguns, mas é danoso para todos. Muito obrigado.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço. Eu considero extremamente oportuna a sugestão de V. Exª.

    Ouço o Senador Raimundo Lira, com alegria, e o Senador Fernando Bezerra na sequência.

    O Sr. Raimundo Lira (PMDB - PB) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Aécio Neves, eu estava saindo domingo, em torno de 11h30 da manhã, para a missa, com a minha esposa, Gitana, e notei que ela estava lacrimejando os olhos. E eu disse: "Gigi, o que é que está acontecendo com você?" E ela disse: "Acabei de ver e ouvir o vídeo de Andrea, irmã de Aécio Neves, e fiquei convencida de que ele foi vítima de uma injustiça." Eu quero dizer a todos os companheiros Senadores e Senadoras que minha esposa não é uma simples mulher de empresário ou de Senador. Ela era – hoje aposentada – professora titular da Universidade Federal da Paraíba, na época em que a universidade tinha 2.500 professores e apenas dez professores titulares. Portanto, é uma mulher profundamente esclarecida, e a opinião dela sempre teve, para mim, uma importância fundamental.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Raimundo Lira (PMDB - PB) – E ela disse: "Eu gostaria que você ouvisse, antes que a gente se dirigisse à missa, esse vídeo." Eu ouvi e fiquei, Senador Aécio, igualmente convencido de que V. Exª tinha sido vítima de uma injustiça. Tive a satisfação de sentar aqui para ouvir o pronunciamento de V. Exª, mas eu já estava profundamente convencido. Eu já estava convencido desde domingo, às 11h30 da manhã. Portanto, eu quero, em meu nome e em nome da minha família, dos meus filhos, que têm uma profunda estima por V. Exª... E, às vezes, até digo para eles: "Vocês têm muita intimidade com o Aécio. Chamem o Senador de Senador Aécio." Eles dizem: "Não, mas ele não quer; quer que chame de Aécio Neves. Aécio." Vocês são, colegas, muitas vezes, de academia, e nos conhecemos há muitos anos. Portanto, aceite o abraço, a solidariedade e o reconhecimento a V. Exª, de toda minha família. Muito obrigado, Senador.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço imensamente suas palavras e estendo à sua esposa também esses agradecimentos.

    Senador Fernando Coelho.

    O Sr. Fernando Bezerra Coelho (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) – Senador Aécio Neves, ouvi o seu pronunciamento e avaliei a dor, a forma como V. Exª ficou machucado, e sei que só havia uma forma de se reagir a isso, que foi a sua fala de indignação com o episódio retratado pela revista Veja, dessa última semana. V. Exª não é o primeiro, e nós ficamos com um sentimento travado, porque temos quase certeza de que V. Exª não será o último. Outras lideranças sofreram o que V. Exª provou nesse último final de semana. O que me traz à tribuna de aparte é perguntar se esse Poder, o Poder Legislativo da República Federativa brasileira, vai continuar aceitando ser tratado como vem sendo tratado. Num episódio não muito distante de hoje, porque insinuações foram feitas a membros de um outro Poder, nós aqui testemunhamos a prisão de um membro do Senado Federal. E rapidamente se colocou um ponto final nas insinuações e nas colocações que foram feitas. O que me pergunto e continuo a me perguntar: se está sob sigilo, por que o sigilo é insistentemente quebrado? De forma seletiva, vazada, com a anuência da imprensa, da melhor imprensa brasileira, dos melhores veículos, que retratam dessa forma porque acham que estão cumprindo a sua obrigação, mas o fazem rasgando a Constituição Federal, não assegurando os direitos individuais. V. Exª não sabe nem do que se defender, nem como reagir. Por isso é que, conhecendo a trajetória de V. Exª, V. Exª só poderia responder a esse ataque falando da sua vida, falando das suas raízes. V. Exª não é um político qualquer. V. Exª tem berço, V. Exª tem formação, V. Exª tem serviços prestados ao seu Estado e ao Brasil. Por isso, tendo tido a oportunidade de acompanhá-lo, em segundo turno, na eleição presidencial de 2014, exercendo a liderança do Partido Socialista Brasileiro, nesta Casa, eu não poderia me furtar de trazer essa palavra de solidariedade, de apreço, de reconhecimento, e dizer a V. Exª: cabeça erguida...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Fernando Bezerra Coelho (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) – ... peito aberto, para enfrentar as mentiras, as meias verdades, mas também para se afirmar como político, para defender a sua biografia, para defender os seus valores e para que a política não se apequene no nosso País. Portanto, receba o meu abraço e a minha solidariedade.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço imensamente as palavras firmes de V. Exª e asseguro-lhe, Senador Fernando, que não me faltará determinação e nem coragem para defender a minha honra e para trazer a verdade à tona.

    Senador Ataídes, ouço V. Exª com prazer.

    O Sr. Ataídes Oliveira (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – Obrigado, Senador Aécio, nosso Líder. Ouvindo seu discurso e também o aparte do nosso Senador, tão experiente e competente, Tasso Jereissati, do Senador Anastasia, que conviveu com V. Exª muito próximo, como ele bem colocou, e do nosso Líder e de outros, seria redundante repetir as palavras deles. Mas eu quero dar um testemunho. Não leve como um consolo esse meu testemunho, por favor. Na década de 80, mais ao final da década, eu ainda garoto, consegui uma autorização para administrar uma empresa de consórcio de bens, carros, imóveis, etc. Naquela época, o sistema estava cheio de erros, de irregularidades. Sofri bastante na época, Senador Aécio. O Banco Central assumiu logo o sistema de consórcio, e nós tínhamos auditorias de seis em seis meses. Foi um período muito difícil no sistema de consórcio – 523 empresas, e, depois de dois anos, éramos tão somente 142 empresas. Portanto, essa separação do joio do trigo é muito dolorosa, sim. Um outro testemunho: no segundo semestre de 2016, do ano passado, eu estava saindo do Senado Federal e havia uma movimentação – isso foi antes do impeachment, foi no mês de agosto. Havia um grupo de pessoas e, quando eu passei, elas gritaram: "Ladrão, ladrão, ladrão!" Eu pedi ao motorista para parar o carro e desci. Sou meio maluco. Quando eu me dirigia rumo àquela turma, veio um cidadão gritando: "Não! Esse é o Senador Ataídes, do PSDB. Ele não é ladrão." Estou dizendo isso, Senador Aécio, porque acredito que, depois dessa tempestade, depois dessa dor toda que V. Exª está passando e a sua família – eu também vi o vídeo da sua irmã Andrea –, depois de toda essa dor, depois de toda essa tempestade, virá a bonança, e o joio vai ser separado do trigo. E nós não temos outro momento melhor do que este. Não quero consolar V. Exª, mas vamos, então, pagar o preço de nos colocarem todos na mesma vala. Mas nós vamos sair dessa vala, e o País é muito maior do que tudo isso. Obrigado, Senador Aécio Neves.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Para encerrar, Sr. Presidente, peço licença a V. Exª para, rapidamente, ouvir o Senador Garibaldi Alves e o Senador Reguffe, com muita honra. Encerraremos a seguir.

    O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) – Senador Aécio Neves, eu não poderia deixar de trazer a minha palavra de solidariedade a V. Exª, uma vez que sei que V. Exª honra a tradição do seu avô, Tancredo Neves, que por sinal era muito ligado ao meu Líder político, Aluízio Alves. Eu sei, Senador Aécio Neves, que o que V. Exª está enfrentando é, certamente, uma perseguição daqueles que não querem ver V. Exª, novamente, disputando os cargos que sempre disputou, principalmente o mais elevado deles, que foi o da Presidência da República. Fique V. Exª certo de que esses vazamentos assim feitos, da maneira como o são, não irão denegrir a sua honra, a sua dignidade e o que V. Exª representa na vida política brasileira.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço imensamente as palavras de V. Exª e ouço, com muita atenção e alegria, o Senador Reguffe.

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – Senador Aécio, V. Exª tocou num ponto que considero muito importante neste momento, que é o de se dar transparência a essas delações e de se retirar o sigilo delas, até para que a população possa saber, realmente, o que há nessas delações e para que se possa ter uma investigação profunda...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – ... com o conhecimento da população. No final dela, aqueles que tiverem alguma responsabilidade em qualquer desvio de dinheiro público serão punidos; e aqueles que não tiverem serão inocentados. Agora, é importante, neste momento, se retirar o sigilo dessas delações, porque gera uma nuvem em cima da população. Para uma pessoa de bem não tem nada pior do que ser acusada de algo que ela não fez. E, quanto àquele que fez, é importante que a população saiba, também – se houver algo comprovado –, o que fez e a quem lesou. Então, é importante que essas delações venham à tona, de forma transparente e de forma legal, dentro do que diz o devido processo legal, para que a população possa saber, de forma absolutamente transparente, o que existe ali. E, a partir daí, que se possa fazer um debate em torno de fatos concretos que venham à tona como efetivamente são. Digo isso, porque muitas vezes se falam de suposições, e ninguém sabe direito o que é e o que não é. Então, eu acho que essa é uma coisa importante que V. Exª falou e acho que é importante que todas essas delações sejam colocadas de forma absolutamente transparente, para a sociedade saber. Não entendo esse sigilo das delações neste momento. Acho que elas não estão contribuindo para o que a gente quer, para que tudo fique às claras, que é o que a população brasileira, o que as pessoas de bem deste País desejam.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª, porque, na verdade, Senador Reguffe, o sigilo existe para a parte apenas – aquela parte que, eventualmente, é citada. Portanto, nada mais justo do que torná-las transparentes, para que todos possamos conhecer a sua inteireza, para que aqueles que cometerem ilegalidades, após as investigações, após as condenações, respondam por elas e, obviamente, para que aqueles que foram indevidamente citados – e me incluo entre esses – e tantos outros também possam, obviamente, receber o reconhecimento da sociedade e da opinião pública.

    Agora, Presidente Eunício, efetivamente para encerrar, peço licença a V. Exª para ouvir o Senador Cristovam e em seguida o 1º Vice-Presidente da Casa, o Senador Cássio Cunha Lima. Assim, acho que encerramos esta parte da sessão, para que possamos iniciar a Ordem do Dia. Agradeço V. Exª pela compreensão.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Senador Aécio, muito rapidamente, primeiro, para felicitá-lo por ter vindo à tribuna levantar o assunto com um discurso firme, como o senhor fez, demonstrando que não teme e que está aqui querendo que tudo seja aberto. Eu também concordo com isso, até porque uns nomes aparecem e outros não, mas vamos falar com franqueza: todos nós estamos hoje sob suspeição. Ninguém que disputou uma eleição hoje está absolutamente acima das suspeições. A melhor coisa para resolver isso é todo mundo saber tudo – quem tiver necessidade que venha defender-se aqui. Conversando com o Senador Moka, aqui ao lado, ele estava dizendo da firmeza como o Aécio traz o assunto – ele demonstra firmeza, que, portanto, é um indicador que tranquiliza seus pares. Eu o felicito por ter trazido o assunto e pela firmeza com que falou e concordo que é preciso abrir tudo, ter transparência, para que não fiquemos todos nós sob essa permanente suspeição – uns já com nomes, outros sem nomes apresentados, mas não deixa de ser uma suspeição que pesa sobre todo o corpo político do Brasil hoje.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço imensamente a V. Exª e à vizinhança do Senador Moka.

    Apenas registro, Senador Cristovam, que, ainda no final de semana, ainda no sábado, eu oficiei eletronicamente ao Ministro Edson Fachin solicitando formalmente exatamente aquilo por que clama V. Exª, Senador Reguffe, dentre tantos outros. Está lá uma solicitação formal para a quebra imediata do sigilo de todas as delações – em particular essa especificamente retratada pela revista – o mais rapidamente possível.

    Para encerrar, pois temos uma pauta extensa hoje – mais uma vez, agradecendo a participação de tantos Senadores de tantos partidos e palavras tão confortadoras e tão firmes de confiança não apenas na minha trajetória pessoal, mas na minha ação política –, ouço com muita satisfação meu companheiro, 1º Vice-Presidente desta Casa, Senador pela Paraíba, Cássio Cunha Lima.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Sr. Presidente, Senador Aécio, eu serei muito breve, até porque o debate ocorreu abrangendo todos os aspectos da questão levantada por V. Exª com muita firmeza, coragem e indignação visível. Neste aparte, que talvez seja o penúltimo, porque a Senadora Ana Amélia, Senador Aécio, também pede já há algum tempo...

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Com muita honra...

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Eu já pedi aqui também, mas não fui atendido ainda.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Eu não vi.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Eu serei, como eu disse, breve, porque todos os aspectos relevantes desta discussão foram abordados. Eu quero apenas destacar o essencial: não existe conta em Nova York e não existe sequer a delação. Veja a que ponto nós chegamos! A resposta enfática que V. Exª traz da tribuna do Senado é negando, de forma cabal, peremptória e convincente, a existência da conta e, mais do que isso, a inexistência de delação fazendo referência a essa conta, que não é trazida no bojo da matéria. O advogado do suposto delator faz referência clara a esse aspecto. No início da fala de V. Exª e durante a fala no final de semana, foi colocado isso como ponto central. A partir daí, todo o restante da discussão se desdobra a partir dessa falsa afirmação, que simplesmente gera toda essa balbúrdia, toda essa especulação. Portanto, já foi dito aqui por todos que me antecederam nesta solidariedade, a quem me somo. Para que possamos melhorar o País, é avançar, sim, como bem disse o Senador Tasso Jereissati, nas investigações que estão em curso, pois ninguém aqui pretende e muito menos deseja qualquer obstrução de investigação, mas que possamos tratar a lei como ela deve ser tratada. Não se pode, em nome de combater crimes, praticar outros crimes. Dessa forma, o Brasil não vai melhorar.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª.

    Antes de ouvir a Senadora Ana Amélia e, agora, o Senador Valadares, eu quero responder ao Senador Cássio apenas dizendo, Senador, que o que eu busquei, inclusive desde sexta-feira, quando fui comunicado da matéria pela revista, é algo concreto do qual pudesse me defender. Se você publica uma matéria, acusando alguém de deter uma conta em determinado banco, é óbvio que você tem que ter a informação, pelo menos, de qual é esse banco e deveria até ter de qual é a conta. Foi o que eu busquei, inclusive me dispondo a dar qualquer tipo de procuração para que essa calúnia pudesse ser desmascarada. Eu me sinto como o caso de alguém que é instado a se defender de ter matado determinada pessoa. É como se alguém chegasse, Senador Cássio, a V. Exª dizendo: "Diga que V. Exª jamais cometeu qualquer crime na sua vida, prove". É algo muito subjetivo. Já, se disserem a V. Exª que está sendo acusado do crime que ocorreu no dia tal, na tarde do dia tal, em tal local, V. Exª, se não estava no local, poderá provar e se defender. Eu me sinto como alguém impotente para demonstrar que eu não tenho conta nesse banco, como não tenho conta em nenhum outro banco fora do País. Se reverem a publicação, ela jamais permite aos brasileiros saber qual instituição seria esse objeto da acusação. Portanto, é apenas para que fique bastante claro. Ofereci à revista todos os documentos, todas as condições para confirmar esse fato. Infelizmente, ela achou desnecessária essa confirmação e publicou a matéria na capa da revista, com os danos que nós sabemos que algo como isso causa a quem faz vida pública e traz indignação a quem a faz de forma honrada, como eu faço.

    Senadora Ana Amélia, com muita alegria, ouço V. Exª, com a permissão do Presidente Eunício.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Aécio Neves, eu o conheci quando V. Exª não tinha nenhum fio de cabelo branco...

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Faz tempo.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... e era secretário particular do ex-Presidente Tancredo Neves, numa viagem memorável, em que ele foi mostrar o Brasil redemocratizado ao mundo. Depois, ainda como jornalista, acompanhei sua trajetória chegando à Presidência da Câmara e ao sucesso em Minas Gerais como Governador, festejado com uma gestão extraordinária. Em 2014, tive o privilégio de acompanhá-lo numa jornada cívica eleitoral como apoiadora da sua candidatura – o meu Partido apoiou a sua candidatura –, e tivemos uma campanha extraordinária no Rio Grande do Sul. Eu queria dizer ao senhor que Mario Vargas Llosa descreveu muito bem, num ensaio, que estamos vivendo numa civilização do espetáculo, o que o Dicionário Oxford traduziu com a palavra do ano, que é a pós-verdade. Para um político como eu, que estou no primeiro mandato, essa espetacularização de informações nem sempre baseadas na verdade, em fatos reais, acaba contaminando, assustando e atemorizando. Eu penso: no dia em que eu também for vítima de uma situação análoga à sua, o que eu farei? Eu não sei o que eu farei, mas certamente abandonarei a carreira política. Talvez isso seja um desserviço àquelas pessoas que trabalham para tornar a política do nosso País mais séria, mais responsável, com maior grau de comprometimento, com interesse público a defender, e que estarão desestimuladas dentro desse cenário. Então, que a pós-verdade não prevaleça. Concordo com V. Exª: o sigilo numa deleção não combina absolutamente nem com democracia nem com liberdade. No meu caso, que fui jornalista durante várias décadas, penso que a transparência, que V. Exª está usando agora, e o combate ao sigilo serão um bom serviço à liberdade e à democracia em nosso País.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço a V. Exª.

    Presidente Eunício, agora – eu creio que para encerrar –, ouvirei o Senador Valadares, lembrando apenas, Senadora Ana Amélia, que, logo no sábado, pela manhã, quando foi publicada a revista, eu convoquei, em Brasília, uma coletiva de imprensa exatamente para demonstrar, desde o primeiro instante, a minha indignação e a falsidade das acusações que constavam daquela publicação. Hoje, eu subo a esta tribuna em respeito aos brasileiros, mas, de forma muito, muito especial mesmo, em respeito aos meus pares, em respeito àqueles com os quais eu convivo diariamente nesta Casa, sejam da Base governista, sejam da oposição, todos, sem exceção, buscando construir um País melhor. É em respeito às Srªs e aos Srs. Senadores e em respeito às Srªs e aos Srs. Deputados que venho hoje a esta tribuna para trazer também, mais uma vez, a minha mais sincera e profunda indignação.

    Senador Valadares, acho que, com V. Exª, terminamos esta parte da sessão.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Senador Aécio Neves, foi editada uma lei em 2012, a Lei nº 12.683, proveniente de um projeto da nossa autoria, sobre lavagem de dinheiro, e o Relator desse projeto foi o Senador, pelo Rio Grande do Sul, Pedro Simon. Nesse projeto, nós prevíamos a figura do delator, numa contribuição ao desvendamento da prática de crimes com este objetivo: lavagem de dinheiro. Acredito que não só eu como aqueles que participaram do debate poderíamos ter previsto para o delator a possibilidade de desvendamento do crime, mas apontando de logo as provas. Essa previsão não existiu.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Tanto é que, hoje, se um delator fala e essa notícia vaza, praticamente ele vira um juiz e condena aquele que, não sabendo de nada que foi delatado, não teve nem direito de defesa, retraindo, assim, o princípio do contraditório e da ampla defesa, previsto na nossa Constituição. Portanto, Senador Aécio Neves, é claro que o geral é a publicidade, mas, se uma determinada autoridade, como o Ministério Público, pede sigilo, é porque, perante a autoridade judiciária, espera-se que alguma decisão seja tomada, ou a manutenção do sigilo ou a abertura do processo, para que todo munda saiba, inclusive o acusado, das informações...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – ... que foram trazidas ao processo. No que se refere a V. Exª, lamentavelmente, como também no que se refere a tantos outros homens públicos, esse direito não lhe foi dado. Daí a sua indignação e a sua coragem de dizer: "Abram um processo para que eu me defenda". Eu quero dizer que votei em V. Exª para Presidente da República. E V. Exª sabe os adversários cruentos que eu tenho em Sergipe e o quanto se aproveitam desse episódio para incriminá-lo, mas eu tenho certeza absoluta de que, com V. Exª levando as provas da verdade das acusações que lhe imputam, a Justiça haverá de lhe dar o devido valor, como nós que participamos do Senado e que conhecemos sua família. Participei com Tancredo Neves da campanha pelas Diretas, fui favorável à sua indicação como Presidente da República. V. Exª não apenas tem família e tem passado, como também tem procedimento ético e decência. Por isso, achamos que V. Exª foi firme na sua defesa. E essa sua firmeza nos dá a tranquilidade de que esse processo terá um final feliz em seu favor. Agradeço a V. Exª.

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG) – Agradeço imensamente a V. Exª, Senador Valadares, que toca num ponto crucial. A delação é hoje um instrumento necessário e precioso para aferição de crimes, desvendamento de quadrilhas, enfim, mas é importante que a delação, para não se transformar num instrumento fútil e mal utilizado, venha acompanhada de indícios mínimos que possam dar veracidade àquilo que ali está sendo dito. Senão, ela se transforma, na verdade, em um instrumento perverso à disposição de pessoas que muitas vezes não terão o interesse ou o objetivo da apuração da verdade, mas, sim, de comprometer biografias de pessoas de bem.

    Portanto, Sr. Presidente, agradeço imensamente o tempo que me foi dado.

    Fica aqui, ao final, não só o meu agradecimento mas o meu mais absoluto repúdio a tudo que foi escrito e a certeza absoluta de que voltarei ainda a esta tribuna, demonstrando de forma cabal e definitiva a inexistência das acusações que foram transcritas de forma irresponsável por essa publicação na última semana.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2017 - Página 43