Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a redução do volume útil do Rio São Francisco.

Autor
Otto Alencar (PSD - Partido Social Democrático/BA)
Nome completo: Otto Roberto Mendonça de Alencar
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Preocupação com a redução do volume útil do Rio São Francisco.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2017 - Página 68
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • APREENSÃO, REDUÇÃO, VOLUME, AGUA, RIO SÃO FRANCISCO, DEFESA, URGENCIA, DRAGAGEM, RIO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, RECURSOS, GOVERNO FEDERAL, CONCLUSÃO, OBRAS, TRANSPOSIÇÃO.

    O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA. Sem revisão do orador.) – Estou aqui próximo ao Senador Cássio Cunha Lima, da Paraíba, para agradecê-lo pelo apoio que agora será dado à nossa luta pela revitalização do rio.

    A minha preocupação, Senador Cássio Cunha Lima, Senador Fernando Bezerra – e eu recebi o relatório hoje da Codevasf –, é que nós estamos com um volume útil de 15,22%, que é de uma gravidade inimaginável. No ano passado, a essa altura, no mês de abril, Senador Cássio, nós estávamos com 34% de volume útil. Nós estamos com menos da metade do volume útil. Então, é bem provável que agora, no mês de agosto, chegue-se no volume morto. A vazão afluente em Três Marias está menor do que a vazão defluente. Em Sobradinho está entrando menos água do que está saindo. Em Itaparica está entrando menos água do que está saindo, porque já está se contendo isso para não faltar água nas barragens e termos problemas.

    E o mais grave ainda é que a Barragem de Três Marias, em Minas Gerais, está com 40% de aterramento. Ou seja, a bacia só tem hoje 60%. E Sobradinho já está em torno de 20% de aterramento. Sabe por quê, Senador Cássio? Porque, pelo desmatamento, estão entrando anualmente no Rio São Francisco, na sua calha e na calha de seus afluentes, 28 milhões de toneladas de areia, de barro e de outros detritos que são levados pelas trovoadas.

    Agora mesmo, choveu muito na Bacia do Rio São Francisco, e não chegou água em Sobradinho. Por que não chegou água em Sobradinho? Porque a calha do Rio está completamente assoreada. É como a artéria do coração que está superlotada de colesterol, está entupida, e não chega sangue no coração. A calha está obstruída, completamente assoreada.

    E o Bispo da Barra, Dom Luiz Cappio, nesses dias deu uma entrevista na televisão e disse que, há três semanas, o Rio São Francisco na Barra estava com o dobro da largura que está hoje. Em três semanas, a água que se espalhou toda nas lagoas evaporou-se e ficou com uma quantidade bem menor.

    Então, isso é de uma gravidade, isso é de segurança do Nordeste brasileiro. Eu quero dizer aqui que eu sempre fui a favor da transposição, mas vejo, há mais de 20 anos, não se fazer absolutamente nada pela revitalização. E a voz do Senador Cássio Cunha Lima agora com a do Senador Fernando Bezerra, que conhece profundamente isso, deve ser a voz de todos os Senadores do Nordeste e de Minas Gerais também. Deve ser a voz de Antonio Anastasia, de Zeze Perrella e de Aécio Neves, porque Minas Gerais é a caixa d'água do Brasil e fornece 75% de todas as águas que vão irrigar os perímetros irrigados de Petrolina, de Juazeiro, de Lapa, dessa região toda. Ou se faz uma coisa agora emergencial...

    E o Presidente da República, se o fizer, vai fazer uma coisa que nenhum outro fez, que é publicar um decreto de estado de emergência na Bacia do Rio São Francisco; retirar o dinheiro do Fundo Clima, que é de R$1,2 bilhão e que foi entregue ao BNDES, e do Fundo Nacional de Meio Ambiente, que também foi desviado para o BNDES. O BNDES devolve o dinheiro ao Fundo Clima, e esse dinheiro vai ser investido na revitalização do Rio São Francisco, que está morrendo.

    E outra coisa: a projeção que nós temos, Senador Cássio Cunha Lima, é de que, se continuar assim, em 2035, no período seco, não vai chegar uma gota d'água à Barragem de Sobradinho. E não vai adiantar absolutamente nada a transposição.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2017 - Página 68