Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões acerca do tema da Campanha da Fraternidade 2017.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO:
  • Reflexões acerca do tema da Campanha da Fraternidade 2017.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2017 - Página 64
Assunto
Outros > RELIGIÃO
Indexação
  • ANALISE, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, AUTORIA, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), OBJETO, PRESERVAÇÃO, BIOMA, DEFESA, MEIO AMBIENTE, EQUILIBRIO ECOLOGICO.

  SENADO FEDERAL SF -

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06/04/2017


DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Social Democrata/PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já se tornou tradição brasileira a realização anual da Campanha da Fraternidade, - desde 1963 promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

    A cada ano, um novo tema, tendo por eixo o valor moral, religioso e social da questão realçada. A cada ano, uma nova oportunidade de reflexão para a comunidade nacional a respeito de um assunto relevante.

    Recebamos, assim, mais uma vez, de bom grado, esse convite fraterno da CNBB - e façamos breve reflexão sobre o tema proposto.

    O tema deste ano é Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida.

    Nunca é demais encarecer a importância do tema do equilíbrio ecológico, - circunscrito, no caso, à situação dos biomas existentes no território nacional brasileiro.

    Ora, se há um tema que se preste menos a circunscrições e a delimitações geográficas, este é justamente o tema da sustentabilidade ambiental. Pois a questão do cuidado com o meio ambiente tem caráter mundial, um problema que não toma conhecimento das fronteiras nacionais político-administrativas inventadas, ao longo da História, pelos homens. O planeta é, por assim dizer, um ser respirante global, - e basta um espirro forte ocorrido, por exemplo, no território chinês para disseminar o resfriado para a África, a Oceania, ou, potencialmente, a depender da extensão do dano, para qualquer outra parte do mundo. A ecologia é tema holístico por excelência, no qual tudo está ligado a tudo.

    Portanto, entre os problemas mais importantes da atualidade, o da sustentabilidade ambiental é aquele que mais convida à interação responsável e civilizada entre as nações, o que mais exige cooperação internacional. Por isso, deve-se entender que, ao circunscrever o tema da Campanha aos biomas brasileiros, a CNBB, evidentemente, quer apenas sobrelevar a responsabilidade do nosso País no cumprimento desse objetivo global. Em outras palavras, a CNBB quer nos conscientizar, - a nós, brasileiros, - sobre a nossa parcela de responsabilidade. E como o nosso território tem proporção continental, é também continental essa nossa parcela de responsabilidade.

    Estamos, portanto, diante de um tema universal, - aliás muito condizente com o caráter de universalidade da Igreja Católica Apostólica Romana, que, faz cerca de 1.700 anos, organizou-se institucionalmente para levar a todos os povos e a toda a gente a mensagem do Cristianismo: uma religião derivada da religião monoteísta dos antigos hebreus, que era, até então, esta última, a religião nacional de um único povo. O Cristianismo expandiu a concepção historicamente revolucionária do Deus da Justiça dos hebreus - para o Deus da Justiça e do Amor. Do Amor Universal. Amai-vos uns aos outros é o cerne da doutrina religiosa e moral de Cristo.

    Sr. Presidente: sem cultivar o sentimento de amor pela Natureza, - pelos rios, pelas matas, pelo ar puro, pela higidez do solo e das águas abaixo dele, pelos animais terrestres e aquáticos, -não lograremos êxito em preservar nosso planeta em condição saudável para as próximas gerações. Amar é cuidar.

    No território brasileiro, contamos com a riqueza inestimável de possuir seis majestosos biomas, que se encontram em estádios diversos de preservação ou, considerados a contrapelo, em estádios diversos de degradação. São eles a Mata Atlântica, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga, o Pampa e a Amazônia, -o último do qual, a Amazônia, cobria, e ainda cobre em grande parte, as áreas da Região Norte e do meu estado do Pará. Não há um adulto, não há uma criança - no mundo inteiro! - que não tenha ouvido falar da imensidão e da importância da floresta amazônica.

    Nosso desafio, nossa contribuição conosco próprios e com o resto do mundo, é saber cuidar desses seis biomas, tendo para com eles carinho e amor. É ter sabedoria e responsabilidade para retirar os frutos da terra, dos quais precisamos para viver bem, mas sem esgotar a capacidade de a terra gerar novos frutos e guardar, explorando-os comedida e racionalmente, os ainda existentes. Esse é um desafio imenso para um país com 206 milhões de bocas para alimentar, de corpos para vestir e de expectativas legítimas de prosperidade material para satisfazer!

    Não somente o Brasil, mas também o mundo como um todo vivem um terrível problema que, creio, não é levado devidamente em conta, em toda a sua dimensão, quando se aborda o problema do equilíbrio ecológico. Este problema é o da superpopulação.

    Sr. Presidente, Senhoras e Senhores: uma palavra breve quero dizer sobre a Amazônia, bioma que conheço de perto, paraense que sou, e sobre o qual a responsabilidade deste Senador pelo Estado do Pará se multiplica; sobre a Amazônia, maior bioma brasileiro, que ocupa 61% do território nacional.

    Ora, - Senhores, - Amazônia é sinônimo de grandeza! Grandeza de recursos naturais. O rio Amazonas, como sabemos, juntamente com o Nilo, é o mais longo do mundo. E, no mundo, é o que possui maior volume d'água. Lança, a cada segundo, 175 milhões de litros d'água no Oceano Atlântico! Os rios que do Amazonas são afluentes, e a bacia amazônica em geral, são responsáveis por crescente participação na geração de energia elétrica para o Brasil.

    Sr. Presidente, Senhoras e Senhores: felicito a CNBB por ter escolhido, para a Campanha da Fraternidade deste ano, um tema tão sensível e tão relevante para o bem viver de todos nós, e das futuras gerações. Façamos a reflexão à qual a CNBB nos convida.

    Quem ama, cuida. E nós, brasileiros, amamos nossas matas, nossos rios, nosso solo, nossos recursos naturais. Haveremos, sim, de deles cuidar.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2017 - Página 64