Comunicação inadiável durante a 44ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações acerca de lista divulgada pelo ministro do STF Edson Fachin, contendo pedidos de abertura de inquérito, no âmbito da operação Lava Jato, contra diversas figuras políticas do país, e registro da necessidade de reforma no sistema político.

Autor
Ataídes Oliveira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: Ataídes de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Considerações acerca de lista divulgada pelo ministro do STF Edson Fachin, contendo pedidos de abertura de inquérito, no âmbito da operação Lava Jato, contra diversas figuras políticas do país, e registro da necessidade de reforma no sistema político.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2017 - Página 40
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • COMENTARIO, FATO, LUIZ EDSON FACHIN, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), DIVULGAÇÃO, NOME, RELAÇÃO, SOLICITAÇÃO, POLICIA FEDERAL, ABERTURA, INQUERITO, OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, CRIME, AUTORIA, GRUPO, MINISTRO DE ESTADO, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, GOVERNADOR, EX PRESIDENTE, REFERENCIA, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PARTICIPAÇÃO, EMILIO ALVES ODEBRECHT, EMPREITEIRO, REALIZAÇÃO, DELAÇÃO PREMIADA, IRREGULARIDADE, CONTABILIZAÇÃO, RECURSOS, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, DEFESA, NECESSIDADE, REFORMA POLITICA.

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente, Paulo Rocha.

    Srªs e Srs. Senadores, eu passei a Quinta-Feira Santa, a sexta-feira, o sábado e ontem, domingo, no meu sofá, vendo as delações premiadas dos executivos da empresa Odebrecht. No fim da tarde de domingo, eu estava com febre, tamanha a indignação de ver aquele senhor de 80 anos, o Sr. Emílio Odebrecht, falar sobre a corrupção no Brasil de uma forma cínica, com aquela cara de malandro, gozando na cara de mais de 200 milhões de brasileiros.

    O nosso País, Sr. Presidente, chegou num ponto em que virou realmente, agora, chacota no Brasil e mundo afora.

    A conclusão a que cheguei pela fala daquele senhor e também do seu filho Marcelo Odebrecht é que eles falavam, Senador Ricardo Ferraço, com toda alegria – a gente percebia no sorriso deles –, que eles haviam comprado o Poder Legislativo e o Poder Executivo no Brasil. E o Judiciário... Eu não sei.

    O que eu posso dizer é que é estarrecedor o que está acontecendo no nosso País. A respeito do caixa dois, que eles disseram que muitos desses políticos pegaram para sua campanha, é uma situação. Eles vão ter que provar – eles vão ter que provar. Aqueles que não tiverem culpa eu espero que sejam absolvidos, ouviu, Senador Ferraço? Espero que sejam absolvidos. Agora, aqueles políticos que se venderam, que venderam seus mandatos para estes ratos insaciáveis... Marcelo Odebrecht e o pai, Emílio Odebrecht, são dois ratos insaciáveis: não bastavam bilhões na conta, queriam trilhões nas contas! São dois ratos insaciáveis. Então, esses políticos que se apropriaram do dinheiro do povo para enriquecer eu espero que façam parte desses dois ratos, que devem ficar na cadeia! Eu espero que esses políticos que enriqueceram com o dinheiro do povo, com aquele dinheiro que tinha que ir para a saúde, educação, segurança, eu espero que esses políticos vão para a cadeia. Se houver algum companheiro nosso aqui, paciência! Vão para a cadeia! É o que eu espero.

    E eu digo, Sr. Presidente, que a corrupção no Brasil, Senador Elmano, tem um tripé: a figura do corrupto, que para mim é o pior; o corruptor; e o corrompido. O.k., este é o tripé, só que ninguém está falando de mais dois personagens muito interessantes e hoje, aqui, nessa tribuna, eu vou trazer, então, esses dois outros personagens, porque nós vamos ter que olhar para eles. Esse rio de dinheiro, essa avalanche de dinheiro que rodou na mão do corrupto, do corruptor e do corrompido, essa avalanche de dinheiro passou pelas instituições financeiras no Brasil; passou pelos bancos – passou pelos bancos.

    Nós vamos ter que chamar os bancos para perguntar a eles. Já estou com o requerimento lá na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle, porque eu quero chamar a rede bancária, eu quero chamar as instituições financeiras para perguntar: vocês não sabiam desse rio de dinheiro clandestino que circulou dentro das suas instituições? Eu quero perguntar. Mas tem um outro personagem também importante, porque se disse que aquela cervejaria Itaipava era uma máquina de fazer dinheiro vivo. O.k., mas onde é que essa máquina guardava esse dinheiro se não fosse nos bancos?

    Existe aí mais uma personalidade interessante na parada, mais uma pessoa importante nessa parada, que são as transportadoras de valores, quem guarda valores. Olhe só, Senador Medeiros: além dos bancos pelos quais todo esse rio de dinheiro passou nessa corrupção, há os transportadores de valores, de dinheiro, que têm cofre para botar R$1 trilhão. Eu quero perguntar: será que esse dinheiro não estava, uma boa parte não era guardada dentro dessas empresas de valores? Ah, eu também quero saber, porque essa corrupção, esse rio de dinheiro não dava para guardar debaixo de colchão. Então, eu digo que vamos ter que olhar o problema dos bancos. E temos que olhar também essas empresas de valores. O.k.

    Agora, vender medida provisória, vender medidas provisórias... Eu fui Presidente da CPI do Carf. Lá eu peguei que as Medidas Provisórias nº 471 e nº 512, uma de 2009 e a outra de 2015, haviam sido negociadas – ouviu, Senador Medeiros? –, uma por 36 milhões e a outra por 26 milhões. Eu acabei a CPI frustrado, porque não consegui mostrar trabalho da forma como eu gostaria que fosse, mas lá eu percebi que essas medidas haviam sido vendidas.

    Agora, esses dois ratos insaciáveis disseram que compravam medida provisória no Senado Federal. Aí, sim! Aí, sim! Se esta Casa aqui, que é para criar leis boas para o povo e fiscalizar o Executivo, está vendendo lei, pode fechar isto aqui. Pode fechar o Congresso Nacional! Pode fechar! O cidadão vem para cá... E digo mais, Senador Medeiros: para essa Medida Provisória nº 627, de 2014, eu acho que votei "sim". Acho que votei nela aqui, achando que era bom para o Brasil.

    Olhe, espero que esses dois ratos estejam mentindo, que Senadores não tenham recebido dinheiro para aprovar lei aqui dentro. Espero que eles estejam mentindo, porque, se não estiverem mentindo, nós podemos fechar isto aqui! Podemos fechar. Eu entrego este meu mandato imediatamente, e nós fechamos este boteco aqui, com todo o respeito que tenho a esta instituição. Podemos fechar isto aqui.

    Vender lei? Isto não é um País sério. Isso não é coisa séria. Isso é coisa de bandidos! E lugar de bandidos não é aqui, neste tapete azul, não é sentado nessas cadeiras, recebendo cafezinho e bolacha: é na cadeia, que é o lugar de ladrões! Eu não quero acreditar que isso seja verdadeiro.

    E, por último, aqui, Sr. Presidente, digo o seguinte: essa empresa Odebrecht e tantas outras... Nós temos que pedir a extinção dessas empresas da Lava Jato; temos que pedir a extinção delas, temos que bani-las do mercado. E mais: confiscar todo o patrimônio dessas empresas, porque o patrimônio dessa empresa não foi conquistado com o suor desses malandros, desses ratos insaciáveis, foi conseguido... Esses patrimônios foram conseguidos com o suor do povo brasileiro, com o dinheiro que era para comprar o remedinho, com o dinheiro...

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – ... que era para fabricar mais um leito de hospital, com o dinheiro de um exame médico, de uma consulta médica, com o dinheiro de botar combustível no tanque do carro do policial para fazer a rota. Então, nós temos que, além de botar esses malandros na cadeia, esses ratos insaciáveis, também confiscar todos os bens dessa empresa.

    Agora, Sr. Presidente, agradeço a tolerância de V. Exª e quero dizer o seguinte: diante desse quadro, este Congresso Nacional não tem outra alternativa a não ser fazer uma reforma política ampla, que atenda às necessidades do povo brasileiro. Quando se fala de reforma política aqui, todo mundo se cala. Aí aparece uma reforminha ali, uma mini aqui, outra mini ali e outra mini lá – essas minis que, na verdade, deram bons resultados.

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – A gente percebe isso nas eleições de 2016. Foram reformas pequenas que deram resultado. Agora nós temos que nos debruçar, Senador Ferraço, em cima de uma reforma política séria, completa.

    Essa história da reeleição no Brasil, isso é uma brincadeira de mau gosto, isso é uma máquina de fazer corrupção. O cidadão é eleito governador, nos dois primeiros anos ele só pensa em fazer os prefeitos, para, dois anos depois, darem sustentação a ele à reeleição. Nós temos que acabar com isso. Nós temos que fazer uma reforma política que satisfaça o anseio das pessoas do nosso País, e não essa porcariada que na verdade vem sendo feita por aí – com toda a vênia e com todo respeito a algumas coisas boas que na verdade foram feitas.

    Mas, na verdade, Sr. Presidente, o resultado de toda essa corrupção...

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – ...que esse cidadão, Emílio Odebrecht, disse na televisão... O resultado de tudo isso é muito fácil, porque a gente fala: "Mas espera aí, todo esse dinheiro que foi gasto, e blá-blá-blá, cadê esse dinheiro?" Eu explico onde está esse dinheiro: esse dinheiro, além de estar nas mãos desses ratos... A nossa dívida saltou de R$852 bilhões, em 2003, para R$4,3 trilhões hoje. Ou seja, não tinha nem dinheiro, o Brasil não tinha nem dinheiro para manter esses ratos insaciáveis. O Brasil teve que buscar dinheiro emprestado a juros altíssimos para bancar tudo isso, para que eles pudessem comprar o Poder Legislativo, para que eles pudessem comprar o Poder Executivo e sei lá se eles não compraram o Poder Judiciário; não sei.

    Eu só sei que nós vamos viver um novo Brasil.

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – É a minha esperança.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2017 - Página 40