Discurso durante a 44ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do Ministro da Agricultura Blairo Maggi, citado em investigações da operação Lava Jato.

Autor
Cidinho Santos (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: José Aparecido dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Defesa do Ministro da Agricultura Blairo Maggi, citado em investigações da operação Lava Jato.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2017 - Página 63
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • DEFESA, BLAIRO MAGGI, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), MOTIVO, INCLUSÃO, RELAÇÃO, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), AUTORIZAÇÃO, ABERTURA, INQUERITO, AMBITO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), IRREGULARIDADE, RECEBIMENTO, CONTABILIZAÇÃO, RECURSOS, CAMPANHA ELEITORAL.

    O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco Moderador/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Inicialmente, eu quero parabenizar o meu colega, o Senador Wellington Fagundes, pelo pronunciamento que acabou de fazer aqui. Admiro a vitalidade do Senador Wellington, porque todos os dias parece que é o primeiro dia em que ele está como Parlamentar, seja como Deputado Federal seja como Senador.

    Nessa área de logística, o reconhecimento que nós temos com ele – todo o Mato Grosso – pelo trabalho que ele já fez na questão da infraestrutura rodoviária e ferroviária de Mato Grosso. É inegável, tanto que esse foi um dos temas da campanha dele, há dois anos, e a capacidade de articulação que ele tem de levar essa questão à frente.

    Parabéns também, Senador Wellington, pela questão da Universidade Federal de Rondonópolis, que a gente acompanha, que é uma luta sua, de longo tempo, e que está chegando a bom termo; também a sua luta em relação a Barra do Garças e Cáceres, onde já existe a Unemat, medicina. Parabéns.

    Eu queria nesta tarde, Presidente, falar um pouco dos fatos que aconteceram neste final de semana em relação às delações da construtora Odebrecht na Lava Jato. Eu, particularmente, tenho o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, como uma pessoa da mais alta consideração. Acompanhei-o nesse final de semana e pude perceber que, quando essas operações, quando essas citações vêm... Às vezes, uma pessoa é citada, aparece no Jornal Nacional até gravado, recebendo dinheiro, e, no outro dia, a pessoa aparece como se nada tivesse acontecido, com cara de paisagem, faz uma nota desmentindo e tudo acontece normalmente. Diferentemente, quando uma pessoa que tem vergonha, que tem caráter, vê seu nome citado de forma injusta, como o Ministro Blairo Maggi, para ele, eu que já o acompanho há mais de 25 anos, foi uma ferida, ele foi ferido, e muito profundamente, em sua honra. Porque as pessoas que têm vergonha se sentem muito mal.

    Blairo Maggi lista já há muitos anos entre as pessoas bilionárias do Brasil, na revista Forbes, fruto do trabalho seu e da sua família. Eu acompanho a sua trajetória desde quando se dispôs a ser Governador do Estado do Mato Grosso, entendendo que deveria retribuir um pouco com um Estado que deu muito para ele e para a sua família. Três meses antes das eleições, Presidente, nós tínhamos um adversário com 63% das intenções de voto, enquanto Blairo saiu candidato com 3%. Ganhamos as eleições no primeiro turno. E uma coisa que eu nunca tinha visto numa campanha – fui um dos coordenadores da eleição dele – foi que chegou na quinta-feira, antes da eleição, e todas as contas foram pagas; não ficou devendo nada para ninguém, o comitê fechado, não ficou na segunda-feira ninguém para ligar, para dizer que tenha ficado devendo um real. Todos os compromissos assumidos.

    Chegou a reeleição de 2006, não era intenção do atual Ministro Blairo se candidatar à reeleição, mas as forças entenderam que era necessário, para que aquele governo inovador que foi instalado no Mato Grosso tivesse uma continuidade. E, mais uma vez, ele foi eleito no primeiro turno.

    Em sete anos e três meses de governo, Blairo Maggi implantou um programa de infraestrutura com mais de quatro mil quilômetros de rodovia implantados no Estado do Mato Grosso, sem nenhum financiamento, fruto de recursos próprios ou de parceria com produtores rurais; mais de 70 mil casas construídas, antes do Minha Casa, Minha Vida; programas habitacionais de kit de habitação de casas; educação com o Escola Atrativa, que são orgulho para o Mato Grosso, escola pública com piscina esportiva, com quadras esportivas cobertas, um trabalho revolucionário; a ampliação da Universidade Federal do Mato Grosso para vários polos do Estado do Mato Grosso. Além do mais, a agroindústria, que Blairo Maggi levou para o Mato Grosso; a transformação – muito do que Mato Grosso produz, transformando em frango, transformando em suínos, em bovinos – que fez com que Mato Grosso, ao longo do governo Blairo Maggi, crescesse mais de 10% ao ano, tendo encerrado o seu mandato com 93% de aprovação à frente do Governo do Mato Grosso.

    Mais uma vez, chamado a continuar contribuindo, Blairo Maggi veio aqui para o Senado Federal e foi a primeira vez que um ex-governador de Mato Grosso, ao sair do governo, conseguiu ser eleito Senador. Todos os que tentaram antes não tiveram êxito. Blairo Maggi foi o primeiro que teve essa capacidade, teve essa felicidade, fruto do prestígio de que ele gozava e goza junto aos mato-grossenses. Aqui, no Senado Federal, V. Exª, Senador Elmano, é testemunha do respeito que Blairo Maggi adquiriu aqui, no Senado Federal, da confiança. É uma pessoa de pouca conversa, mas o que é tratado é cumprido. É uma pessoa séria e que entende que, como empresário, ele veio para contribuir com a política; não para se fazer da política.

    No ano passado, o Presidente Michel Temer convidou Blairo Maggi para ser Ministro da Agricultura, convite que ele já tinha recebido da Presidente Dilma, por dois mandatos, mas ele entendeu que não era o momento dele. No ano passado, nesse governo de coalizão, entendendo a gravidade do País, Blairo Maggi aceitou esse desafio de ser Ministro da Agricultura, quando, mergulhando em todo o setor produtivo do Brasil, com a abertura de novos mercados, com a desburocratização através do programa Agro+ e também agora, nessa recente Operação Carne Fraca, em que foi decisiva a participação dele para reverter essa situação, de forma recorde, para que nós não tivéssemos mais prejuízos do que estamos tendo.

    Evidentemente que os mercados foram abertos e estão sendo abertos. Nós vamos ter e estamos tendo prejuízos até a retomada da credibilidade. O Ministro Blairo está já com a agenda marcada para, a partir do dia 11 de maio, visitar vários países do mundo, conversando com o mercado, com produtores, com os governos, com consumidores, mostrando que a nossa carne é confiável.

    Então, existe todo esse trabalho que o Ministro Blairo Maggi vem fazendo como Governador, como Senador, como Ministro. De repente, de uma hora para outra, há a grande surpresa e o nome dele é citado nessa Operação Lava Jato. Eu, que o acompanho já há muitos anos, tenho certeza absoluta de que ele apostaria tudo que tem – e o que ele tem não é pouco – de que jamais estaria numa lista dessas, porque ele nunca esteve com ninguém da Odebrecht, não tem negócio com a Odebrecht, não tem um porquê de o Ministro Blairo Maggi estar nessa lista.

    Então, Presidente, é preciso que nós tenhamos cuidados, porque, quando se coloca que a pessoa foi citada ou que a pessoa vai ser investigada, praticamente a imprensa já a condena: "Fulano recebeu 12 milhões de propina". Isso é um absurdo! Jamais! No próprio depoimento, o delator disse que nunca tratou com Blairo Maggi como governador, nem ele, nem o Pedro, nem o João, nem ninguém da empresa. Como alguém vai à sua empresa e diz: "Eu vim aqui pegar 12 milhões em nome do fulano", e você manda 12 milhões? Se fosse bom assim, seria muito fácil, não é? "Eu vim aqui buscar 12 milhões." Pega os 12 milhões e leva. E você nunca procura a pessoa, nunca na sua vida, num fato que já tem 11 anos? Você nunca procura essa pessoa para ver se ela recebeu 12 milhões? Simplesmente você cita numa delação, se coloca como investigada. Investigar é a coisa mais fácil que existe. Todos nós somos e devemos ser investigados pelos nossos atos. Nós somos permanentemente investigados, mas, a partir do momento em que você é citado numa lista, em que é colocado junto com todo mundo que desviou bilhões e bilhões, nos últimos anos, e se coloca uma pessoa séria como o Ministro Blairo Maggi na mesma vala comum, você faz com que as pessoas de bem passem a desistir da política.

    Se você for hoje perguntar para um Blairo Maggi, para uma pessoa de bem: "Você me aconselharia a entrar para a política?", ele falaria: "Nunca, nunca entre na política, porque é uma atividade de alto risco". Isso pelas decepções que as pessoas vão passando ao longo do tempo. São decepções como essas, em que, não sei por qual interesse, coloca-se o nome de uma pessoa séria, o nome de uma pessoa honrada, o nome de uma pessoa que tem uma empresa que tem negócios com o mundo, cujo faturamento é maior do que a receita do Estado do Mato Grosso. Então, não é uma pequena empresa. Quando se coloca o nome de uma pessoa nessas circunstâncias, até o nome da empresa da pessoa se está prejudicando. Portanto, é preciso ter cuidado, é preciso ter responsabilidade.

    Nós temos que pensar, agora, numa reforma política; temos que mudar o sistema político; temos que pensar nas condições da Lava Jato e em como vamos fazer. Os corruptores e os corruptos, temos que prender, temos que penalizar, mas nós temos que separar o joio do trigo, porque, senão, daqui a pouco, vai estar todo mundo na mesma vala comum. Nenhum político vai prestar, ninguém vai prestar, a população, cada vez mais, vai ficar desanimada com a política, e as pessoas de bem também não vão querer participar da política, porque é uma atividade, como falei antes, de alto risco.

    Então, eu queria manifestar aqui o meu apoio e a minha solidariedade ao meu amigo, à pessoa que me ensinou muito. Todas as vezes em que estive com ele, ele sempre me orientou pelo lado certo: "Cidinho, é assim; não se meta com isso." Para mim, é como se fosse um irmão mais velho. Eu o tenho como balizamento das coisas corretas, porque muito do que aprendi na minha vida eu devo ao Blairo Maggi, à sua postura honrada e séria. Se nós não o apoiarmos neste momento, com certeza, pessoas como o Blairo vão deixar a política e outras que ainda estão na política e são pessoas do bem vão deixar a política. E, cada vez mais, nós teremos, no meio da política, pessoas que não têm compromisso com o povo, porque aquelas pessoas que têm compromisso com o povo, que têm compromisso com o nosso País ficarão desiludidas, desacreditadas, e aí nós teremos um sistema político cada vez mais difícil.

    Temos visto algumas entidades e produtores rurais manifestando solidariedade ao Ministro Blairo. É preciso que façamos isso mesmo, porque, no momento em que precisamos do Blairo, nessa Operação Carne Fraca, ele colocou o nome dele na frente, ele se dispôs a lutar, lutou e está lutando para defender os interesses do Brasil. Agora, é preciso que nós sejamos solidários a ele para defender a sua honra, o seu trabalho. Se alguém fez algo errado usando o nome dele, que seja penalizado. Mas jamais devemos expor o nome de uma pessoa honrada, honesta, trabalhadora, de uma família que honra o Brasil, uma pessoa que eu conheço desde o tempo de seu pai e que sempre me ensinou as coisas boas, as coisas corretas e as coisas do bem.

    Era só isso, Sr. Presidente.

    Muito obrigado pela oportunidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2017 - Página 63