Comunicação inadiável durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre o cenário político e econômico do País.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Comentários sobre o cenário político e econômico do País.
Aparteantes
Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2017 - Página 15
Assunto
Outros > SISTEMA POLITICO
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, POLITICA, ECONOMIA NACIONAL, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, OCORRENCIA, AUMENTO, DESEMPREGO, VIOLAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, REGISTRO, DECISÃO, PARLAMENTO, REINO UNIDO, ADIANTAMENTO, ELEIÇÕES, CRISE, PAIS, ELOGIO, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, REFERENCIA, INAUGURAÇÃO, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, CITAÇÃO, PESQUISA, EMPRESA, ASSUNTO, OPINIÃO PUBLICA, DEFESA, ANTECIPAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, agradeço.

    Senadora Ana Amélia, Senadora Vanessa Grazziotin, querida colega, demais colegas Senadores, eu venho, nesta quinta-feira, trazer um pouco de uma reflexão que tenho feito sobre os caminhos – já falei disto outro dia –, sobre uma espécie de marcha da insensatez em que o nosso País se meteu, sem conseguir mudar o curso, Senador Dário.

    Eu falei isso outro dia. No dia 17 último, lembrou-se um ano de um impeachment que era a tábua de salvação para o Sr. Eduardo Cunha, na Câmara, e sua trupe. Venderam para o Brasil a ideia de que o problema todo era a Presidente Dilma, era o governo que tinha recém vindo das urnas, que tinha recebido 54 milhões de votos. O problema era o PT, e tinha que tirar.

    O desemprego aumentou em quase 5 milhões de brasileiros do dia em que a crise começou até a presente data. Os indicadores econômicos pioraram. Os sociais não só pioraram, como estão ameaçados. O que estão fazendo é um desmonte das leis trabalhistas, tentando levar o Brasil para era pré-Vargas, tirando todo e qualquer direito, num momento de muita dificuldade que o País vive, e essa dificuldade se materializa na dificuldade de cada brasileiro e de cada brasileira, que ficam hoje, muitos deles, 13,5 milhões, atrás de uma oportunidade de trabalho. Depois de o Brasil ter vivido, no governo Dilma e especialmente no governo do Presidente Lula, a geração de 20 milhões de empregos com carteira assinada.

    Eu não estou fazendo aqui nada que possa pôr para debaixo do tapete a sujeira, os problemas; acho que o lamentável do nosso governo, dos nossos governos foi não ter aproveitado o momento que o Brasil vivia, a popularidade que tinha, para ter feito as reformas, as mudanças, que também o Brasil precisa viver. Sou favorável a uma modernização das leis trabalhistas, mas não levá-las para uma era pré-Vargas; trazê-las para o século XXI. Sou favorável a que se reduza drasticamente o desperdício do dinheiro público nos gastos dos Municípios, dos Estados e da União. Sou amplamente favorável a termos uma radical mudança no sistema político-eleitoral brasileiro, que faliu, venceu a validade.

    Mas venderam um Brasil e estão entregando outro. Agora estão dizendo que fomos nós que geramos 13 milhões de desempregados. Não, quando estávamos vivendo o pleno emprego, nós tínhamos 6 milhões de pessoas desempregadas já, ou 7, porque é assim que funciona quando há o pleno emprego. São pessoas que estão saindo de um emprego para outro. O problema é que 7 milhões foram desempregados de quando essa crise começou para cá, e não adianta querer pôr na conta de um governo que já saiu, como o caso do governo da Presidenta Dilma. Passado esse período, o que é que nós temos hoje? A crise econômica mais grave, a crise institucional chegando ao limite, a ponto de que ninguém sabe o dia de amanhã.

    E eu queria por fim me referir, Srª Presidente, colegas Senadores e Senadoras, nesta reflexão, à opinião pública. Foi dito aqui, desta tribuna, pelo hoje Presidente do PMDB que a Presidente Dilma não poderia ficar, porque não tinha apoio popular. A avaliação dela, positiva, era de 10%. Foi aqui, desta tribuna, Senador Requião, pelo nosso colega, Senador Jucá. E com 10% de apoio, não se sustenta um governo. O atual tem 5% de apoio, 5%. Não passou nas urnas, e quer, sem o apoio popular verdadeiro, promover as mais radicais mudanças no Estado brasileiro: venda das terras brasileiras para estrangeiros; entrega do subsolo brasileiro; desmonte das leis trabalhistas, com um mínimo de garantia para os trabalhadores; e uma previdência que impede, especialmente para as mulheres trabalhadoras rurais deste País... Este País tem tanta desigualdade, a ponto de haver uma grande desigualdade da perspectiva de vida entre quem vive no Sul maravilha, no Centro-Sul – não chamo nem de Sul maravilha, porque estamos também passando muita dificuldade em toda parte. Antes era assim que se falava, sem nenhum termo pejorativo. Mas, no Norte e no Nordeste, há uma diferença de mais de dez anos de perspectiva de vida, especialmente para as mulheres sofridas do Nordeste e da minha Região, no Norte do Brasil.

    Querem que agora a trabalhadora rural morra sem se aposentar. É isto que estão propondo: um desmonte completo em algo que é de direito. Trabalhou, esforçou-se, sofreu, virou avó, virou avô, já criou os filhos, tem o direito a ter uma aposentadoria. Isso, em qualquer país civilizado do mundo, é assim. Aqui, no Brasil, querem fazer diferente.

    E aí, em nome da opinião pública, fizeram tudo isto no nosso País: mudaram; desrespeitaram os 54 milhões de votos; puseram um Governo que não passou nas urnas; danificaram a democracia, a jovem democracia brasileira. E eu pergunto – hoje conversava com o Senador Requião: qual é a solução? Em uma democracia, a solução para eles é menos democracia; menos participação direta da população. E, para nós, qual é? Mais democracia.

    Mesmo na crise pré-impeachment, eu já defendia a convocação de novas eleições, outros colegas defendiam. Chegamos a assinar uma carta vários Senadores. Vamos antecipar as eleições, vamos alterar a nossa Constituição, mas trazendo mais decisão do voto. Faço esse paralelo com o que está ocorrendo...

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Senador Jorge Viana, por uma gentileza sua.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Claro!

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – A galeria está lotada...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Estou vendo.

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... e eu queria, com a sua aquiescência, registrar a presença dos estudantes do curso de Direito da Faculdade Atenas, de Paracatu, Minas Gerais. Bem-vindos! Está na tribuna o Senador Jorge Viana, do Partido dos Trabalhadores, do Estado do Acre.

    Senador, obrigada pela gentileza.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Eu que agradeço. Acho muito adequado V. Exª ter feito isso, Presidente, Senadora Ana Amélia, porque temos que dar as boas-vindas para as nossas convidadas, para os nossos convidados. Sejam bem-vindos! São jovens, são o presente e o futuro do nosso País.

    Sei que vocês estão observando essa crise, e certamente não vão pegar dela aquilo que há de ruim, mas vão certamente se apegar àquilo que podemos tirar de bom para o País sair melhor, para que possamos viver um futuro melhor do que o presente que estamos vivendo hoje.

    Mas eu volto a repetir. Esta semana, saiu uma notícia muito importante: o Parlamento britânico aprovou agora... É claro que lá é parlamentarismo, aqui é presidencialismo, mas quem decide sobre legislação, sobre mudança na Constituição é o Parlamento. Então, não me venham dizer que, sendo parlamentarismo lá e presidencialismo aqui, nós não podemos fazer. Podíamos fazer o mesmo! Inclusive agora podemos fazer.

    O Parlamento britânico, que tem 650 membros, Deputados e Deputadas, aprovou, no último dia 19, ontem, com 522 votos a favor e apenas 13 contra, a antecipação das eleições para o dia 8 de junho, em três anos. Sabe para quê? Para resolver a crise que eles estão vivendo pela opção que se fez da saída do Reino Unido da União Europeia. Então, isso criou instabilidade, isso criou insegurança. A Primeira-Ministra Theresa May apresenta como sugestão, como proposta para enfrentar uma crise mais democracia, mais decisão do povo. Aqui, no Brasil, é exatamente o contrário.

    Como eles estão negociando o que se chama de Brexit, que é a saída do Reino Unido da União Europeia – algo que o mundo inteiro observa com preocupação –, a Primeira-Ministra Theresa May, diante das inseguranças, incertezas e crises, fala: mais decisão do povo, não menos decisão do povo. Vamos antecipar as eleições.

    O Brasil pegou o caminho contrário, cassou o voto do povo. Danifica diariamente os partidos, achando que, numa democracia, a solução é desmoralizar e destruir o Parlamento, desautorizar o voto do povo e destruir as suas lideranças, como tentam fazer com o Presidente Lula.

    Eu fiquei me perguntando: o que está acontecendo? Nós vimos o episódio, as cenas – lamentavelmente, não pude estar presente, por conta de um problema grave, a perda de meu pai – na ida do Presidente Lula a Monteiro com a Presidente Dilma, no Nordeste, para a verdadeira inauguração da transposição do Rio São Francisco, levando água para 12 milhões sedentos por água. Foi uma festa fantástica. E nós vimos um massacre contra o Presidente Lula de manhã, à tarde e à noite, por articulistas políticos. São pessoas que olho, fico vendo, ouvindo, e me pergunto: "Meu Deus, como é que podem fazer um serviço desse contra o País?".

    Isso não é cobrar do Presidente Lula os seus erros – tem que ser cobrado, ele também erra e tem falhas – e os do PT, que são muitos, não são poucos. É o Partido que tem o maior apoio popular hoje, mais de 15 vezes o que o PSDB tem, mas isso não tampa o Sol com a peneira. O PT cometeu gravíssimos erros, merece, inclusive, punição por isso, mas tem que ser respeitado pelo que fez pela democracia, como todos os demais partidos.

    Com a tentativa de destruição do Presidente Lula, do seu legado, da sua história, o que aconteceu? O povo brasileiro, que não é bobo, prestando atenção, está fazendo sabe o quê? Aumentando, a cada dia que passa, a cada mês que passa, a sua decisão de que, para enfrentar esses tempos difíceis, é o Lula, porque já fez, e fez sempre, por quem mais precisava, por aqueles que não tinham, por aqueles que não podiam.

    Eu trago aqui, para concluir, Sr. Presidente, três pesquisas, porque fala-se tanto em opinião pública, e agora há três pesquisas.

    Uma é da Vox Populi. Aí dizem: "Não, mas a Vox Populi?" Ele é um instituto muito sério, na minha opinião, presidido por Marcos Coimbra. Dizem: "O Lula está bem, mas é porque é a Vox Populi". Ele tem 45% em opção, porque a eleição já é no ano que vem. Nessa pesquisa, 45% das pessoas querem o Lula para Presidente; 11%, o Bolsonaro; 10%, a Marina Silva; e 9%, o Aécio. Aécio, Presidente do PSDB, que disputou com a Presidente Dilma e que teve quase 50 milhões de votos, agora tem apenas 9%. Temos que refletir sobre isso. Por que não tem aqui o nome do atual presidente Michel Temer? Porque o nome, se entrar aqui, vai ter um traço.

    Se não querem essa – dizem que essa não serve, que a Vox Populi não serve, pois é vinculada à CUT, Vox Populi/CUT –, vamos pegar essa elaborada por Poder360, do Fernando Rodrigues. Aqui, num cenário, usando os recursos que temos nas redes sociais, ela traz Lula com 24%; Jair Bolsonaro, com 18%; Marina Silva, com 11%; e Geraldo Alckmin, com 8%.

    Há outras com Lula, 25%; Bolsonaro, 19%; Marina, 11%; e Aécio, 7%.

    Eu queria, por último, trazer uma pesquisa que eu procurei hoje nos jornais escritos e não achei, mas agora apareceu no jornal eletrônico on-line Estadão, que é a pesquisa do IBOPE, IBOPE/Estadão. Eu queria aqui cumprimentar o José Roberto de Toledo, que fez uma análise escrita no jornal O Estado de S. Paulo de hoje, e cumprimentar o jornal também por estar fazendo pesquisa e buscando a opinião pública do Brasil. Isso aqui é técnica. Não concordam com a do Fernando Rodrigues? Não concordam com a da Vox Populi/CUT? Espero que concordem com a do IBOPE/Estadão. Aqui o resultado da pesquisa: Lula tem, entre pessoas que podem votar e que votariam nele com certeza, 47%; Marina, 33%, entre pessoas que poderiam votar e que com certeza votariam; Serra, 25%; Aécio, 22%; Alckmin, 31%; Ciro, 33%; e Bolsonaro, 17%. É pesquisa do Estadão de hoje.

    Aí falam: "Mas a rejeição do Lula é muito grande! Ele tem 47% de pessoas que votam ou podem votar nele, mas a rejeição é muito grande!" Vamos para a rejeição. A rejeição do Lula, com o massacre que fazem e fizeram contra ele, alcançou, em abril do ano passado, 65%; agora, está em 51%. Ele tinha, de preferência, para votar nele com certeza ou que poderiam votar, 31% e passou para 47%, em um ano, segundo Ibope/Estadão. Os brasileiros que votariam com certeza, mais de 30%, e que poderiam votar, 17%, chegam a 47%. E a rejeição dele caiu de 65% para 51%. A rejeição da Marina, minha conterrânea, minha companheira de longas jornadas, subiu, de abril para cá, de 46% para 50%. Então, Lula tem 51% de rejeição, e a Marina tem 50%. A do Serra subiu para 58%. Então, quem tem maior rejeição não é o Lula, é o Serra. Agora, lamentavelmente, o Serra é o segundo colocado, porque o primeiro colocado é o Aécio Neves, Presidente do PSDB, pois 62% dos brasileiros dizem que não votam nele, de jeito nenhum, para Presidente. Não é o Lula. Quem está dizendo é o IBOPE com o Estadão. O Governador Alckmin é o terceiro colocado em rejeição, com 54%. Os três do PSDB têm uma rejeição maior do que a do Presidente Lula.

    Seria muito bom se uma pesquisa como essa fosse divulgada nas capas dos jornais e fosse discutida o dia inteiro no noticiário do rádio e da televisão, em que há um número enorme de jornalistas falando sobre. Eu queria, porque isso aqui é a opinião pública. Se não querem a da Vox Populi/CUT, tudo bem. Se não querem a do Fernando Rodrigues, tudo bem, mas essa é a do IBOPE e do Estadão. Eu gostaria que os articulistas passassem um dia – como eles fazem, às vezes, falando sobre o barquinho da D. Marisa, como fizeram – falando sobre a verdadeira opinião pública. O que quer a opinião pública? Então, eu queria, Srª Presidente, dizer que nós devemos fazer uma reflexão sobre isso, sobre a verdadeira opinião pública.

    Eu ouço a Senadora Gleisi, para concluir, porque já fiz as minhas observações com os números que tinha.

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Nós estamos sendo tolerantes, porque, como ele está falando como comunicação...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Mas agora...

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... não poderia haver apartes, mas abrimos exceção para o Senador Renan, com a Senadora Vanessa.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Obrigado, Presidente.

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Então, V. Exª está aberto ao aparte.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Agradeço, Presidenta. Eu queria me dirigir ao Senador Jorge Viana, primeiro, para cumprimentá-lo pelo pronunciamento muito bom e, principalmente, para comentar sobre essa última parte que V. Exª falou a respeito do Presidente Lula. É uma coisa impressionante, apesar de toda a desconstrução feita...

(Soa a campainha.)

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... em relação ao Presidente. E nós não estamos falando da desconstrução feita nesta semana, não, Senador Jorge Viana; não estamos falando dos 15 dias passados...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Anos.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Nós estamos falando de anos. Os últimos três anos foram um bombardeio absoluto, mas, durante todos os anos de mandato do Presidente Lula e do próprio PT na Presidência da República, o processo de desconstrução sempre foi muito grande. Sempre houve muita mentira em cima do governo, difamação, calúnia, críticas às políticas adotadas, enfim. E, de uns três anos para cá, depois dessa operação, o Presidente Lula é o foco. Todo mundo diz que estão fazendo isso, porque, se o Presidente Lula for candidato a Presidente, ele vai ganhar, que é o que as pesquisas mostram. Ninguém aguentaria uma carga de críticas como essa, como está aguentando o Presidente Lula. Ele aguenta por quê? Porque tem raiz popular, Senador Jorge Viana, porque as pessoas se lembram do que ele fez. É a lembrança do bolso, inclusive, do tempo em que havia renda neste País, do tempo em que os pobres eram olhados, do tempo em que havia programa social, do tempo em que o Brasil estava se desenvolvendo. É isso que faz as pessoas olharem para o Lula e dizerem: "Com ele, nós vivemos melhor!" É impressionante também como a mídia acaba trazendo o foco para cima do Presidente. Agora, estouram essas denúncias todas, com a lista da Odebrecht, fala-se tudo, há casos gravíssimos, mas o peso ainda é o Presidente Lula. O jornalista Fernando Rodrigues – eu falei desta tribuna, mas eu quero falar aqui novamente – fez um ranking da aparição de quem estava na lista da Odebrecht que saiu no Jornal Nacional. Das quatro horas de jornal, 33 minutos foram para o Presidente Lula e apenas 16 minutos para o segundo colocado, que é o Senador Aécio Neves. E V. Exª traz um dado importantíssimo aqui: o Aécio Neves tem rejeição maior que o Presidente Lula.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Foram 62% contra 51%.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Assim como o Alckmin tem rejeição maior que o Presidente.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – E o Serra também.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – E o Serra também. E esse pessoal foi o pessoal que incentivou aqui dentro... E eu me lembro de vários pronunciamentos do Senador Aécio Neves aqui dentro, moralizantes, falando contra o PT e dizendo que era o Partido mais corrupto da Nação, da história, interplanetário.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Que era uma organização criminosa.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Uma organização criminosa. Insuflou a opinião pública contra, falou, falou. Aí, agora, veio uma onda que passou por cima deles. E é o que dá. Na realidade, Senador Jorge Viana, o que eles queriam era fazer uma disputa política rasa e não discutir realmente saídas para o Brasil ou saídas para esta crise política. Então, eu queria parabenizar V. Exª, deixar esse registro de novo e dizer que o Presidente Lula está sendo, sim, massacrado. Não é coisa pouca, não. Eu não estou aqui dizendo que o Presidente Lula nunca cometeu erros, que não tem problema nenhum. Não é isso. Eu acho que todos os seres humanos cometem erros, todas as organizações humanas têm erro. O problema é que os pesos e medidas são diferentes. Estão massacrando o Presidente Lula, quando, na realidade, nós temos outros atores muito mais comprometidos com o que aconteceu e com situações muito mais graves envolvendo seus nomes e carreira política.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Obrigado, Senadora Gleisi. Obrigado, Presidente Ana Amélia.

    Eu concluo meu pronunciamento informando: não vamos falar da opinião pública da boca para fora. Eu trouxe pesquisas trazendo a opinião pública brasileira com base em dados científicos. São três pesquisas, o cardápio é grande.

    Eu acho que há um reconhecimento do povo brasileiro, sim, de tudo que o Presidente Lula fez. Se ele cometeu erros, cometeu. Quem de nós não comete erros e não cometeu erros? Temos que acertar as contas com a sociedade, até com a Justiça? Vamos acertar. Quem pode acerta. Feliz daquele que pode justificar os questionamentos que sofre. É o que eu vou fazer. Agora, nós não podemos destruir as lideranças, a democracia, os partidos. Esse caminho vai agravar ainda mais a crise. E, para mim, só há um remédio – eu falo isso há 2 anos: mais eleição. Vamos chamar eleições diretas para resolver a crise. Vamos antecipar a eleição. Vamos fazer como o Reino Unido...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Isso mesmo.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – ... está fazendo. É um caminho, em vez de ficar falando, sem a devida autoridade, em nome da opinião pública.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Isso mesmo, dar poder ao povo.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – É isso que eu queria trazer, Presidente.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2017 - Página 15