Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de participação no Encontro Nacional do Forró, no Festival do Chocolate e no Fórum do Cacau, respectivamente realizados em Cruz das Almas e em Ipiaú (BA).

Autor
Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
Nome completo: Lídice da Mata e Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Registro de participação no Encontro Nacional do Forró, no Festival do Chocolate e no Fórum do Cacau, respectivamente realizados em Cruz das Almas e em Ipiaú (BA).
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2017 - Página 39
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, MUSICA POPULAR, ORIGEM, REGIÃO NORDESTE, IMPORTANCIA, ECONOMIA NACIONAL, FESTA, PATRIMONIO CULTURAL, FESTIVAL, CHOCOLATE, REUNIÃO, DISCUSSÃO, QUALIDADE, CACAU, DEFESA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, OBJETO, INDICE, PERCENTAGEM, AMENDOA.

    A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Agradeço, em nome da Bahia, as referências carinhosas que V. Exª faz, mas, ao mesmo tempo, reconhecendo que realmente a Bahia mora no coração dos brasileiros, até porque fomos o berço deste País. Por isso, nós chamamos a Bahia de Terra-Mãe do Brasil.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar aqui dois eventos que dizem respeito à economia do meu Estado e, no caso de um deles, à economia do Nordeste.

    Participei, Senador Capiberibe, na última sexta-feira, na cidade de Cruz das Almas, uma cidade do Recôncavo Baiano que tem um dos mais conhecidos São João do nosso Estado, do Encontro Nacional do Forró. Esse encontro foi promovido por dois empresários, produtores culturais, envolvidos com a questão do forró e do São João do Nordeste há muitos anos: Paulo Tear e Israel Mizrach. Esses dois produtores conseguiram levar para a nossa querida Cruz das Almas representantes do Poder Público, das cidades, secretários de cultura e de turismo de diversas cidades do interior do Estado, assim como produtores e artistas do Nordeste inteiro.

    Nós tivemos também presentes diversos artistas do forró brasileiro, Adelmario Coelho; Carlos Pitta; Zelito Miranda; Eugênio Cerqueira, representando uma parte dos forrozeiros da Bahia; Marquinhos Café; Nádia Maia, de Pernambuco; Alcymar Monteiro, do Ceará; Sandrinho do Acordeon, do Piauí, e também diversos gestores culturais da Paraíba, do Piauí, do Ceará e de Pernambuco. Alguns eram até aqui do Cerrado, do Centro-Oeste brasileiro, que foram para esta cidade do interior da Bahia para debater os rumos da festa de São João e do forró em nosso País.

    Há uma diferença óbvia entre o São João – que é uma festa geral, e sobre o qual eu, inclusive, apresentei projeto junto ao Conselho Nacional de Cultura, que foi aprovado, para transformá-la em um patrimônio imaterial do Brasil – e o gênero musical forró, que é uma parte do São João, é um gênero que é hegemônico na festa de São João e para o qual nós desdobramos esforços para que o seu reconhecimento e a sua preservação possam ocorrer, garantindo, assim, as tradições da festa do São João.

    Detectamos, em um debate, uma certa tendência à carnavalização do São João, coisa que consideramos nefasta à festa, e também uma mistura muito grande de gêneros musicais que não podem ser totalmente excluídos do São João, mas que não podem se tornar hegemônicos nele.

     O São João não é uma festa apenas para se tocar um tipo de música que se relacione com o mundo rural do Brasil; é uma festa em que se toca uma determinada música que tem um estilo, um acorde muito definido e que, portanto, precisa ser preservado para que a festa seja preservada na sua inteireza. O São João tem de ser uma festa que tenha e mantenha as quadrilhas com a incorporação das escolas, das comunidades, da população em geral. Isso tudo não por uma mera preocupação cultural – o que, na minha opinião, já seria suficiente –, mas principalmente pela importância econômica, pela verdadeira cadeia produtiva que se agrega ao São João do Brasil. Esse próprio título, São João do Brasil, é resultante de uma mobilização que foi feita há um ano, quando o Sr. Henrique Eduardo ainda era ministro, e que acolheu os forrozeiros do Brasil inteiro, que solicitavam que a Embratur, que o Ministério do Turismo assumisse o novo produto turístico, São João do Brasil, e promovesse o Brasil no período de junho a julho, buscando atrair visitantes de fora do País para conhecer as diversas manifestações de São João ocorridas em todo o Território nacional, inclusive em São Paulo, no Centro de Tradições Nordestinas.

    Portanto, o que se discute na Bahia, Senador Capiberibe, é que o São João é o evento que mais impacta a economia do Estado, o comércio do Estado depois do Natal, com um efeito na economia muitas vezes maior do que o Carnaval, por exemplo, que impacta em algumas poucas cidades, especialmente, destacadamente Salvador, que é uma grande locomotiva da economia criativa da nossa cidade. Mas o São João, não. O São João impacta no comércio, na gastronomia, numa série de produtos; gera no nosso Estado, onde existem mais de 230 Municípios que realizam a festa do São João, um efeito que é absolutamente descentralizador das ações econômicas em nosso Estado.

    Por tudo isso, eu quero registrar e agradecer o convite para participar desse importante evento, que, sem dúvida nenhuma, concorrerá para o aperfeiçoamento da nossa festa no País inteiro, embora ela tenha mais destaque no Nordeste, e que precisa ser abraçada pelo mundo político, que, às vezes, tem vergonha, recebendo um tratamento desrespeitoso da imprensa nacional com o Nordeste brasileiro. Já vi até uma referência: "No período de São João, em junho, não se pode contar com matéria importante para ser votada, porque os Parlamentares nordestinos vão para suas festas de São João." Como se essas festas não tivessem a importância que têm para a preservação cultural das nossas raízes e especialmente para a economia dos nossos Estados.

    Outro evento que quero ressaltar, Sr. Presidente, para finalizar, é a realização, na cidade de Piaú, no sul do nosso Estado, da quarta edição do Festival do Chocolate e do Fórum do Cacau, que é uma importante ação no nosso Estado. Estamos em plena Semana Santa, a semana da Páscoa, período em que se consome muito chocolate. Esse é um importante produto do meu Estado, que impacta na economia da Bahia, do Pará, hoje cada vez mais, do Espírito Santo, de Rondônia e de outros Estados que agora se incorporam à ideia da produção do cacau. E, neste momento, nós estamos muito preocupados em debater a necessidade de agregar valor à produção de cacau no Brasil, especialmente na Bahia.

    Nessa dimensão, eu quero saudar os organizadores daquele fórum, em Ipiaú, e dizer da importância da pauta de fortalecimento e manutenção da Ceplac...

(Soa a campainha.)

    A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA) – ... pauta que quero tratar com o Ministro Blairo Maggi o mais rápido possível, e do projeto que temos aqui na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), Presidente, que determina o mínimo de 35% de amêndoa de cacau no chocolate. Essa é uma importante referência, porque fará com que o nosso chocolate alcance padrão de competitividade internacional e garantirá um chocolate de mais qualidade para as nossas crianças e para a nossa população. Garantindo no rótulo do chocolate o percentual de cacau, como vemos no mundo inteiro, estamos também garantindo o direito do consumidor brasileiro a entender e a escolher aquilo que ele compra.

    Nós aprofundamos esse debate e estamos apresentando ao nosso Relator na CAE, o Senador Flexa Ribeiro, propostas até que ele possa incorporar e fazer um substitutivo para definirmos mais claramente cada produto do cacau, mas é fundamental, nesta semana que se inicia, a semana da Páscoa, quando V. Exª e todas as famílias dos Senadores que aqui estão abrirem um chocolate, lembrar que nós produzimos cacau e chocolate de qualidade para exportação e vamos fortalecer o nosso mercado de cacau e de chocolate.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2017 - Página 39