Pela Liderança durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicações pessoais acerca do seu suposto envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato.

Autor
Kátia Abreu (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/TO)
Nome completo: Kátia Regina de Abreu
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Explicações pessoais acerca do seu suposto envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2017 - Página 27
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • EXPLICAÇÃO PESSOAL, REFERENCIA, DIVULGAÇÃO, RELAÇÃO, LUIZ EDSON FACHIN, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), DELAÇÃO PREMIADA, CITAÇÃO, ORADOR, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ODEBRECHT S/A, CRITICA, ATUAÇÃO, JUDICIARIO, DESRESPEITO, PRESUNÇÃO, INOCENCIA, DISCORDANCIA, FORMA, TRATAMENTO, IMPRENSA NACIONAL, DEFESA, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, PROIBIÇÃO, DOAÇÃO, PESSOA JURIDICA, BALANÇO, CARREIRA, POLITICA, ESTADO DO TOCANTINS (TO).

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente. Agradeço ao Senador Medeiros por esta troca, por esse rodízio. Nós divulgamos no meu Estado, e muitos estão querendo ouvir o nosso pronunciamento. Fico muito agradecida por isso. Logo em seguida, o Senador Medeiros fará também o seu pronunciamento. Então, agradeço a V. Exª e ao Senador Medeiros.

    Com muita tristeza, na última semana, pude ouvir e ler uma acusação injusta, vil e equivocada, Sr. Presidente, de que teria sido entregue ao meu esposo, em meu nome, a importância de R$500 mil por delatores da empresa Odebrecht e que esta doação teria sido feita por meio de caixa dois.

    Ainda não descobri o que os levaram a praticar tamanha atrocidade. A vontade desinteressada de apedrejar, diminuir e destruir pessoas? Simplesmente acusar de forma leviana e inconsequente? De ser beneficiado com a liberdade e a impunidade às custas da honra de terceiros? Para livrar a sua pele às custas de pessoas sérias e idôneas que trabalham pelo Brasil? Ou querem apenas aumentar as estatísticas e colocar todo mundo no mesmo fubá, no mesmo angu, na mesma panela? É provável, Sr. Presidente, que jamais conheceremos a verdadeira resposta disso tudo. Isso, contudo, não me impede de, neste momento, afirmar e reafirmar a minha inocência e a de meu esposo Moisés Gomes.

    Nas delações, ao se reportar à doação que nunca existiu e que nunca recebi, o delator, os três, os quatro delatores disseram da mesma forma...Começo pelo delator Cláudio Melo, que disse que eu liguei para ele, copiando literalmente as suas palavras. Ele disse, no termo da delação nº 33, do vídeo 33: "Não tenho relacionamento com a Srª Kátia Abreu." "Não tenho contato." "Não a conheço." "Não conheço a Senadora." "Na época não conhecia mesmo." São seis respostas a seis perguntas dos procuradores que estavam inquirindo o Sr. Cláudio Melo.

    Depois o Sr. José Carvalho, que está no termo nº 8, vídeo 8: "Só vi a Senadora uma única vez, num restaurante em São Paulo. Passando pela minha mesa, o seu esposo a apresentou a mim, porque eu fui fazer uma palestra e participar de uma discussão sobre eclusas lá na CNA, em certa ocasião, mas ela não estava presente. Conheci a Senadora rapidamente neste restaurante. Jamais defendeu interesses da empresa."

    Em seguida, o Sr. Fernando Reis disse o seguinte, na sua delação, no vídeo completo – porque teve gente no Tocantins que editou o vídeo e colocou nas redes só o pedacinho que lhe interessava; no caso, o Prefeito de Palmas. Mas ele diz na sua delação completa: "O prefeito criou uma comissão para, em 90 dias, avaliar a caducidade da concessão da Odebrecht no Tocantins, que é a concessão de água, com mais 90 para decidir."

    A própria forma que já mostra que ele quer declarar a caducidade não é verdadeira. "Na verdade, era uma mesa de negociação. Gerou problemas. O capital da empresa é aberto, tem debêntures. Esse tipo de notícia afugentou investidores, e eu tive que demitir mil funcionários no Tocantins, por conta do atraso da assinatura da concessão. E, naquele tempo, a Senadora Kátia Abreu e o ex-Governador Siqueira Campos nos ajudaram, porque era um absurdo perder aqueles investimentos todos por interesses pessoais.". Foi isso que o delator disse. "Mas, depois, fizeram um acordo." Não me interessam os padrões e os níveis deste acordo, Sr. Presidente.

    Só quero que as pessoas que estão usando essas delações em benefício próprio, que estão editando trechos da delação para incriminar pessoas, de forma vil e covarde, porque essas pessoas não têm personalidade, caráter, não têm sentimento de humanidade com o próximo.

    O Sr. Mário Amaro, enfim, que era o Diretor Presidente do órgão concessionário no Tocantins, disse: "A Senadora foi eleita e nunca fez nada por nós. A contribuição dela foi sem contrapartida. Até nós tivemos um problema com a CPI, lá, no Governo do Estado, na Assembleia Legislativa, mas ela não nos ajudou." Foram todas declarações nos vídeos que eu fiz questão de ouvir na íntegra, Sr. Presidente, na íntegra!

    Diante disso, não há qualquer dúvida de que, além de não receber qualquer importância da empresa Odebrecht, jamais contribuí com a ascensão ou com a escalada criminosa desta empresa ou de qualquer outra. Em estrita conformidade com a lei eleitoral, Sr. Presidente, é verdade que eu, meu esposo e minha assessoria apresentamos para várias empresas, especialmente do agronegócio brasileiro, na condição de potenciais doadores, os projetos da minha campanha, do mandato que exercia e do meu futuro mandato, uma prestação de contas de tudo o que fiz nos últimos oito anos em prol do Brasil, da economia, do crescimento, do emprego e da geração de renda. E não foi diferente com a Odebrecht: ligamos, conversamos, apresentamos projetos e objetivos públicos da campanha e do mandato, como disseram os delatores, a troco de absolutamente nada.

    Depois de algumas tratativas e encontros, os representantes da Odebrecht, não doaram absolutamente nada à Senadora Kátia Abreu; apresentaram uma lista de possíveis doadores, também de construtoras, que eu deveria procurar para pedir ajuda a essas empresas. E, com essa lista desses possíveis doadores, fiz também o meu trabalho com o meu esposo, que é o meu esposo, é o meu companheiro, é solidário nas horas em que preciso, assim como sou solidária com ele. Queriam que eu pedisse a quem para me ajudar? A um estranho, um vizinho, algum inimigo?

    Gostaria de chamar atenção, Sr. Presidente, para um fato curioso, porque agora estou ouvindo as delações dos meus colegas Senadores. E eu não entendi ainda um fato: no jogralzinho dos funcionários da quadrilha Odebrecht, eles não dizem, em nenhum momento, quem entregou o dinheiro, onde foi que entregou o dinheiro e para quem entregou o dinheiro. E o que mais me deixou curiosa: os procuradores e a procuradora, como é o caso, que interpretou e investigou os meus, nenhum deles perguntou. Porque, se fosse eu, que sou leiga, seria a primeira pergunta que eu iria fazer: "A Senadora ou o marido dela buscou o dinheiro onde, meu senhor? Quem é que buscou o dinheiro? Quem é que entregou o dinheiro? Qual é o endereço da entrega do dinheiro?" Mas eles não disseram e não foram inquiridos sobre isso. E eu desejo uma satisfação sobre isso.

    Eu quero que eles digam e complementem as suas delações. Eu quero o endereço, eu quero o nome, eu quero a filmagem, eu quero uma prova de que a Senadora Kátia Abreu, ou o seu esposo, saiu de algum lugar com sacola de dinheiro na mão. Isso não se faz com as pessoas, e eu não admitirei que façam comigo e com o meu marido.

    Sr. Presidente, lá atrás, o Cláudio Melo ainda referendou tudo isso. A procuradora perguntou: "Quem foi lá em nome dela?" "Não sei. Não sei." Eles nunca sabem! Eles só sabem denunciar. Quero saber a boca na botija, o horário. A que horas foi? Como foi? Mas isso não dizem em nenhum momento. Quero aqui registrar alguns fatos também da imprensa nacional. De forma cruel e cínica, alguns jornalistas de programas políticos têm tratado tudo com um cinismo e uma crueldade digna de nota.

    Disseram-me, a meu respeito: "Neste caso, gente, foi ela mesma que ligou, pedindo o dinheiro." Se houvesse alguma coisa errada, minha senhora jornalista, se houvesse alguma coisa errada, eu me esconderia atrás de algum biombo e mandaria alguém ligar. Se eu liguei, foi porque a lei eleitoral permite. Em nada me diminui ligar para algum lugar, pedindo doação de campanha. A senhora deveria entender que quem pede doação de campanha, na campanha eleitoral, é porque não roubou durante o mandato; é porque não extorquiu durante o mandato; é porque não vendeu ações, não vendeu emendas, não vendeu trabalho aqui dentro.

    Por isso, temos de nos submeter à humilhação de pedir às empresas, porque nós não roubamos durante o nosso mandato, porque, senão, seria muito simples: não precisaríamos fazer essa via sacra humilhante, ligando para empresas 24 horas e pedindo, reiterando e lembrando, porque é um favor que nos estão fazendo. Doa, se quiser. Doa, se quiser e porque quer. Porque acredita no trabalho ou não. Porque tem interesse no que a gente desenvolve aqui dentro legitimamente.

    Nos Estados Unidos, quem é que não sabe? As bancas dos deputados e senadores, que representam segmentos da economia clara e publicamente... Lá existem os deputados e a frente que defende armamentos, que defende o setor agropecuário, que defende especificamente o leite, que defende especificamente a laranja. Isso é público! Cada um defende os interesses da sociedade que representa, ou não estamos numa democracia representativa? Por isso, há segmentos da esquerda, segmentos da direita, a Bancada da saúde, a Bancada da educação, a Bancada do agronegócio. Isso é legítimo! Isso é legítimo!

    Quero até lembrar, no caso do meu esposo, o cinismo e a crueldade usados por alguns jornalistas da imprensa: "Ele achou pouco!" Pouco o quê, meu senhor e minha senhora jornalista? Pouco onde? Não existiram R$500 mil. A senhora já está admitindo que esses delatores são donos da verdade e que, de fato, eu recebi os R$500 mil. Vocês preferem acreditar numa máfia – em capo, pai e filho – e a sua corja a acreditar com quem vocês convivem todos os dias. Será possível que não há a mínima sensibilidade para entender isso? Num sarcasmo, disseram: "O marido dela achou pouco R$500 mil." Que R$500 mil, Sr. Presidente? Não existiram R$500 mil!

    Ainda quero aqui lembrar que, por último, uma jornalista e um jornalista, ainda criticando num bloco inteiro aqueles – ditos pelos delatores – que eles ajudaram na campanha, mas não deram nada em troca. Sabe o que significou isso para os jornalistas? "Entregou e não levou." "Ladrão roubando de ladrão." O que é isso, meu Deus do céu? Se eu peguei um dinheiro e fiz um favor para uma empresa, eu sou uma bandida? Se eu recebi uma doação de campanha e não prestei o favor, eu também sou bandida, porque também peguei a propina e não entreguei o serviço? Que País é este, meu Deus? Que País, que inferno é este que nós estamos vivendo?

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senadora Kátia.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – E nem alguns jornalistas da imprensa – não são todos. Quero aqui registrar muito bem registrado, mas quero ver o meu repúdio a esses que sabem muito bem quem são, porque todos que assistiram sabem do que estou falando.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senadora Kátia.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Por favor, Senadora Vanessa.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Olha, por gentileza, não pode haver aparte neste momento.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Eu serei bem rápida. Eu serei muito breve, apenas...

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Não, a senhora pode falar depois, mas agora não pode haver aparte.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Eu gostaria agora, Sr. Presidente, caminhando para o encerramento do meu pronunciamento, de me dirigir especificamente ao povo do Tocantins, a quem eu devo uma satisfação direta, porque estou aqui já no segundo mandato de Senadora, dois mandatos de Deputada Federal, e eu devo satisfação é a eles, não é a esses jornalistas, a essa minoria de jornalistas e àqueles adversários que eu tenho no Tocantins, que todos nós temos. Eu devo satisfação às famílias do meu Estado, de norte a sul do Estado, de Esperantina a Talismã, de Dianópolis até Formoso do Araguaia, de todos os 139 Municípios do meu Estado. A vocês, eu devo satisfação.

    Quero dizer, amigos tocantinenses que sempre me apoiaram até aqui, que sempre me admiraram, mesmo aqueles que não puderam votar, que nunca tiveram dúvida da minha personalidade e do meu caráter: honestidade não deve ser uma bandeira, e sim uma escolha de vida. E eu fiz essa escolha de vida. Eu e meus filhos. Nunca bati no peito nesta tribuna, em lugar que seja, para atacar nenhum colega investigado, para gritar que sou honesta, que sou dona da verdade, como alguns aqui já fizeram num passado muito recente. São 23 anos de vida pública, desde o Sindicato Rural, lá da nossa cidade de Gurupi.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Faço críticas veementes contra a incompetência, a falta de gestão, as crianças, mulheres e homens morrendo nos hospitais do Tocantins, e o Governo do Estado criando novas secretarias para fazer política. Contra isso, sim, continuarei, dura e firme na queda, fazendo em todos os momentos. Nada e nem ninguém me intimidará.

    Nunca usei, Sr. Presidente e povo do Tocantins, dinheiro público para comprar bois e fazendas. Nunca aluguei empresa de máquinas para o Governo do Estado. Nunca quebrei o Igeprev, que é o Instituto de Previdência do Tocantins. Nunca comprei renúncia de vice-governador. Nunca cobrei propina de emenda parlamentar. Nunca chantageei empresa de concessão do meu Estado.

    Vocês me conhecem e acompanham a minha vida há anos. Já enfrentei lutas grandiosas, difíceis e até perigosas, com destemor, altivez e coragem.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – E é assim que continuei trabalhando pelo Brasil e pelo Tocantins.

    Nada nem ninguém, apenas Deus pode barrar os nossos planos até 2018. Aviso aos adversários que estão hoje tão contentes, porque sonham com o meu fim, com a minha desistência ou com o meu abalo que é só o começo, pois essa truculência que fizeram comigo e com alguns outros colegas que estão aqui, que estão fazendo hoje, vai me tornar mais forte e mais obstinada.

    E é certo – eu tenho absoluta convicção – de que o meu processo será arquivado, que eu serei inocentada e que tudo isso vai passar, porque sou uma mulher temente a Deus, uma mulher de fé, ou eu não teria chegado até aqui. E eu tenho a convicção de que tudo isso é para me amadurecer, é para me fortalecer, porque dias mais difíceis virão.

    Encerro, Sr. Presidente, dizendo que agora, neste momento, estou formalmente enviando ao Ministro Fachin, do Supremo Tribunal Federal, dois pedidos. O primeiro pedido: que eu e meu esposo sejamos ouvidos dentro da maior brevidade possível. Segundo: que, com base no direito que no Brasil ainda é assegurado aos inocentes, o inquérito tenha uma rápida tramitação e uma urgente solução. E isso porque, Sr. Presidente, colegas Senadores e Senadoras, a minha honra, a do meu esposo – que é um homem honesto, honrado e trabalhador –, de meus eleitores e admiradores, de minha família e de meu marido têm pressa e não podem esperar a vontade e o tempo do meu acusador.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2017 - Página 27