DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a hora é de mudar. Mudar para avançar.

    Venho a esta tribuna para comunicar minha decisão, formalizada na semana passada, de ingressar no PDT, o Partido Democrata Trabalhista.

    Minha avaliação, amplamente discutida com as forças progressistas em Roraima, é de que se precisa fortalecer e organizar melhor as correntes políticas de oposição ao governo Temer e a tudo o que ele representa, notadamente em nosso estado.

    Trata-se de um governo sem o respaldo do voto popular, que impõe ao País uma pauta cruel de restrição de direitos, em meio a uma recessão econômica, que ele próprio trata de agravar.

    Vivemos um ambiente de desemprego explosivo e um quadro de enorme desesperança dos brasileiros.

    E é nesse cenário que o governo Temer, em conluio com o que há de pior na política nacional, apresenta propostas drásticas de cortes de direitos sociais, como é o caso das reformas da Previdência e trabalhista.

    Preocupado apenas em sua sobrevivência política e acuado por denúncias de corrupção, o governo ignora o desejo manifesto nas urnas em 2014 e aplica medidas que terão consequências dramáticas para a vida das próximas gerações de brasileiros.

    Não podemos aceitar isso e precisamos estar fortes para resistir.

    Meu ingresso no PDT tem, antes de mais nada, o objetivo de aglutinar as pessoas que querem ver Roraima avançar. Nosso estado, ainda tão dependente de recursos federais, não pode seguir como se estivesse condenado a obedecer a uma oligarquia. Não podemos aceitar o ‘rouba, mas faz’, como não podemos tolerar o ‘rouba, mas traz dinheiro’.

    Mesmo que essa oligarquia fizesse algo por Roraima - o que não é verdade - ainda assim não poderíamos aceitar esse jogo nefasto da corrupção, da compra de votos.

    Roraima precisa de desenvolvimento e para isso ser tratada com a dignidade que toda as unidades da federação merecem. Não queremos mais ver o estado ser tratado como se tivesse donos, em submissão eterna a ele e ao governo federal.

    Queremos respeito, queremos soberania e desenvolvimento econômico com inclusão social. Mas para isso, precisamos melhorar a política, superar as velhas práticas, o mandonismo sem ética nenhuma.

    Para ajudar Roraima a lutar por tudo isso, creio que o PDT é a trincheira adequada neste momento.

    Filio-me a um partido que conta com uma longa história sempre ligada à defesa dos trabalhadores brasileiros e voltada para a prioridade à educação.

    É um partido que teve em seus quadros figuras importantes e emblemáticas para o País como Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Um partido que até hoje reúne quadros altamente qualificados e de grande peso político.

    Pretendo atuar, portanto, em um partido progressista, popular, democrático, aliado dos trabalhadores, dos servidores públicos, que está mais livre e mais focado em combater as medidas desastrosas do governo de Temer e de seus aliados.

    Não vou alterar em um milímetro sequer minha trajetória de luta em favor da educação e saúde públicas, dos direitos das mulheres, das camadas menos favorecidas da sociedade.

    Estou em busca de melhores condições para avançar no meu trabalho, na minha linha de atuação, que é firme no combate às medidas antipopulares de Temer, que trazem desgraça ao Brasil inteiro e iludem Roraima com promessas, sem nos ajudar de fato a solucionar os nossos problemas.

    Temos importantes aliados nessa luta, que reúne muitas forças do nosso estado. O meu mandato é e seguirá sendo um eixo de articulação dessas forças.

    Roraima sempre foi e continuará sendo o foco da minha ação. É Roraima que me interessa acima de tudo, porque é por Roraima que estou em Brasília.

    Acredito numa parceria produtiva com o governo estadual, a quem procuro apoiar. Mas não perco de vista que Roraima ainda tem uma autonomia muito recente, em perspectiva histórica.

    Fomos território federal até outro dia e a nossa economia ainda é pouco desenvolvida, ainda dependemos muito da União. Temos de lutar pelo nosso desenvolvimento, para o bem de todos e o futuro dos nossos filhos.

    Não conseguiremos avançar enquanto Roraima for o território federal de um único grupo político, ainda mais associado a condutas tão suspeitas.

    Pagamos a tarifa de luz mais cara do Brasil, para viver no escuro. Cadê o Linhão de Tucuruí?

    Temos um serviço péssimo de telecomunicações. Milhares de pessoas não têm a titulação de sua terra. Falta emprego para os adultos e mais ainda para os jovens.

    Nossa vocação agropecuária é mal explorada. Agora enfrentamos uma crise humanitária gravíssima, com a migração de venezuelanos. Cadê o governo federal para nos ajudar a resolver esses problemas?

    Temer e quem o apoia estão mais preocupados em acabar com as aposentadorias, com a política de recomposição do salário mínimo, com os direitos trabalhistas e mentir para Roraima, prometendo fazer o que não vão fazer.

    Repito: Roraima não deve pedir favores ao governo federal, andar de pires na mão, mendigando ajuda. Exigimos respeito e atenção e devemos cobrar os recursos que precisamos para o nosso desenvolvimento econômico e social.

    Agradeço aqui aos companheiros que me acompanham nessas batalhas. Continuaremos juntos em muitas lutas.

    Agradeço também aos novos companheiros do PDT, que me receberam de forma extremamente carinhosa e aos quais lanço uma mensagem de esperança por dias melhores para Roraima e para o Brasil.

    Juntos vamos fazer política com decência, com ética, e no interesse do povo, das pessoas comuns, da gente que trabalha duro.