Discurso durante a 51ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar os 55 anos de fundação da Universidade de Brasília - UnB.

Autor
Hélio José (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar os 55 anos de fundação da Universidade de Brasília - UnB.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2017 - Página 16
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • PRONUNCIAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, MOTIVO, ANIVERSARIO, FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), COMENTARIO, HISTORIA, REFERENCIA, EDUCAÇÃO, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, ELOGIO, AÇÃO AFIRMATIVA, RESULTADO, INCLUSÃO SOCIAL, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CARGO, RELATOR, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ASSUNTO, PREVIDENCIA SOCIAL, PRESIDENTE, COMISSÃO, SENADO, FUTURO, CONVITE, PARCERIA, UNIVERSIDADE.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PMDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Quero cumprimentar V. Exª, Senador Cristovam Buarque, e dizer que para mim é muita honra estar aqui. Não poderia estar ausente desta audiência importante, assinada por ele, por mim e pelo nosso Senador Reguffe.

    Estou, neste momento, presidindo a audiência pública das rádios e TVs comunitárias. Todo mundo sabe a importância das rádios e TVs comunitárias para o Brasil. Eu sou o Vice-Presidente da Frente Parlamentar Mista das Rádios e TVs Comunitárias. Contei com a gentileza da Senadora Regina Sousa, que permitiu que eu aqui pudesse vir para poder fazer essas poucas palavras.

    Eu tenho a honra de ter comigo a minha carteira de aluno da UnB, nos meus quatro anos e meio em que lá estive como aluno de Engenharia Elétrica, de ter a minha carteira do CREA, como engenheiro eletricista devidamente formado pela UnB, Universidade de Brasília. Minha turma foi a de janeiro de 1978, concluindo em fevereiro de 1982, em um momento bastante diferente do Brasil.

    Quero cumprimentar o nosso nobre Senador Cristovam e, para mim e para o Senador Reguffe, foi muito importante assinarmos juntos esta audiência pública. A Drª Márcia, nossa Reitora, a quem eu quero cumprimentar, Magnífica Srª Márcia Abrahão Moura, e dizer que é com muito carinho, porque a senhora também é uma aluna da UnB, que temos a senhora hoje como Reitora. O nosso Vice-Reitor da Universidade de Brasília, Sr. Enrique Huelva, cujo sobrenome é meio complicado, Unternbäumen – acho que é mais ou menos isso.

    Quero cumprimentar o Professor Emérito do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, Sr. Isaac Roitman, parabéns. E o ex-Reitor da Universidade de Brasília, o nosso querido sempre, eterno, do Direito Achado na Rua, uma pessoa que nós admiramos, nosso nobre José Geraldo de Souza, que bem defende o direito das pessoas menos favorecidas, o direito daquelas pessoas que muitas vezes não têm voz, de se pronunciar e de ter realmente uma presença digna nos ambientes. Então, obrigado Prof. José Geraldo, pela sua existência, pelo seu Direito Achado na Rua e pela pessoa maravilhosa que sempre é.

    Esta é uma data muito especial. Comemoramos hoje o aniversário de 55 anos da Universidade de Brasília, orgulho dos filhos desta cidade e dos adotados por esta terra. Mas não só isso, a UnB é uma universidade de referência nacional e internacional, orgulho para o Brasil.

    A história da UnB confunde-se com a memória da própria cidade de Brasília. Criada em 21 de abril de 1962, a partir de um decreto do então Presidente João Goulart, a Universidade de Brasília tinha o honroso e desafiante propósito de reinventar o ensino superior no País. Não era mais suficiente um ensino baseado apenas na transferência de conteúdo, uma educação hierárquica e limitadora. Era preciso um novo modelo – um modelo em que os saberes se entrecruzassem e os profissionais formados estivessem engajados na transformação do Brasil.

    Para tamanho desafio, seriam necessárias mentes de talento incomum, verdadeiramente personalidades inquietas: como Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Vítor Nunes Leal, Frei Mateus Rocha, Athos Bulcão, Oscar Niemeyer; e, por que não, Cristovam Buarque; por que não José Geraldo; por que não Morhy; por que não Timothy e todos os que passaram por lá; Ivan Toledo de Camargo – meu colega de turma, que fez comigo os quatro anos na UnB –; e, agora, nossa querida Reitora Márcia Abrahão.

    Então, é uma história muito importante construída na UnB, que pessoas humildes, como eu, vindo do interior, lá de Corumbá de Goiás, consegui chegar aqui, estudar com dificuldade, passar, fazer um curso superior dificílimo, porque a Engenharia Elétrica, na minha época, era o terceiro curso mais difícil e mais concorrido da UnB. Naquela época era Medicina, Odontologia e Engenharia Elétrica. Os tempos mudam. E eu sei o tanto que tive que "ralar" para ser um aluno da cadeira de Engenharia Elétrica da UnB e o tanto que valorizo essa oportunidade que Deus me permitiu, de poder ter. Logo que concluí meu curso, fui aprovado num concurso público para trabalhar na Eletronorte. Trabalhei três anos e meio na Eletronorte. Depois, fui aprovado em outro concurso público para trabalhar na CEB, onde trabalhei 27 anos. Depois, fui aprovado em outro concurso público para trabalhar no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde trabalho nesses dez últimos anos. E sou Senador da República nesses dois anos que se passaram. Sou Senador por estes dois próximos anos. Ontem, fui indicado Relator da CPI da Previdência. Eu sei o tanto que a CPI da Previdência é um assunto importante para todos nós, e inclusive quero que meus colegas da UnB se sintam também relatores comigo e que me ajudem a provar que essa caixa toda de rombos da previdência não é culpa dos trabalhadores, não é culpa dos servidores públicos e não é culpa daqueles que todo mês têm seu contracheque pago rigorosamente, seus impostos e suas obrigações contratuais. E nós temos que ver formas mais adequadas para superar o rombo da previdência e comprovar quem de fato deve ou deixa de dever.

    Então, meus colegas da UnB, estou fazendo um parágrafo aqui, um parêntese, dizendo que nós temos um desafio pela frente nestes quatro meses da CPI da Previdência, instalada ontem, de que eu sou o Relator, o Senador Paulo Paim é o Presidente. E vamos contar com todos do nosso País, para que a gente possa, de fato, demonstrar a real situação da previdência no Brasil.

    É uma equipe de notáveis, sem dúvida, a equipe dos formadores da UnB – Darcy Ribeiro é um exemplo para todos nós –, escolhida a dedo pelos dois primeiros, compôs esse time histórico essa turma aí. Cientistas, artistas e professores das mais tradicionais faculdades brasileiras passaram a lecionar na nova Universidade de Brasília, a nova universidade federal do País, alimentando os sonhos daqueles que buscavam um Brasil mais justo. Então, nosso nobre Darcy Ribeiro e nosso nobre Anísio Teixeira escolheram a dedo grandes nomes deste País para introduzir a UnB nessa grande universidade que é – naquele período, já era destaque, e hoje cada vez mais se destaca na sociedade.

    Entre eles, faço uma pausa para lembrar o saudoso Pompeu de Sousa, nosso Senador, amigo aqui nesta Casa, ex-Senador que muito honrou esta Casa e baluarte da luta pela democracia e liberdades. Enfrentou a ditadura e as ameaças que lhe fazia o então capitão que estava investido de Reitor da UnB. Nós enfrentamos duramente para que o Cristovam fosse eleito nosso Reitor na UnB logo em seguida, depois que a democratização foi constituída. E o Cristovam fez um trabalho extraordinário junto conosco, aluno daquela universidade, para que realmente a UnB viesse para o rumo de Darcy Ribeiro, para o rumo de Anísio Teixeira e continuasse a sua trajetória.

    Eu lembro que meu irmão, aluno de Medicina, quantas vezes enfrentou o King Kong e outros baluartes da ditadura que foram para dentro da UnB impedir que os alunos da Universidade de Brasília fizessem o seu real trabalho para garantir a democratização da universidade.

    Senhoras e senhores, a história deste País é marcada não só por sonhos de equidade, mas também por períodos de injustiças e violência. Em nossa história, tivemos mais ditaduras que períodos democráticos, mais golpes que eleições. Com o Golpe de 1964, ainda muito jovem, a Universidade de Brasília passa então por uma grave crise, com episódios marcantes de violência e repressão. Em outubro de 65, 223 professores pedem demissão como resultado direto da dispensa arbitrária e abusiva de 29 docentes. A justificativa era de que a UnB havia se tornado um centro de manifestações e revoltas contra a ditadura. Estavam profundamente equivocados. A UnB era um ponto, sim, de resistência e democracia em prol da cultura, em prol deste País, que cada vez trabalhamos para construir e fazer dele grande nesta Casa. E tenho orgulho de estar ao lado do Senador Cristovam, ao lado do Senador Reguffe, nesta Casa, defendendo a ética, defendendo o bom senso e defendendo os caminhos adequados para o nosso País.

    A duras penas, porém, após esse triste período de opressões, a Universidade de Brasília foi retomando seu lugar de destaque no ensino superior brasileiro, consolidando nosso interior como um polo de conhecimento para o restante do País. Maior universidade federal do Centro-Oeste, dona do quarto maior orçamento da União, ficando atrás apenas da UFRJ, da Universidade Federal de Minas Gerais e da UFF – Fluminense –, a UnB tem hoje mais de 30 mil alunos, 150 cursos de graduação, além de colecionar boas notas em avaliações nacionais e internacionais.

    Eu tenho a honra de ter três filhas – uma já formada em Direito; outra estudando Engenharia Florestal (entrou para Ambiental e mudou para Florestal); e outra que entrou para Direito e mudou para Letras/Francês, porque assim entendeu melhor –, que estão na UnB, porque a UnB é excelência e merece todo o nosso respeito e nossa consideração.

    Caros Senadores, caros convidados, é verdade que a Universidade de Brasília foi criada em um impulso inovador e mesmo transgressor – como deve ser próprio dos estudantes, daqueles que compõem uma nova geração –, é esse mesmo impulso de renovação e modernidade que hoje caracteriza a UnB.

    A Universidade de Brasília foi a primeira federal a adotar um sistema de cotas raciais para ingresso nos cursos de graduação, ainda em 2004. Esse sistema inspirou a criação de outros tantos Brasil afora. É a única do País com um programa de mestrado para povos tradicionais, que já beneficiou mais de 70 indígenas, quilombolas, raizeiros, entre outros – uma iniciativa que inspira dirigentes de universidades em todo o mundo. Então, isso faz, Cristovam, que a história que o senhor, que eu e que tantos outros ajudamos a construir realmente está, cada vez mais, no caminho certo. Por isso que, mesmo em prejuízo da audiência pública da CCT, e também não fui votar na CRE, porque sou membro dela também, tive de vir aqui proferir estas breves palavras.

    Para concluir, a UnB também expandiu suas instalações físicas para além do centro da Capital, abrindo novos campi em Planaltina, Gama e Ceilândia. Favorece diretamente, desse modo, a população de baixa renda da cidade, sejam aqueles que querem estudar na universidade, sejam os que buscam os serviços oferecidos na forma de extensão acadêmica. Isso para citar somente algumas das conquistas recentes colecionadas pela nossa homenageada.

    Comemorar, portanto, os 55 anos da Universidade de Brasília é celebrar uma parcela importante da história de Brasília, da história do Brasil.

    Obrigado a todos.

    Saiba, Drª Márcia Abrahão, que eu, como coordenador da Bancada Federal do Distrito Federal deste ano, tendo a honra de ter sido indicado pelo Senador Cristovam e pelo Senador Reguffe para representar a Bancada Federal – os três Senadores e os oito Deputados Federais neste período –, tudo o que nós pudermos fazer – eu, o Senador Cristovam e o Senador Reguffe – para colaborar para que a UnB continue sendo essa excelência, para que a UnB possa ter seus campi de Planaltina, do Gama, de Ceilândia cada vez mais consolidados, para que a gente possa, de repente, tonar realidade aquele sonho da população do Paranoá de ter um campi avançado da UnB, para que a gente possa resgatar o HUB, para ser aquela excelência que sempre foi o HUB, que era saúde complementar para o Distrito Federal. Quantos de nós já passamos pelo HUB – inclusive eu, que estou aqui falando com vocês – quando precisamos?

    Então, estamos à disposição para sentar, para estarmos juntos com a comunidade da UnB, seja com a reitoria, seja com os professores, seja com os alunos, seja com os pesquisadores, para colaborarmos. Então, contem com a gente.

    Foi-me dada também a tarefa de ser Presidente da Comissão Senado do Futuro, uma importante Comissão desta Casa, idealizada por este nobre professor, Senador Cristovam Buarque, similar a um exemplo que vem do Chile, onde essa comissão é uma das comissões mais importantes do Senado chileno. E nós a instalamos aqui.

    Eu, então, como Presidente dessa Comissão, quero invocar aos professores da UnB: vamos para esta Comissão, vamos ser parceiros nossos no Senado nesta Comissão Senado do Futuro, fazer grandes fóruns de debates, debates futuristas com relação à questão das energias renováveis, com relação à questão da nova democracia, com relação à questão dos direitos humanos, com relação às várias questões inerentes aos jovens, aos estudantes e à qualidade que a gente precisa, cada vez maior, da educação, do trabalho, da segurança e da saúde em nosso País.

    Então, a Comissão Senado do Futuro está aqui, disponibilizando à UnB uma parceria, para a gente aproveitar esse espaço que o Senado oferece para nós, juntos, já que a UnB tem um filho seu, um aluno seu, como Presidente da Comissão Senado do Futuro nesses dois próximos anos. Ela foi idealizada pelo nosso eterno Reitor, o Senador Cristovam Buarque, e juntos podemos fazer dali uma caixa de referência, de discussão para o Brasil inteiro.

    Muito obrigado, um forte abraço a todos e contem comigo: Senador Hélio José, do Distrito Federal. Um forte abraço. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2017 - Página 16