Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de maiores investimentos em infraestrutura no Estado do Mato Grosso (MT).

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Defesa de maiores investimentos em infraestrutura no Estado do Mato Grosso (MT).
Aparteantes
Jorge Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2017 - Página 13
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • DEFESA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, RODOVIA, FERROVIA, MOTIVO, NECESSIDADE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), REFERENCIA, TURISMO, PRODUÇÃO AGRICOLA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham pela Rádio e TV Senado, eu quero falar hoje sobre a infraestrutura do Estado de Mato Grosso.

    Nós temos um Estado que – talvez boa parte do Brasil não saiba – tem uma extensão territorial em que cabem dez países do tamanho de Portugal. É um Estado que hoje é líder na plantação de soja, milho, algodão, girassol, milho de pipoca e hoje 27% das exportações brasileiras – corrijo –, 27% de toda safra nacional ocorrem no território de Mato Grosso.

    Nós temos também um potencial turístico muito diferenciado e muito propício à indústria do turismo, assim como o Nordeste brasileiro, Senador Antonio Carlos Valadares, principalmente em sua capital, Aracaju, que tem aquelas maravilhas. Mato Grosso não tem praia, mas tem o Pantanal; não tem praia, mas tem nobres rios com águas transparentes; tem rio em que você risca um palito de fósforo e pega fogo por cima da água, parecendo um mistério por causa da evaporação de gás; temos o Lago Manso, que é algumas vezes maior do que o Lago Paranoá, e uma infinidade de potenciais para serem explorados. Mas, assim como temos nossas belezas, nossos potenciais, também temos nossos desafios a serem superados.

    O Estado, por ter um território vasto, muito grande – há cidades que distam da capital em torno de 1.300km –, tem boa parte da sua malha não asfaltada. Isso no período de chuva causa um atoleiro só, Senador Lasier Martins. E agora, principalmente no período de safra, as dificuldades aumentam cada vez mais.

    E por que estou trazendo esse assunto, que é recorrente nas minhas falas, aqui? É porque Mato Grosso tem um índice de produtividade muito alto, mas os produtos chegam na China pelo dobro do valor dos produtos norte-americanos. Os Estados Unidos, por exemplo, a quem cito por serem o nosso principal concorrente, têm uma malha de infraestrutura muito bem integrada entre os três modais de transporte – rodoviário, ferroviário e hidroviário –, muito bem estruturada. Eles concorrem, o que diminui o preço do frete.

    Em Mato Grosso, só temos o lombo do caminhão e temos uma ferrovia do pé quebrado, porque ela não liga nada dentro do Estado. E o preço, ainda mais no modelo em que foi feita a concessão dessa ferrovia, praticamente empata com o caminhão.

    Então, temos essa situação. A única rodovia que era para ser duplicada, que foi feita no plano de concessões, ainda no Governo da Presidente Dilma, com a derrocada da Odebrecht, não teve sua duplicação. Hoje, temos uma deficiência muito grande na infraestrutura do Estado.

    Sem falar que, nos locais das travessias urbanas, onde era para terem sido feitas as passarelas, a infraestrutura local, ficou uma situação muito difícil. Cito, por exemplo, a cidade de Rondonópolis, onde tive uma reunião com os moradores da Região Salmen, na Unisal. Eles falaram que já passa de 20 o número de pessoas que morreram na travessia, porque não foram feitas as obras necessárias para que esses acidentes pudessem ser evitados.

    Então, temos três Senadores na cidade: Senador Blairo Maggi, Senador Wellington Fagundes e eu. Somos extremamente cobrados por causa do aeroporto e por causa dessas dificuldades. A população já está à beira de um ataque de nervos. É por isso que fazemos a solicitação à ANTT de que cobre da concessionária que ela faça, mesmo que não esteja no projeto, alguma intervenção naquele trecho das travessias urbanas para que os acidentes parem de acontecer. Esse pedido tem sido feito recorrentemente, assim como o pedido do aeroporto, para que possa ser legalizada toda a parte burocrática.

    Estamos nessa luta desde que começamos o mandato, mas sentimos que, cada vez mais, o número de voos diminui, e as empresas alegam que isso é devido a problemas no aeroporto. Então, estamos com a nossa assessoria toda engajada, não só eu, mas todos os Senadores – o Senador Blairo Maggi sempre pedia isso aqui.

    Isso é necessário para que o Estado possa se desenvolver, e a cidade, obviamente. Antigamente se dizia que onde não há estrada não chega o desenvolvimento. Hoje, podemos dizer que onde não há conectividade, onde não há aviação regional não há como chegar o desenvolvimento. A BR-364, por exemplo, foi primordial para o desenvolvimento da região de Mato Grosso, Rondônia, Acre, o norte do País todo, mas ela é uma luta, sempre vejo Senadores de outros Estados também...

    Cedo um aparte ao Senador Jorge Viana.

    O Sr. Jorge Viana (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Eu queria só, cumprimentando V. Exª, falar que hoje, na Comissão de Infraestrutura, na manhã inteira, nós fizemos uma bela audiência, muito prestigiada, sob o comando do Senador Eduardo Braga, Presidente da Comissão, com representantes do Ministério do Planejamento, do Itamaraty e também do governo chinês, de uma estatal chinesa, em que nos foi apresentado o estudo de viabilidade da Ferrovia Intercontinental. Então, foi feita a apresentação do estudo. Nós temos uma coordenação de uma frente parlamentar que apoia a ideia da ferrovia. Estavam lá Senadores do Acre – no caso, eu –; Senadores de Rondônia, Acir Gurgacz e Raupp; o Senador Wellington Fagundes, do Estado de V. Exª; Deputados, como o Deputado Angelim e outros; e vários Senadores da Casa; e todos no mesmo propósito. V. Exª está se referindo à BR-364. É através da BR-364 que quase toda a produção que vem do Centro-Oeste, especialmente do entorno de Cuiabá, Rondonópolis e tantas outras cidades importantes, que uma parte dessa produção vai para Porto Velho para pegar a hidrovia, ir até Belém, no porto do Atlântico, passar pelo Canal do Panamá e seguir, em muitos casos, para a Ásia. Essa ferrovia seria fundamental. A próxima etapa que se está defendendo, inclusive, é saindo do Mato Grosso e indo até Rondônia. Você já teria uma conexão melhor para auxiliar a BR-364 no escoamento da produção. E seguiria depois para o Acre, entrando para o Peru. Isso tudo é fruto de um acordo firmado entre o governo brasileiro, o governo chinês e o governo peruano em 2014. Foi assinado ainda pela Presidente Dilma. E, agora, nós estamos vendo o resultado do primeiro estudo de viabilidade. Foram gastos US$50 milhões. Agora há esse estudo de viabilidade. É uma ferrovia que vai criar possibilidade de que toda essa produção do Estado de V. Exª e daquela região possa vir tanto para o Atlântico quanto para o Pacífico. Ela é intercontinental, é bioceânica, como se fala. Talvez agora o Brasil esteja se reencontrando com algo que é fundamental. Não adianta ficarmos pensando que, em um país continental como o nosso, com o regime de chuva que temos, com o tipo de solo que temos, a solução é a rodovia.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Viana (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Precisamos ter a rodovia, mas a solução definitiva é usar melhor as hidrovias e, especialmente, trazer de volta um plano nacional de ferrovias. Então, parabenizo V. Exª e só faço esse adendo ao discurso que V. Exª profere neste momento.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Muito obrigado, Senador Jorge Viana.

    Quero dizer que faço parte também da frente parlamentar por essa ferrovia, que V. Exª capitania, e que a saída para o Brasil é esta: é podermos estruturar a nossa malha. Inclusive, tenho lutado para que, na Ilha do Bananal, possa haver a ligação da BR-242, que, fazendo esse pedaço, transformar-se-ia numa rodovia bioceânica também, porque ela sai lá da Bahia e se integraria a todo o resto, saindo lá para o Peru.

    No mais, Sr. Presidente, quero agradecer, dizendo que esses assuntos são temas que, às vezes, parecem paroquianos, mas dizem respeito, na verdade, à vida de todo o País.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2017 - Página 13