Pela Liderança durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a greve geral ocorrida em 28 de abril.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Comentários sobre a greve geral ocorrida em 28 de abril.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2017 - Página 42
Assunto
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, GREVE, AMBITO NACIONAL, PARALISAÇÃO, TRABALHADOR, MOTIVO, DESAPROVAÇÃO, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ELOGIO, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, OCORRENCIA, MELHORIA, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, DEFESA, CONVOCAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, internautas que nos acompanham pelas redes sociais, eu quero inicialmente registrar o grande êxito que foi a greve geral da última sexta-feira, que teve um grande sucesso e disse um "basta" a esse Governo arruinado de Michel Temer.

    De ponta a ponta, o País parou em manifestações contra o retrocesso institucional e principalmente contra a retirada de direitos, especialmente os trabalhistas e previdenciários.

    Eu estive no Recife e lá pude acompanhar a imensa indignação e a enorme revolta que tomam conta da população brasileira pelo desmonte. Como disse Lula, reforma é coisa boa. Isso não é reforma, mas desmonte acelerado de conquistas históricas, como o que vem sendo patrocinado por um Presidente ilegítimo, rejeitado por 96% dos brasileiros.

    Não estranha que, apesar do enorme massacre midiático que o Presidente Lula vem sofrendo, ele tenha disparado na intenção de votos para a eleição – que esperamos que seja este ano –, de acordo com os dados da última pesquisa Datafolha. Há nos brasileiros o sentimento de que só ele encarna a verdadeira oposição a esse governo golpista e só ele tem a condição de retirar o País da crise política e econômica em que se encontra preservando os direitos sociais das parcelas mais pobres.

    O povo reconhece que Lula, em situação muito mais adversa, no passado, foi capaz de tomar as rédeas do poder e nos conduzir por um caminho de desenvolvimento norteado pela inclusão social, em que os pobres foram tomados como solução, não como problema, e colocados como questão central – e, ao fim, ajudaram a alavancar a economia do nosso País e abriram um mercado consumidor gigantesco.

    Lula tirou o País do Mapa da Fome, ampliou os programas sociais e abriu mais instituições de ensino do que todos os governantes do Brasil desde a sua descoberta. É esse o Presidente que os brasileiros querem de volta, o Presidente que promoveu a maior revolução social da história. Mas é curioso que, ao mesmo tempo que Lula ascende a despeito de toda a caçada política empreendida contra ele, é a resposta mais bem-acabada essa ascensão sobre o que querem para o seu futuro e sobre o que não querem no Palácio do Planalto.

    Os brasileiros dizem um "não" sonoro a Michel Temer e a todos aqueles que financiaram esse golpe parlamentar. Os brasileiros dizem "não" a todos os patrocinadores desse ataque perpetrado contra a nossa democracia, que é continuado em razão de tantos direitos que estão sendo usurpados.

    Vejam onde está, por exemplo, nessas últimas pesquisas o PSDB, o maior apoiador do golpe contra Dilma e contra as políticas sociais que resgataram a dignidade do povo brasileiro. Neste momento, o PSDB está destruído. Quatro vezes consecutivas derrotado para a Presidência da República, o PSDB aparece devastado, reduzido a pó, com suas lideranças absolutamente rejeitadas pela população, atrás de gente como Jair Bolsonaro, que eles próprios ajudaram a criar, estimulando as posições fascistas desse Deputado, que hoje os engole.

    O Senador Aécio Neves, por exemplo – que incendiou o Brasil depois de ter sido derrotado por Dilma, em 2014, inventando todo tipo de expediente para tentar derrubá-la, até que conseguiu golpeá-la pelo Parlamento –, na pesquisa Datafolha, tem 8% dos votos. Um homem que tinha um patrimônio de quase 50 milhões de votos, reduzido, hoje, a um personagem secundário da luta política no Brasil por ter apoiado e continuar apoiando...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... este Governo que aí está.

    É a prova de que os brasileiros entendem, com toda a justiça, que a desgraça em que o País está hoje é responsabilidade do PSDB, do PMDB, do PPS, que apoiaram e apoiam integralmente o Governo Temer, uma gestão que está destruindo o Brasil. O PSDB votou fechado com a reforma trabalhista. É de um Deputado do PSDB, Senador Lindbergh, esse projeto que nós do Nordeste conhecemos. Isso é o antigo Barracão. Miguel Arraes, em 1963, lutou para criar o acordo do campo, em que uma das aspirações era o fim do Barracão. No Barracão...

(Interrupção do som.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ...em 1963. Até pouco tempo atrás existia o Barracão: o trabalhador rural era obrigado a comprar os alimentos ali no Barracão.

    É isso o que estão querendo trazer de volta para o Brasil, e é um Deputado do PSDB. Querem acabar com direitos históricos dos trabalhadores. O PSDB defende a reforma da previdência de Temer, que vai trucidar com uma série de conquistas, obrigando a população a trabalhar mais para ganhar menos. O PSDB, enfim, é mentor e partícipe da pauta retrógrada deste Governo. Governo que ele sustenta e com quem está vigorosamente atado, nesse abraço de afogados. Temer é o PSDB, e o PSDB é Temer. Essa é a verdade.

    O nosso lado é o lado da Oposição, que temos exercido de maneira responsável, demonstrando, dia a dia, o desmonte que essa trupe tem promovido nos direitos dos brasileiros.

    Por isso, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro, cresce não só aqui no Senado, na Câmara dos Deputados também, mas principalmente na sociedade, a visão de que não há saída para esta crise que não seja a via democrática: a antecipação das eleições gerais. Não somente para Presidente da República, mas para Senadores, para Deputados, para Governadores. Essa é a única maneira de construirmos um governo legítimo, que possa tirar o Brasil desse atoleiro em que estamos colocados.

    Certamente haverá, por parte dos donos do poder, a tentativa de impedir que isso se faça. Alegam que é inconstitucional. Não! Quando a política exige, a Constituição é mudada; quando a política exige, a saída é encontrada.

    E é por essa razão que nós, aqui do Senado, temos que assumir a nossa responsabilidade histórica de fazer tramitar, nesta Casa, uma emenda constitucional que convoque eleições diretas para outubro deste ano. Não outubro do ano que vem. Porque o Brasil não aguenta um ano e meio deste Governo lesa-pátria que aí está. Porque o Brasil não suporta as políticas que estão nos fazendo retroceder economicamente, politicamente e socialmente décadas e décadas atrás.

    Por isso, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero aqui reforçar essa visão de que não adianta nós ficarmos imaginando que este Governo vai encontrar saídas para o que estamos vivendo hoje. Isso já prometeram na época do impeachment, disseram que se o PT saísse tudo ia virar um mar de tranquilidade. Iríamos viver a paz política. A paz hoje do País é como se fosse uma paz dos cemitérios: as pessoas sem perspectiva, as pessoas sem esperança, um Governo sem credibilidade.

    Diziam que quando o PT saísse a economia ia entrar nos trilhos. Quantas vezes nós ouvimos aqui, no microfone de apartes...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... a lista de Senadores – que hoje são governistas e eram da Oposição – a repetir essa ladainha, essa cantilena de que tirando o PT tudo ia melhorar? Está aí o resultado.

    V. Exª não é o Presidente para dizer que é para acabar. Eu ainda tenho ali 42 segundos, eu vou usar até o fim, mesmo que doa no seu ouvido o que eu estou dizendo aqui.

    Então, Sr. Presidente, diziam que a economia ia melhorar, tudo ia ser bom. Está aí: 14 milhões de desempregados – 14 milhões de desempregados! A economia afundando, empresas fechando, o comércio não existe.

    Portanto, Sr. Presidente, eu vou concluir para não preocupar tanto o Senador, eu quero dizer que nós precisamos, sim, tirar este Governo e eleger um Presidente diretamente.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2017 - Página 42