Pela ordem durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento de José Almeida Guimarães, pastor Emérito da Igreja Batista da Capunga-PE, dia 22 de abril último.

Pesar pelo falecimento da ex-vereadora e ex-presidente da Câmara Municipal de Nova Venécia-ES, Moacyr Selia Filho, conhecida como Moa Sélia, foi a primeira transexual a presidir uma casa legislativa no Brasil, entre 2006 e 2008, dia 6 de maio último, aos 60 anos.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento de José Almeida Guimarães, pastor Emérito da Igreja Batista da Capunga-PE, dia 22 de abril último.
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento da ex-vereadora e ex-presidente da Câmara Municipal de Nova Venécia-ES, Moacyr Selia Filho, conhecida como Moa Sélia, foi a primeira transexual a presidir uma casa legislativa no Brasil, entre 2006 e 2008, dia 6 de maio último, aos 60 anos.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2017 - Página 80
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ELOGIO, VIDA PUBLICA, PASTOR, IGREJA, RECIFE (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ELOGIO, VIDA PUBLICA, EX VEREADOR, EX PRESIDENTE, CAMARA MUNICIPAL, NOVA VENECIA (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Senadora Simone, quero fazer dois registros importantes. O primeiro deles é o do passamento do Prof. José Guimarães. Ele passou este mês. Não foi ontem, nem hoje, foi este mês. Foi um professor meu lá em Recife, um sujeito alegre, competente, cheio de conteúdo. Professor Guimarães era professor de teologia, um sujeito com uma alma de esportista.

    E, naquela época, eu só era um garoto no internato. Eu lembro que ele ia para lá assistir às peladas na quadra e estabelecia um relacionamento muito amigo com os alunos. A vida passou. Lá ele continuou e se tornou pastor da Igreja Batista da Capunga, uma grande igreja em Recife. Um líder! Sou muito amigo dos filhos, muito especialmente do Marquinhos Guimarães. Com um pouco mais de 80 anos, o nosso querido Velho Guima, como era chamado, passou para a eternidade.

    Faço esse registro com tristeza, mas muito alegre por aquilo que ele acrescentou na minha vida e pelo que significou. E a informação que tenho da família, Senadora, é de que, no final da vida, na cama, ele ficava com os olhos na TV Senado para me ouvir falar. Não posso imaginar qual a sensação, mas via todos os meus vídeos. Os filhos colocavam o fone no ouvido dele e, segundo Marquinhos, em alguns pronunciamentos meus, as lágrimas desciam dos olhos dele. Não posso medir a sensação de um mestre, que foi mestre de um jovenzinho, e, lá adiante, na vida, não amarga a decepção, mas se alegra com a vitória de ter investido. Até porque minha mãe, analfabeta profissional, D. Dadá, dizia que a vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando você investe sua vida na vida dos outros.

    E, aí, registrando o passamento dele, registro o passamento de Moa. No sábado, fui a Nova Venécia para o sepultamento de Moa. Quem é Moa? Moa chama-se Moacyr. É um travesti, um sujeito que assumiu a sua opção sexual na cidade de Nova Venécia. Presidente da Câmara por quatro vezes, um político respeitado, honrado, votado pela sociedade, um combatente da corrupção. Moa, no exercício dos seus mandatos, colocou ex-vereadores e vereadores na cadeia e os levou à perda de mandatos. E foi velado numa capela mortuária construída pelo Prefeito Walter De Pra. Quando Moa foi presidente da Câmara, Moa devolvia dinheiro do duodécimo, porque sobrava na sua administração, para fazer obras na cidade.

    Quem é Moa? Eu sou Presidente do meu Partido no meu Estado, Senadora Simone; Moa é meu Vice-Presidente. Sabia o exercício do respeito, porque respeito é a regra da boa convivência. Eu sempre respeitei Moa, a sua opção sexual, a sua vida, e Moa sabia respeitar. Era uma relação de amigos, de gente decente, honrada. Eu fui lá velar o corpo de Moa e vi uma cidade em peso chorosa, triste. Passei um tempo com sua família. Perde o nosso Estado do Espírito Santo, perde o Brasil, perdemos nós que somos seus amigos, e o seu Partido, onde Moa militou.

    Para aqueles que acham que eu sou homofóbico, eu sei muito bem exercer a regra da boa convivência e sei respeitar a opção das pessoas. E Moa era daqueles que sabia que ninguém precisa bater palma e fazer coro com a opção sexual de alguém e se tornar criminoso se não bater palma.

    Por isso, faço esse registro com muito pesar, dessa figura tão importante, o Moa, que pertencia aos quadros do nosso Partido, e que Nova Venécia, a sua terra, sepultou com muita tristeza.

    Obrigado, Senadora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2017 - Página 80