Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à realização da greve geral promovida pelas centrais sindicais, no dia 28 de abril.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Apoio à realização da greve geral promovida pelas centrais sindicais, no dia 28 de abril.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2017 - Página 129
Assunto
Outros > MOVIMENTO SOCIAL

  SENADO FEDERAL SF -

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26/04/2017


    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil vai parar nesta sexta-feira, dia 28.

    Ao contrário do que afirmam as vozes mais conservadoras, não é um movimento sindical apenas, ou dos partidos que apoiaram os 13 anos dos governos Lula e Dilma.

    É um amplo movimento de massas, que representa a imensa maioria do povo brasileiro, que rechaça as reformas propostas por Temer e sua base.

    É verdade sim, que os sindicatos e diversas categorias estão se mobilizando.

    Muitas categorias profissionais já decidiram sua adesão. Em diversas cidades metroviários, bancários, metalúrgicos, petroleiros, servidores públicos, professores, ferroviários, motoristas de ônibus, portuários, motoboys e dos trabalhadores da limpeza urbana, aeronautas, trabalhadores do judiciários e comerciários irão se somar à greve de sexta.

    A lista de entidades que prometem fazer parte do movimento deve crescer até o final da semana. Há previsão de assembleias de categorias até quinta-feira (27) para decidir se participarão ou não da greve.

    Desde 1996, o Brasil não assiste um movimento de tal monta.

    Mas também é verdade que diversos segmentos da sociedade também estão se mobilizando, como os religiosos.

    Os arcebispos Dom Fernando Saburido, de Olinda e Recife, Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz da Paraíba, Dom Jaime Vieira Rocha de Natal, Dom Anuar Batisti de Maringá, inúmeros padres por todo o país, e a própria CNBB, através de seu Secretário-geral, dom Leonardo Steiner.

    Igrejas evangélicas de todo o país assinaram um manifesto em que criticam as reformas e chamam a população para a greve geral, assinado por 11 igrejas evangélicas, entre elas a Aliança Evangélica, a Igreja Metodista do Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, segundo matéria divulgada no Jornal do Brasil do último dia 25 de abril.

    Dom Steiner traduz de forma simples e direta o espírito de todos que irão se manifestar nesta sexta, ele diz "Certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres".

    Não há dúvidas de que o alvo principal de todas as medidas propostas por Temer tem como alvo os direitos dos mais pobres.

    Nós já denunciávamos que a chamada PEC dos Gastos era a antessala de uma série de maldades que estavam por vir.

    A cada dia o discurso de que o país precisa de ajustes foi substituído pela necessidade de mostrar ao mercado que o governo é forte.

    Não há escrúpulos em afirmar que o desmonte de direitos é o compromisso deste governo com o setor financeiro.

    Para Temer, pouco importa o retrocesso social patrocinado pelas reformas, também pouco importa o esgarçamento do setor produtivo e de nossa economia.

    Pouco importa que os juros do cartão de crédito estejam em 490°/o ao ano. Pouco importa que o desemprego tenha alcançado 13,5 milhões de brasileiros e que a dívida pública esteja explodindo com um valor absurdo R$ 3,234 trilhões.

    Nada disso importa.

    O governo Temer é o Robin Hood ao contrário. Retira direitos dos mais pobres e agrada e apoia os mais ricos.

    Outro exemplo gritante é a Reforma Trabalhista, que a Câmara planeja votar ainda hoje.

    O relatório apresentado pelo deputado tucano Rogério Marinho se concentra em três eixos: o primeiro eixo é o do desmonte do pilar de direitos conquistados pelos trabalhadores no Brasil desde a instituição da CLT em 1943, o segundo é o enfraquecimento da representação sindical e o terceiro é a limitação do acesso à Justiça do Trabalho.

    A proposta flexibiliza nossa legislação sobre parcelamento de férias, exercício da jornada de trabalho, pagamento de horas in itinere, pagamento de intervalos intrajornada (descanso, alimentação, higiene pessoal), trabalho de grávidas em locais insalubres, cumprimento de plano de cargos e salários, acúmulo de banco de horas, condições do trabalho remoto, marcação das horas trabalhadas, entre outros.

    Por isso, senhoras e senhores senadores, nosso país vai parar.

    Na minha querida Manaus, capital do meu Amazonas, senhor presidente, os mais de 85 mil trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM) foram convocados pelo Sindicato dos Metalúrgicos que prometem parar todo o Distrito Industrial, demonstrando a insatisfação dessa importante categoria.

    Motoristas e cobradores das empresas de ônibus irão participar do movimento e segundo o Sindicato dos Transportes Rodoviários de Manaus, totalizam mais de 8 mil trabalhadores que atendem diariamente 800 mil pessoas que utilizam o transporte coletivo em Manaus.

    As 200 agências bancarias do Amazonas também irão paralisar as atividades na próxima sexta-feira e os bancos vão funcionar somente com o autoatendimento dos clientes e o Sindicato dos Bancários, pretende levar 1,2 mil bancários para às ruas que devem ser tomadas pela população insatisfeita com tantas medidas contra o povo brasileiro.

    O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) confirmou a participação dos professores na manifestação. Os 40 mil trabalhadores da área da educação entre professores, pedagogos e servidores administrativos no Estado e no município foram convocados.

    Os professores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) também irão cruzar os braços no dia 28 em protesto contra esse governo que tem prejudicado as universidades de todo o Brasil. A expectativa é que toda a Ufam pare, na sede em Manaus e nas unidades fora da sede no interior do Estado. Centenas de professores, além de estudantes e técnicos administrativos estão se mobilizando.

    Termino convidando a todos que nos assistem a se manifestar também nesta sexta-feira. Você que nos assiste e nos ouve pode pensar que sua manifestação não é importante, ou que não será ouvida.

    A você em especial, some-se aos milhões de brasileiros que não concordam com retirada de nossos direitos. Neste momento, a história está em nossas mãos.

    Era o que eu tinha a dizer.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2017 - Página 129