Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa com o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da Opertação Lava Jato, em Curitiba-PR.

Autor
Lasier Martins (PSD - Partido Social Democrático/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Expectativa com o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da Opertação Lava Jato, em Curitiba-PR.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2017 - Página 11
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • EXPECTATIVA, DEPOIMENTO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE, INTERROGATORIO, SERGIO MORO, JUIZ, AMBITO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), LOCAL, CURITIBA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), DISCUSSÃO, PROPRIEDADE, APARTAMENTO, GUARUJA (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUSPEIÇÃO, ATO ILICITO, RELACIONAMENTO, ODEBRECHT S/A, OAS S/A.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Senador Valdir Raupp, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores, ouvintes.

    Sr. Presidente, desde que foi deflagrada a barulhenta Operação Lava Jato, nós, brasileiros, temos aprendido muito em termos de democracia, em termos de debates sobre a legislação e em termos de reflexão sobre acontecimentos graves que ocorriam no País mas eram mantidos, em grande parte, no silêncio. E, hoje, o que nós estamos vendo, Sr. Presidente – e eu ainda estava acompanhado, até poucos instantes, pela televisão –, é um cenário impactante, inaudito, insólito, que ocorre, neste momento, no centro da cidade de Curitiba, porque vai acontecer, dentro de alguns momentos, o interrogatório do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva perante o juiz Sergio Moro.

    São caravanas e caravanas procedentes de várias partes do Brasil, uma facção de militantes do PT e de apoiadores e defensores do Lula, e, de outra parte, aqueles que prestigiam o trabalho do Juiz Sergio Moro.

    O que me chama a atenção, Sr. Presidente, é que nós estamos dando uma dimensão estranha ao que deveria ser um simples ato judicial, qual seja, o interrogatório de um réu que está envolvido em cinco processos já objetos de denúncia. Mas, por ser um grande líder da política brasileira, um ex-Presidente da República, dá-se essa dimensão extraordinária que, de forma alguma, poderia paralisar o Brasil.

    Felizmente, não está havendo paralisação do trabalho do País, mas apenas o desvio do trabalho de muita gente. Aqui mesmo, no nosso plenário do Senado, inúmeros colegas nossos, nossos Pares, aqui no Senado, se mandaram para Curitiba, desde ontem à noite – ou já hoje, pela manhã. A quase maioria desses que viajaram o fez para apoiar o ex-Presidente Lula, mas deveria ser apenas um simples ato judicial de interrogatório, que, esperamos todos, transcorra na maior normalidade, longe das pressões que estão lá, mais distantes do prédio da Justiça Federal, porque de nada adiantarão gritos, quebra-quebra, ameaças, porque o que interessa, em última análise, é chegar-se à verdade: até onde o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva é culpado ou não é culpado.

    E temos, apenas hoje, o primeiro depoimento dele no primeiro processo, que diz respeito ao tão badalado tríplex de Guarujá, no Estado de São Paulo, através do qual ele teria recebido vantagens equivalentes a R$2,4 milhões, da empreiteira OAS. É apenas esse o primeiro processo. Lula vai responder se recebeu ou não recebeu, por que todo mundo diz que aquele apartamento é dele... Foram tantos depoimentos – Delcídio, Cerveró, Renato Duque, Marcelo Odebrecht. Há uma infinidade de depoimentos dizendo que, embora não esteja registrado no nome dele, esse apartamento é dele. Essa é a prova que tentará ser feita. E o Lula deverá responder hoje. Provavelmente, vai dizer que não é dele.

    E é uma curiosidade. Nós sempre estranhamos. O Lula nunca teve nada dele, não tem propriedade dele. Sempre viveu de favores. Já quando vivia em São Bernardo, ele morava num apartamento, de favor, de um amigo advogado.

    Mas depois virão outros interrogatórios. Lula hoje responde ao primeiro. Depois, haverá mais quatro lá adiante, sabe-se lá quando. E, aí, a expectativa: haverá novamente este cenário conflagrado que hoje estamos vendo? Haverá esta incitação popular da sua militância, quando lá houver o segundo processo, que é sobre o Instituto Lula, em que ele é acusado de receber R$12 milhões para a compra de uma nova sede para o Instituto e uma verba que não teria sido utilizada?

    E lá adiante virá o terceiro processo, a respeito da obstrução da Justiça, em que ele é acusado de pressionar Delcídio do Amaral para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, processo que acabou redundando na cassação do mandato de Delcídio.

    A família do Cerveró teria recebido dinheiro, entregue pelo filho de Bumlai, para o silêncio de Cerveró. Esse é apenas o terceiro, que vai ter seguimento lá adiante; vai ser outro depoimento em Curitiba. Certamente, outro aparato como aquele que hoje estamos vendo.

    Depois, haverá o quarto processo, o tráfico de influência, em que Lula teria ajudado na obtenção de recursos do BNDES para operações da Odebrecht em Angola, na África; e também a contratação do seu sobrinho Taiguara para prestar serviços à Odebrecht. Será o quarto processo. Lá, novamente, quem sabe, um novo aparato, uma nova multidão... ou será que, pouco a pouco, haverá desistência?

    E, por fim, haverá depois o quinto processo. Haverá o quinto, que diz respeito à Operação Zelotes, em que Lula é acusado pelo Ministério Público de ter recebido R$2,5 milhões para exercer influência junto ao governo de Dilma, com relação à prorrogação de incentivos fiscais.

    Então, eu estou aqui recapitulando, Sr. Presidente, por achar adequado, pois grande parte da população não sabe, afinal, o que está havendo com esse depoimento do Lula. Pois esse é apenas o primeiro de cinco, e determina essa movimentação extraordinária, que concentra multidões em Curitiba. As estações de televisão e os jornais estarão retratando, amanhã, o desenrolar desse episódio do interrogatório, o qual esperamos, todos, que transcorra na mais perfeita ordem.

    Mas o que eu queria salientar é que nós temos aprendido muito desde que aconteceu a abertura da Operação Lava Jato, há três anos e pouco. Até então, não se tinha conhecimento de figuras poderosas respondendo a processo judicial. Hoje, nós sabemos que, realmente, de uma vez por todas, todos são iguais perante a lei. Políticos, empresários e banqueiros respondem a processos. Alguns já estão presos; outros já estão condenados, e isso é o principal. Essa é a vantagem maior que tivemos com essa transformação social que o País está vivendo.

    E a segunda expectativa, de normalidade, essa que esperamos para hoje à tarde, durante esse interrogatório que começa dentro de instantes, se é que já não começou. E pretendo, daqui a pouco, na medida da disponibilidade do tempo e do compromisso aqui, com o Plenário, também acompanhar pela televisão, torcendo para que haja a mais perfeita ordem nesse processo de hoje.

    Não se trata de um duelo, como alguns pretendem: Lula versus Moro ou Moro versus Lula.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS) – Não! O que interessa é apenas a simplicidade de um ato protocolar, de um ato processual, em que um réu comparece diante de um juiz para responder às acusações que recebeu do Ministério Público. E é isso que também precisamos aprender. Precisamos amadurecer com relação a acontecimentos como este.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2017 - Página 11