Comunicação inadiável durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa com o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da Opertação Lava Jato, em Curitiba-PR.

Comemoração do aniversário de 136 anos de emancipação política do município de Lagoa Vermelha-RS, celebrado no dia 10 de maio.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Expectativa com o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da Opertação Lava Jato, em Curitiba-PR.
HOMENAGEM:
  • Comemoração do aniversário de 136 anos de emancipação política do município de Lagoa Vermelha-RS, celebrado no dia 10 de maio.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2017 - Página 32
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • EXPECTATIVA, DEPOIMENTO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE, INTERROGATORIO, SERGIO MORO, JUIZ, AMBITO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), LOCAL, CURITIBA (PR), ESTADO DO PARANA (PR).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, MUNICIPIO, LAGOA VERMELHA (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Obrigada.

    Senadora Ângela Portela, que preside esta sessão, nossos telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, faço minhas as palavras do Senador Cristovam Buarque, que aqui deu uma aula de política, de economia e de racionalidade, colocando o diagnóstico claro e apontando o caminho, as saídas para este nosso gigante, que precisa ser desamarrado, destravado.

    Então, parabéns, Senador Cristovam, mais uma vez, pela lucidez. Às vezes, a paixão cega e impede a racionalidade sobre temas tão relevantes quanto este que estamos debatendo aqui. E concordo plenamente com V. Exª: a reforma da previdência e a reforma trabalhista não serão aquelas que foram mandadas pelo Governo, porque há obrigação, seja da Câmara, seja do Senado, de aperfeiçoar a lei, ouvindo a sociedade. Não nos faltará responsabilidade e tampouco disposição para fazer o nosso trabalho desta forma, como Casa democrática, dentro de um regime democrático.

    E é dentro desse regime democrático e desse Estado de direito que hoje o Brasil está vendo, na capital do Paraná, Curitiba, um episódio inédito. Inédito porque, desde a Constituição de 88, nós tivemos o afastamento por impeachment de dois presidentes da República, um decorrente de uma investigação parlamentar, de uma CPI, e outro por denúncia de crime de responsabilidade, dentro da lei, dentro da Constituição – art. 52 e art. 85 da Constituição Federal. E um processo que foi comandado com a legitimidade da cobertura do Supremo Tribunal Federal, mesmo que tenhamos criado uma jabuticaba, na interpretação final, sobre a inelegibilidade do presidente afastado. Mas essa exceção criada é jeitinho brasileiro.

    O que estamos observando hoje é que a mensagem do Juiz Sergio Moro, que comanda a Operação Lava Jato em Curitiba, foi acolhida por aqueles que defendem esta operação. Mas, mais do que tudo, meus colegas Senadores e Senadoras, é um fato relevante, notável, na história recente do Brasil, ver pela primeira vez um ex-presidente da República no banco dos réus.

    Eu penso que isso mostra claramente que a lei é igual para todos e que nós não podemos, mesmo reconhecendo os eventuais benefícios feitos pelo primeiro operário Presidente da República – reconhecemos e temos a racionalidade de fazê-lo, porque esta também é uma responsabilidade nossa –, ignorar o fato de que, se todos são iguais perante a lei, não há nenhuma surpresa em que, havendo uma denúncia grave, séria, confirmada por provas testemunhais ou provas materiais, documentais, hoje o Juiz Sergio Moro, que comanda a Operação Lava Jato, esteja interrogando o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta é a grande sensação de tranquilidade que vive o País no regime democrático: o denunciado ter o direito amplo de defesa. Isso é o que estabelece a diferença entre ditaduras e democracias.

    Por isso, penso que este dia é um dia relevante para a esperança de milhares e milhares de brasileiros de que, sim, o Brasil vive uma democracia consolidada e forte das suas instituições, que funcionam com soberania, com independência.

    Então, nós temos que saudar, como forma de representação, que Curitiba não é Caracas; o Brasil não é a Venezuela. E essa situação é extremamente auspiciosa e alvissareira na esperança de que iremos acabar ou mitigar a corrupção que reina no nosso País.

    Eu não tripudio sobre a desgraça alheia,...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... mas reconheço, no que está acontecendo hoje em Curitiba, um evento extraordinariamente relevante do ponto de vista do Estado democrático de direito e da prevalência da lei sobre a força, da lei sobre ideologia, da lei e da Constituição sobre a nossa vontade. Ela tem que ser maior do que o nosso desejo.

    Então, com muita alegria, concedo um aparte ao Senador Cristovam Buarque, mesmo sabendo, Senadora Ângela Portela, que, em comunicação inadiável, não há, mas V. Exª, pela habilidade e sensibilidade política, vai permitir que eu aceite o aparte do Senador Cristovam Buarque.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Obrigado às duas Senadoras, à Presidente Ângela e à Senadora Ana Amélia. Eu creio que foi importante a senhora ter trazido isso. E, vinculando ao que eu venho falando sobre as amarras no gigante em berço esplêndido, alguns dizem que a Lava Jato é uma amarra e que impede o progresso. A corrupção é que é a amarra; a Lava Jato está tentando desatar esse nó. Eu vou citar o nome de procurador, de juiz que leva à frente isso?

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não é um fla-flu, como o senhor costuma dizer, lá em Curitiba – não é um fla-flu!

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não é um fla-flu.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não é Lula versus Moro, não é, Senador?

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, de jeito nenhum. Nem vou citar os nomes. Não, não é o Juiz Moro.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não, é um julgamento.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É um processo.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É um processo.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – A Lava Jato, eu a coloco, hoje, no nível do Plano Real; da Constituição; da abertura comercial do Collor, que foi um marco também, e a gente esquece isso; de programas sociais, que foi o Lula quem ampliou, embora tenha começado antes dele. Esses são marcos. A Lava Jato entra aí. O Brasil vai ser diferente depois. Cada uma dessas coisas tentou desamarrar um pouquinho. Ainda não conseguimos, ou porque não permanecemos desamarrados, ou porque foram insuficientes. Então, a Lava Jato e o que está acontecendo nesses dias...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – ... são um passo na tentativa, no esforço, na busca de desamarrar o gigante. O contrário do que dizem. É claro que, no primeiro momento, a Lava Jato pode levar à quebra de uma empresa, é lamentável, profundamente, mas foi essa empresa que provocou aquilo que levou a essa situação. Então, a sua fala é muito importante para lembrar que o que está acontecendo hoje, nesses dias, nesses meses, nesses anos até, é um marco e é uma contribuição para tentar desamarrar o Brasil da amarra da corrupção.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Muito obrigada, Senador.

    Quero que esse aparte do Senador Cristovam Buarque seja inserido neste meu pronunciamento rápido.

    E reafirmo também a minha convicção, Senador Cristovam Buarque, só desejando que... Quando aconteceu o mensalão, a gente imaginou que o Brasil seria diferente. Tivemos o petrolão e vamos desejar que não tenhamos um terceiro episódio como este.

    Eu quero apenas terminar...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... parafraseando Gonçalves Dias, na Canção do exílio.

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

    Este poema que eu vou parafrasear é para saudar a minha querida Lagoa Vermelha, a terra onde eu nasci, que hoje completa 136 anos de emancipação política, saudando-a através do meu amigo o Prefeito Gustavo Bonotto...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... e do Clóvis Neckel, que é o nosso Vice-Prefeito, toda a comunidade daquela cidade que tem uma grande generosidade, hospitalidade, considerada a Capital da Amizade pelo acolhimento de todos os que chegam àquele recanto lá da região nordeste do Rio Grande do Sul, nos campos, em cima da serra.

Lagoa Vermelha tem mil encantos.

É a minha terra.

Não tem palmeiras,

Tem pinheiros;

Não tem palmeiras.

Tem videiras;

Não tem palmeiras,

Tem macieiras.

    Não tem palmeiras, Senador Caiado, mas tem o melhor churrasco do Brasil. V. Exª provou desse churrasco e sabe do que estou falando. Não estou fazendo ufanismo demais para justificar a alegria que tenho de aqui falar sobre a minha terra, que hoje é um polo moveleiro, é uma cidade empreendedora...

(Interrupção do som.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Fora do microfone.) – ... de gente trabalhadora, de integração.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Ali compartilharam italianos, alemães, poloneses e os chamados "pelos duros", a mistura dos caboclos, dos índios, dos negros, para tornar Lagoa Vermelha a terra que nós todos lagoenses amamos.

    Então, minha terra não tem palmeira. Minha terra tem pinheiros.

    E sei que o Senador Paim quer falar.

    Quero apenas dizer que eu queria saudar ainda mais a minha querida Lagoa Vermelha pelos seus 136 anos de emancipação.

    Muito obrigada, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2017 - Página 32