Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a greve geral ocorrida em 28 de abril.

Autor
Ângela Portela (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Comentários sobre a greve geral ocorrida em 28 de abril.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2017 - Página 219
Assunto
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, GREVE, AMBITO NACIONAL, PARALISAÇÃO, TRABALHADOR, ENFASE, MOBILIZAÇÃO, EVENTO, REFERENCIA, ATO, VIOLENCIA, AUTORIA, POLICIA, VITIMA, ESTUDANTE, GOIANIA (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), CRITICA, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, EXISTENCIA, REJEIÇÃO, SOCIEDADE, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA.

  SENADO FEDERAL SF -

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COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

02/05/2017


DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o governo do presidente ilegítimo Michel Temer e seus aliados está preocupado. Principalmente, depois da realização da Greve Geral, a maior já realizada no pós-ditadura. O sucesso estrondoso da greve geral e as manifestações de protestos às suas reformas, registradas no histórico 1º de Maio, Dia do trabalho, deixou o governo inseguro.

    O governo enfrenta o incômodo da dificuldade de retomar o crescimento econômico, do aumento crescente do desemprego, da revelação da indecência e a imoralidade de seu grupo político, e dos índices baixíssimos de pesquisas, que apontam sua rejeição acima dos 70%. Mas o maior incômodo do governo é com o sucesso da Greve Geral, organizada pelas principais centrais sindicais do país, que levou às ruas 40 milhões de trabalhadores do setor privado e servidores públicos.

    De fato, a Greve Geral repercutiu muito negativamente para o governo Temer. Em todas as regiões do Brasil, apesar das ameaças de cortes de pontos e de outras retaliações, trabalhadores e servidores paralisaram suas atividades, pelo menos por algum período, para protestar contra as reformas Trabalhista e da Previdência e contra a Lei de Terceirização.

    Em Roraima, cerca de cinco mil trabalhadores e servidores públicos foram às ruas mostrar que discordam das reformas impostas por Temer e seus aliados. Para chamar a atenção de Brasília, os grevistas de Roraima interditaram avenidas, fizeram uma passeata pelas ruas da capital e, em ato simbólico contra as reformas, abraçaram a Assembleia Legislativa.

    A greve geral, que mostrou o descontentamento com as reformas injustas, revelou, também, o lado autoritário do governo Temer. Mesmo com setores da mídia brasileira tentando minimizar a violência do Estado brasileiro desferida contra cidadãos e cidadãs, as reações violentas da polícia foram episódios muito ruins para Temer.

    Se na Cinelândia, no Rio de Janeiro, uma mulher foi arrastada por policiais, em outras cidades dezenas de manifestantes enfrentaram gás lacrimogênio nos olhos ou a avidez de cachorros bem treinados. Imagens de violência, dor e sofrimento dos manifestantes atingidos pela força do Estado, correram o mundo.

    Como eu, milhares de internautas assistiram indignados, um menino, uma menina, uma idosa, um idoso, enfrentando a força e a ira policial; uma ira despejada sobre um mar de gente, que lutava pelos seus direitos. Uma ira que, desferida contra um jovem de Goiânia, resultou em consequências drásticas.

    O estudante universitário Mateus Ferreira da Silva, que foi violentamente atingido na cabeça, por um subcomandante, está em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital de Urgências de Goiânia. Por enquanto, o que posso fazer é homenageá-lo, por meio desse discurso, pela sua coragem de resistir contra as atrocidades de um governo ilegítimo e impiedoso. E rogo a Deus que Mateus saia dessa situação.

    Srªs e Srs. Senadores, diante do cenário de horror que estamos assistindo, eu me pergunto: Como um governo conduzido por um político delatado e com aprovação na casa de um dígito, pode decidir sobre políticas que impactam tão cruelmente a vida de milhões de pessoas?

    Pergunto-me, ainda, como um governo que tem oito ministros envolvidos em corrupção e até o próprio presidente sendo alvo de acusações graves, feitas por delatores da Odebrecht, pode insultar a inteligência do povo?

    Não. Não pode. E foi isso que disseram os milhões que foram às ruas em todas as regiões do Brasil. Foi o que disseram os jornalistas da Revista Carta Capital que, em solidariedade aos grevistas, ficaram parados até às 14 horas do dia 28, e que, ao retomarem suas atividades, cobriram a voz das ruas, que protestava contra todo este estado de coisas.

    Embora tenha mandado às forças econômicas - que o apoiam -, recados midiáticos de “vamos em frente” com as reformas, Temer já percebeu que perdeu forças. Pesquisa do Instituto DataFolha mostra que 71% de pessoas entrevistadas são contra a reforma da Previdência. Mostra, também, que 64% delas acham que esta reforma privilegia mais os empresários.

    O movimento vitorioso, contra todos estes ataques de Temer, chamou a atenção da opinião pública nacional e internacional e incomodou patrões. Mas, principalmente, levou o governo Temer e aliados, inclusive no meu estado de Roraima, a botar as barbas de molho. Todos eles estão preocupados com os desdobramentos imprevisíveis da Greve Geral.

    A força demonstrada nas ruas sinalizou para a possibilidade de o povo organizado, vir a barrar o desmonte dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Essa possibilidade, aponta para a retomada de conquistas sociais, implantadas pelo Estado de Bem-Estar social, garantido na Constituição Cidadã.

    Há quem preveja que o sucesso da greve geral poderá desaguar em uma forte movimentação em favor de uma campanha pelo “Fora Temer e Diretas Já”, inclusive já anunciada, aqui nesta tribuna.

    Eu, que vi esse anseio nas ruas e que acompanho esta proposta, convido todos os cidadãos e cidadãs a ir à luta, especialmente, agora, que o governo Temer tenta aprovar a todo custo, suas reformas. A trabalhista, aqui no Senado, e iniciar a previdenciária, na Câmara dos Deputados.

    Era o que tinha a dizer.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2017 - Página 219