Pela Liderança durante a 68ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque para a necessidade de construção de uma coesão política capaz de solucionar a atual crise político-institucional.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Destaque para a necessidade de construção de uma coesão política capaz de solucionar a atual crise político-institucional.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2017 - Página 58
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, ACORDO, POLITICO, SOLUÇÃO, CRISE, MELHORIA, ECONOMIA NACIONAL, IMPORTANCIA, COMPROVAÇÃO, CRIME DE RESPONSABILIDADE, ACUSAÇÃO, DELAÇÃO, EMPRESARIO, AGRONEGOCIO, AFASTAMENTO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANTECIPAÇÃO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA.

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes da Rádio Senado e telespectadores, propostas para sair da crise não nos faltam. O que me parece faltar é um mínimo de coesão política, até porque a crise é da representação política.

    O Governo Temer tentou contornar essa crise, apresentando reformas que assustaram a sociedade: reforma da previdência, reforma trabalhista. Todas elas terminaram estabelecendo um certo pânico na sociedade. E essa tentativa de impor reformas com retiradas de direito dos trabalhadores, dos aposentados tinha o sentido de desviar a atenção da crise política.

    Eu estou aqui repetindo o que venho dizendo há um ano e meio: a crise é da representação política. Nós estamos vivendo a crise política. Nós, no ano passado, demos um encaminhamento que feriu a democracia, e eu me posicionei contrariamente não por pertencer ao governo anterior. Não. Eu não tinha nenhuma relação com o governo da Presidente Dilma e, ao contrário, eu lhe fiz oposição, mas considero – e precisamos refletir no presente as nossas atitudes do passado – que o impeachment foi uma agressão à democracia. Daí, então, nós não conseguimos mais buscar uma saída política capaz de superar a crise política e a crise econômica. E não havia dúvida. O Senador Paim, várias vezes, abordou esse tema na mesma direção: a marcha da insensatez, da condução equivocada que o Parlamento dava, naquele momento, à crise que estávamos vivendo nos levaria a aprofundar mais a crise, com repercussão grave na economia. E, hoje, pelas últimas notícias, nós sabemos que tínhamos razão, que a crise é política e que envolve uma parcela importante da representação política brasileira. Ela, agora, atinge o Palácio do Planalto, com suspeitas e acusações já gravíssimas, inclusive a de que o Presidente Temer teria adiantado a Wesley ou ao dono da Friboi a variação da Selic. Isso aí, uma vez constatado, por si só, é um crime de extrema gravidade. Se isso for realmente constatado, nós estamos diante de um crime que precisamos tomar providências urgentes.

    As alternativas são muitas. Nós temos alternativas para sair da crise, mas precisamos de um mínimo de coesão política. Sem isso, nós colocamos em risco até o ambiente social, as relações. O Estado deixa de regular as relações da sociedade quando não tem coesão política. E isso pode levar a um conflito social sem precedente no nosso País. Eu não tenho a menor dúvida de que, se nós não tivermos alternativas, não apresentamos solução... E ver o Parlamento vazio desse jeito me preocupa, porque dá uma demonstração de que há uma despreocupação com o momento que o País está vivendo.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) – Eu creio que todos os Senadores estão na Casa. Eu suspendi minha viagem. Eu faria o lançamento de um aplicativo do nosso mandato em que o eleitor vai poder influenciar, inclusive, nas nossas decisões na medida em que ele participar desse aplicativo. Ele vai influenciar as nossas decisões nas votações em plenário. Isso aconteceria hoje, às 19h, em Macapá, mas eu suspendi a viagem para permanecer aqui em vigília, acompanhando cada passo dessa crise.

    Eu tenho uma proposta de emenda constitucional que promove um referendo revogatório do mandato de Presidente. Esta pode ser uma alternativa: uma consulta popular, seguida depois de eleições diretas. A ideia não seria apenas eleições diretas para Presidente, mas eleições gerais. Acho que é hora de mudar o Congresso que está aí, até porque...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) – Uma parte importante de Senadores e de Deputados Federais está sendo investigada. Então, o ideal seria que nós chamássemos eleições gerais, para resolver definitivamente a crise. Esse seria o grande encaminhamento. Para isso, precisamos construir a coesão política necessária.

    Esse envolvimento do Presidente Temer está causando danos tremendos ao País. Os ativos brasileiros no mercado de Nova York caíram quase 10% e, aqui, também, no mercado interno. Então, é uma crise que vai ter consequência para os trabalhadores, que vai provocar mais desemprego, que vai provocar mais falência das empresas e que vai provocar um clima muito ruim na sociedade. Nós precisamos agir com rapidez.

    Sr. Presidente, aqui vai o meu repúdio a esse comportamento criminoso...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) – ... da representação política. Isso não pode continuar. Nós precisamos estabelecer leis capazes de proteger o patrimônio coletivo, o patrimônio da sociedade brasileira, que está sendo dilapidado pelo mau comportamento, pela inconsequência da representação política. Infelizmente, tenho que reconhecer, como representante político, que nós temos um comportamento que nos submete a desconfianças generalizadas na sociedade e que, às vezes, até nos impossibilita de dar uma condução correta que seja respeitada por todos.

    Agora, a oportunidade nós temos, as ideias não nos faltam. O que nos falta é construir essa coesão política capaz de nos fazer chegar a uma solução definitiva para a crise.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2017 - Página 58