Comunicação inadiável durante a 70ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do Presidente da República ante a delação do Sr. Joesley Batista, do grupo JBS.

Defende à continuação das tramitações das reformas da previdência e trabalhista.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Defesa do Presidente da República ante a delação do Sr. Joesley Batista, do grupo JBS.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Defende à continuação das tramitações das reformas da previdência e trabalhista.
Aparteantes
José Medeiros, Lindbergh Farias, Randolfe Rodrigues.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2017 - Página 38
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • DEFESA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSUNTO, ACUSADO, DELAÇÃO PREMIADA, SOLICITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, OBJETIVO, VERACIDADE, PROVA.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, ATIVIDADE, LEGISLATIVO, MOTIVO, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores que nos acompanham pela Rádio Senado, pela TV Senado e pelas redes sociais, venho hoje aqui, como Líder do Governo e como Presidente do maior Partido do Brasil, o PMDB, comentar e marcar a nossa posição diante dos últimos fatos que ocorreram a partir da quarta-feira à noite.

    É bom lembrar que, na quarta-feira à noite, Senador Medeiros, surgiu uma versão, no País todo, de questões, de denúncias, de gravações, em que textualmente a mais bombástica delas era do envolvimento do Presidente da República na tentativa de calar ou de comprar o silêncio de um Deputado Federal ou de um ex-Deputado Federal. Isso assanhou o Brasil, claro, ainda mais com a carga de informação e de esforço de alguns veículos de comunicação que fizeram questão de publicizar não a verdade, mas a versão corrente.

    Naquela noite mesmo, eu, por redes sociais, marquei a minha posição e a posição do Partido. Eu defendi que as gravações e as delações fossem tornadas públicas imediatamente; defendi investigações; mas defendi também que nós estávamos e continuamos a estar num processo de transformação do País, e por isso mesmo, o Brasil não podia parar.

    Os dias aconteceram; as delações foram tornadas públicas; delações contra muitas pessoas, dezenas de pessoas, foram explicitamente colocadas; a gravação veio à tona, e, por incrível que pareça, na gravação, não havia o enfoque que foi dado pelo jornalista no que tangia ao Presidente da República, Michel Temer. E mais do que isso: soubemos depois, através de veículos como a Folha de S.Paulo e o jornal O Estado de S. Paulo, que a gravação era eivada de edições – não só edições de fala, como edições de áudio.

    Qual é a nossa posição quanto a isso, para que fique claro? Primeiro, somos defensores e favoráveis a todo tipo de investigação necessária, a começar da perícia da fita, que já foi deferida pelo Ministro Fachin, até o processo investigativo como um todo, dando direito de defesa a todos os citados e, em tese, envolvidos. E, aqui, eu não quero prejulgar ninguém: nem os meus adversários políticos ou partidários nem os meus aliados partidários. Qualquer um que foi citado deve ser investigado. É assim que manda a vida pública. Quem está na vida pública tem que se sujeitar a prestar informações, a ser investigado, até a ser caluniado e até sofrer injustiça, Senador Medeiros, porque faz parte do embate.

    O que nós vimos nesse final de semana? Vimos o Presidente Michel Temer respondendo com firmeza a questão que foi colocada; vimos as mais diversas matizes oposicionistas colocando o carro na frente dos bois, discutindo vacância da Presidência da República, discutindo mudança constitucional em cima de algo que não sofreu ainda nenhum fato investigativo. Nenhum! Nem a perícia foi feita. Nem a Polícia Federal, que deveria ter se manifestado antes, Senador Randolfe, de o processo se instaurado, se manifestou. Houve uma ação de supetão, uma ação emergencial. É um dado de que nós temos que tratar.

    Eu acho muito curioso que algumas pessoas no Congresso e na vida política queiram usar uma investigação que está se iniciando para barrar os avanços que o País está colhendo, porque – me desculpem –, depois de três anos de governo do PT, o Brasil começou a crescer, a inflação começou a cair, o risco Brasil caiu, nós estamos ajustando legislações e modernizando o País.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Já, já.

    Nós estamos modernizando o País, e as reformas têm que continuar a ser discutidas, porque são essas reformas que vão melhorar a vida dos brasileiros. E já estão tendo esse condão, porque, onde falamos, as pessoas dizem que está começando a melhorar. Nós tivemos crescimento do emprego, nós tivemos uma inflação já abaixo da meta, ou seja, há um pouco de esperança dentro do Brasil e lá fora, para os investidores. Agora, de repente, vem esse turbilhão de informações e tenta tolher esse movimento de recuperação do País.

    Eu quero aqui falar com muita tranquilidade. Eu passei o final de semana conversando com o Presidente Michel Temer. O Presidente Michel Temer não teme nenhuma investigação. Já o disse. O Presidente Michel Temer não vai renunciar, porque não há motivo para renúncia. O cargo de Presidente da República não vai ficar vago. Se as oposições quiserem disputar as eleições, se preparem para disputar as eleições em 2018, dentro do calendário constitucional. Agora saibam que a conjuntura que estaremos vivendo em 2018 na economia não é esta de hoje. Por isso, querem antecipar a eleição, porque, daqui um ano, estará claro para o Brasil quem fez bem e quem fez mal a este País, quem...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – ... agiu corretamente e quem agiu incorretamente.

    E é por isso que nós vamos aqui fazer o que nós temos de fazer. O Presidente Michel Temer já fez o que tinha de fazer quanto às reformas; já encaminhou para o Congresso a reforma trabalhista e a reforma previdenciária. Agora cabem às duas Casas do Congresso discutir, melhorar a proposta e votar. Isso não cabe mais ao Presidente Michel Temer. A questão só voltará para o Presidente na hora em que tiver de ser sancionada a reforma trabalhista, porque a reforma previdenciária é uma emenda à Constituição, ou seja, ela nem voltar para o Presidente volta. E a reforma política, que é outra questão que deve ser feita com seriedade e com rapidez, não é proposta do Governo, não depende do Governo. É uma proposta do Congresso, porque diz respeito às eleições congressuais.

    Eu quero dizer aqui, diferentemente do que foi dito, que a nossa obrigação é discutir. Não vou entrar no mérito do que foi dito aqui, porque nós vamos discutir a reforma trabalhista na hora em que ela for pautada.

    Quero me apontem na discussão aonde há qualquer prejuízo para os trabalhadores, qualquer retirada de direitos. E nós vamos discutir toda essa mudança que fará com que o País tenha segurança jurídica para contratar trabalhadores, tenha figuras de contrato que se adequem a necessidades de contratos que existem hoje no mundo todo, inclusive o contrato de quem trabalha em casa, prestando serviço, e não está regulamentado porque em 1940 não havia essa forma de trabalho.

    Então, é isso. Amanhã, nós vamos, sim, ler o relatório na CAE da reforma trabalhista, porque isso foi pactuado com a Oposição e com o Governo. O Governo podia ter trazido para o plenário direto a reforma trabalhista. Não o fez. Ao contrário, nós concordamos em votar em três comissões. E, amanhã, vai ser votada na Comissão de Assuntos Econômicos.

    Então, é bom dizer a verdade. Não há crise no Congresso para deixar de discutir reforma. O Presidente fará, no devido tempo, a prova do que é verdade e das suas questões que ficarão claras à sociedade. Agora, nós vamos parar o Brasil até que se faça uma investigação? Sobre quantas pessoas? Mil e oitocentas que foram citadas em doações? Não. O povo brasileiro não pode esperar isso. O povo brasileiro quer mudança de atitude. E o Governo Michel Temer tem e terá mudança de atitude para melhorar a vida dos brasileiros.

    Respeito a posição daqueles que querem fazer o embate político. Respeito a posição daqueles que querem, como adversários, paralisar o Governo. Respeito a posição daqueles que querem antecipar a eleição com medo da recuperação que o Brasil vai viver, e em 2018 não haverá essa conjuntura que, diga-se de passagem, não foi construída por nós, foi construída pelo governo anterior. Nós estamos colhendo os frutos amargos da recessão que recebemos, mas, volto a dizer, respeito tudo de cada um. Cada um tem sua conjuntura, seu contexto, sua história, sua bandeira, sua necessidade de disputa eleitoral. Respeito. Agora, a maioria desta Casa e a maioria da Câmara dos Deputados têm que deliberar não pensando na disputa política eleitoral, mas pensando na melhoria da vida dos brasileiros que estão lá fora, desempregados, subempregados. Quase 50% da população brasileira não tem contrato formal de trabalho, Senador Acir. V. Exª é empresário e sabe como é difícil hoje contratar e, mais do que isso, como é difícil ter que inventar uma lei que não é moderna e, portanto, cria uma insegurança jurídica tremenda na contratação de algum servidor. Isso prejudica a quem? O empresário, só? Não. Prejudica quem poderia ser contratado, e não está sendo contratado pelo medo de que um contrato gere uma pendência judicial.

    Então, quero aqui dizer, Senador Lindbergh, que respeito a posição de V. Exª, respeito a posição de cada um que faz oposição. Acho que é o que resta a vocês mesmo. Vocês tiveram 12 anos de governo. O governo fez coisas boas, mas terminou desandando, e o governo da Presidenta Dilma desandou e colocou o País numa situação de extrema gravidade. É obrigação nossa agora recuperar isso. Vocês vão cobrar, vão interagir. O papel da oposição é importante, de fazer contribuições, fazer críticas. Respeito tudo isso, mas a maioria democrática desta Casa vai ter que se manifestar na hora apropriada.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Srª Presidente. Srª Presidente.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Quero dizer que estou numa comunicação. Em tese, Presidente, eu não daria aparte, mas, para não parecer que estou com medo do aparte do Senador Lindbergh, eu abro uma exceção...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Muito obrigado!

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – ... só para o Senador Lindbergh, para ele poder...

    A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Olhem, é uma comunicação inadiável, mas nós fizemos o mesmo critério. Acho que esse debate é importante, caro Senador Romero Jucá e Senador Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Romero Jucá, vou ser breve. Não deixa de ser interessante ver V. Exª aqui, pouco mais de um ano depois, V. Exª que defendeu o impeachment da Presidenta Dilma por pedaladas fiscais...

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Crime de responsabilidade.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Banco Safra. Era isso o que se escutava. Um ano depois, e os senhores... Esse impeachment está completamente desmoralizado. Quem eram as grandes caras do impeachment? Eduardo Cunha está preso. Aécio Neves foi outra cara que está afastada aqui do Senado Federal. E o Presidente Temer, nessa situação. Eu, sinceramente, esperava de V. Exª, como Líder do Governo, que tivesse vindo aqui esclarecer fatos objetivos, mas nenhuma palavra sobre fatos objetivos.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Vou dar o primeiro exemplo que acho que o senhor tem de responder. É a primeira vez que um representante do Governo sobe à tribuna depois de anunciada a crise na quarta-feira à noite. Primeira pergunta: o Presidente Temer indica, depois de indagado pelo empresário Joesley sobre quem seria o seu interlocutor. Ele diz: "Geddel saiu do Governo. Está investigado". E ele indica o Deputado Rodrigo Rocha Loures. Depois disso, há diálogos do empresário Rogério com o Dr. Rodrigo Rocha Loures. Fazem lobbies, falam do Cade e do BNDES. Ele dá vários telefonemas na hora e, depois, sai com R$500 mil numa mala. Segundo Joesley, eram R$15 milhões dirigidos a Temer! Quinhentos mil por semana! Aí, o senhor Líder do Governo vem aqui e não fala nada sobre isso? Também houve o caso da prevaricação. Diz o empresário...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ...num porão do Palácio do Jaburu, altas horas da madrugada, que estava segurando dois juízes e um procurador. Qual é a resposta do Presidente da República? "Ótimo, ótimo"? É isso? E o Eduardo Cunha, que os senhores tentaram, e o Temer, dizer que não era isso, mas, no caso do Eduardo Cunha, também: "Eu estou de bem com o Eduardo, O. K.?" O que diz o Temer? "Tem que manter isso, viu?". Aí, tem uma parte inaudível. Sabe o que o tal do Joesley diz depois? "Todo mês." O que o senhor acha que é esse "todo mês"? O que o senhor acha que é esse "todo mês"? Porque não dá para aceitar o Líder do Governo vir aqui, depois de tudo isso, fazer um discurso. Não entra em questões objetivas. Responda esses três pontos, Senador Romero Jucá. V. Exª é o Líder do Governo. Para nós, V. Exª falou que "o povo brasileiro quer mudança". O povo brasileiro quer mudança, sim! Quer a saída imediata de Temer da Presidência da República! Os senhores não perceberam. Os senhores estão perdidos, parece, estão sem entender o que está acontecendo. Estão querendo se agarrar no poder. Eu acho que o Temer não saiu sabe por quê? Porque, se renunciasse, tinha risco de ser preso. Essa valentia dele vem disso, porque ele vai ter de responder por estes casos: corrupção passiva, obstrução de justiça, prevaricação. Então, sinceramente, espero que o senhor responda objetivamente a esses pontos, porque é isso que o povo brasileiro quer saber.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Senador Lindbergh, vamos lá. Primeiro, dizer o seguinte: a fita está sendo periciada. Então, em tese, há de se verificar efetivamente o que tem, o que não tem e qual é a ordem; depois, na hora certa, o Presidente Michel Temer, se for investigado, vai responder pelo diálogo que ele teve. Não sou eu que vou responder pelo diálogo que ele teve.

    Agora, quero dizer que V. Exª parece não ter ouvido a fita.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Ouvi.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Não, não a ouviu, porque, por exemplo, na hora em que o Joesley fala: "Eu mantinha contato com Geddel, agora não consigo mais com Geddel. Quem é que eu posso procurar? Posso procurar o Rodrigo?" Joesley fala do Rodrigo, e o Presidente diz: "Se precisar de qualquer coisa, procure o Rodrigo". O Presidente Temer estava falando com o maior empresário de proteína animal do mundo, como falou com diversos empresários do Brasil.

    Agora, quero dizer a V. Exª que o Deputado Rodrigo Rocha Loures deve responder por essa questão dos R$500 mil, como devem responder – e eu não falei aqui para não politizar – a Presidenta Dilma e o Presidente Lula pelos US$150 milhões que ele disse que deu também. Eu não falei disso, porque não quero politizar essa disputa aqui. Eu quero votar para o Brasil avançar. Cada um vai ter que responder, entendeu? Cada um vai ter que responder. As acusações que ele faz ao PT são muito superiores às feitas ao Rodrigo Rocha Loures, ou qualquer coisa.

    E vale a pena dizer: se foi encarregado num acordo com alguém da JBS para fazer qualquer coisa, não o conseguiu, porque todo mundo sabe que ninguém consegue comprar petróleo ou gás ao preço interno de um país produtor e internalizar esse gás ou esse petróleo pelo preço interno do país produtor. Jamais a Petrobras ou o Cade daria esse tipo de autorização. Jamais! Por quê? Porque, quando ingressa no Brasil um preço de combustível, ingressa pelo valor da pauta internacional do petróleo mais impostos e mais Cide. É assim que é. Essa proposta teria chance zero de ter solução.

    Então, a investigação vai dizer se foi uma armadilha, o que aconteceu... Ótimo! Vamos investigar. Agora, não me venham querer parar o Brasil...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas os senhores pediram a suspensão da investigação.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Não.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – No Supremo.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – O Presidente Temer pediu...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E aqui está claro também que foi o Temer que falou do Rodrigo primeiro.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – O Presidente Temer pediu que, enquanto não fosse periciada a fita – porque isso deveria ter sido condição sine qua non para se lançar o processo de investigação, e não a posteriori... Que primeiro, se esclareça. E o senhor acha que está errado periciar a fita? O senhor é contra periciar a fita?

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Suspender o processo, sim.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Suspender o processo não.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O pedido.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Dar andamento antes de saber se existe ou se não existe, porque estão expondo, na verdade, pessoas, dezenas de pessoas, centenas de pessoas num processo que é vazamento, condenação, julgamento e execução direto. Eu estou falando isso também dos petistas que estão citados, não só de quem é do PMDB ou da Base do Governo, não. Eu acho que isso é um processo que tem que ser ajustado com responsabilidade.

    Agora, desculpem-me. Vocês do PT pararam o Brasil durante três anos do governo Dilma, mas não vão parar o Brasil estando na oposição. Primeiro, ganhem a eleição de novo, disputem em 2018 com quem vocês quiserem, não há problema nenhum, a gente está aberto a disputar. Agora, não vão parar o Brasil antes de termos equacionado as questões graves do País.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Quem parou o Brasil foi Temer com essa conversa com empresário, Senador Romero Jucá. Não foi o PT, Senador.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Senador Lindbergh, V. Exª...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não adianta esconder a realidade.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – V. Exª conhece economia e tem excelentes assessores econômicos. Pegue o quadro de um ano atrás, pegue o quadro de hoje e veja qual é a realidade do Brasil.

    Concedo um aparte ao Senador Medeiros.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Muito obrigado, Senador Romero Jucá. Causa-me espécie, Senador Jucá, o PT ter a coragem de fazer qualquer levantamento no campo da ética. Não há lastro algum para fazer isso, porque, até há pouco tempo, estavam chamando pessoas com trânsito em julgado de guerreiros do povo brasileiro. São draconianos com os outros, são mestres em apontar dedos, e condescendentes demais com os seus. Os outros, dos outros partidos, são bandidos; os deles são guerreiros. O que a gente viu até agora, desde que perderam o poder – perderam por causa de crime de responsabilidade –, foi que querem pegar 13 anos de desacertos e jogar em pouco mais de dois anos deste Governo. O Brasil que eles agora chamam aqui... Quando eles dizem "olha, é pelo Brasil, é pela nossa pátria", fico a lembrar de Antônio Carlos Magalhães, que, em certa feita, disse: "O Brasil dessa gente é o dinheiro". Agora, eu não estou aqui como vestal. Eu não gosto de apontar dedos, mas também não comungo com incoerência, porque, se há um partido, se há um grupo que não poderia falar sobre questão ética alguma, esse é o grupo que saiu recentemente do poder, pelo simples fato de que quase toda a cúpula está presa. E aí querem embaralhar. No momento em que o Brasil começa a sair da derrocada, porque eles jogaram o Brasil no buraco, quando o Brasil vai colocando a cabeça fora do buraco, eles pisam na testa. Mas eu não tenho dúvida: da mesma forma que eles dizem "não passarão!", eu digo "não voltarão!"

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Eu agradeço...

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Senador Romero, 30 segundos.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Senador Randolfe, V. Exª...

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Serei bem breve. Serão 30 segundos. Senador Romero, V. Exª sabe muito bem que eu vou falar aqui com a autoridade de quem, lamentavelmente, sempre esteve do lado oposto ao de V. Exª, tanto no governo do PT quanto agora no Governo do PMDB.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Porque quer, não é, Senador?

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Então, nesta Casa, nos sete anos de mandato no Senado, quando V. Exª era Líder do governo do PT, eu estava na oposição, assim como agora. Mas vou fazer uma pequena ressalva sobre o diálogo, que acho que é o centro do debate que V. Exª muito bem traz aqui para a tribuna. Quem fala do Rodrigo Rocha Loures, que depois é flagrado recebendo a mala de dinheiro, é o Presidente da República. Num trecho do diálogo, só para relembrar a V. Exª, Joesley diz: "Eu sei disso. Por isso que..." Temer diz: "É o Rodrigo". Joesley diz: "É o Rodrigo? Então, ótimo". Quem suscita, na gravação – e esta aqui é a degravação –, é o Senhor Presidente da República.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Antes disso, ele fala do Rodrigo.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Bom, não, Senador Romero, aqui é a degravação, é o trecho da degravação. Ou seja, há uma confirmação após a afirmação do Senhor Presidente da República.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Tudo isso, tudo isso... Veja bem, sobre qualquer questão que o Rodrigo Rocha Loures tenha cometido, quem responderá por isso é o Rodrigo Rocha Loures, não é o Presidente Michel Temer. Desculpe-me, não é a mesma coisa, não é a mesma coisa.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não seria se ele não tivesse sido designado pelo Presidente.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Não. Ele era, naquele dia, secretário, trabalhava no Palácio e estava virando Deputado Federal.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Então, obrigado. V. Exª confirma.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Era o contato, era quem fazia algum tipo de atendimento.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Então? Designado pelo Presidente. Depois, aparece recebendo a mala de dinheiro.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Então, ele vai ter que explicar. Ele vai ter que explicar.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sim, mas ele foi designado pelo Presidente.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Ele vai ter que explicar, e nós queremos que isso seja investigado. Ninguém está dizendo que não deve ser investigado, não. Todo mundo...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu me lembro de que o Temer disse: "para tudo, para tudo".

    O SR. ROMERO JUCÁ  (PMDB - RR) – Todo mundo, todo mundo que foi citado deve ser investigado. Quem recebeu dinheiro deve ser investigado. As contas no exterior devem ser investigadas. Nós estamos defendendo a investigação.

    E eu quero aqui, para encerrar, parabenizar o Presidente Eunício Oliveira e o Presidente Rodrigo Maia, que, com responsabilidade, definiram que as duas Casas do Congresso vão continuar trabalhando e vão continuar votando matérias.

    Amanhã, teremos aqui medidas provisórias e a PEC do foro – aqui, amanhã. Lá, na Câmara, teremos a votação da convalidação dos incentivos fiscais e teremos medidas provisórias que têm de ser votadas. Então, nós vamos continuar avançando, nós vamos continuar votando.

    Quero encerrar parabenizando os partidos da Base, que estão cobrando a investigação – todos eles, inclusive o PMDB –, mas, ao mesmo tempo, também estão dispostos a continuar trabalhando pelo Brasil. Volto a dizer: o Brasil não pode parar e o Brasil não vai parar.

    Obrigado, Senadora Ana Amélia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2017 - Página 38