Pronunciamento de Ronaldo Caiado em 24/05/2017
Pela Liderança durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações acerca da crise política que o país enfrenta, defendendo a saída de Michel Temer da Presidência da República e a realização de eleições diretas e gerais.
- Autor
- Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
- Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL:
- Considerações acerca da crise política que o país enfrenta, defendendo a saída de Michel Temer da Presidência da República e a realização de eleições diretas e gerais.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/05/2017 - Página 92
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
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- ANALISE, CRISE, MOMENTO POLITICO, DEFESA, SAIDA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA, AMBITO NACIONAL, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NECESSIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, REFORMA, ESTADO.
O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, a crise no País está muito acima de problemas ou divergências partidárias ou problemas de ordem pessoal. Temos que ter aqui a grandeza de discutirmos o risco por que passa a democracia brasileira, qual é o rumo que deve ser dado à população brasileira, que está perdida, atônita, sem saber o que vai acontecer por tantos e sucessivos escândalos que acontecem a todo dia no noticiário.
A população brasileira se vê sem representantes. A crise é política, a solução é na política; é por aí que se resolvem as grandes crises no País. E o Senado Federal tem que mostrar altivez, capacidade e inteligência, para poder construir, neste momento, algo que possa dar sustentação e governabilidade ao País.
Quando enfrentávamos o momento delicado do impeachment da ex-Presidente Dilma, eu propus eleições diretas no País, eu convoquei; e solicitava também eleições extensivas ao Congresso Nacional. Existe uma cultura no meio político de que o cronograma das eleições é mais importante do que a crise. Assistimos ao Reino Unido decidir, num momento importante, que sairia da União Europeia. A Primeira Ministra e todos os Parlamentares renunciaram ao mandato e propuseram e se dispuseram a uma nova eleição. Por quê? Porque nas eleições dos Deputados não tinha sido discutida a saída da União Europeia.
Eu pergunto aos senhores: qual foi o candidato a Presidente da República que levou à discussão a reforma política, a reforma trabalhista, a reforma da previdência? Quem foi? Ninguém. Foi a demagogia instalada, a mentira prevalecendo, os grandes filmes e todas aquelas imagens montadas, dando ao Brasil uma perspectiva de que o cidadão viveria dias melhores, sem crise; desemprego não existiria, combustível não teria aumento, estaríamos vivendo ali o melhor dos momentos – quando a máscara caiu, a enganação. A mentira prevaleceu neste País durante 13 anos. Assaltaram os cofres públicos, dilapidaram a Petrobras ao aposentado.
E, por isso, entendo que, no regime presidencialista é fundamental que o Presidente tenha credibilidade; é fundamental que o Presidente tenha passado pelas urnas; é fundamental que ele tenha condições morais para levar ao conhecimento da sociedade as reformas que tem que fazer no Estado brasileiro para poder pedir, em contrapartida, o sacrifício da sociedade também nas outras reformas que deverão ser implantadas. Por isso, Sr. Presidente, eu não sou homem que acredita em Presidente biônico, nem acredito em Presidente que tenha sido levado ao poder pela mentira, pela enganação e pela falsidade.
O momento nosso hoje é de darmos rumo ao País, e o Brasil, nesta hora, é preciso restabelecer a ordem. Não podemos aqui desviar o debate. Não é um problema interno partidário, não é apenas o decreto que foi assinado hoje; é muito mais grave do que isso, porque, hoje mesmo, o ex-Ministro José Eduardo reconhece que a ex-Presidente Dilma também assinou um decreto usando as Forças Armadas para fazer o leilão do Poço de Libra, no Rio de Janeiro. Precedente existe, erraram os dois. O Governo do Distrito Federal é que tem a responsabilidade. É ele que deveria dizer que a sua Polícia Militar não tem competência e capacidade para dar garantia à população e a toda a estrutura da Esplanada dos Ministérios. Esta é a obrigação que deveria ser dada.
Por isso, nós não podemos desviar o debate, não podemos caminhar para a mesquinharia. Nós temos que tomar uma decisão clara. O Presidente, eu já disse, tomou a opção errada. Ele deveria, diante dos fatos, ter tido a altivez da renúncia, para dizer, em alto e bom som, que deveria abrir espaço para o Brasil com 14 milhões de desempregados. Nós tínhamos que ter, nesta hora, a capacidade de consultar o povo.
E quero deixar claro: enquanto no Brasil prevalecer essa tese que prevalece na América Latina, de que todos são aqui dependentes de fantasmas, de mitos, nós não desenvolveremos a política do País. É Perón na Argentina, é a situação da Venezuela, a que nós estamos assistindo, é a mesma situação na Bolívia, é a situação que nós temos hoje, em que dizem: "Olha, mas o Lula pode ganhar." Ganhar como? Quem assistiu à Comissão de Assuntos Econômicos, quem assistiu à Esplanada dos Ministérios hoje – quem vai votar na desordem, na delinquência, na desobediência civil, no assalto à máquina pública, no desrespeito, na mentira?
Eu quero deixar claro: eu não tenho medo das urnas, eu não acredito em colégio eleitoral. Nós estamos buscando remendos, e se esse escolhido não tiver as credenciais para governar, será uma crise daqui a 30 dias de novo. É isso que nós temos que pensar. Não é hora de nós acharmos aqui soluções temporárias. É buscarmos uma solução para o País. Que o Brasil volte a acreditar, a saber quem está à frente do seu Governo, a saber quais são os homens do Presidente da República, a saber qual é a coragem moral e intelectual desse homem, para poder fazer os cortes do Estado, para poder exigir que o Brasil seja capaz de respirar e mostrar a capacidade de separar as suas crises.
É momento de esta Casa dizer que não é hora a ser dada para outsiders, homens que querem criminalizar a política posando de vestais! Na política há homens dignos, sérios e que nunca construíram sua vida que não fosse com o espírito público.
Por isso, Sr. Presidente, eu acho que a saída é política. E nós temos que encarar o desafio e mostrar para o País que a classe política e a democracia não sofrerão riscos e que nós sinalizaremos um futuro para o País. Esta Casa esperava a renúncia; não havendo, esta Casa só tem a esperar o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral. Se não tivermos resultado, estarão impondo ao Brasil um sofrimento longo, e o Brasil não é merecedor de tudo isso.
Este é o momento de reflexão que faço e peço o bom senso do atual Presidente da República para que saiba a gravidade do momento em que todo o País está envolvido.
Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo que me foi concedido. Muito agradecido.