Pela Liderança durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da crise política e defesa da saída do presidente Michel Temer, destacando a importância do Congresso Nacional na construção de soluções para o país.

Acusações ao empresário Joesley Batista da empresa JBS S.A.

Solidariedade ao jornalista Reynaldo Azevedo, que foi vítima de vazamento de informação sigilosa no exercício de sua profissão.

Autor
Kátia Abreu (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/TO)
Nome completo: Kátia Regina de Abreu
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Considerações acerca da crise política e defesa da saída do presidente Michel Temer, destacando a importância do Congresso Nacional na construção de soluções para o país.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Acusações ao empresário Joesley Batista da empresa JBS S.A.
IMPRENSA:
  • Solidariedade ao jornalista Reynaldo Azevedo, que foi vítima de vazamento de informação sigilosa no exercício de sua profissão.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2017 - Página 97
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > IMPRENSA
Indexação
  • ANALISE, CRISE, MOMENTO POLITICO, DEFESA, SAIDA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPUDIO, CONVOCAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, ENFASE, IMPORTANCIA, DIALOGO, CONGRESSO NACIONAL, SOLUÇÃO, SITUAÇÃO POLITICA.
  • ACUSAÇÃO, EMPRESARIO, GRUPO, EMPRESA, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, CARNE, FRIGORIFICO, ORIGEM, GOIAS (GO).
  • SOLIDARIEDADE, JORNALISTA, VITIMA, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO SIGILOSA, FONTE, DESRESPEITO, LIBERDADE DE IMPRENSA.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, colegas Senadores, nós de fato estamos assistindo e sendo assistidos, vistos, por meio da TV Senado. E; com certeza, talvez com uma das maiores audiências que a TV Senado já teve desde o começo de sua existência – uma das maiores!

    A população com certeza não sabe se olha para as ruas, não sabe se olha a revolta das pessoas, não sabe se olha para os prédios depredados, mas principalmente olha estarrecida e preocupada diante da situação: o Brasil em chamas, com o Exército nas ruas.

    Era o que todos tinham medo. Não estou discutindo aqui a constitucionalidade disso. Em momentos, outros Presidentes também chamaram, mas os últimos três, quatro Presidentes, chamaram o Exército para casos específicos de revoltas localizadas por determinados assuntos muito, muito particulares.

    Mas agora, neste momento de conflagração, o Governo, ao chamar as tropas para a rua, dá um atestado de incompetência política. Tão decantado como o Governo da política, o Governo do consenso, o Governo do diálogo. Agora, as nossas instituições não podem estar falidas.

    Agora há pouco, a Senadora disse que o Senado está acéfalo, que o Governo está acéfalo. E eu discordo: o Senado Federal não está acéfalo! Nós temos um Presidente, que é Eunício Oliveira, Presidente do Congresso Nacional. Nós temos Presidente da República, sim, sentado no Palácio do Planalto, que já deveria estar preparando a sua retirada de forma digna, de forma consensual, porque perdeu a governabilidade; assim como a Presidente Dilma perdeu a governabilidade pela habilidade política.

    Senhores, quero aqui dizer que o diálogo é a coisa mais importante neste momento. Por um simples motivo: esta Casa é a casa do debate; esta Casa é a casa do diálogo; mas nada pode ser mais importante para esta Casa e para nós, Parlamentares, do que os 14, 15 milhões de desempregados, que levantam pela manhã e não têm para onde ir; aqueles que estão empregados, mas com medo de perderem seus empregos; aqueles com medo da reforma trabalhista; aqueles com medo da reforma previdenciária.

    Todos os Presidentes da República já fizeram as suas reformas. Não é um assunto proibido; é um assunto que deve ser revisado sempre; devem ser sempre debatidas, as mudanças. O único livro de leis que não pode ser alterado é a Bíblia Sagrada – o único livro –, porque os demais devem ser mudados. Mas, como ensina a política deste Governo, que já assumiu dizendo-se um especialista, um expert em política: era um momento inadequado, porque é um Governo que se legalizou, mas não se legitimou, Senadora Rose. Não poderia, sem se legitimar, enfrentar reformas que mexem no coração das pessoas, no futuro de suas vidas. Por que não mexeu primeiro e acudiu o SUS, que está quebrado e falido – a sua estrutura de saúde no Brasil inteiro, nos rincões mais distantes?

    Eu, agora, estou fazendo um papel importante no meu Estado: pessoalmente despachando questões de saúde. Sou uma Senadora, sim, mas faço questão absoluta de, para todos aqueles que me procuram, tentar dar andamento e buscar solução, porque não tem nada pior no mundo do que a falta da saúde, a falta de assistência a pessoas que não têm por onde gritar socorro. É o celular e o WhatsApp 24 horas, de pessoas anônimas do meu Estado pedindo ajuda e socorro; e eu envergonhada, porque nem todos nós conseguimos ajudar. Por que é que, para se legitimar, o Presidente Michel Temer não se dirigiu ao que é mais crítico e mais caro às pessoas neste momento: que é a saúde, os hospitais do País, os sistemas ambulatoriais, as especialidades, os exames que não existem?

    Sr. Presidente, nós temos que entender que as soluções devem sair desta Casa, que essas soluções precisam sair dessas cabeças experientes de ex-governadores, de ex-ministros, de ex-deputados, que começaram a vida lá como Deputados Estaduais. Não podemos deixar de seguir principalmente a Constituição. Ela que deve dar o andamento de todos os nossos passos.

    Nós temos que encontrar uma saída. A população está revoltada, a população está insatisfeita, a população não nos respeita, não nos admira. E nós estamos aqui, embaraçados, procurando defender ninguém sabe Deus o quê.

    Eu tenho certeza absoluta de que nós deveríamos propor imediatamente um diálogo do Legislativo, do Executivo e do Judiciário para encontrarmos uma saída urgente. Não é hora mais de pensar na honra do Sr. Michel Temer ou de quem quer que seja. O futuro dele, ele desenhou, ele construiu, ele escreveu. E nós temos que escrever, construir e desenhar o futuro do Brasil e de 14 milhões de pessoas desempregadas por todo o País.

    Se quem é responsável... Se Dilma é responsável, nós não vamos voltar aqui e chorar o leite derramado, porque há ressalvas e há controvérsias a essa culpabilidade de Dilma. Mas como não encontraram com ela a mala de dinheiro com chip, como não encontraram com ela agentes na madrugada, atrás de recursos e propinas, fazem dela a mulher mais incompetente do País. Mas a história dirá que ela pode ter cometido erros, mas não roubou, não furtou, não fez conluio, não recebeu propina. Pode ter errado, mas é uma mulher limpa.

    É para isto que nós trocamos a Presidente Dilma? É para isto que nós estamos assistindo no País: para uma resistência. E eu vejo aqui alguns colegas dizendo que o Presidente tem o apoio de 18 Senadores. Grande coisa apoio de 18 Senadores – todos eu respeito muito. Apoio a quê, gente? Apoio a quem? Apoio às denúncias? Apoio a quê? Esqueceram de dizer que apoio é esse. Apoio? Apoio para quem já está manco, aleijado? Nós estamos assistindo todos os dias à perda da governabilidade. Que tivesse a altivez, a dignidade de convocar novas eleições, para que o País possa prosseguir.

    Sr. Presidente, nós não podemos, nem de sonho, deixar a população imaginar que a chamada das tropas é para proteger um Governo com menos de 9% de popularidade. As tropas não servem para isso. E não são as tropas que vão segurar este Governo. É a impopularidade, são as denúncias e tudo o que está por aí.

    Independentemente de ser culpado ou inocente, eu sinceramente rezo para que todos os Presidentes da República que já sentaram na cadeira do Palácio do Planalto possam se livrar de todas as acusações, porque é uma vergonha para nós termos um Presidente da República acusado de malandragem, de roubo, de furto, quem quer que seja ele, de qualquer partido. Isso envergonha a sociedade brasileira.

    Sr. Presidente, a desfaçatez que nós estamos vivendo diante de uma hipocrisia enorme... Quantas vezes – há um ano, há 12 meses apenas, há 365 dias – nós assistimos aqui a uma pessoa sendo execrada, acusada de tudo e por todos aqui dentro. E agora nós estamos aqui – quem diria –, um ano apenas depois, assistindo a este teatro de terror, este filme de terror a que nós estamos assistindo aqui. Nada do que nós fizemos, as mudanças, o que a sociedade sofreu e está sofrendo, nós não vimos um fim em nada disso.

    Pelo amor de Deus, será que essas pessoas não sabiam que deviam, essas pessoas não sabiam o que fizeram no passado?! Estão nos chamando de palhaços! Estão nos chamando de imbecis, porque cada um aqui sabe o que fez na vida.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Cada um sabe o que fez. E ainda tem a capacidade, a ousadia de enganar a todos com uma proposta de mudança, de renovação, de futuro, de inocência e de vida ilibada!

    Quero aqui também fazer o meu grande protesto ao que foi feito com a empresa JBS. Se há alguém que conhece esse povo nesta vida é Kátia Abreu, que foi Presidente da CNA e que foi Ministra da Agricultura. São dois gangsters que agora estão desmascarados em toda a imprensa nacional. Mas não vai ficar assim. Não vai ficar barato, porque essa delação tem que ser homologada no plenário do Supremo Tribunal Federal, e nós acreditamos que Justiça será feita. Esse povo deve R$1,834 bilhão para a Previdência Social. É o segundo maior devedor do País. E vem pedir sacrifício das pessoas numa hora tão difícil como esta?! Vem tirar direito, sim! E eu quero debater com o Sr. Romero Jucá, onde ele quiser e quando ele quiser, se o trabalhador está perdendo direitos ou não, diante das câmeras, diante das televisões.

    Não estou dizendo que não tem que haver mudanças, mas com hipocrisia dizer que o trabalhador não está perdendo direitos?! Não é verdade. Está, sim. Vamos para o enfrentamento e para o debate civilizado: fica de lá que eu fico de cá. E eu vou mostrar item por item onde os direitos estão sendo retirados. Nós temos que lutar não é contra direito trabalhista. Nós temos que lutar é contra a carestia das demissões trabalhistas. Os custos para as demissões é que estão quebrando os empresários. Nós temos que discutir isso na reforma tributária, porque os meus amigos que são patrões – eu também o sou – estamos quase que inexistindo por conta da dificuldade do pagamento dessas demissões, inviabiliza e causa um monte de ações trabalhistas fabricadas por alguns advogados do mal que estimulam, que instigam o trabalhador contra o patrão. Isso precisa ser feito.

    Quero aqui, Sr. Presidente, dizer aos amigos que esse Joesley Batista foi para a televisão, no Jornal Nacional, dizer que ele é um homem preocupado com a saúde pública e que ele queria exigir do Governo que todos os frigoríficos tivessem o CIF, que é o Certificado de Inspeção Federal.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Quem vê esse cínico falando pensa que é verdade. Com aquela cara de boi sonso, na verdade, ele queria a federalização de todos os matadouros do Brasil para ele ser único, sozinho, e aumentar sua concentração. Hipócrita, canalha, quadrilha organizada! Tem que pagar, sim, ao povo brasileiro de volta.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Se ele deu 1,4 e a Odebrecht deu 1,6, qual é a diferença, meu Deus do Céu, entre uma empresa e outra? O Brasil não vai aceitar. O Brasil não vai se conformar. Alguma coisa precisa ser feita.

    As pessoas estão pedindo socorro, desempregadas. E esse malandro está em Nova York, lá em frente ao Central Park. Ele deve ter uma punição severíssima. Só vão deixar ele, Paim, fazer uma voltinha no Central Park três vezes por semana. Ele vai ter que voltar aqui, ele vai ter que ir para o Cepaigo, em Goiás, que é lá que é o lugar dele, que furtou, roubou, usurpou. Ele é um mercado selvagem, um homem que não tem princípios, que não tem valores.

    E aí, pega aquele bandido comparsa dele, delator, um tal de Saud, que trabalhou lá no Ministério da Agricultura. Agora, vocês imaginam. O ministro indicado pelo PMDB, pelo Presidente...

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... trabalhando no Ministério da Agricultura, esse malandro diz que deu não sei quantos milhões para o PMDB e que, infelizmente, desses 35, R$1 milhão era para a Kátia Abreu. Mas, coitada, não entregaram para ela esse R$1 milhão.

    É mentira, malandro! Não lhe conheço, não conheço seu chefe. Não dou ousadia ao seu chefe de financiar minha campanha. Tive financiamento de todos os frigoríficos, mas de V. Exª, esse gosto você não teve. De eu lhe pedir um real, um centavo, porque não acho digno usar dinheiro, na minha campanha, de um homem predador e nocivo ao País. Nem um real V. Exª me deu. E nem eu aceitaria, nem se fosse 10; não era R$1 milhão, não.

    Mas disse isso de maldade, não foi para me beneficiar. Como ele não pode provar, porque não me deu um real, ele preferiu deixar a dúvida no ar. Tinha R$1 milhão para ela, mas não deram. Isso chama-se canalhice, cinismo, bandidagem. E eu não acredito em nada disso que esse homem disse. Ele vai voltar aqui. Eu tenho certeza que ele vai voltar...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Para encerrar, Sr. Presidente.

    Quero encerrar fazendo aqui o meu protesto a um grande homem deste País, que se chama Reinaldo Azevedo, um dos maiores jornalistas, mais brilhantes do País, o maior intelectual, talvez um dos melhores deste País. Fez no impeachment várias, inúmeras matérias contra tudo que eu estava defendendo, mas nem por isso eu o abominei ou o critiquei ou o ataquei, porque ele tem o direito de ter as suas opiniões, mesmo a favor do impeachment na época.

    E agora foi, através das suas verdades, da sua forma de trabalhar, da sua legitimidade, da sua legalidade, divulgado um áudio de uma ligação dele com a irmã do Aécio Neves. O que tem aquele áudio a ver com a Lava Jato, gente? O que tem aquele áudio que incrimina Reinaldo Azevedo?

    Isso, jornalistas do País, veículos de comunicação, atentem...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... amanhã, pode ser com a Globo. Amanhã, pode ser com qualquer jornalista do SBT, da Record, do jornal Folha de S.Paulo, do Estadão, do O Globo, do Correio Braziliense, para não deixar de falar os maiores e os mais importantes. Vamos nos unir e vamos reagir contra o que fizeram com Reinaldo Azevedo, porque não foi Reinaldo Azevedo; foi contra o direito de imprensa; foi contra o sigilo da fonte, que é muito mais grave. Ele não está sendo investigado.

    E muitos da minha família me pediram, pelo amor de Deus, que eu não viesse aqui falar isso sobre o Reinaldo Azevedo, porque eu poderia irritar o Ministério Público Federal. Eu prefiro morrer a ser covarde. Eu prefiro que Deus me tire a vida a eu ser covarde. Eu prefiro enfrentar processos, Justiça, Polícia Federal, mas o meu silêncio, jamais! Porque eu não vou olhar no espelho e me envergonhar de não ter defendido aquilo em que eu acredito.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2017 - Página 97