Pronunciamento de Fátima Bezerra em 24/05/2017
Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Indignação com atos violentos envolvendo integrantes das Centrais Sindicais e a Polícia Militar em manifestação ocorrida na Esplanada dos Ministérios.
Defesa da saída de Michel Temer da Presidência da República.
- Autor
- Fátima Bezerra (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
- Nome completo: Maria de Fátima Bezerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
- Indignação com atos violentos envolvendo integrantes das Centrais Sindicais e a Polícia Militar em manifestação ocorrida na Esplanada dos Ministérios.
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GOVERNO FEDERAL:
- Defesa da saída de Michel Temer da Presidência da República.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/05/2017 - Página 108
- Assuntos
- Outros > DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
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- REPUDIO, VIOLENCIA, MANIFESTAÇÃO, LOCAL, ESPLANADA (BA), MINISTERIO, BRASILIA (DF), REJEIÇÃO, AUTORIZAÇÃO, EMPREGO, FORÇAS ARMADAS, MANUTENÇÃO, ORDEM PUBLICA, AGRADECIMENTO, GRUPO, CENTRAL SINDICAL, CRITICA, POLICIA MILITAR, DISTRITO FEDERAL (DF), GAS LACRIMOGENIO, BOMBA.
- DEFESA, SAIDA, MICHEL TEMER, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, RENUNCIA, IMPEACHMENT, CONVOCAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA.
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.
Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores, ouvintes da Rádio Senado, Senadora Lídice, eu volto a ocupar a tribuna para falar no dia de hoje, um dia que coloca o Brasil numa situação cada vez mais grave, do ponto de vista de zelar, de lutar pela sua democracia. Eu começo aqui lembrando do filósofo e historiador Karl Marx, que dizia que a história não se repete, que, quando isso acontece, é através da farsa ou da tragédia.
Digo isso porque, depois de toda a luta que a minha geração e gerações anteriores à nossa enfrentaram na luta contra a ditadura militar, no processo de redemocratização do Brasil, sinceramente, não passava pela minha cabeça viver os tempos que nós estamos vivendo hoje. Ver uma manifestação pacífica, ordeira, legítima, como foi a manifestação convocada pelas centrais sindicais, pela Frente Brasil Popular, pela Frente Povo sem Medo, por diversas instituições que têm compromisso com a democracia no nosso País...
Sinceramente, Senadora Lídice, não passava pela minha cabeça ver uma manifestação com esse conteúdo, dessa importância histórica, pacífica e ordeira, ser tratada hoje aqui, em Brasília, não apenas como um caso de polícia, mas como um caso de segurança nacional. Refiro-me ao decreto – aqui já extremamente criticado – do Senhor Presidente da República, que simplesmente convocou as Forças Militares, o Exército, para ir às ruas e colocar ordem nas ruas.
Meu Deus, que gesto insensato esse! Por que não dizer: que gesto irresponsável esse de convocar o Exército para, diante de uma manifestação pacífica e ordeira, pôr ordem nas ruas, como se a maior desordem que o povo brasileiro vive neste exato momento não seja fruto exatamente de um Governo que não tem legitimidade, um Governo que entrou pela porta dos fundos da história, um Governo rejeitado pela maioria esmagadora da população brasileira, um Governo acusado hoje de atos de corrupção, de cometer crime de responsabilidade administrativa. Tanto é que já temos, a essas alturas, mais de 14 pedidos de impeachment; tanto é que já temos, neste exato momento, inclusive, ação do próprio Poder Judiciário, do Supremo Tribunal Federal, através do Ministro Fachin, pedindo abertura de inquérito contra o Senhor Presidente, em que ele é acusado, repito, de atos de suborno, atos de corrupção, de cometer crime de responsabilidade administrativa.
Sr. Presidente, eu quero dizer aqui aos que me ouvem e me veem neste exato momento: eu lá estive, junto com a Senadora Lídice, com o Senador Randolfe, com os Senadores e as Senadoras da Bancada do PT, do PCdoB e de vários outros partidos. Estivemos na manifestação de hoje aqui em Brasília; manifestação essa legítima, manifestação essa que trouxe para cá o clamor popular, o grito que está na garganta do povo brasileiro, pedindo a renúncia do Presidente ilegítimo, contra as reformas, e exigindo a saída pela democracia, através da realização de eleições diretas já.
Lá estivemos e lá participamos do início da manifestação belíssima, grandiosa. É incalculável a quantidade de pessoas que lá estavam. Foram caravanas e mais caravanas, que vieram de todos os Estados do Brasil, inclusive do meu querido Rio Grande do Norte. E, de repente, Sr. Presidente, nós somos surpreendidos com arsenal de gás de pimenta e de bombas, jogados de forma indistinta, atingindo a todos e a todas, pondo em risco a saúde e a integridade física de todos nós.
E vimos lá os nossos Líderes, Senadora Lídice, pedindo paz; vimos lá as nossas Lideranças. V. Exª estava lá, fez uso da palavra; estavam a Senadora Vanessa, o Senador Humberto, todas as nossas Lideranças. E vimos, naquele momento tão crítico, tão dolorido, as lideranças, repito, das centrais sindicais, da Frente Brasil Popular, da Frente Povo sem Medo pedindo paz, pedindo respeito, que os manifestantes não entrassem em provocação, porque nós estávamos ali para exercer o nosso direito legítimo de manifestação, diante da grave crise que o País vive, exigindo e pedindo a renúncia do Presidente e a imediata realização das eleições diretas para Presidente.
Aí de repente o que que acontece? Uma meia dúzia... Porque é uma meia dúzia: 50 ou 100 mascarados lá, no meio de uma multidão que estava ali movida pelo sentimento de esperança, de dar outro rumo a este País, dizendo não a essas reformas e pedindo a realização das eleições diretas. Pois bem, no meio daquela multidão, que traz no seu coração a defesa da democracia, porque sabe que só pelo caminho da democracia é que nós vamos superar esta crise que o País vive, de repente aparece, repito, meia dúzia de mascarados, 50 ou 100.
E o curioso, Senadora Lídice, é que aquele arsenal de força policial de repente não conseguiu conter aquele incidente lá com os mascarados. Aí fica a seguinte pergunta: por que a polícia, que tinha tanto gás de pimenta na mão... Hein?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Pois é.
Por que a polícia, que tinha tanto gás de pimenta na mão, por que a TV... Por que a polícia, que tinha tanta bomba na mão, tanto cassetete, repito, não conseguiu conter aquele incidente e aqueles atos, sim, condenáveis? Porque nós aqui não aplaudimos nem concordamos com violência de maneira nenhuma, com depredação do patrimônio público.
Por isso que fica a pergunta: a quem interessa, Senadora Lídice, de repente os mascarados, os infiltrados ali estarem, provocarem aquele incidente, e a polícia simplesmente não tomar nenhuma medida contra aquilo? Pelo contrário, o que a polícia fez foi usar do seu arsenal para atingir, para sufocar, para reprimir aquela multidão que veio a Brasília se manifestar, repito, de forma pacífica, de forma ordeira, de forma legítima.
Então, eu queria trazer aqui o meu testemunho, porque nós não vamos nos calar nem nós vamos aceitar, de maneira nenhuma, que de repente atribuam aos trabalhadores e às trabalhadoras do nosso Brasil, que merecem aqui as nossas homenagens por terem se deslocado dos seus Estados, caminhado quilômetros e quilômetros, para vir aqui a Brasília dizer que o Brasil tem saída e que a saída do Brasil é a renúncia do Temer, é a realização das eleições diretas, é a retirada exatamente dessas reformas.
Então, eu quero aqui neste momento homenagear a caravana não só do Rio Grande do Norte, mas de todo o Brasil; as centrais sindicais; a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo. Quero aqui aplaudir todas as instituições representativas da sociedade brasileira que estão neste momento todas irmanadas num só sentimento, que é o sentimento de pôr fim a este Governo, de que este Governo saia do Planalto ou através da renúncia ou através da cassação, e que o Congresso Nacional escute o sentimento popular, escute a voz das ruas. E que a gente possa em tempo hábil, Senadora Lídice, aprovar a proposta de emenda à Constituição do Senador Reguffe, relatada pelo Senador Lindbergh, relatório esse inclusive lido hoje na CCJ,...
(Soa a campainha.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... para que aí a gente tenha, sim, a saída que o povo brasileiro merece, que é a saída pelas diretas, devolvendo ao povo brasileiro aquilo que está escrito na Constituição, que é a soberania popular. Porque a nossa Constituição fala claramente que "o poder emana do povo", e só o poder emanando do povo neste momento, através do voto livre e soberano, por meio de uma eleição direta, é que vai, sem dúvida nenhuma, superar essa crise e colocar o Brasil em um outro patamar.
Termino, Sr. Presidente, aqui o meu registro dizendo claramente que, por mais que eles tenham usado a repressão contra os movimentos sociais, por mais que eles tenham usado de todo o aparato hoje – inclusive aqui faço um apelo ao Senador Rollemberg...
(Soa a campainha.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... para que ele cuide, Senadora Lídice, do aparato policial daqui –, o grande responsável disso é o Governo ilegítimo que aí está, é o Sr. Michel Temer. Ele é o grande culpado pelo que está acontecendo hoje exatamente no nosso País.
Mas termino dizendo que, apesar de toda essa repressão, Senador Randolfe, a manifestação foi vitoriosa, porque o ato de hoje coloca a luta pelas diretas em um novo patamar, onde essa luta vai crescer, e essa luta vai chegar aqui dentro, e este Senado, esta Casa, e a Câmara não vão ter outra saída senão aprovar a PEC do Senador Reguffe, que garantirá que, com a renúncia de Temer – porque ele vai renunciar, ele vai cair porque o povo vai derrubá-lo –, nós vamos ter, se Deus quiser, um Presidente legítimo no Palácio do Planalto, pela via do voto livre e soberano.