Pela ordem durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio às tentativas de agressão entre senadores ocorridas na Comissão de Assuntos Econômicos, durante audiência pública, presididada pelo Senador, destinada a debater a reforma trabalhista.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
SENADO:
  • Repúdio às tentativas de agressão entre senadores ocorridas na Comissão de Assuntos Econômicos, durante audiência pública, presididada pelo Senador, destinada a debater a reforma trabalhista.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2017 - Página 25
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • REPUDIO, TENTATIVA, AGRESSÃO, AUDIENCIA PUBLICA, ORADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, DISCORDANCIA, DEBATE, REFORMA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.

    O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Social Democrata/PSDB - CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Senador Eunício Oliveira, Senador Romero Jucá, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu queria... Eu não poderia deixar de vir aqui a esta tribuna, depois de passar por uma cena que eu nunca imaginei, não é que eu fosse passar, Sr. Presidente; é que eu fosse ver aqui neste Senado Federal. Nunca imaginei. Nem nos piores momentos que se passam aqui eu imaginei que seria possível acontecer.

    Nós estamos desde 8h30 da manhã numa audiência pública em que nós ouvimos pacientemente todos os quatro convidados, todos os interpelantes, com uma série de questões de ordem levantadas, e nós atendemos a todas elas, praticamente.

    Em determinado momento, para atender a posição da oposição, de alguns Senadores que se rebelavam contra o fato de nós... Não era para votar nenhuma proposta, Sr. Presidente; era a leitura do primeiro relatório, da primeira Comissão, sobre a reforma trabalhista – o primeiro relatório, que já tem 168 emendas colocadas. Esses Senadores que se rebelavam contra a leitura fizeram um requerimento, que aceitei, inclusive com alguns Senadores que tinham uma outra opinião sobre o requerimento, sobre a regimentalidade do requerimento, não o aceitando, mas o colocamos em votação, em acordo e de acordo com todos os Senadores lá presentes, da situação e da oposição, do PMDB, do DEM, do PSDB, do PT, do PCdoB. Todos concordaram com a votação desse requerimento para que houvesse uma decisão.

    Quero aqui relembrar que a leitura desse relatório não foi uma coisa decidida agora; foi decidida na semana passada, na reunião de terça-feira da semana passada, na qual os Parlamentares da oposição, os Senadores da oposição que estavam lá presentes pediram, exigiram que, antes da leitura do relatório, fosse feita uma nova audiência pública. Com a concordância da Liderança do Governo – pois essa não era a disposição naquele momento –, concordamos em fazer, antes da leitura, uma audiência pública. Essa audiência pública foi realizada.

    Após efetivada a votação – a votação, não, a votação seria do requerimento –, em que os Parlamentares da oposição perderam por 13 votos a 11, ou seja, por 2 votos, alguns Parlamentares se levantaram e disseram: "Não vai votar." Entre aspas, estou citando alguns Parlamentares: "Eu não aceito e não vou deixar que seja lido. Nós não vamos permitir, de modo nenhum, de qualquer maneira, que seja lido." As nossas argumentações... Quero o testemunho de todos os que estão aqui de que, em nenhum momento, nem por um minuto, perdi a minha tranquilidade. Fiquei ouvindo, apelando, falando da necessidade de respeitarmos aquilo que é mais sagrado dentro de um Parlamento: que, após a discussão, haja uma votação e, evidentemente, vencidos e vencedores. Os vencidos não aceitaram o resultado da votação e queriam impedir, de uma maneira violenta, que eu continuasse a ler o andamento da Comissão.

    Em determinado momento, vários Senadores vieram para cima da mesa, aos gritos, incitando alguns militantes que tinham ido – alguns, não; vários militantes que estavam dentro do plenário daquela Comissão – a gritarem palavras de ordem nos ofendendo, a gritarem palavras de ordem nos injuriando, de uma maneira bastante agressiva, chegando ao ponto de, quando vieram para cima de mim, dois Senadores – eu estava com o microfone tentando falar – tomarem na violência física o microfone de minha mão. Sacaram-no, colocando o dedo em riste em cima de mim, se debruçaram sobre a mesa e, depois, ocuparam a mesa, chamando os militantes para fazerem parte dessa ocupação.

    Eu estou profundamente chocado, e não é pessoalmente, não; é por esta Casa. Eu mesmo, durante as leituras e o andamento da Comissão, fiz um apelo e disse que estava disposto ali, não como Presidente da Comissão, mas como Presidente do PSDB, a fazer uma interlocução, porque não era possível mais ao País nós continuarmos neste momento de ódio, de raiva, de rancor, em que brasileiros se odeiam, se agridem e têm intolerância absoluta com qualquer opinião que seja contrária à deles, porque isso não levaria o País a nada. Nós estávamos levando o País a uma luta fratricida. E me dispus a isso, falei isso com toda clareza.

    E, no entanto, o que eu vi acontecer foi o oposto: uma demonstração de ódio, de rancor, intolerância total, raiva. Eu fiquei impressionado, Sr. Presidente, com a raiva e o ódio que eu via nos olhos de alguns Senadores. Eu não entendo o porquê. Em nenhum momento fizemos nenhum tipo de agressão, de insinuação, e senti todo esse ódio, todo esse rancor. E cheguei, sinceramente, temer pela minha segurança física. Tanto que tive que me retirar da mesa da Comissão da CAE e ir para fora, para a sala da secretaria, porque havia evidente ameaça da segurança física, não só minha como de outros Senadores.

    Eu não poderia deixar de comunicar isso. É chocante, não para mim... Eu tenho 30 anos de política, e nunca vi isso na minha vida. Nem em palanques, naquela disputa quente das eleições, encontrando com adversários que todos conhecem, eu não vi esse tipo de violência. De se cruzar, de estar em um debate, de participar de uma palestra... Não existia isso, foi a primeira vez que eu vi isso em minha vida.

    Portanto, não lamento por mim; lamento por esta Casa. E chamo V. Exª à responsabilidade, porque isso não pode acontecer, porque acaba-se não só o que eles querem acabar, que é o Governo – o que é outra questão –, mas acaba-se o Senado; acaba-se o Parlamento; acaba-se o contraditório; acabam-se as discussões; acabam-se, inclusive, as votações, e os vencidos não aceitam o resultado. E se, em não aceitando o resultado, partem para a desforra física, este Senado deixou de ser o Parlamento de Ruy Barbosa, deixa de ser o Parlamento representativo de todos os brasileiros.

    Por isso, queria chamar todos à reflexão sobre esse momento difícil e dizer sinceramente que espero que o bom senso, o equilíbrio baixe sobre esses Senadores que fizeram isso hoje, para que realmente possam representar uma posição digna, como fizemos. Passei praticamente 11 anos aqui na oposição. Várias vezes fui atropelado no meu pensamento, várias vezes fui atropelado na minha maneira de ver as coisas. Nunca vi, nem eu sequer tive a audácia de pensar em não aceitar o resultado, quanto mais fisicamente, indo à desforra física.

    Portanto, peço a todos os senhores aqui, principalmente aos Srs. Senadores que fizeram isso, o mínimo de equilíbrio, vamos pensar no País. Não podemos difundir e espalhar esse ódio que vimos aqui hoje, nesta Casa, esse rancor imenso que vimos aqui nesta Casa pelo País afora, porque estaremos dando o pior exemplo que poderíamos dar a este País.

(Soa a campainha.)

    O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Social Democrata/PSDB - CE) – Muito obrigado, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2017 - Página 25