Pronunciamento de Lindbergh Farias em 23/05/2017
Pela ordem durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa da necessidade de uma reunião entre as lideranças da Casa para discutir soluções para a crise política e institucional por que passa o país, tendo em vista o incidente ocorrido durante a realização de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos.
- Autor
- Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
- Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela ordem
- Resumo por assunto
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SENADO:
- Defesa da necessidade de uma reunião entre as lideranças da Casa para discutir soluções para a crise política e institucional por que passa o país, tendo em vista o incidente ocorrido durante a realização de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/05/2017 - Página 33
- Assunto
- Outros > SENADO
- Indexação
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- ANALISE, TENTATIVA, AGRESSÃO, SENADOR, AUDIENCIA PUBLICA, ORADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, MOTIVO, DISCORDANCIA, DEBATE, REFORMA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, SOLICITAÇÃO, REUNIÃO, GRUPO, LIDERANÇA, SENADO, OBJETIVO, PROPOSTA, SOLUÇÃO, CRISE, SITUAÇÃO POLITICA.
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, primeiro eu também acho interessante alguns fazerem discurso de vítima aqui. Sr. Presidente, nós estamos enfrentando muitas coisas. Nós enfrentamos todo o debate do impeachment aqui. Os senhores sabem, sabem porque participaram do debate, que não houve crime de responsabilidade. E nós enfrentamos. Naquele momento, não houve nada tão grave como hoje, de fato. Sabe por quê, Presidente? Porque as nossas questões de ordem eram respondidas. No caso da Senadora Vanessa Grazziotin, fez uma questão de ordem que foi ignorada. Na verdade, a Comissão já começou errada, começou trabalhando sem quórum, depois da meia hora inicial, às nove e tanto da manhã. Não poderia ter começado.
Agora, eu fico impressionado, porque parece que a fraqueza subiu à cabeça. No momento em que esse Presidente está aí, a gente sabe que este Governo não se sustenta, que vai cair, que nós deveríamos estar aqui discutindo a mala semanal do Rodrigo Rocha Loures de 500 mil, que, segundo Joesley Batista, era do Temer. Rodrigo Rocha Loures era o intermediário. No momento em que o Senador que era o Presidente do PSDB e que nos chamava de organização criminosa foi afastado, esses senhores com mandato, como Romero Jucá, dizem o seguinte: "Nós vamos atropelar! Nós vamos passar por cima deles, rasgando o Regimento!" Foi isso que houve. Sabe por que, Sr. Presidente, eles fizeram isso? Porque eles queriam nas manchetes dos jornais de amanhã: "Temer frágil, mas aprovou as reformas. Está lendo a Reforma Trabalhista". Era o recado que eles queriam passar para o mercado. Se houvesse bom senso por parte deles, eles teriam cancelado aquela reunião da CAE. Por que o interesse em atropelar? É porque precisavam disso. Estavam, Senador Capiberibe, usando o Senado Federal numa manobra para proteger o Temer. Eles precisavam daquela manchete para passar um ar de normalidade.
Só que, Sr. Presidente, os senhores não estão entendendo. Aquele projeto de reforma trabalhista acaba com o décimo terceiro, com férias, com FGTS, acaba! Cria a figura do autônomo exclusivo. Eu chamo qualquer um para o debate. Transforma o trabalhador em PJ. Nós não vamos aceitar que os senhores passem por cima dos trabalhadores dessa forma. Não contem com a gente. Querem o quê? Que fiquemos, como disse a Senadora Gleisi, mansos, para Romero Jucá comandar o trator por cima dos trabalhadores para acenar para o mercado? Não! O retrato disso que houve é o retrato do Brasil em que os senhores irresponsavelmente jogaram o País desde que afastaram a Presidenta Dilma Rousseff. Não pensem, Sr. Presidente, num momento como esse! Foi duro hoje. Nós dissemos: "Isso parece provocação com a gente". Estão dizendo desde ontem, porque o Senador Ricardo Ferraço, na semana passada, na quinta-feira, tinha dito: "Eu vou suspender a tramitação da reforma trabalhista, porque há uma grave crise institucional". Mas ontem ele disse que não, que ia votar, que ia ler. Era preciso ter chamados os Líderes, ter discutido.
Presidente Eunício, nós não estamos em situação de normalidade. Enquanto o Temer estiver na Presidência da República, impedir essa questão das reformas, para mim, para nós, é muito importante. Não vai existir paz nas ruas. Não vai existir paz no Parlamento com o Temer na Presidência dando ordens aqui, construindo um acordo da reforma trabalhista que diz o seguinte: "Vamos votar o projeto na íntegra". E o Temer manda uma medida provisória, senhores. Os senhores acham isso razoável? Com a gente, isso foi uma provocação. Com o Senador Paulo Paim, que tem uma luta histórica, o que houve hoje é provocação!
Aí, os senhores querem o quê? Que nós tenhamos sangue de barata? Que eles rasguem o Regimento, não respondam à questão de ordem de Vanessa, passem por cima dos trabalhadores, e nós, lá? É isso o que os senhores achavam que ia acontecer?
Então, Senador Eunício, não sou Líder, mas acho que V. Exª tinha de chamar uma reunião de Líderes, para discutir o nosso funcionamento daqui para a frente. Lá na Câmara, está havendo obstrução generalizada.
O grande debate que existe hoje no País é o que fazer; é o afastamento de Temer. Eu defendo eleições diretas. Eu vejo gente defendendo eleições indiretas. Esse é o debate do País. Eu, sinceramente, estou muito preocupado com o que a gente está vivendo.
Eu só espero e confio na Presidência do Senador Eunício Oliveira para tentar, a partir de hoje, fazer uma reunião dura com cada setor. Eu, inclusive, sugiro, Senador Eunício, conversas separadas também com cada partido, V. Exª como Presidente desta Casa.
Agora, eu chamo a atenção para a gravidade da crise. Senador Eunício: um Governo fraco desse jeito não pode querer fazer o que eles fizeram hoje. Chega! Para isso temos de ter um consenso. Eles não têm condições de passar a reforma previdenciária e a trabalhista. Vamos parar com isso! Esse Governo não tem condições.
Então, faço um apelo, para que V. Exª, no alto da sua autoridade, que todos nós respeitamos, conduza uma conversa de entendimento com as diversas forças políticas e partidos aqui no Senado Federal.