Pronunciamento de Paulo Paim em 29/05/2017
Discurso durante a 74ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comentários sobre a agenda cumprida no final de semana no município de Taquari-RS, concluindo pela necessidade de visita dos parlamentares aos trabalhadores rurais da região antes da votação das reformas trabalhista e da previdência.
Elogios ao Senador Lindbergh Farias pela realização de manifestações populares no Rio de Janeiro favoráveis à realização de eleições diretas para Presidência da República.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ATIVIDADE POLITICA:
- Comentários sobre a agenda cumprida no final de semana no município de Taquari-RS, concluindo pela necessidade de visita dos parlamentares aos trabalhadores rurais da região antes da votação das reformas trabalhista e da previdência.
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MOVIMENTO SOCIAL:
- Elogios ao Senador Lindbergh Farias pela realização de manifestações populares no Rio de Janeiro favoráveis à realização de eleições diretas para Presidência da República.
- Aparteantes
- Lindbergh Farias, Telmário Mota, Vanessa Grazziotin.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/05/2017 - Página 7
- Assuntos
- Outros > ATIVIDADE POLITICA
- Outros > MOVIMENTO SOCIAL
- Indexação
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- REGISTRO, VISITA, MUNICIPIO, TAQUARI (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), RESULTADO, REPUDIO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA, CONVOCAÇÃO, DIALOGO, TRABALHADOR RURAL, MOTIVO, DEFESA, DIREITOS, NECESSIDADE, ANTERIORIDADE, VOTAÇÃO.
- ELOGIO, LINDBERGH FARIAS, SENADOR, MOTIVO, ATUAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, MOVIMENTO SOCIAL, RIO DE JANEIRO (RJ), PROPOSTA, ELEIÇÃO DIRETA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Senadora Ângela Portela, que preside a sessão, eu queria muito agradecer à Senadora Fátima Bezerra, porque eu tenho que, em seguida, abrir a CPI da Previdência, e ela, então, permitiu que eu falasse antes dela, para que ela fale na sequência. E claro que eu colaborarei, nem que eu tenha que me atrasar lá, se for necessário, para que V. Exªs possam falar.
Mas, Senadora Ângela Portela, eu queria fazer um registro. Neste final de semana, eu estive numa série de atividades no Rio Grande do Sul. Uma delas foi em Taquari, onde tivemos, no Teatro São João, uma iniciativa do Prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco. E, apesar de forte chuva, o teatro estava lotado de lideranças, e tivemos um belo debate lá. Unanimidade: todos contra a reforma da Previdência e a reforma trabalhista e exigindo mudanças no Governo Federal, de modo tal que se avance, rapidamente, para as Diretas Já!
Estavam lá também os Deputados Federais Elvino Bohn Gass, Dionilso Marcon e Assis Melo, todos muito firmes contra as reformas e exigindo a saída do Presidente da República.
Agradeço muito ao Prefeito Maneco, de Taquari, e a todos aqueles que estiveram lá.
Mas, Srª Presidenta, eu estive num outro evento, que eu tenho chamado de "um choque de realidade". Esse evento iniciou-se às 5h da manhã do sábado passado. Desloquei-me à localidade de Bela Vista, no interior de uma pequena e simpática cidade chamada Selbach, na região do Alto Jacuí.
E o que fui fazer lá? Chovendo muito, levamos sete horas de Porto Alegre até essa localidade, porque uma agricultora, Juliane Schneider da Silva, de 42 anos, fez um apelo pelas redes sociais para que um Parlamentar fosse lá na propriedade e acompanhasse a sua luta permanente para manter a sua atividade.
Quando ela colocou essa postagem, mostrando como era a atividade na área rural, mais de 7 milhões de pessoas acessaram o seu espaço na rede social.
Marquei e fui. Chovia muito. Por isso, demoramos quase sete horas para me encontrar, num posto de gasolina, com a minha equipe e com a Srª Juliane – essa, que teve 7 milhões de visualizações –, e fui até a sua propriedade.
Juliane, seu marido Ernani, seu filho Igor e a sua sogra, porque o sogro, já com 55 anos, teve que reduzir a sua atividade. Ele não podia enfrentar a lida do trabalho que se inicia na madrugada e vai até a noite.
Ali participei, no amanhecer, chovendo, na madrugada da Aldeia das Vacas. Eles buscam as vacas no campo, em torno de trinta e poucas vacas. Participei ali da retirada do leite, que é a principal atividade. Naquela madrugada, debaixo d'água, participei do processo de feitura da silagem, participei do tratamento dos bezerros, participei da limpeza dos estábulos, onde era preciso limpar, mesmo, a merda, tudo aquilo que estava no chão. E eles, todos os quatro da família – a sogra, o Igor e os pais dele –, fazendo aquilo.
Trata-se de um trabalho, senhoras e senhores, que eu chamo de "um choque de realidade", porque é muito fácil alguém vir aqui e dizer: "Ah, eu vi na televisão, eu vi num filme como é que é a lida no campo, na área rural." Outra coisa é ir lá, acordar 4h30min da manhã e se dedicar a todas aquelas operações que são obrigados a fazer.
E, como eles me diziam, "para nós, aqui, não tem Natal, não tem primeiro do ano, não tem domingo, não tem feriado." Todos os dias, eles têm que fazer toda aquela operação, desde a plantação, a colheita, o cuidado com os animais, porque tudo tem hora marcada e tem que acontecer, nem que chova pedra ou canivete. Jamais vou esquecer esse dia.
O jornal Visão Regional acompanhou online, e me acompanhou uma líder dos agricultores gaúchos, uma das líderes, a Cleonice Back, Coordenadora da Fetraf Sul.
E eu diria mais, Srª Presidenta, para que não fique nenhuma dúvida – porque alguns alegam: "Mas tu foste mesmo lá?". Há algumas fotos aqui, que mostram. Esta é a bota, Senadora Ângela Portela, que usei e que eles pediram que eu deixasse lá, assinada. Era tanto barro... E era preciso subir lombo acima, com as vacas, tanto para levar como para trazer. E chovendo muito. Eu deixei assinado, lá: "Abraços do amigo Paim" e "Abraços do Paim", em cada uma das botas.
Aqui, a tal da silagem. Este cesto, que estou mostrando aqui, ela tem que carregar sozinha, porque o filho está numa outra área, o marido fazendo outra operação, e a sogra, cuidando lá da ordenha das vacas.
Este cesto aqui eu não consegui levantar. Eu não consegui. Eu a ajudei. Ela pegou de um lado, e eu, do outro. E são dezenas de cestos como esse, que ela carrega pela manhã, para tratar os animais. Podem ver que a foto é escura, porque é tudo à noite.
Depois, dá-se o leite para os bezerros. Lá estávamos nós, dando o leite para os bezerros – tratando os animais e dando o leite para os bezerros.
Aqui é uma ordenha, tirando-se o leite das vacas com o maior cuidado. E a higiene, que eu vi lá muito bem. Primeiro, você passa um produto – e vou falar diretamente – nas tetas da vaca, para depois tirar o leite. Então, ali, quantas vacas esperando na fila, e você tem que ir conduzindo todas, com o maior cuidado, para não criar nenhum estresse.
Aqui, para não haver dúvida, no meio do barro, levando-se as vacas de um lado para o outro, que é o que eles fazem todo dia. Eu levei esse choque de realidade. Alguns da minha equipe, que estavam juntos, escorregaram, caíram no barro.
E eu perguntava, a toda hora, Senadora Vanessa: não está na hora do café? E ela dizia "Não, senhor. Temos ainda mais tarefas pela frente." E lá ia eu, acompanhando-as naquela caminhada por dentro da propriedade.
Tiramos depois aipim, batata-doce, fomos colher a verdura para o almoço... Mas foi uma experiência interessante.
Eu lhes confesso... Selbach, no interior do Rio Grande do Sul. Saí à noite, chovendo. Foram sete ou oito horas de viagem. Peguei muita chuva. Chegamos lá de madrugada. Eu havia me comprometido com ela de que a acompanharia em todas as tarefas.
Quando foi em torno de 10h30, 11h, eu, como diz o outro, "entreguei os butiás". Não houve mais jeito. Daí me levaram, me deram um comprimidozinho, porque eu estava meio tonto já. Mas é trabalho mesmo, nunca visto.
Eu, que conheço as fábricas desde pequeno e fui passar esse dia lá, saí de lá impressionado. E é dessa gente... E eles me diziam, depois de se reunir com um grupo de pequenos produtores como eles – e aí é só a família que trabalha. São quatro. O menino, a bem dizer, não trabalha. Só fica ali, fazendo... E é cantor o menino, ainda... Mas o menino é gente fina. O Igor, não é? –, que eles fazem tudo. E têm que fazer tudo. E querem tirar deles o salário mínimo, nessa reforma. Por isso é que ela fez o vídeo, que teve 7 milhões de acesso, e desafiou um Parlamentar – claro, gaúcho, como eles queriam –, e eu fui lá. Fui o único que apareceu lá. Mas não estou criticando ninguém. Eu me dispus, fui, e acabou. O importante é que eu fui.
Ela me mostrou o talão de notas do produtor. Eles pagam mais do que aquele que já está afastado ganha por mês. Isso porque, mesmo depois que se aposentam, eles continuam pagando – porque eles pagam sobre o talão de notas. Então, pagam a vida toda. Pagam até morrer. Eles vão operando, na sua propriedadezinha, e vão pagando tudo sobre o tal talão de notas que me mostraram lá.
O sogro dela, com 55 anos, está inutilizado para trabalhar. Falei com ele, e ele me disse: "Olha, Senador, não posso trabalhar devido a isso e isso. Carreguei muito tampo de leite nas costas, cuidando de vaca, dos animais, de tudo aqui na plantação." Leva, traz, planta, enxada... Aquele trabalho todo que nós conhecemos.
É um crime mexer com os trabalhadores, sejam eles do campo ou das cidades. Mas, mediante tudo isso que eu vi lá e repito aqui nas fotos... Nesta foto eu estou tirando leite; nesta outra aqui eu estou dando leite para o bezerro; nesta outra estou carregando a alimentação para as vacas e para os outros animais, junto com a proprietária, porque é ela mesma que coloca as mãos nisso. Ela, o marido, o filho e a sogra, porque o sogro não tem condições mais de operar. E isto aqui é para se ter uma ideia de como ficaram as botas que eu usei, que eles me emprestaram e que ficaram lá. O barro vinha até a metade da canela.
Mas, Senadora Vanessa, com essa experiência que eu tive lá, que foi um choque de realidade... E olha que eu conheço o Rio Grande do Sul e já estive em áreas de pequenas propriedades, no meio de trabalhadores rurais. Eu tenho mais de 60, e eles querem que o trabalhador se aposente só depois dos 65, mas ninguém tem condição de trabalhar mais. Não tem. É impossível.
Esta senhora aqui tem 42 anos. Então, ela está em atividade, claro. O marido deve ter uns 46. Agora, a sogra dela fica só tirando o leite da vaca mesmo, e o sogro já não produz. E eles pagam a previdência sobre tudo aquilo que produzem.
Aí a pergunta – e na CPI vou ver isso – é se realmente o dinheiro chega à previdência. Eles pagam para as grandes empresas que tratam o leite. Eu quero saber se esse dinheiro está chegando efetivamente lá.
Mas, mediante isso, Senadora, eu passo para a senhora. Eu estou entrando na Comissão de Assuntos Econômicos, na CCJ, na Comissão de Assuntos Sociais e também na de Direitos Humanos, para que nós façamos o que nós chamamos de diligência. Antes de votarmos a reforma trabalhista e a reforma da previdência, em cada Casa, vamos fazer uma diligência.
Vamos pegar um grupo de Senadores – pode ser um grupo de dois ou três de cada comissão – e vamos visitar a situação dos trabalhadores no campo, na área rural, e vamos visitar os trabalhadores na área urbana, em uma fundição, em uma empresa de produtos químicos, por exemplo, porque estão tirando as especiais. Vamos entrar em um frigorífico.
Quando você entra em um frigorífico – e eu sei por experiência, porque já fui a um frigorífico de frango –, pelo cheiro exalado naquela região, você tem que colocar uma máscara de gás. Lá onde estive – e eles têm que fazer isso toda manhã –, repito aqui: eu mexi na merda, mexi em todas as fezes que o animal faz – uma quantidade desse tamanho – e eu peguei a pá e tinha de tirar para manter a higiene do local. Entra um grupo e faz, retira tudo; entra outro grupo e faz. Eu me senti mal ali. Sei que eles estão acostumados até, mas eu me senti mal.
Aqui, neste mundo de fantasia que é Brasília, quero ver Senadores e Deputados lá, colhendo, limpando os estábulos no meio da merda – é o termo que eles usam. "Vamos lá, Senador, vamos tirar essa merda daqui, porque vai entrar outro grupo agora, e tem que estar tudo limpinho."
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – V. Exª me concede um aparte, nobre Senador?
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Com enorme satisfação.
Por isso, eu estou pedindo: quero o apoio dos senhores, para que façamos uma diligência. Antes de votar qualquer reforma, os Senadores têm que saber com quem eles estão mexendo. É esse o apelo que eu faço aqui.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – E eu acho que V. Exª tem toda razão, não apenas no que diz respeito à reforma previdenciária, mas quanto à trabalhista também...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – As duas.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... essa que eles insistem em votar de forma tão acelerada, porque, no fundo, Senador Paim, na hora em que essas diligências ocorrerem, as opiniões vão mudando; conforme o debate foi avançando no Senado, opiniões foram mudando. Obviamente que opiniões mudam, porque o projeto não é ruim, é destrutivo do ponto de vista do direito do trabalhador e da trabalhadora! E, mais do que isso, ele muda a lógica, porque a lógica da legislação trabalhista é a proteção do elo mais fraco. Eles mudam isso e passam a proteger o elo mais forte, que são os empregadores. Isso não é invenção nossa, está escrito lá. Então, eu cumprimento V. Exª, Senador Paulo Paim. E sobre a diligência que V. Exª propõe, V. Exª mesmo já a começou nessa ida a uma pequena propriedade rural no Rio Grande do Sul. Eu quero dizer que, como V. Exª, sou uma cidadã brasileira urbana, apesar de ser neta de agricultores.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Nós temos noção, mas ir lá é outra história.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Exatamente. Sou neta de agricultores, minha família toda veio da Itália e foi trabalhar na roça; mas meu pai, não. Meu pai e minha mãe já viveram na cidade grande, já tiveram a oportunidade de estudar, e eu, portanto, como V. Exª, sou uma trabalhadora urbana. E o trabalhador urbano, como V. Exª disse, sofre muito; mas nada comparado ao trabalho no campo! Tanto que uma das razões de ter nascido a Previdência rural com diferenciação da Previdência urbana foi exatamente isso. Houve um período na história do nosso País em que a migração foi muito forte: eles abandonavam o interior e vinham para a cidade, com o processo da industrialização, porque lá trabalhavam duro, não ganhavam nada e não tinham sequer uma aposentadoria. Foi aí que nasceu a Previdência dos trabalhadores rurais, com que eles querem acabar.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Com essa aqui eles acabam.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Acabam. Dizem: "Antes o projeto inicial previa 25 anos de contribuição. Agora, estamos atendendo a reivindicação deles e passando a 15." O que é isso?!
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Sessenta e três; e sessenta e cinco.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Quinze anos de contribuição para mulher e para o homem. Isso não existe, não há recursos. Agora, eu pedi o aparte a V. Exª, Senador Paim, para que juntos façamos aqui um exercício de imaginar como é: se é dessa forma lá no Rio Grande do Sul, um dos Estados mais desenvolvidos do País, que tem uma infraestrutura significativa, estradas, ônibus, carros, imagina como vive um agricultor ou uma agricultora lá no meu Estado do Amazonas, lá no Estado da Senadora Ângela Portela, o Estado de Roraima. Nós não temos estradas: além de fazer tudo isso que os agricultores gaúchos fazem, como é que eles escoam a produção? É uma dificuldade: vai por barco, e eles perdem a metade do que foi produzido. Dessas pessoas estão querendo exigir 15 anos de contribuição?
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E 65 de idade.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – E 65 anos de idade?
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ou 62 para mulher. É um absurdo!
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Um absurdo! É tirar deles a possibilidade da aposentadoria. Então, Senador Paim, eu quero cumprimentar V. Exª. E tenho certeza de que V. Exª nos representou quando aceitou o desafio dessa companheira. Como é o nome da companheira?
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Juliane.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Juliana. Quando aceitou o desafio da Juliana, V. Exª lá nos representava, não tenho dúvida nenhuma. Isso é muito importante, Senador Paim. E esta semana, para nós, vai ser crucial. Eles que entendam que o jogo se joga dialogando, não se joga com a força bruta. E eles não podem, neste caos que vive o Brasil, tentar passar a reforma trabalhista de qualquer jeito aqui, no Senado Federal. Então, parabéns pela sua atividade e pela sua postura...
(Soa a campainha.)
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... aqui, no Senado Federal, em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras, Senador.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito obrigado, Senadora Vanessa.
Esses requerimentos com os quais estou entrando agora, como a da previdência não chegou aqui, são para a reforma trabalhista. Que a CCJ, a Comissão de Assuntos Econômicos, a Comissão de Assuntos Sociais e a CDH façam uma comissão para visitar a situação dos assalariados no campo, para visitar dentro de uma fundição, dentro de uma empresa de produtos químicos e dentro de frigoríficos, para ver se eles resistem ficar um dia lá dentro – não 49 anos, um dia! Eu quero ver Senador e Deputado aguentarem lá dentro um dia. Aqueles líderes sindicais a quem eu perguntei – Senador Lindbergh, eu vou passar para V. Exª – me disseram que duvidam que eles aguentem um dia lá, Senador ou Senadora, visitando essas empresas antes de decidir sobre a reforma trabalhista.
Senador Lindbergh.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Paulo Paim, eu chego a Brasília hoje ainda sob o clima daquela belíssima manifestação no Rio de Janeiro ontem. Estiveram entre 100 e 150 mil pessoas, gritando, pedindo diretas já. Esse movimento vai crescer no País. Mas, Senador Paulo Paim, V. Exª é o maior nome nosso nessa resistência em relação às reformas previdenciária e trabalhista. Eu tomei um susto hoje com uma matéria de um jornal de grande circulação, dizendo que o Governo está preparando uma medida provisória, porque, vendo que a reforma da previdência tem dificuldade de ser aprovada – está aqui –, está falando em trazer uma medida provisória que toca nos seguintes pontos, Senador Paulo Paim: primeiro, a elevação do tempo de contribuição para trabalhador urbano e rural...
(Soa a campainha.)
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... de 15 para 25 anos. Esse é o primeiro ponto. Querem fazer por medida provisória; ou seja, não têm voto para aprovar via PEC, querem fazer via medida provisória. O segundo ponto é a redução do valor da pensão por morte, que hoje é integral: querem reduzir para 50% mais 10% por dependente. O terceiro ponto é o fim da fórmula 85/95: querem a volta completa do fator previdenciário. E isso por medida provisória. E o quarto ponto é a revisão do cálculo da aposentadoria: hoje é 100% sobre os 80 maiores salários de contribuição...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – De 1994 para cá.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... de 1994 para cá, e o valor pago passaria a ser de 70% da média de todo o histórico de recolhimentos. O mais grave disso tudo aqui, Senador Paulo Paim, é que isso cairia só sobre o INSS, onde a média de salário dos rendimentos é de R$1,8 mil.
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – Praticamente dois salários mínimos.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu estou sem som. (Fora do microfone.)
Aqui fica fora, por exemplo, todo o alto funcionalismo público: Parlamentares, juízes. Há juiz que está ganhando R$70 mil, R$80 mil; desembargador, R$100 mil. Isso é uma vergonha! Não conseguimos estabelecer o teto de R$33 mil. Então, veja bem: é uma reforma toda em cima dos mais pobres, um escândalo! Eu acho que temos que levantar nossa voz. Sobre todo esse ajuste fiscal a maior crítica que faço, Senador Paulo Paim... Eu tenho dito que a grande questão do País deveria ser a retomada do crescimento econômico; eles dizem que é o problema fiscal. Mas é tudo em cima do pobre, do trabalhador, de quem ganha um salário mínimo, como V. Exª está falando nesse caso concreto. Nada, nada para o andar de cima; nada para os multimilionários do País, para os banqueiros. Não há tributação de grandes fortunas; não há tributação de lucros e dividendos. Não há nada para nós aqui, Parlamentares, juízes, procuradores; nada! É tudo em cima do mais pobre. Eu chamo a atenção de V. Exª, porque essa história de...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – É gravíssimo o que V. Exª diz.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... fazer a reforma da previdência via medida provisória é um escândalo. Governo assume que não tem voto e quer colocar uma medida provisória, que tem efeito imediato. Então, a temos que nos levantar contra isso. Eu fiz questão de fazer um aparte a V. Exª porque, como disse no começo, V. Exª é o nosso Líder em todas essas matérias.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu cumprimento V. Exª. E quero cumprimentá-lo, porque vi ontem o grande ato das diretas no Rio de Janeiro. Eu queria cumprimentá-lo. Para aqueles que dizem que havia 15 mil no Rio de Janeiro, havia em torno de 100 mil pessoas. Está aqui. Tudo isto aqui que estou mostrando é Rio de Janeiro; não é lá da pequena propriedade em que estava até há pouco tempo. Olhem aqui se isto aqui não são milhares de pessoas – aqui, Lindbergh, estou reforçando a sua fala sobre o Rio de Janeiro rapidamente. Dizer que não havia em torno de 100 mil pessoas? Mais de 100 mil pessoas! Estão aqui as fotos. Olha esta aqui. Com essas fotos eu fiquei impressionado. Isso eu só vi ontem – cheguei a Porto Alegre no domingo, porque eu estava lá nessa propriedade no sábado o tempo todo. Olha esta foto aqui. Eu vou passar rapidamente, porque meu tempo terminou. Olha esta aqui: vai ao encontro do mar. É o Rio de Janeiro. Vida longa aos artistas brasileiros! Parabéns! Foram os artistas que, no passado, lutaram e brigaram contra a ditadura, pelas diretas e pela volta da democracia. Olha esta outra aqui, não há lugar para ninguém. É uma foto mais bonita que a outra, de todas as cores, de todos os partidos comprometidos com a democracia.
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – É tanta foto que eu recebi. O gabinete fez questão de me mandar, porque eu estava presidindo de manhã, fiz um lanche aqui embaixo e, agora, às 14h30 vou abrir a CPI. Isso tem de ser mostrado. O Brasil tem de ver. A TV Senado, a Agência Senado, os fotógrafos do Senado podem reproduzir para nós, pois vai ser muito bom. E, como você disse muito bem, esses 100 mil vão se reproduzir em todo o País.
E aqui chega também – e deixo como lido – exatamente o que você falou, mas eu recebi agora: o Governo estuda a reforma da Previdência através de medida provisória. O Senador Lindbergh já falou, e me senti contemplado na fala dele. E aqui eu deixo como lido – e agradeço à Senadora Ângela e à Senadora Fátima Bezerra – um comentário sobre o grande movimento no Rio de Janeiro.
Lembro e encerro dizendo somente isto: os requerimentos que estou apresentando...
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... são para que a reforma trabalhista não seja votada sem que uma comissão de Senadores visite trabalhadores assalariados no campo, trabalhadores em fábrica na área urbana, visite aqueles que realmente vão sofrer com essa dita reforma trabalhista.
E, quanto à previdenciária, a mesma coisa: que se faça até uma comissão mista, Câmara e Senado, antes de votar qualquer ideia sobre previdência, para que os Senadores conheçam a realidade que eu conheci nesse fim de semana. Fiquei lá e confesso que, se fizessem eu trabalhar o dia inteiro, acho que eu desmaiava. Estou dizendo, Fernando Bezerra, que eu fui ver como é levantar às 4h da manhã lá na propriedade da Juliane, de seu esposo, de seu filho e de seus sogros: uma loucura.
Obrigado, Presidenta.
Obrigado, Fátima Bezerra, que permitiu que eu falasse antes.
O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Senador Paulo Paim, sei que V. Exª está com tempo esgotado e já está saindo.
(Interrupção do som.)
O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Obrigado, Senadora Ângela. V. Exª vai já presidir a CPI, mais uma audiência pública na CPI da Previdência, mas eu queria aqui parabenizar V. Exª pela reunião que V. Exª fez hoje na Comissão de Direitos Humanos. Na verdade, foi uma audiência pública exatamente para debater essa proposta da reforma trabalhista. Eu ali não pude estar presente e queria muito ter estado, porque V. Exª lançou o livro O Dragão Debaixo da Cama. Primeiro, eu quero agradecer-lhe...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Referindo-se às duas reformas.
O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... por ter recebido um exemplar. Sem nenhuma dúvida, V. Exª é muito rápido no gatilho quando se trata de defesa do trabalhador. E hoje a audiência pública de V. Exª foi de alto nível e esclarecedora. Então, quero sempre parabenizá-lo, porque sempre V. Exª está agarrado às causas dos trabalhadores, assim como a Senadora Fátima está agarrada à educação do povo brasileiro. Obrigado.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Obrigado, Senador Telmário.
Obrigado, Senadores.
DISCURSO NA ÍNTEGRA ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR PAULO PAIM.
(Inserido nos termos do art. 203 do Regimento Interno.)