Pela Liderança durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal e à aprovação do relatório da reforma trabalhista pela CAE.

Críticas ao PSDB por apoiar o Presidente Michel Temer, pedindo que mudem de posição e apoiem a antecipação da realização de eleições diretas para o cargo de Presidente da República.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Críticas ao Governo Federal e à aprovação do relatório da reforma trabalhista pela CAE.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao PSDB por apoiar o Presidente Michel Temer, pedindo que mudem de posição e apoiem a antecipação da realização de eleições diretas para o cargo de Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2017 - Página 22
Assuntos
Outros > TRABALHO
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, REPUDIO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, COMENTARIO, ILEGITIMIDADE, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), MOTIVO, APOIO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PEDIDO, APROVAÇÃO, ANTECIPAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, internautas que nos seguem pelas redes sociais.

    Srª Presidente, parece absolutamente incrível a alienação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal diante da quadra de extrema gravidade pela qual passa o nosso País.

    A despeito de um Presidente da República encurralado por denúncias de crimes, denúncias severas de corrupção, de um governo em franca dissolução, de um processo de cassação da chapa presidencial de 2014 no Tribunal Superior Eleitoral, há um esforço sobre-humano por parte dos aliados de Michel Temer, aqui neste Congresso Nacional, para imprimir um clima de normalidade à nossa pauta, como se nada estivesse acontecendo no País.

    Não há normalidade. Há um País em pré-convulsão. Há um sujeito acuado no Palácio do Planalto, utilizando os expedientes mais espúrios para comprar apoio dos Parlamentares, com a finalidade de se manter no cargo, e em guerra aberta e declarada à Polícia Federal e ao Ministério Público, bem como ao Poder Judiciário. Mas, mesmo nesse contexto, o Governo opera para empurrar, goela abaixo da população, essas nefastas reformas que enviou para cá e quer vê-las aprovadas a todo custo, ignorando a oposição dos brasileiros e a gigantesca reprovação que o próprio Governo possui.

    Ontem mesmo a Comissão de Assuntos Econômicos desta Casa se curvou a essa lógica nefasta, tacanha e perversa, e aprovou essa terrível reforma trabalhista de Temer, muito bem caracterizada pela Deputada Luiza Erundina como uma desgraça. E essa reforma destrói a CLT e vários direitos dos trabalhadores. Foi por uma margem muito apertada, o que demonstra a falta de fôlego do Governo para bancar, ainda que à base de muitas vantagens e benesses, uma pauta tão desastrosa.

    Ainda há mais duas comissões e também o Plenário, e eu não tenho dúvida de que nós vamos derrubar essa reforma, enterrá-la no meio do caminho, antes que ela vire uma realidade, porque a pauta do Brasil agora é outra. Estamos vivendo um momento em que este País volta às ruas pelo mesmo motivo de 33 anos atrás, quando o povo se levantou em favor do voto livre, por eleições diretas para Presidente da República, para dizer que não aceitava mais um governo que não o representava em rigorosamente nada, que repudiava vigorosamente a diminuição da democracia.

    Naquele período, estávamos todos contra um governo de generais, que vivia sua fadiga depois de uma noite que durou duas décadas sobre o Brasil. Hoje, o levante é contra um governo de facínoras, que assumiu à revelia do povo e hoje vive o seu ocaso, rejeitado por mais de 97% da população brasileira.

    Mas é um governo que, cambaleante, caminha, ainda que trôpego, levando o País junto com ele para um abismo, e o faz com a inestimável ajuda de aliados, como o PSDB, um partido que se presta à vergonhosa condição de muleta política, a dar sustentação a um Presidente ilegítimo, que, caindo de podre, se debate para não abandonar o cargo, com a finalidade de salvar a sua própria carcaça.

    O PSDB, Senadores e Senadoras, perdeu o senso do ridículo. As vísceras da sua incoerência são expostas dia a dia, até mesmo por aqueles que sempre o defenderam. O Partido, que jamais aceitou o resultado da eleição de 2014, a quarta consecutiva que perdeu para o PT, e que pediu a cassação da chapa vitoriosa ao Tribunal Superior Eleitoral, hoje, quando o TSE está reunido para decidir sobre o pedido do PSDB, este se encontra na patética condição de sustentar e fazer parte do governo de um Presidente que ele acusou de cometer crime. E hoje o vê acusado de uma série de outros mais.

    É uma vergonha! É um escândalo! É um escárnio! É um partido perdido, cujas principais lideranças derreteram, tragadas pelo ódio que elas mesmas incitaram. E não é uma questão de cabeças pretas ou de cabeças brancas, como muitos querem fazer parecer as divergências dentro do PSDB; é uma questão de cabeças ocas, fiadores irresponsáveis que são da assunção dessa camarilha que está por aí, a meter o Brasil no caos em que hoje vivemos.

    Foi uma irracionalidade o que o PSDB fez, e é uma irracionalidade o que o PSDB faz ao continuar mantendo o apoio a um dos governos mais detestados da história do País, dono de uma pauta destrutiva de direitos, que os tucanos insistem em querer fazer passar aqui, em troca de vantagens.

    Abandonem Temer, que ele não terá condições de se sustentar e renuncia no outro dia. Ele só permanece hoje naquele Palácio do Planalto graças ao apoio do PSDB. E foi graças ao apoio do PSDB que ontem, na Comissão de Assuntos Econômicos, aprovaram o relatório da reforma trabalhista.

    Abracem as eleições diretas e assumam o compromisso de devolver aos brasileiros o direito ao voto, readquiram a intimidade que perderam com a democracia, desde que a interromperam com o golpe do ano passado.

    Um a um, todos os homens do Presidente estão indo parar na cadeia. E não sei se Temer também tem esse medo particular e, talvez, por isso, ele se sinta impedido de tomar o único gesto altivo e responsável que ele poderia tomar, que seria renunciar à Presidência da República. Mas o fato é que, se não o fizer por vontade própria, ele o fará pela vontade das urnas, porque ele já foi renunciado por uma população que o abomina, e a cada dia a luta por eleições diretas cresce.

    Senador Capiberibe, nós estaremos daqui a pouco, às 16h, lançando, na Câmara dos Deputados, o comitê parlamentar de Deputados e Senadores em defesa das eleições diretas. E, pelo Brasil inteiro, os atos se reproduzem. Domingo, vamos ter em Recife, vamos ter em Salvador...

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – E só este Governo e os seus apoiadores, como o PSDB, acham que a vida está boa, está tudo bem.

    Portanto, com certeza, no domingo, vamos ter vários gritos, como tivemos em Olinda domingo. Em Olinda, a primeira capital da República – digo capital da República, porque lá foi dado o primeiro grito pela República –, fizemos lá um grande ato. E agora domingo, em Recife, novamente os pernambucanos vão para as ruas gritar: "Fora Temer. Diretas já!" Como o ato gigantesco que aconteceu domingo em São Paulo.

    Então, não há saída para Michel Temer que não seja abandonar o cargo.

    Vamos emparedá-lo e torcer esse garrote até que ele seja obrigado a deixar a Presidência da República, abrindo espaço para que o povo possa escolher o seu governante.

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Vou concluir, Srª. Presidente.

    Neste momento político extremamente grave da vida nacional, só há dois lados postos: aqueles que defendem a restauração democrática por meio do voto direto, que devolva a legitimidade ao cargo de Presidente; e aquele do oportunismo, em que estão os que buscam cargos, vantagens e benesses e que fazem acordos espúrios a despeito da vontade soberana dos brasileiros.

    Portanto: diretas já, fora Temer e que o Brasil reconquiste a democracia!

    Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2017 - Página 22