Pela Liderança durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações acerca do 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado no último 3 de junho,ocasião em que foi eleita presidente do partido, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo em 37 anos de fundação do PT.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Considerações acerca do 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado no último 3 de junho,ocasião em que foi eleita presidente do partido, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo em 37 anos de fundação do PT.
Aparteantes
Acir Gurgacz, Fátima Bezerra, Regina Sousa.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2017 - Página 13
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • ANALISE, CONGRESSO, CONVENÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AGRADECIMENTO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE, AMBITO NACIONAL, COMENTARIO, CONQUISTA (MG), MULHER, PRESIDENCIA, PARTIDO POLITICO, BALANÇO, PERIODO, GOVERNO FEDERAL, ELOGIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE, DEFESA, REJEIÇÃO, ELEIÇÃO INDIRETA, COLEGIO ELEITORAL, APOIO, ELEIÇÃO DIRETA, CRITICA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, PROPOSTA, REFORMA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, PREVIDENCIA SOCIAL.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Srª Presidenta.

    Srªs e Srs. Senadores, quem nos ouve pela Rádio Senado e nos assiste pela TV Senado, quero dizer que subo a esta tribuna hoje com muita responsabilidade e também alegria. Tive a satisfação e a honra de ser eleita Presidenta do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, um partido de 37 anos, que já ocupou a Presidência da República por quatro mandatos – o último inconcluso – e que é referência da esquerda no Brasil e na América Latina e um dos partidos de esquerda mais reconhecidos do mundo.

    É uma grande responsabilidade que eu tenho com a militância do meu Partido e também com a população brasileira. Tenho certeza de que os posicionamentos do PT são fundamentais para os rumos da política brasileira, para a vida do povo e dos trabalhadores e também para as mulheres. É a primeira vez que o PT, Partido dos Trabalhadores, vai ser presidido por uma mulher. Isso mostra o compromisso com a questão de gênero que tem o PT. Em um momento tão difícil para nós mulheres, em que recrudesceu tanto o direito que conquistamos ao longo do tempo, em que nós vemos a sociedade tão machista, tão misógina, inclusive neste Parlamento, inclusive em várias áreas da política, o Partido dos Trabalhares resolve colocar uma mulher na sua Presidência.

    Queria agradecer aqui, de coração, as manifestações que recebi da Senadora Vanessa, da Senadora Ana Amélia, também da Senadora Fátima e do Senador Paim. Agradeço muito as congratulações e também as manifestações para que eu tenha um bom mandato. Espero que este mandato na Presidência do PT possa ajudar outros partidos a também fazerem com que as mulheres possam ter espaços mais decisivos dentro das instituições partidárias, e que isso possa refletir nos espaços políticos que nós temos.

    Quero fazer aqui uma saudação muito grande ao Senador Lindbergh Farias, que disputou comigo a Presidência do Partido. O Senador Lindbergh, junto comigo, visitou vários Estados e Municípios, onde fizemos um debate sobre o futuro do PT, sobre o momento que nós estamos vivendo e os nossos desafios. É um Senador combativo, com quem eu tenho muito orgulho de militar nesta Casa e que sempre está à frente das lutas pela defesa do povo. Eu quero deixar aqui o meu reconhecimento de que a caminhada do Senador Lindbergh junto comigo só engrandeceu ainda mais o PT. Tenho certeza de que o que ele pensa e o que ele quer para o Partido é o mesmo que eu penso e o mesmo que eu quero: o fortalecimento do PT para enfrentar o que nós temos que enfrentar na conjuntura nacional brasileira.

    Quero também fazer uma saudação ao nosso Presidente, que deixa a Presidência da legenda, Rui Falcão, que, por seis anos – e em um dos momentos mais difíceis por qual passou o PT –, esteve à frente da legenda, junto com a direção nacional, segurando-o em uma situação muito difícil do ponto de vista político. Então, Rui, receba aqui os meus cumprimentos e também todo o meu respeito.

    O congresso que nós fizemos agora, nesse final de semana, em Brasília, como disse a Senadora Fátima, reuniu cerca de 600 delegados, mas nós tivemos mais de duas mil pessoas participando do congresso. Foi um congresso totalmente transmitido pelas redes sociais; aliás, com muita gente interagindo, muita gente participando, criticando, elogiando; um processo muito bonito. Eu costumo dizer que o PT é uma espécie de patrimônio nacional: todo mundo tem uma opinião sobre o Partido, principalmente quem não milita nele – seja de esquerda, muitas vezes de direita ou de centro. Estão palpitando sobre a forma como o PT decide suas posições e também como os seus militantes agem. Eu acho que isso é muito bom, é bom para a democracia.

    Quero dizer que o 6º Congresso foi aberto em um clima de busca de unidade do PT, um PT que se situa entre um passado denso e recente – governou este País por quatro mandatos, transformou positivamente o País em vários aspectos – e as perspectivas de poder retornar a esse caminho e ser de novo o governo do País, mas agora com experiências já adquiridas, com reveses já sofridos, com avaliações mais elaboradas sobre o que viveu, o que passou e o que fez.

    O congresso levou o nome de Dona Marisa Letícia, nossa companheira e companheira do Lula, companheira que faleceu este ano, e eu não tenho dúvidas de que faleceu muito pela pressão que recebeu de uma caça implacável que fizeram ao seu companheiro Lula e à sua família.

    Foi um congresso com a cara feminina, com a cara de Dona Marisa, homenageando-a, que também fez um balanço da atuação do PT. Não ficamos só olhando o que tínhamos de fazer e nem ficamos só olhando o passado; mas fizemos um balanço, avaliamos erros, mas não na perspectiva da culpabilização, não na perspectiva do autoaçoite. Analisamos os nossos erros nas perspectivas das lições aprendidas para qualificar o Partido, para propor alternativas mais ousadas para o futuro do Brasil. E o congresso transcorreu num clima muito construtivo e numa base muito forte de unidade política.

    Eu ouso dizer, Senadora Fátima e Senadora Regina, que talvez tenha sido um dos poucos congressos que nós tivemos em que a unidade política tática foi muito forte. Nós temos clareza do que tem de ser feito. E, como disse V. Exª, Senadora Fátima, o que tem de ser feito é retirar Temer do poder. Não há possibilidade de um Presidente gastar a maior parte do seu tempo se defendendo da Justiça e deixar vácuo, deixar vazio o espaço de poder, quando nós temos 14 milhões de desempregados neste País, nós temos a economia no chão. Quem está olhando pela gestão brasileira? Então, não tem de ficar.

    Agora, é um Presidente que tem de ser substituído pelo voto popular para ser legitimado. E não adianta colunistas de plantão, seja da mídia oficial e até alguns colunistas de mídia alternativa, que querem ser mais realistas que o rei, dizerem que o PT não tem posição contrária ao colégio eleitoral ou que a posição contrária ao colégio eleitoral, se o PT não participar, vai ajudar a aprovar um ou outro nome da direita.

    Sejamos francos. O colégio eleitoral jamais vai aprovar alguém da esquerda. Jamais vai aprovar alguém da oposição. É só ver qual é esse colégio eleitoral. É um colégio eleitoral que hoje, composto pelo Congresso Nacional, está aprovando as reformas contra o povo. Vocês acham que teria a chance de algum candidato que seja de esquerda, que seja popular ganhar num contexto como esse? É óbvio que não. Então, o que vamos fazer nesse colégio eleitoral? Fazer uma anticandidatura para legitimar esse espaço?

    Nós, em 1985, não fomos ao colégio eleitoral para votar em Tancredo Neves para romper uma ditadura, por que iríamos agora para manter um golpe? Então, não há possibilidade. E parem de jogar verde para colher maduro, porque não vai acontecer. Ninguém está autorizado neste Partido a falar diferente ou articular diferente do que foi definido nesse 6º Congresso. É bom que isto fique claro, alto e bom som: o PT não participará de colégio eleitoral, não dará condições de legitimidade a esse colégio eleitoral, porque quem vai ganhar aqui, se houver colégio eleitoral, vai continuar essas reformas contra o povo brasileiro. E nós não vamos estar contra a nossa população.

    Além disso, deixamos claras as nossas posições contra essas reformas nefastas. Falava aqui o Senador Paim sobre a reforma trabalhista: amanhã teremos um embate na Comissão de Assuntos Econômicos. E eu espero que não venha um outro golpe desta Casa, pois eu já começo a ler pelos jornais que o Senador Romero Jucá, que é Relator na Comissão de Constituição e Justiça, não vai deixar discutir o projeto na Comissão de Constituição e Justiça e vai trazer o seu parecer aqui para o Plenário.

    Se ele quiser comprar confusão, se o Governo achar que está bem para comprar confusão, faça isto: traga para o Plenário, porque aí vocês vão ver a confusão que vai ser. Ou respeitem a tramitação na Casa, e nós fazemos o debate, a discussão – e tenho certeza de que temos votos, inclusive, para barrar esse projeto ou para emendá-lo –, ou nós vamos fazer confusão, porque não vão tirar na mão grande, não, o direito do povo trabalhador. Nós estamos aqui para isso.

    E a outra decisão importante desse congresso é que tenhamos uma Constituinte para fazer as verdadeiras reformas de que o povo precisa. E não essas que estão fazendo, desmontando a Constituição Federal.

    Então, acho que o congresso foi muito importante neste sentido – e quero deixar claro aqui: não há possibilidade nenhuma – nenhuma – de fazer conversação ou aliança com este Governo golpista. Esses golpistas não hesitaram quando era para tirar a Presidenta Dilma. E nos sabotaram, sabotaram o nosso País, sabotaram o povo brasileiro, pararam o Brasil, levaram pânico às pessoas, venderam informações erradas de que o Brasil estava numa convulsão. Hoje nós estamos; hoje nós estamos numa situação crítica. Nós não vamos ter geração de emprego, a economia está caindo, e eles estão preocupados em salvar a própria pele.

    Quero dizer, de forma clara e cristalina, que nós não coadunamos com este Governo, um Governo que defende um PIB de 1%, que não tem base sustentável, que é feito pela exportação do agronegócio. É importante o agronegócio exportar, mas isso não se sustenta no próximo trimestre, no próximo ano. Já baixaram a previsão de crescimento do Brasil para 0,3% este ano. Aonde nós vamos chegar? Um País que está não só em recessão, mas também está em depressão. Fizeram um jogo de vale-tudo para tirar a Presidenta Dilma e agora estão na situação em que estão.

    É uma associação clara entre o sistema financeiro, as grandes empresas, uma aristocracia do poder público que ganha muito e não quer abrir mão dos seus benefícios – e que está encrustada principalmente no Poder Judiciário, no Ministério Público e nos cargos de alta remuneração do serviço público – e a mídia, que é o braço operativo desse golpe, que, dia após dia, fica dizendo às pessoas e ao País o que têm que fazer. Agora está lá entre defender Temer para continuar as reformas ou retirá-lo para continuar as reformas. Quer parir um candidato e não consegue.

    A direita deste País não teve competência sequer para tem um candidato para disputar no colégio eleitoral. Não têm nome que agregue; que dirá para disputar uma eleição direta. Por isso que querem indireta e não querem eleições diretas. E é por isso que sistematicamente estão em cima do Presidente Lula. O que fazem com o Lula não tem paralelos neste País. É uma coisa abominável. É um julgamento e uma condenação sem processo legal.

    Na guerra, quando você quer destruir o inimigo, você mata o inimigo. É assim que funciona numa guerra. No Estado de low fare, como nós estamos vivendo, em que o jurídico, os instrumentos jurídicos, judiciais são utilizados como instrumentos de guerra, você acaba, destrói o direito civil de existir, a razão de falar da pessoa; desmoraliza. E é isso que querem fazer com o Presidente Lula. Sem ter prova, sem poder condenar, dia após dia, há um fato para que ele possa ir para os jornais e ser desmoralizado. Estão tirando a condição de cidadania do Presidente. Para quê? Para impedir que ele seja candidato a Presidente da República. Por quê? Porque, se ele for candidato, Senadora Fátima, o Presidente Lula tem grandes chances de ganhar. É o único que aparece na frente das pesquisas. E sabe por que ele tem grandes chances de ganhar? Porque fez muito por este País, entregou um legado a este País.

    Em 500 anos de história do País, eu desafio qualquer um a subir a esta tribuna e me dizer qual foi o governo melhor do que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Qual governo gerou mais empregos? Qual governo distribuiu mais renda? Qual governo fez mais pela educação? Qual governo fez mais pela habitação? Qual governo fez mais para os trabalhadores e para os pobres deste País? Nenhum, Senadora Fátima. Podemos ter tido governos populares, como o de Getúlio, o de Jango, mas nenhum fez tanto como o de Lula. E é por isso que não querem deixar Lula concorrer.

    Agora, nós temos que dizer aqui, em alto e bom som: se impedirem Lula de concorrer em 2018, ou mesmo em 2017 – se houver eleição e for eleição direta –, não vai ser uma eleição democrática, vai ser uma fraude, porque aí é uma eleição com cartas marcadas. Por isso, esse congresso também deixou claro isto: que o impedimento de Lula para concorrer à eleição é uma fraude no processo democrático.

    Se nós queremos democracia, definam os candidatos. Rede Globo pode definir candidato, Rede Record, qualquer uma; a mídia como um todo pode definir seu candidato, a direita define um candidato, os empresários definem outro, os banqueiros definem outro, e vamos para as ruas. Vamos para as ruas disputar os votos, disputar o que foi feito neste País, falar de legados e falar de futuro. É isso que nós queremos, esse direito, e, de preferência, que as eleições de 2018 sejam antecipadas, porque foi essa a resolução que foi aprovada também.

    Nós queremos fazer eleição para todo mundo, Senador Acir. Temos que fazer eleição para Senador, para Deputado, para governador, para deputado estadual, para Presidente. O povo precisa ir às urnas para eleger seus representantes. Nós estamos na maior crise política e institucional deste País. Não vai ser um acordo de cúpula, feito por este Congresso Nacional, que vai tirar o País da sua crise. Nós precisamos da legitimidade do voto popular.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) – Senadora, concede-me um aparte?

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Concedo um aparte à Senadora Regina, e depois ao Senador Acir Gurgacz.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) – Obrigada, Senadora. Primeiro, quero parabenizá-la pela eleição para Presidência do PT. O PT não podia estar em melhores mãos. E quero dizer que estamos juntas, porque a gente sabe...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) – ... que o Presidente não conduz sozinho.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Com certeza.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) – E, com certeza, vai precisar de todas nós, de todos nós do Partido para conduzir o PT nesse período. Também quero me congratular pela forma como aconteceu o congresso. Muita gente esperava muito transtorno, muita briga; e foi um congresso muito bonito, com discussão de alto nível; um congresso com muito debate; não foi aquela correria de estar vendo quem ganha e quem perde. Então, o PT está de parabéns pelo congresso que realizou e por ter escolhido a senhora para presidi-lo. Mas eu quero tocar no assunto que V. Exª estava falando aí: a questão do que está acontecendo hoje. É impressionante o barulho que foi feito para derrubar a Dilma aqui nas duas Casas. Ficavam procurando qualquer coisa, qualquer pequena coisa para transformar numa grande coisa com a ajuda da mídia. Criaram crimes que a Dilma cometeu, que até hoje nós não encontramos, não foram confirmados como crime. Em contraposição, há o silêncio ensurdecedor do que está acontecendo com o Sr. Temer e com o Sr. Aécio Neves.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Isso aí.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) – Se formos comparar dimensões, não tem comparação a dimensão do que eles fizeram em relação ao que dizem que a Dilma fez. Então, na verdade, está se revelando para que foi feito aquilo. Foi uma encomenda, para cumprir uma encomenda, para entregar uma encomenda prometida, porque, se fosse contra a corrupção, se fosse pensando no bem deste País, estariam todos e todas denunciando o Governo que está aí, pedindo para ele sair, aconselhando, já que são Base, porque ele não tem mais nada para fazer ali onde ele está. Está agonizante, e ninguém, nem os seus pares tem coragem de conversar com ele para apontar uma saída honrosa para ele, a melhor saída, porque ele vai sair de alguma forma. Então, eu fiz essa intervenção mais para mostrar essa diferença de postura. Eu acho que quem está defendendo alguma coisa correta tem que defender em qualquer circunstância. E a gente não vê as pessoas que acusaram Dilma reconhecerem hoje o que está acontecendo com o Temer e com o Aécio Neves. O Aécio, então, é a maior decepção – até para mim, confesso –, porque aquele linguajar que ele usa é linguajar de mafioso; um linguajar chulo, completamente diferente do discurso elegante que fazia aqui, de uma hora, com 20 apartes, cada um elogiando mais. Era um discurso elegante. Aí revela-se aquilo que se revela naquelas gravações. É de envergonhar o País, alguém que queria dirigir este País e foi apoiado por muita gente e ainda é, por muita gente. Muito obrigada, Senadora.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu que agradeço, Senadora Regina. E V. Exª tem toda a razão, a diferença de tratamento é descomunal.

    Concedo um aparte ao Senador Acir Gurgacz.

    O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RO) – Senadora Gleisi, para cumprimentar pela eleição no PT, pela sua ascensão à presidência.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Muito obrigada.

    O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RO) – Meus cumprimentos. Capacidade não lhe falta para comandar esse Partido que é tão importante na história do nosso País. Tenho certeza de que o Partido dos Trabalhadores está em boas mãos. E vamos em frente. Eu ouvi V. Exª atentamente com relação às eleições. Eu já defendia, na semana passada, que nós precisaríamos antecipar as eleições de 18 para 17. Nós sabemos que a Constituição diz claramente que as eleições são indiretas, mas a política neste momento nos coloca numa situação bastante delicada em função da descrença de toda a população brasileira com os políticos brasileiros. Uma eleição indireta neste momento seria realmente quase que uma traição para a população.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RO) – Na minha avaliação, se algo acontecer com o Presidente que aí está, a única alternativa são as eleições diretas. Não podemos fazer de outra forma. E o ideal é antecipar as eleições todas de 18 para 17. Isso seria um gesto de grandeza dos políticos brasileiros.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Com certeza.

    O Sr. Acir Gurgacz (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RO) – Entendo que é a solução para a gente virar a página de toda essa história de impeachment que aconteceu, do debate que está acontecendo. A grandeza da parte política seria reconhecida se houvesse essa antecipação para todos os cargos, para aqueles que irão disputar as eleições em 18, que deveriam ser agora em 17. Não há outro caminho para o Brasil senão as eleições diretas. Meus cumprimentos mais uma vez, Senadora Gleisi.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada, Senador Acir Gurgacz.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Senadora Gleisi, mais uma vez quero aqui destacar uma das mais importantes resoluções que o Partido tirou no seu congresso, que mostrou grande unidade no que diz respeito a reafirmar a luta em defesa das diretas. Como V. Exª aqui já mencionou, o congresso, por unanimidade, colocou claramente que, na possibilidade da escolha do novo Presidente se dar pelo colégio eleitoral, as Bancadas do PT aqui nesta Casa e na Câmara dos Deputados se colocarão frontalmente contrárias – portanto, boicotando o colégio eleitoral e refirmando mais uma vez o compromisso profundo do PT com a democracia e com a soberania do voto popular. No mais, quero mais uma vez dizer da nossa alegria...

(Soa a campainha.)

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... de ver V. Exª como a primeira mulher a presidir o nosso Partido. Eu não tenho nenhuma dúvida, Senadora Gleisi, de que V. Exª, junto com o conjunto do Partido, estará à altura dos desafios que estão colocados para o nosso Partido neste presente momento.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada, Senadora Fátima. Também agradeço ao Senador Acir Gurgacz.

    E, para encerrar, quero dizer aqui aos Srs. Senadores, às Srªs Senadoras e a quem nos ouve e acompanha em todo o Brasil que o PT que saiu desse congresso é um PT muito comprometido com a radicalização da democracia, com o empoderamento da sua militância; comprometido em fazer alianças com os setores progressistas e populares de esquerda na sociedade e, sobretudo, em lutar ao lado dos movimentos sociais contra as reformas. É um Partido comprometido com a luta das mulheres, com a luta dos jovens, com a luta dos negros e negras, dos indígenas, da população LGBT. É um Partido comprometido com a justiça social, um partido de luta ao lado dos trabalhadores.

    Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2017 - Página 13