Discurso durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações acerca do 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado de 1 a 3 de junho.

Críticas a suposta tentativa do governo federal de acelerar a tramitação do Projeto de Lei da Câmara nº 38, de 2017, que trata da reforma trabalhista.

Expectativa com o julgamento das contas de campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Considerações acerca do 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado de 1 a 3 de junho.
TRABALHO:
  • Críticas a suposta tentativa do governo federal de acelerar a tramitação do Projeto de Lei da Câmara nº 38, de 2017, que trata da reforma trabalhista.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Expectativa com o julgamento das contas de campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Aparteantes
Fátima Bezerra.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2017 - Página 47
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > TRABALHO
Indexação
  • ANALISE, CONGRESSO, CONVENÇÃO, AMBITO NACIONAL, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ELEIÇÃO, GLEISI HOFFMANN, PRESIDENCIA, CONQUISTA (MG), MULHER, ELOGIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE, GOVERNO FEDERAL, DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), AUTORIA, REGUFFE, SENADOR, ELEIÇÃO DIRETA, REJEIÇÃO, COLEGIO ELEITORAL, REFORMA, ALTERAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, CONJUNTURA ECONOMICA, CRISE.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ROMERO JUCA, LIDER, TENTATIVA, AGILIZAÇÃO, ALTERAÇÃO, TRAMITAÇÃO, PROJETO DE LEI DA CAMARA (PLC), OBJETO, REFORMA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA.
  • EXPECTATIVA, JULGAMENTO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), CONTAS, CAMPANHA, CHAPA, DILMA ROUSSEFF, MICHEL TEMER, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), AUTORIA, REGUFFE, SENADOR, ELEIÇÃO DIRETA, REJEIÇÃO, COLEGIO ELEITORAL.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Presidente, Senadora Regina, vim caminhando a passos largos para pegar ainda esta sessão em funcionamento e fazer um pronunciamento.

    Quero fazer o registro da realização do 6º Congresso do nosso Partido, Senadora Regina, o Partido dos Trabalhadores, Congresso do qual a senhora participou como Senadora e que elegeu a nossa combativa Senadora Gleisi Hoffmann como Presidenta Nacional deste Partido.

    Eu participei de todos os debates. Fui candidato, também, a Presidente Nacional do PT. Acho que tive um importante papel de estimular o debate dentro desse que é o maior Partido de esquerda da América Latina. Acabei com 38% dos votos. Acho que tive um bom desempenho. Quero vir aqui a público – e já o fiz nas redes sociais – declarar o meu mais profundo apoio à Senadora, que é uma Senadora de altíssimo nível, corajosa e que vai ser uma grande Presidenta do PT.

    Eu não tenho dúvida nenhuma em afirmar isso. Saímos com grandes acordos sobre a tática do próximo período, o PT definiu sua prioridade na luta pela derrubada desse Governo ilegítimo, mas nós deixamos, de forma bem clara também, dito para todo o País que nós não aceitamos nenhuma saída pelo colégio eleitoral. Não há saída dessa crise por esse Congresso Nacional, totalmente desmoralizado e distante da vida do povo brasileiro. Para nós, só eleições diretas, uma grande campanha nacional.

    Ontem, inclusive, em São Paulo, houve um importante ato que reuniu mais de 100 mil pessoas no Largo do Batata. No domingo anterior, nós já tínhamos feito uma grande mobilização no Estado do Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana, 150 mil pessoas. E agora vai ser cidade por cidade desse País.

    É importante registrar que nós já temos o instrumento jurídico para as eleições diretas. Nós conseguimos aprovar – eu fui o Relator – a PEC do Senador Reguffe, que modifica o art. 81 da Constituição, para dizer que, se houver afastamento do Presidente e do Vice-Presidente da República até o final do terceiro ano, ou seja, se houver vacância do cargo de Presidente e Vice-Presidente da República até o final do terceiro ano, ou seja, 31 de dezembro de 2017, nós teremos eleições diretas. Eu quero conversar com o Senador Eunício Oliveira ainda hoje, ou amanhã, para saber quando pautaremos aqui no plenário do Senado Federal. Eu tenho uma convicção, Senadora Regina: na hora de colocar para votar, é muito difícil para um Senador ou para um Deputado votar contra essa PEC das eleições diretas. Na hora tem um cálculo político: fica mal votar por um processo indireto.

    Não, a gente também sabe que vai ser julgada amanhã a chapa no TSE, e há um entendimento no TSE, pelo menos esse tem sido o entendimento majoritário, de que a chapa, sendo cassada, tem que se obedecer ao art. 224 do Código Eleitoral, que diz que até seis meses antes do final do mandato tem que ser um processo eleitoral direto. E o TSE vai ter que se pronunciar: se o TSE cassa a chapa, ele vai ter que dizer de forma clara se vai ser eleição direta ou indireta. Na avaliação de muitos juristas com que nós conversamos, o caminho de cassação da chapa tem que ser eleição direta. Foi um ato que aconteceu no início do processo eleitoral, ou seja, não se trata do art. 81 da Constituição, que fala de vacância. Vacância seria no caso de renúncia ou de impeachment.

    Então, nós saímos muito unificados do congresso, para discutir esse novo momento do País e para trabalhar em cima dessa bandeira do "Fora, Temer", das eleições diretas. É claro que tem um debate que ainda vai continuar pelo próximo período, que é o debate sobre estratégia.

    Eu estou convencido, Senadora Regina... E eu vejo agora a eleição no Reino Unido, como cresceu a candidatura de Jeremy Corbyn. A diferença era de 20 pontos da Theresa May, que é candidata do Partido Conservador, em relação ao Jeremy Corbyn – era de 20 pontos. A diferença agora está em 5 pontos; tem pesquisas que estão dando 3 pontos. A eleição vai acontecer na próxima quinta-feira.

    E eu, quando olho para a situação da esquerda do mundo e vejo não só Jeremy Corbyn, que fez um discurso pegando um conteúdo programático de muita contestação do sistema, quando eu olho também para a eleição francesa e vi lá o resultado do Mélenchon e, nas eleições norte-americanas, do Bernie Sanders, eu estou convencido de que só uma esquerda para valer pode fazer frente a uma direita extremamente conservadora, com um discurso que se aproxima de características fascistas.

    Só um... O crescimento do Mélenchon na França também foi assim. Ele fez um discurso ali, forte, pela esquerda, um discurso antissistema, e eu acho que essas lições a gente tem que tomar aqui, no caso do Brasil, até porque a situação, nós somos estamos vivendo um outro ciclo, não tem nada a ver com 2003, uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva a Presidente da República.

    Nós temos que fazer diferente, e fazer ainda muito mais do que a gente já fez. Nós conseguimos avançar em pontos importantes nessa discussão de estratégia no 6º Congresso do PT, mas vai ter um debate permanente, como é natural, dentro do Partido, e a gente vai tentar convencer, sempre, nesse debate que é possível, que é necessário puxar um programa do PT mais para a esquerda, porque aquela situação de 2003 não existe mais.

    Eu falo, inclusive, do ponto de vista econômico. Nós tivemos ali, o boom das commodities, que nos ajudaram, e tivemos uma situação nova na economia, nós tínhamos um crédito. O crédito era lá embaixo, era pouco crédito para o povo brasileiro, e a gente conseguiu utilizar aquela margem de manobra ali para, sem grande conflito com o capital, fazer um grande processo de distribuição de rendas e inclusão social no País.

    Eu estou convencido de que a situação agora é diferente. Não tem espaço mais no mundo inteiro dentro dessa etapa do capitalismo extremamente hegemonizada pelo capital financeiro.

    Por isso que eu acho o Lula vai ser eleito Presidente da República. Nós temos que ter um programa de reformas de base. Agora, para isso, vai ser necessário, dessa vez, a gente tocar em interesses do grande capital, principalmente duas questões que são centrais: uma é na hora da arrecadação. Nós temos que mexer nesse sistema tributário brasileiro. Quem paga imposto no País é a classe média, são os trabalhadores. Os multimilionários pagam muito menos, proporcionalmente, impostos no País. É algo absurdo, é um sistema tributário extremamente regressivo e, se a gente quer ter um novo plano de investimentos em saúde, educação, fazer reforma urbana, reforma agrária, nós vamos ter que mexer nesse sistema tributário, como vamos ter que mexer na hora do gasto, porque há duas formas para combatermos a desigualdade: na hora em que arrecadamos e na hora em que gastamos.

    Infelizmente, hoje, Senadora Regina, 35% de tudo que a gente gasta no nosso orçamento são para pagar juros a um pequeno grupo de rentistas, é uma transferência do orçamento – que era para ser para os pobres – para os multimilionários desse País, para os grandes empresários, para o sistema financeiro.

    Então, esse é um debate que está em aberto. Eu tenho convicção de que o PT está em boas mãos com a Senadora Gleisi, e a gente espera construir a candidatura do Lula em cima de uma nova plataforma, de uma plataforma em que entrem temas de debates como democratização dos meios de comunicação, porque nós temos uma concentração gigantesca em poucas famílias de todo o nosso sistema de radiodifusão aqui, no País. Então, esse é um ponto importante também.

    No mais, nós, inclusive, que fizemos parte de uma chapa lá, de uma parte do PT, que se chama Muda PT... O Muda PT, inclusive, está discutindo uma nota declarando esse apoio a essa grande guerreira, a nossa Senadora Gleisi Hoffmann. Ela sabe que pode contar comigo em todos os instantes nesse processo, porque a gente sabe o que o País está vivendo.

    Nós estamos caminhando em direção ao Estado de exceção. É impressionante essa perseguição infame contra o Presidente Lula. É uma caçada contra o Presidente Lula, e até agora não acharam uma prova sequer contra o Presidente Lula. E estão querendo condenar sem provas, porque o desespero todo deles – por isso é que a gente sempre diz que esse golpe é um golpe continuado – é porque o Lula não para de subir nas pesquisas.

    Eles fizeram tudo isso, deram esse golpe. Eles diziam na época: "Se tirar a Dilma, a economia vai melhorar". Melhorou coisa alguma. A situação da economia brasileira é impressionante. Inclusive, eles estão fazendo o maior estardalhaço aqui no Senado Federal de que houve um crescimento de 1% do PIB do 1º trimestre. Houve, sim, mas há várias questões a serem discutidas nesse crescimento do PIB do 1º trimestre. Primeiro, houve uma mudança de metodologia do IBGE no que se refere a serviços e comércio. Eles mexeram, mudaram, em fevereiro, a metodologia, o que os ajudou. Segundo, é que foi a agropecuária que cresceu 13%. O que puxou o crescimento da economia foi agropecuária e a exportação. Quando você vai ver os números da economia brasileira, internos, você vê o seguinte: investimentos – queda de 1,6% em investimentos. Não sei como eles têm coragem de comemorar. Consumo das famílias: queda também de 0,1%. Continua caindo o consumo das famílias.

    Hoje, há uma matéria no jornal Valor Econômico que diz que, desde 2014, o PIB per capita caiu 11 pontos, que nós vamos demorar cinco anos para voltar à situação de 2014. O consumo do Governo caiu 0,6%. Então, vejam bem, isso é retomada do crescimento? Não! Nós estamos numa situação de estagnação. Nós chegamos ao fundo do poço. E é comum nessa situação você ter melhoras na área de exportação, no setor de exportação, mas o concreto, quando a gente olhar para o Brasil, é este: o consumo das famílias continuou caindo, os investimentos caindo e gastos do Governo caindo também.

    Senadora Fátima Bezerra, concedo o aparte a V. Exª.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Eu já tive oportunidade de falar hoje sobre o congresso nacional do nosso Partido, de saudar a nossa nova Presidente, a Senadora Gleisi, e igualmente quero aqui saudar V. Exª, porque – já disse hoje e volto a dizer – tanto a sua candidatura como a candidatura da Senadora Gleisi cumpriram um papel muito importante para o debate no interior do nosso Partido e junto até à própria sociedade, pela qualificação do debate político que vocês fizeram, e eu sou testemunha disso, o debate respeitoso, o debate fraterno. Então, foi um momento de afirmação do nosso Partido, pelo tanto que V. Exª quanto a Senadora Gleisi se reconectaram com as nossas bases, com a juventude, com as mulheres, como esse desejo forte dentro do Partido dos Trabalhadores para que nós possamos estar à altura de cumprir o nosso papel para barrar esses retrocessos. E digo, Senador Lindbergh, que ao contrário dos nossos adversários, dos nossos inimigos, que pensavam que o congresso do PT ia se resumir a brigas, a cisões, a divisões no interior do Partido, o que nós vimos foi exatamente o contrário: o Partido dando demonstração de vitalidade, de forte unidade política. Tanto é que as principais resoluções do Partido foram lá festejadas, aprovadas por unanimidade, e passam desde a questão do combate às reformas, assim como a questão do "Fora, Temer", a realização de eleições diretas, e "não" ao chamado colégio eleitoral, porque o congresso disse, em alto e bom som, que, na eventualidade dessa tragédia, que seria, com a saída do Temer – que deve sair mesmo –, mas a tragédia que seria a escolha do novo Presidente se dar pela via desse colégio eleitoral, excluindo mais uma vez a população, o congresso disse em alto e bom som que o PT não participará dessa farsa; o PT não participará dessa tragédia. E ficou lá muito claro que tanto a Bancada do PT aqui no Senado como lá na Câmara se coloca, portanto, de forma frontalmente contrária ao chamado colégio eleitoral. De forma que saímos de lá, repito, revigorados, porque, Senador Lindbergh, há momentos em que eu fico pensando: é muita façanha para um Partido como o nosso, que tem passado por um momento tão difícil nesses tempos de criminalização da política, em que o PT foi o principal alvo no campo da esquerda; a caçada jurídico-midiática contra o Presidente Lula; a campanha de ódio contra o PT; e esse Partido conseguir realizar esse congresso com toda essa vitalidade: 600 militantes, vindos de todo o País. Portanto, termino, Lindbergh, mais uma vez parabenizando você pela sua trajetória, pela sua história. Você cumpriu e vai continuar cumprindo um papel muito importante frente a esse momento que o PT vive, porque de lá nós saímos, Senadora Regina, muito mais conscientes, muito mais amadurecidos e muito mais convictos do papel que o PT tem a desempenhar como principal e maior partido no conjunto da esquerda brasileira, que há o de se aliar não só às forças de esquerda, às forças no campo democrático, popular, progressista; aliar-se aos movimentos sociais, aos movimentos populares; estar com o povo cotidianamente nas ruas para, enfim, barrarmos esses retrocessos – não é, Lindbergh? – e trazer a democracia de volta com a realização de eleições diretas. Parabéns.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Muito obrigado, Senadora Fátima Bezerra.

    Eu estava falando aqui agora que eles diziam, Senadora Fátima, que o golpe... Que era só retirar a Dilma que iam melhorar a economia. Não está melhorando. Eles vão ver que essa festa que, infelizmente, eles fazem em relação ao PIB do primeiro trimestre não vai se confirmar no segundo trimestre, porque eu já falei aqui que foi um crescimento muito puxado por um boom do setor agropecuário de 13%, e eles estão tentando fazer marola com isso aqui.

    Na verdade, não vamos sair da crise, porque não há uma proposta do Governo para sair da crise. Pelo contrário, é só austeridade fiscal, que piora a situação da economia, e essas reformas, que vão deprimir ainda mais o consumo.

    Mas o golpe está desmoralizado, não é Senadora Fátima? Os três principais nomes do golpe, quem são? Aécio, Eduardo Cunha e Temer. Olha a situação! Esses foram os generais do golpe, e agora estão querendo ir para uma loucura.

    O que a gente está dizendo nesse congresso do PT, que foi muito importante é o seguinte: "O nosso compromisso primeiro é com a sociedade brasileira. Não vamos participar de nenhum tipo de arranjo com esse Congresso Nacional".

    Imagine eleger um Presidente aqui, com o Congresso desmoralizado? Eles perderam a cabeça, Senadora Fátima. Perderam o juízo. O povo não vai aceitar.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Se em 1985, na década de 80, nós tivemos a coragem que tivemos naquele momento de ser contra o colégio eleitoral que elegeu Tancredo Neves, imagine nesses tempos de ataque à democracia, nesses tempos em que, infelizmente, a burguesia brasileira, capitaneada por esse consórcio golpista, o PSDB, o setor empresarial, parte do setor empresarial e o setor da grande mídia rasgam a Constituição e nos legam exatamente este Brasil que nós estamos vivendo hoje. Então, mais do que nunca é que neste momento jamais haverá, por parte do PT, nem um gesto de política de conciliação. Jamais, jamais.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Olha, Senadora Fátima, eu quero inclusive chamar a atenção, aproveitando que a senhora está aqui com a Senadora Regina: amanhã está marcada reunião da CAE para a votação da reforma trabalhista. O acordo que havia se estabelecido aqui no plenário é que tramitaria em três comissões: CAE, depois CCJ e depois CAS.

    Eu tomei um susto hoje pela manhã, ao ler o jornal Valor Econômico, dizendo que o Senador Romero Jucá, Líder deste Governo aí, que está batendo na mesa dizendo que este Governo não cai – a gente sabe que o Senador Romero Jucá está fazendo o papel dele, mas ele sabe da fragilidade desse Governo aí –, o Senador Romero Jucá dizendo o seguinte: que pode, depois da votação da CAE, entrar com pedido, um requerimento de Líderes, para vir para o plenário. Eu acho que eles estão com o objetivo aqui permanente de causar turbulência nas discussões das comissões.

    Há duas semanas nós tivemos uma reunião muito tensa na CAE.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu acho que essa movimentação parece um esforço do Governo para trazer novamente a tensão para a reunião de amanhã da CAE.

    E agora eu descobri que houve aqui um requerimento na quinta-feira, em que ele coloca a CAS como a segunda comissão. A segunda comissão era a CCJ!

    Senador Romero Jucá, onde estiver aqui nos escutando, nós não vamos aceitar isso. Se o objetivo é implodir a reunião da CAE, os senhores estão conseguindo. O que é isso?

    É o desespero de querer passar para o mercado: "Olha, o Temer pode continuar Presidente da República". Eles querem dizer de todo jeito, “aprovamos a reforma trabalhista”, porque sabem que não tem povo defendendo esse Governo. Ele quer se manter por cima porque essa reforma trabalhista é criminosa, Senadora Fátima.

    Você veja, o que nós conseguimos de avanço em relação às empregadas domésticas. Foi uma luta para aprovar isso aqui. Lembra disso? E foi uma libertação, porque as empregadas domésticas e os empregados domésticos do País afora viviam em uma situação de semiescravidão ou de escravidão completa. E a gente conseguiu.

    Pois bem, vai cair por terra. Eles estão criando agora essa figura do autônomo exclusivo. A empregada doméstica pode virar PJ. Vai virar todo mundo PJ neste País, sem direito a férias, sem direito ao décimo terceiro. O trabalho intermitente, que é o trabalhador ficar em casa esperando o patrão dizer: “Quero que você trabalhe quatro horas amanhã, das 6h da tarde às 10h da noite. Depois de amanhã eu quero que você trabalhe duas horas, das 8h da manhã às 10h da manhã”. A pessoa não planeja a vida, não tem nem o direito ao salário mínimo porque pode trabalhar menos e não ter direito ao salário mínimo.

    Então, esse pessoal quer aproveitar esse momento de fragilidade do Governo para dizer o seguinte: “Olha, empresários, sistema financeiro, grande mídia, eu estou conseguindo passar essas reformas contra o povo trabalhador”.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – É dessa forma que eles estão tentando se sustentar.

    Então, eu digo aqui em alto e bom som novamente: "É melhor seguir o rito estabelecido". Qual o rito? CAE, CCJ e CAS. Foi em cima disso que nós pactuamos – o Senador Paulo Paim – uma proposta, lá na Comissão passada, para ser lida e votada amanhã. Sem isso, não existe acordo, acordo algum. Esse Governo mulambento, esse Governo em fim de linha, prestes a cair, não vai tratorar ou passar por cima da gente, rasgando acordos estabelecidos. É este apelo que eu faço: que a gente construa uma saída, restabeleçamos aquilo que havia sido discutido, para que a gente possa votar amanhã, na Comissão de Assuntos Econômicos, essa matéria. Nós estamos com a posição radicalmente contra essa reforma trabalhista e vamos tentar convencer ao máximo os Senadores, até amanhã, de que é imprudente a gente votar uma matéria que retire, que mexa em direitos conquistados em 1943, sob o governo de Getúlio Vargas ainda.

    Por fim, Srª Presidente, para encerrar, amanhã é um dia em que o TSE vai começar o julgamento das contas. Aqui há uma grande expectativa. O Governo está tentando passar a ideia de que "Ah, não! Nós vamos ganhar". Eu não acredito, sinceramente, que o TSE encerre a questão, amanhã, favoravelmente ao Temer. Isso seria, na verdade, uma imprudência total, porque vão surgir novos fatos. Esse, na verdade, é um instrumento que pode ser utilizado para abreviar o fim do Governo de Michel Temer. São tantos fatos que podem surgir: essa prisão do Rodrigo Rocha Loures; estão dizendo que existe uma gravação em que o Rodrigo Rocha Loures, numa gravação feita PF, diz que aqueles R$500 mil da mala eram do Temer, que ele era só o portador. Veja o tipo de escândalo, Senadora Regina: era R$500 mil por semana, durante mais de 20 anos, dirigidos ao Presidente da República! Um Presidente da República sobre o qual, quando eu vi o processo de impeachment aqui, fiz vários pronunciamentos dizendo o seguinte: "Olhem, se a gente afastar a Presidenta Dilma e o Temer assumir, ele não vai mais ser investigado porque ele não pode ser investigado por fatos anteriores ao mandato". E veja que ele criou um fato para ser investigado no mandato! Olhe que tipo de figura nós temos na Presidência da República! Ele cometeu um crime como Presidente da República, e um crime gravíssimo, porque, na verdade, ele queria comprar o silêncio de Eduardo Cunha, e também por corrupção. Eram R$500 mil dentro de uma mala, uma mala de um Deputado que era o principal assessor dele! O País não aguenta isso.

    Então, eu, sinceramente, não acredito... Esse Governo está vivendo de gargantear um bocado de coisa – a gente vê isso aqui no plenário do Senado Federal também –, tentando passar uma força que ele já não tem. Mas eu acho que essa história de haver uma vitória no TSE e amanhã mesmo o Temer ganhar nesse julgamento do TSE, eu, sinceramente, acho extremamente improvável.

    Nós vamos ficar aqui fazendo o que temos que fazer. Nós vamos dar uma boa batalha na Comissão de Assuntos Econômicos no dia de amanhã. Vamos conversar com o Presidente desta Casa, Senador Eunício Oliveira, para ver uma data para pautar no plenário do Senado a votação da PEC das Diretas. Eu acho, sinceramente, Senadora Regina, que ela tem tudo para ser aprovada, porque nós conseguimos aprovar pela unanimidade dos votos da CCJ – foram 26 Senadores que votaram a favor.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não é comum Senador um votar a favor na CCJ e depois mudar aqui no plenário. A Comissão de Constituição e Justiça é a Comissão mais importante desta Casa, de forma que eu tenho esperança de que, nesses próximos 15 dias, a gente consiga votar essa PEC aqui no plenário do Senado Federal, porque essa campanha das diretas vai crescer.

    Toda semana nós vamos ter mobilização em um lugar diferente deste País. E agora, diferentemente dos dias nacionais de luta, que a gente faz em um dia só, a orientação é fazer em dias diferentes essas passeatas e mobilizações pelas diretas.

    Última coisa, Senadora Regina. Eu sei V. Exª tem que sair daí agora. Só a última coisa: anunciar que a centrais sindicais se reuniram hoje em São Paulo e também houve uma reunião das frentes – Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo –, aqui em Brasília. A nossa Líder e atual Presidente – vai assumir como Presidente –, Senadora Gleisi Hoffmann, participou. Definiram a data do próximo dia 30 como a data da próxima greve geral no País. É uma greve não só por eleições diretas, a pauta das reformas está no centro dessa greve.

    Eu tenho dito que a pauta das reformas tem mobilizado muita gente, Senador João Pedro, neste País afora: a reforma da previdência e a reforma trabalhista. A gente fez, nesse processo todo...

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – E quarta-feira agora, Senador Lindbergh, Senadora Regina, será o ato de lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Eleições Diretas.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não, na verdade é amanhã.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Tinha ficado para quarta-feira.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – É amanhã.

    Desculpe, Senadora Fátima, é amanhã às 16h.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Então, o.k.. Amanhã, às 16h.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Lançamento da Frente Parlamentar, no Salão Nobre da Câmara.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Perfeito. O.k.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas eu acho que essa decisão do próximo dia 30, da greve geral, é uma decisão importante, porque mostra o seguinte: a luta continua.

    Para vocês que estão nos assistindo: é importante dizer que o que muda voto aqui no Parlamento é a mobilização do povo. Se o povo for com tudo para as ruas, nós vamos tirar esse Temer do Palácio Planalto e vamos conseguir aprovar a proposta de eleições diretas.

    Muito obrigado, Senadora Regina.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2017 - Página 47