Pela Liderança durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a rejeição do Veto nº 52, de 2016, aposto ao Projeto de Lei do Senado nº 386, de 2012, que trata da reforma do Imposto sobre Serviços-ISS, defendendo maior participação dos municípios na repartição das receitas tributárias.

Autor
Rose de Freitas (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO MUNICIPAL:
  • Satisfação com a rejeição do Veto nº 52, de 2016, aposto ao Projeto de Lei do Senado nº 386, de 2012, que trata da reforma do Imposto sobre Serviços-ISS, defendendo maior participação dos municípios na repartição das receitas tributárias.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2017 - Página 49
Assunto
Outros > GOVERNO MUNICIPAL
Indexação
  • ELOGIO, REJEIÇÃO, VETO (VET), REFERENCIA, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), OBJETO, REFORMA, IMPOSTO SOBRE SERVIÇO (ISS), OPERAÇÃO FINANCEIRA, PLANO DE SAUDE, DEFESA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, GOVERNO MUNICIPAL, MELHORIA, EQUIDADE, RACIONALIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, RECEITA TRIBUTARIA, NECESSIDADE, DESCENTRALIZAÇÃO, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), ENFASE, ARRECADAÇÃO, GRUPO, MUNICIPIO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

    A SRª ROSE DE FREITAS (PMDB - ES. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, antes de mais nada, eu queria agradecer a V. Exª, porque, na verdade, em todas as frentes em que trabalhamos, em todas as comissões, quase não sobra tempo de virmos à tribuna registrar nossas posições em público. Portanto, eu queria, em função da votação de ontem, destacar a importância de registrar a notícia aqui, como já fez também ontem a Senadora Ana Amélia, que o Congresso Nacional derrubou, por acordo e entendimento até com o Presidente da República, conforme o Presidente registrou, um veto presidencial na lei que redistribui o imposto sobre os serviços aos Municípios.

    Do que nós estamos falando? No Brasil, nós pagamos impostos, arrecada-se o imposto e ele fica concentrado aqui na União. Mais de 60% do imposto que nós pagamos, que deveria ser destinado à saúde e à educação, vem todo para o Governo Federal. Reclamar não dá. Municípios vão à beira da falência, não têm condições de prover a sua comunidade com uma infraestrutura importante. No entanto, nós cansamos de falar e agora estamos partindo para a prática.

    Eu quero manifestar aqui a minha satisfação pessoal por ser municipalista, ao longo dos oito anos que aqui estou, porque essa decisão vai aumentar a arrecadação da maioria dos Municípios, Senador Humberto, vai beneficiar enormemente os Estados e as pequenas cidades, onde está o cidadão mais carente, aquele que precisa, onde está a falta de recurso, porque essa decisão vai, enfim, fazer justiça aos Municípios.

    O ISS será cobrado no Município do domicílio do cliente, nas operações com cartões de crédito e débito, leasing e, sobretudo, plano de saúde. Senador Cristovam, hoje o ISS do cartão de crédito ou leasing é cobrado no Município da empresa prestadora de serviço. Ou seja, o pagamento do imposto é feito para a cidade onde está sediada a empresa financeira, o que beneficia, no final das contas, as grandes cidades brasileiras, havendo a concentração novamente de arrecadação e de investimento.

    Prevaleceu o entendimento – foi advogado isso perante o Presidente da República – de que, para realmente fazemos justiça fiscal, é extremamente importante e necessário nós termos uma nova forma de redistribuir o montante arrecadado com o nosso imposto. Ou seja, vai ser permitida a transferência da cobrança do ISS, que atualmente é feita no Município do estabelecimento prestador de serviço, para o Município do domicílio dos clientes.

    Sem o veto que foi feito pelo Presidente, que, depois, com a sua concordância, foi derrubado, a forma de distribuição dos recursos arrecadados com o imposto continuaria desigual. Hoje cerca de 63% das receitas do ISS ficam nas mãos de pouco mais de 30 Municípios, e cerca de 100 Municípios – falando da forma genérica – recebem 78% de todo o montante arrecadado do ISS no País inteiro. Veja a irracionalidade. Por isso, não querem, nunca fazem a tal da reforma tributária. Agora nós vamos ter outra realidade: cerca de 6 bilhões de arrecadação passarão a ser distribuídos entre todos os Municípios anualmente e não apenas entre meia dúzia concentrada em tão poucos Estados brasileiros.

    Eu, como Parlamentar municipalista que sou há muitos anos, esta é a bandeira que eu defendo: o cidadão mora no Município e, portanto, precisa, sobremaneira, ter no seu Município, onde ele paga também os seus impostos, a capacidade de ter infraestrutura. Há Município que não tem água para beber, como era, há pouco tempo, o caso de Sooretama, porque recursos da União nunca chegariam até lá. Como o Governo brasileiro, seja ele qual for, vai olhar e falar: "Senhora, há um Município chamado Irupi, no Espírito Santo. Irupi é uma cidade deste tamanhinho e precisa de uma escola." Isso não vai acontecer. Então, eu, como Parlamentar, acredito que é uma vitória muito significativa, é um alívio às prefeituras imersas em profunda crise econômica, como está o País inteiro.

    Segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios, a estimativa, Sr. Presidente, é de que, no caso de serviços de administração de cartão de crédito e débito, cerca de R$2,87 bilhões sejam repassados aos Municípios, onde o tomador do serviço está. Quer dizer, onde estão os restaurantes, os postos de gasolina, as farmácias e vários outros serviços que estão no Município em que o cidadão reside.

    Para o serviço de leasing, cerca de R$2,6 bilhões serão distribuídos entre centenas de prefeituras. Antes, esses recursos ficavam na mão de apenas 35 Municípios.

    Já no caso dos planos de saúde – que importa dizer –, mais de 2 mil Municípios com estabelecimentos de saúde que atendem planos e convênios passarão a receber o ISS dessa operação. Da forma que estava, entre os cinco mil e tantos Municípios brasileiros, apenas 370 recebiam essa receita. Vejam o absurdo dessa concentração nas mãos do Governo Federal.

    Nós gostaríamos de destacar que a derrubada dos trechos vetados pelo Governo Federal na lei da reforma do ISS – Lei Complementar nº 157, de 2016 – era uma demanda das prefeituras e foi amplamente defendida durante da 20ª Marcha dos Prefeitos que aconteceu aqui, em Brasília, na segunda quinzena do mês de maio.

    A decisão, que foi tomada com todos – participando o Presidente do Congresso Nacional, o Presidente da Câmara, o Presidente da República, os Senadores e os Deputados –, pela derrubada do veto foi um entendimento que finalmente acontece neste País entre o Presidente e essas pessoas que eu citei. Líderes inclusive da Base se envolveram nesse processo para dar essa ótima notícia para os prefeitos.

    É claro que é uma notícia boa para os Municípios do meu Estado do Espírito Santo. A estimativa de arrecadação de 2017 para os 78 Municípios capixabas é de R$105,6 milhões. É dinheiro de que as prefeituras precisam. E quem está lá na ponta e quem trabalha pela estrutura dos Municípios sabem bem o valor que tem essa conquista, principalmente em meio a uma crise deste tamanho, que ainda não superamos, mas que tenho muita fé que iremos superar.

    Eu queria agradecer, Sr. Presidente, e registrar aqui, na galeria, a presença dos bombeiros do DF. Tenho até inveja, porque, no meu Estado, não são tratados assim. Espero que cheguemos a toda eficácia do trabalho que eles têm, reconhecendo-os com um salário melhor, já que lá não se reconhece.

    Eu os parabenizo e os cumprimento pela luta.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2017 - Página 49