Pela Liderança durante a 92ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem ao advogado e político brasileiro Sr. Wilson Barbosa Martins, pelo centenário de seu nascimento.

Autor
Simone Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao advogado e político brasileiro Sr. Wilson Barbosa Martins, pelo centenário de seu nascimento.
Aparteantes
Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2017 - Página 27
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, WILSON BARBOSA MARTINS, ADVOGADO, POLITICO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Estamos sem som.

    Muito obrigada.

    Obrigada, Srª Presidente.

    Srªs Senadoras, Srs. Senadores, falo pela Liderança do meu Partido, o PMDB, porque, há cem anos, no dia 21 de junho de 1917, nascia em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o advogado e político brasileiro Wilson Barbosa Martins, esse político sul-mato-grossense, campo-grandense, que é até hoje lembrado e reconhecido como um dos maiores homens públicos do meu Estado – reconhecido pelo povo brasileiro e pelo povo sul-mato-grossense pela sua seriedade, pela sua honestidade, pela sua ética, pela sua responsabilidade para com o Estado de Mato Grosso do Sul e para com o Brasil.

    Pensamos eu, o Senador Waldemir Moka e o Senador Pedro Chaves em fazer uma sessão solene, comemorando os seus cem anos de vida, Srª Presidente, mas, diante do seu estado de saúde frágil, embora extremamente lúcido, que impede o Dr. Wilson de estar aqui presente, ficamos restritos ao discurso e a homenagens que teremos não só hoje, como também na segunda-feira, na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul.

    Pensei eu, hoje, antes de vir a esta Casa, o que poderia dizer desse grande homem público que já não tenha sido dito ou escrito, quando fui surpreendida por uma matéria muito bem elaborada e publicada num site do Estado de Mato Grosso do Sul, Campo Grande News, feita pelo jornalista Eduardo Fregatto, ao entrevistar a sua filha.

    E ali, vendo o depoimento, a entrevista de sua filha mais velha, Thaís Martins, vi que nessa reportagem estava refletida toda a história de vida não só do homem público, estadista, mas do homem Dr. Wilson Barbosa Martins.

    Por isso, peço vênia para rapidamente, de forma resumida, ler aqui alguns trechos dessa entrevista, que muito me comoveu, aliás, uma entrevista que eu poderia bem dizer que tem uma forma poética, ao relatar a trajetória, repito, de vida do Dr. Wilson.

Na Rua 15 de Novembro, a casa amarela de aspecto antigo, bem na região central, guarda uma parte importante da história e do legado político de Mato Grosso do Sul. É lá que vive o ex-governador do Estado, Wilson Barbosa Martins.

    Sua filha, Thaís Martins, relata que a "casa que já tem 60 anos, mais nova que o ex-governador, que completa [hoje] 100 anos neste 21 de junho."

    Abre aspas:

'A casa não sobrevive a ele. As janelas estão frágeis, temos que trocar uma por mês' [...], destacando [aqui] o contraste [...] [da] construção frágil, que cede à passagem do tempo, e o próprio pai, que continua agarrado à vida e com um estado de saúde estável, após um acidente vascular [...] há cerca de 4 anos.

    Nessa conversa que se estende, continua: "Mesmo afastado da mídia, a presença de Wilson Barbosa Martins jamais deixou de figurar no imaginário popular do sul-mato-grossense."

    A data será bastante celebrada. Como membro da Academia Brasileira de Letras, hoje, terá uma homenagem na nossa Academia Sul-Mato-Grossense. Na segunda-feira, dia 26, na Assembleia Legislativa.

    O político governou MS de 1983 a 1986 e de 1994 a 1998. Ele se projetou como uma das figuras mais admiradas e respeitadas do Estado. Ajudou a elaborar a Constituição de 1988, quando então foi Senador da República e considerado, à época, um dos dez melhores Parlamentares do Senado e também da Câmara dos Deputados, quando Deputado Federal.

    "Defensor de ideais humanistas, ele era o [abre aspas] 'cara mais à esquerda', enquanto seu opositor direto, também ex-governador [...], tinha um perfil mais de direita."

    Abre aspas ainda, colocando aqui a fala da sua filha Thaís: "No momento que o País atravessa, se torna mais forte essa expressão de admiração e de carinho por um político que marcou sua presença no Estado como um político honesto, competente, sério, zeloso pela sua imagem."

    Lá adiante: "Quando faz sol e o tempo está bonito, Wilson é levado para o jardim para apreciar o dia. Gosta de ver os jogos do Corinthians e acompanha os noticiários políticos com expressão [Senador Moka] de espanto e desaprovação, garante [...] [sua] filha."

    Mais ao final: "A filha mais velha recorda do pai zeloso, que fazia questão de transmitir todas as suas qualidades para os filhos, [...] [inclusive seu] grande senso de responsabilidade. [...] Ele também ensinou para os filhos o amor pela natureza [...]." Abre aspas: "Me ensinava os nomes das flores, das árvores... era uma pessoa suave, generosa, muito tranquila e serena", fecha aspas.

    Casado com a escritora e artista plástica Nelly Martins, filha também de um ex-Senador, Vespasiano Martins, e de Celina Baís Martins, durante todo o tempo da vida da D. Nelly. Portanto, quase 60 anos de casamento até a sua morte.

    "Ela destaca a importância da mãe na trajetória política do pai. [Abre aspas:] 'Ela fazia um caminho de flores por onde ele passava. Ajudou com afinco na carreira do papai, tinha uma habilidade política enorme'" – fecha aspas.

    Ainda encerra – quando disse dos grandes momentos difíceis por que passam os homens públicos, sujeitos, todos nós, a críticas –, citando uma grande escritora e poetisa de Mato Grosso do Sul, Glorinha de Sá Rosa, e disse: "A [escritora] Glorinha de Sá Rosa publicou um artigo, certa vez, em que dizia que meu pai era imune à intriga e às maldades". E assim encerra essa fabulosa reportagem escrita e publicada no site Campo Grande News de Mato Grosso do Sul.

    Antes de encerrar a minha fala, é com muito prazer que concedo a palavra ao meu colega Senador Waldemir Moka, que teve anos de convivência com o Dr. Wilson Barbosa Martins e que tem muito mais a falar dessa grande figura e desse grande homem público que é o nosso eterno Governador Wilson Barbosa Martins.

    Com prazer, Senador Waldemir Moka.

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) – Senadora Simone, eu havia preparado também um discurso para fazer uma justa homenagem a quem eu considero o político que melhor representou Mato Grosso do Sul. Quando se elegeu Senador, ele deixou o seu pai, Senador Ramez, no comando do governo. Sei da proximidade, até porque convivi com o Dr. Wilson. Tive o privilégio e me senti muito honrado de ser seu Líder, quando Governador, na Assembleia Legislativa. Dr. Wilson era uma figura com uma autoridade moral muito grande. Eu até brinquei, recentemente, numa homenagem que fizeram ao Dr. Wilson, lá na Acrissul, com ele ainda presente ali. Eu disse que a autoridade do Dr. Wilson era tanta... Ele se elegeu Governador em 1982, e, naquela época, não se elegia prefeito nem os prefeitos das cidades da chamada área de segurança nacional. Ele indicou para Prefeito de Campo Grande o ex-Senador e ex-Prefeito Lúdio Martins Coelho. Eu presidia a Câmara de Campo Grande, vindo do movimento estudantil, e conhecia muito pouco o Sr. Lúdio. Havia uma resistência política – coisa mesmo de disputa política local –, e eu não colocava o nome do Sr. Lúdio para ser apreciado. Ele precisava ser aprovado pela Câmara para ser empossado Prefeito de Campo Grande. Aí começou aquela rebeldia, e eu não colocava. Até que um dia eu recebi um telefonema. A minha secretária disse: "Olhe, o Governador quer falar." Eu falei: "Comigo?" Ela disse: "Ele disse com o Vereador Presidente". Quer dizer, era comigo. Eu disse para ele: "Alô. Como vai, Governador?". Aí eu ouvi do outro lado: "Vereador Presidente, o Governador precisa ser prestigiado. Você tem que colocar na pauta o nome do Lúdio para ser indicado Prefeito". E eu, brincando, disse que a minha rebeldia, Senadora Simone, acabou naquele exato momento, quando eu falei para ele: "Sim, senhor" e já desliguei o telefone. Isso é para retratar, à época, a liderança que ele exercia em todo o Partido. Ele era um líder nato. Ele ouvia todos: vereadores, diretores; enfim, ele dava a decisão. Um político antigo, nascido no berço da UDN, que, como V. Exª já relatou, foi Governador por duas vezes. Eu o acompanhei, tive esse privilégio e me orgulho muito disso. Tenho o Dr. Wilson assim como tenho o seu pai, V. Exª sabe disso, como referências políticas na minha vida inteira. Comecei com ele Governador e eu Vereador, presidindo a Câmara Municipal de Campo Grande. Eu quero, neste momento, se V. Exª me permite, render uma homenagem muito sincera ao Dr. Wilson, à D. Nelly, já falecida, à sua filha Thaís, à Celina Jallad, falecida também, a todos os outros, ao seu filho, o Nelson, e aos familiares, aos amigos. E eu tenho certeza, render uma homenagem em nome da população de Mato Grosso do Sul, que tem o Dr. Wilson Barbosa Martins como um homem extremamente honrado, muito sério, e que, numa época como esta, está fazendo uma falta enorme a este País. Muito obrigado, Senadora Simone.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – Eu é que agradeço, Senador Moka, a V. Exª, que engrandece a minha fala com depoimento de quem vivenciou e viveu ao lado deste homem que era de poucas palavras, porque a sua história de vida, a sua ética, a sua conduta já falavam por ele.

    Quando ele chegava ao seu espaço, com gestos contidos, com o olhar ele conseguia se comunicar e conseguia se impor. Não através da força, mas através, num espírito até democrático e de bom senso, de palavras muito objetivas, mas com muita consistência.

    E, se V. Exª me permitir, gostaria de que o aparte de V. Exª pudesse ser incorporado à minha fala para que pudesse ficar registrado nos Anais do Senado Federal este depoimento de quem viveu longamente por muitos anos com o Dr. Wilson Barbosa Martins e junto com ele ajudou a fazer a história de Mato Grosso do Sul.

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) – Será uma honra. E eu quero também fazer justiça, porque, quando eu falei do Sr. Lúdio, o Dr. Wilson estava certo: ele indicou o Sr. Lúdio, que foi um grande Prefeito, um extraordinário Prefeito para Campo Grande. Além de tudo, era um homem que tinha discernimento. Conhecia o Sr. Lúdio, que demonstrou na prática, porque foi indicado Prefeito e depois se reelegeu com o voto dos campo-grandenses. E é ainda hoje lembrado como um dos grandes prefeitos de Campo Grande. Seria injusto lembrar do Sr. Lúdio só da forma com que o Dr. Wilson indicou. Não, ele foi indicado, mas depois provou o seu valor e veio a ser um grande Prefeito. Mas fica aqui, finalmente, Mato Grosso do Sul teve muita sorte: teve Wilson Barbosa Martins, teve Ramez Tebet e teve Lúdio Martins Coelho. Muito obrigado, Senadora Simone.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – E hoje tem o Senador Waldemir Moka, que muito orgulha Mato Grosso do Sul com o seu trabalho, considerado entre os três – ficou em segundo lugar –, numa pesquisa de um site nacional, como o segundo Senador – portanto, o primeiro de Mato Grosso do Sul – mais influente e mais competente no ano de 2016. Para mim é uma honra trabalhar ao lado de V. Exª, Senador Moka.

    E me permita, na sua memória, fazer uma justa homenagem ao Senador Lúdio Coelho, porque foi Senador desta Casa, para fazer aqui um registro. E história é isto: nós vivemos de memórias e de histórias contadas por terceiros. Eu me lembro de que, se meu pai teve a oportunidade de estar uma vez na tribuna desta Casa, muito do empenho se deve ao Dr. Wilson Barbosa Martins, que o chamou para ser seu Vice-Governador, e ao Dr. Lúdio Coelho. Naquela época, numa disputa de duas vagas, o Dr. Wilson estava à frente nas pesquisas, meu pai disputando a segunda vaga, com perigo de não chegar a uma segunda vaga, porque havia passado uns dois ou três anos fora da política, estando numa disputa contra uma máquina violenta do governo contrário à candidatura que ali estava fazendo campanha para outro candidato. Eu não me esqueço de que o Dr. Lúdio foi à televisão, chamou o meu pai ao lado – àquela época, podia –; com os dois lado a lado, o Sr. Lúdio, que andava muito com um chapéu muito conhecido pela população de Mato Grosso do Sul, disse: "Quem der o primeiro voto a mim" – e passou o chapéu para o meu pai – "tem que dar o seu segundo voto a Ramez Tebet." Graças a ele, meu pai pôde vir a esta Casa e assumir a Presidência do Senado. Depois, ele se reelegeu com muita facilidade, graças ao empenho e ao próprio mérito dele.

    Eu encerro, nestes últimos três minutos da minha fala, Srª Presidente – agora Sr. Presidente Paim –, não sem antes finalizar com uma fala pessoal. Fiz a leitura de uma reportagem, mas, aqui falando com o coração e com a alma, eu tenho a convicção de que há homens na vida, não só na vida pública, que se contentam em viver a história – vivem e passam vivendo a história. O Dr. Wilson é um homem desses. Nesses cem anos, viveu a Era Vargas, com o seu suicídio e a instabilidade, viveu a estabilidade econômica com Juscelino Kubitschek, presenciou os vinte anos ou as vinte noites tenebrosas de uma época de ditadura e a redemocratização, esteve nesta Casa aqui fazendo a nossa Constituição cidadã, esteve à frente da Prefeitura de Campo Grande, foi Deputado Federal e Governador por duas vezes de Mato Grosso do Sul. No entanto, ele não apenas se contentou e se contenta em viver a história, o Dr. Wilson quis mais. Ele escreveu a história. Há um livro – e é por isso que ele é homenageado hoje pela Academia Sul-Mato-Grossense de Letras – cujo título é Memórias: Janela da História. E, mais do que viver a história, mais do que contar a história, o Dr. Wilson não se satisfez; ele quis fazer história e ele fez história. Eu não vou aqui me delongar com todo o seu passado brilhante, que o povo sul-mato-grossense conhece.

    É de homens como esses que o Brasil está precisando, verdadeiros estadistas. Quem sabe, se os tivéssemos, nós teríamos outros caminhos a escolher e estaríamos percorrendo outros caminhos.

    Eu encerro a minha fala parabenizando a família, dando um abraço carinhoso a todos os seus familiares, filhos – tem um filho e uma filha ainda – e netos.

    Eu encerro realmente dizendo à população de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul, em especial ao Dr. Wilson: em nome de Mato Grosso do Sul e do Brasil, muito obrigada, Dr. Wilson.

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2017 - Página 27