Comunicação inadiável durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas aos discursos de oposição ao governo de Michel Temer, Presidente da República.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas aos discursos de oposição ao governo de Michel Temer, Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2017 - Página 42
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, RESPONSABILIDADE, CRISE, POLITICA, ECONOMIA NACIONAL, GOVERNO, DIREÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Cinquenta e dois minutos.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos os que nos acompanham pela Rádio e TV Senado, pelas redes sociais, hoje ouvi um rosário de falas aqui e não tinha como não fazer o contraponto, até porque uma das estratégias que tenho visto aqui é sempre, como pingo d´água, bater no mesmo ponto para tentar algumas coisas virarem verdade.

    Eu vim falar um pouco aqui sobre aquele Procurador Dallagnol. Sinceramente, há muitas coisas que o Dallagnol faz com as quais eu não concordo. Eu, por exemplo, acho que poderia ele se comportar como o Moro, falar menos.

    Mas eu vim falar aqui sobre as palestras do Dallagnol. Se eu fosse do PT, eu passava longe dessa história de palestras. Eu não falaria em corda em casa de enforcado. Que eu saiba – ele pode fazer as suas palestras, falar do que quiser, o Brasil é livre –, as palestras desse moço foram contratadas, pagas. E ele prestou serviço, ao contrário de um rapaz inocente que há por aí, que – está provado – dava palestras fictícias. Comparava-se a Bill Clinton. As palestras eram um preço exorbitante. Mas se descobriu que era um meio de receber propina. Não vou nem falar o nome dele, porque é uma vaca sagrada que tem por aí.

    Esta semana, esse moço disse o seguinte: "se eu for condenado, não vale à pena ser honesto neste País". O que eu acho terrível é brincar com a paciência do povo brasileiro. "Tiraram a Presidente Dilma e tem aí o Governo com o maior corrupto, o maior bandido do País está no Palácio do Planalto". Se for, é de responsabilidade total de vocês. Foram vocês que vieram e disseram que isso era bom. A maioria do povo brasileiro fica perplexa de ver agora esse festival de vitimismo.

    Eu acho engraçado como é que essa gente se comporta. Quando acontece alguma desgraça e vai um deles preso aqui, chegam e pedem para maneirar, não fazer barulho; e quando acontece do outro lado, são os primeiros a correrem pedindo para cassar o mandato, correm para o Conselho de Ética, correm querendo defender a ética no Brasil. É uma ética seletiva, é uma ética que é, e outra que deveria ser.

    Eu os vejo agora comemorando a inocência deste que é total inocente, o ex-tesoureiro Vaccari, e me faz lembrar, quando não se falava nada disso ainda, que o ex-presidente do DNIT, Luiz Antônio Pagot, deu uma entrevista em rede nacional dizendo que, próximo à eleição, o Vaccari o procurou e falou: "Eu quero saber a lista das empresas que prestam serviço ao Governo Federal para que a gente possa passar o boné, passar o chapéu". Isso ficou claro, isso não tem dúvida, passaram o boné nas empresas que prestavam serviço ao Governo Federal. Bom, mas isso é proibido? Não é proibido. Mas acontece que todas essas empresas depois disseram que não se tratava de doação, tratava-se de extorsão.

    Eu não viria aqui falar desse tema, Senadora Maria do Carmo, se não visse esse festival de pessoas vindo aqui como se fossem vítimas de uns malvados que querem acabar com essa ou aquela reputação. Tem que se fazer o contraponto porque, daqui a pouco, vai parecer que era um bando de inocente. Eu já cheguei a ouvir o desplante que nós temos que pedir desculpa por ter tirado uma Presidente que cometeu crimes na administração e na gestão do País, dizendo que o que a Presidente fez não foi grave, que não havia nada contra ela.

    O que a Presidente fez foi nada menos do que copiar o modelo daquela Enron, aquela empresa de energia que dava os maiores lucros, que pagava os melhores dividendos. A propaganda dela era bem cínica e dizia: "pergunte por quê. Por que nós geramos tanto lucro?" Porque fraudavam os balanços. Por que o Brasil sempre tinha superávit? Porque tinha um balanço fraudado. Isso é um crime terrível, é um crime de lesa-pátria porque os resultamos nós estamos vendo aí, embora queiram jogar que o desemprego é do Temer, que as mazelas na educação são do Temer. Tudo bem, pode jogar, faz parte do debate político. Mas todo mundo sabe que não. Sabem que pegaram um pé de laranja maduro, carregado, comeram as laranjas todas e aí desenharam, fizeram a impressão de laranja e colocaram para você olhar de longe e falar: "Não, tem laranja no pé".

    A saúde em todo Brasil está arrebentada, os Municípios estão quebrados, os Governadores estão quebrados. Quebraram o País, e agora eu ouço um filósofo vir aqui dizer: "Só tem um jeito! Só tem um jeito de salvar o Brasil: é o Brasil todo, a população ir para as ruas e pedir a volta do Presidente Lula. Só o Presidente Lula tem capacidade..." Meu Deus do céu, é cada uma que se tem de ouvir aqui.

    O que se esperava é que fizessem um gesto. Há dois caminhos. Ou fazer um gesto de dizer: "Gente, nós erramos demais. Achamos que o dinheiro era infinito e gastamos, não fizemos a lição de casa". Por isso falta dinheiro para o Pronatec, falta dinheiro para tudo, para o Fies, para tudo. "A gente também pegou os companheiros e resolveu... Os que estavam quebrados colocamos aportes do BNDES e resolvemos torná-los os maiores empresários do mundo, e a gente pegou uma parte para fazer campanha. Erramos. Discordávamos do capitalismo que estava aí e resolvemos fazer o capitalismo de compadres. Então, eu pego as principais empreiteiras, os principais frigoríficos, os chamo de 'campeões', e o resto das pessoas que estão no mercado que se lasquem".

    É o que aconteceu no Mato Grosso – eu estive em Vila Rica, onde uma planta frigorífica foi fechada – e em tantos outros. Os empregos que se vão, lembrando que naquela época o JBS estava demitindo 10 mil funcionários e estava quebrado. Como ela, de uma outra para outra vira a principal empresa do mundo?

    Mas essas coisas não são ditas aqui. Apenas dizem que um inocente Presidente está sendo perseguido para não disputar eleição.

    Gente, como Vaccari, como Duque, como todas essas pessoas pegavam esse dinheiro? Será que era para eles? Não existia um beneficiário maior? Eu fico maluco da vida quando vejo a ex-Presidente posando de maior honesta do País, quando ela foi beneficiária de toda aquela... De 2010 para frente, tudo que se fez foi para sustentar o Governo, sustentar o projeto de poder. Ela foi beneficiária. Agora, vem dizer: "Olha, me tiraram para colocar esses que estão aí". Que coisa mais cínica! Foi seu Vice por dois anos.

    Olha, o Brasil não aguenta mais esse tipo de discurso. Eu quero, sinceramente, que ele tenha condições de disputar eleição, para que seja retirado nas urnas. Para que não seja derrubado esse projeto de poder, para que seja limpado, porque isso é uma mancha.

    Por que eu digo isso? É ofensa gratuita? Não. É porque são condescendentes demais com os próprios erros. Vivem de dedo apontado, em um vitimismo sem tamanho, sempre apontando para os outros. Ninguém presta, a verdade está com eles.

    Arrebentaram. Vêm dizer que o desemprego é deste último Governo.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Já concluo, Sr. Presidente.

    Foi a inércia da catástrofe que houve, a quebradeira sem tamanho.

    "Mas a educação... Estão acabando com os programas da educação." Gente, passaram-se 13 anos. Por que será que nossos índices de educação não melhoraram? Passaram-se 13 anos. Por que será que nós estamos com esse tanto de desempregados? Será que de uma hora para outra... Não! Negaram a crise até o último momento; subiam aqui e diziam que não havia crise. E culpavam a crise de 2008 pelo resultado da crise por que estávamos passando.

    Paul Krugman, aquele economista que previu o estouro da bolha no mercado imobiliário norte-americano, quando veio a crise, falou: "Olha, essa crise é do sistema financeiro, e o Brasil passará por ela tranquilamente, porque fez a lição de casa, saneou seu sistema financeiro lá atrás." Mas, não; o discurso aqui é de que a crise de 2008 tinha arrebentado e feito a nova crise... Não! A crise era local; crise totalmente local.

    E, aí, cada dia, agora, tentam plantar que há um bando de inocentes e um juiz malvado em Curitiba.

    É possível que esse juiz tenha cometido erros; é possível que o Ministério Público tenha cometido erros; mas as instâncias superiores estão... Como hoje: num dos processos do Vaccari, ele foi inocentado. Agora, as mochilas de dinheiro que saíam de lá e a forma como ele escrevia no bilhete tinham endereço certo: era o projeto de poder.

    Houve o mensalão: culpado mesmo, para esse pessoal, foi só Roberto Jefferson e quem não era do grupo e Marcos Valério.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – O resto era "guerreiro do povo brasileiro". Ah! Tenha paciência! Precisamos fazer um discurso mais decente, um debate mais – como posso dizer – honesto intelectualmente.

    Agora, o Governo está apanhando aqui.

    Eu quero deixar uma mensagem para quem faz as estratégias do Governo Federal: em certo ponto, merece apanhar, porque eu não estou vendo estratégia nenhuma. Esses dias, na CAS, por exemplo, foi totalmente por falta de estratégia que perderam aquela votação da reforma trabalhista.

    Eu não vejo contraponto e não vejo capacidade de reação perante tanta mentira.

    Então, estou fazendo esse pronunciamento aqui para dizer que, se o Governo acha que isso tudo está bom, eu encerro por aqui. Eu e todos os brasileiros ficamos indignados de ver essa mentirada toda, mas pelo visto a estratégia do Governo é assim: deixem falar! Então, vamos deixar; só que eu aviso que isso vai virar verdade! Isso vira verdade, porque essa mentirada dita o tempo inteiro vira verdade. E, daqui a pouco, como, nos hospitais que estão lá em Mato Grosso, que estão na minha cidade, está faltando tudo, a população vai começar a achar que a responsabilidade é deste Governo.

    Aproveito para cumprimentar todos da direção da Santa Casa do Estado de Mato Grosso, de Rondonópolis, minha cidade, que estão aqui. Cumprimento a Vereadora Geraldina; o Dr. Miguel Weber, o Dr. Kemper e toda sua equipe que está aqui.

    Sr. Presidente, aproveito para agradecer-lhe pela tolerância. V. Exª é um paraense quase mato-grossense, pois tem lutado as mesmas lutas; e, mesmo agora, neste momento em que lutamos para que saia esse corredor de infraestrutura, V. Exª tem sido um baluarte nessa luta.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2017 - Página 42