Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas a acusações de tráfico de entorpedentes contra o Ministro Blairo Maggi em função de ausência de provas.

Críticas à divisão da denúncia contra o Presidente da República, Michel Temer, pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA:
  • Críticas a acusações de tráfico de entorpedentes contra o Ministro Blairo Maggi em função de ausência de provas.
MINISTERIO PUBLICO:
  • Críticas à divisão da denúncia contra o Presidente da República, Michel Temer, pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
Aparteantes
Zeze Perrella.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2017 - Página 16
Assuntos
Outros > IMPRENSA
Outros > MINISTERIO PUBLICO
Indexação
  • CRITICA, ACUSAÇÃO, TRAFICO, ENTORPECENTE, AUTORIA, BLAIRO MAGGI, MINISTRO DE ESTADO, AUSENCIA, PROVA.
  • CRITICA, RODRIGO JANOT, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, MOTIVO, DIVISÃO, DENUNCIA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos os que nos acompanham, eu fico preocupado, viu? Fico preocupado porque dá para notar que o debate político, a luta política está acima de qualquer interesse do País. Eu vejo que, aqui, o que se quer é dar o tiro para ver a avalanche cair.

    Eu noto que, depois de fazer o governo mais pernicioso da República, essa gente quer acabar com o resto. São verdadeiros detratores da honra alheia. São pessoas que não se preocupam com o currículo alheio e querem fazer com que valores que as pessoas demoraram a vida inteira para construir sejam destruídos em segundos.

    Eu vou citar aqui um caso, Sr. Presidente. No Mato Grosso, constantemente os aviões vêm da Bolívia com cocaína e pousam nas fazendas ali da fronteira. Eu tive a oportunidade de trabalhar na fronteira e me lembro que, certa feita, o Exército, a Polícia Federal, todo mundo chegou lá e um pecuarista me disse o seguinte: "Olha, o Estado nunca vem aqui [tinham prendido uma moto dele], mas, quando vem, chega prendendo é a gente. Aqui traficante direto pousa avião aqui e faz o que quer."

    Mas esta semana um avião veio da Bolívia com cocaína e foi abatido pela FAB. O que aconteceu? Nas conversas que foram feitas entre o piloto e a Aeronáutica, esse piloto apresentou um plano de voo falso e disse que tinha decolado de uma conhecida fazenda, ex-fazenda do Olacyr de Moraes, que hoje é a arrendada pelo Grupo Amaggi. Isso foi o bastante para sair em todos os jornais que o Ministro Blairo estava envolvido com cocaína.

    Em segundo lugar, ontem eu vi, na Câmara dos Deputados, essa mesma turma da Senadora Fátima, que saiu aqui agora, dizendo, a plenos pulmões – cito aqui o Deputado Padre João –, que, irresponsavelmente, começou a chamar, por vias transversas, o Senador Blairo Maggi de traficante, assim como o Senador Zeze Perrella.

    Sobre o caso do Senador Zeze Perrella, eu já disse aqui na tribuna que a própria Polícia Federal nem o quis ouvir. Por quê? Porque, pela linha do tempo, eles tinham visto que o piloto tinha sido cooptado pelos traficantes e que, quando o Senador ia a Minas, os próprios traficantes diziam nas gravações: "Hoje não dá porque o Senador está aí, senão vai colocar o piloto em dificuldade." Então, ele não foi nem chamado a depor.

    Mas essas pessoas, para fazer a luta política, enxovalham, enxovalhavam o tempo inteiro, apontam o dedo. Assim como fizeram com o Senador Perrella, ontem estavam lá citando o nome dele e citando também o Senador Blairo Maggi. E hoje vêm dizer aqui que todo mundo aqui, inclusive acusando o Senador Aécio Neves, fazendo olas porque conseguiram assinaturas... Então, não têm proposta para o País, mas procuram se firmar, se lavar da podridão em que se meteram, na honra alheia.

    Concedo um aparte ao Senador Zeze Perrella.

    O Sr. Zeze Perrella (PMDB - MG) – Obrigado, Senador José Medeiros. O tema é bem apropriado, Senador. Eu fui surpreendido, nesta segunda-feira, por uma fala na Senadora Regina. Eu acho que a gente não pode exigir que as pessoas sejam minimamente inteligentes, mas acho que uma Senadora da República tinha que ser pelo menos bem informada. E acho que até isso ela tem dificuldade. Eu gostaria que ela aqui estivesse para falar olhando nos olhos dela. Ela disse que até hoje... Quem é o dono da cocaína? Isso não é obrigação minha saber quem é o dono da cocaína. Foram presos todos os envolvidos no Brasil, na Colômbia e nos Estados Unidos. Se ela tivesse um pouquinho, pelo menos, de boa intenção, ela poderia ligar no Ministério da Justiça e na Polícia Federal para saber do desfecho disso. Eu vou fazer questão de encaminhar ao gabinete dela todo o histórico e o desfecho. Eu repito mais uma vez: eu não fui sequer denunciado nem pela Polícia Federal, depois de longas investigações, nem pelo Ministério Público. Eu repito mais uma vez: eu não consto do processo nem como testemunha. E a ilustre Senadora fala uma bobagem daquela que ela falou aqui. É o que V. Exª colocou bem: para destruir reputações. Isso aqui é uma fábrica hoje... A oposição virou uma fábrica para destruir reputações, e eles teriam que ter vergonha, porque, na época do desfecho do meu caso do helicóptero, o Ministro da Justiça era um ministro do Partido dela, a Presidente da República era a Presidência que ela defende, essa quadrilha que ela defendeu a vida inteira. Então, como é que uma pessoa que defende uma quadrilha dessa tem coragem de citar o meu nome mais uma vez, sabendo, sabendo que está mais do que comprovado que eu fui vítima, como o Senador Blairo me parece que foi. Agora, ouvi as últimas notícias de que nem na fazenda dele o avião decolou...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não foi, o plano de voo era falso.

    O Sr. Zeze Perrella (PMDB - MG) – Sim, pois é, mas você veja como as pessoas são. É lamentável. Eu digo para a senhora, Senadora Regina: eu não sou do seu bando e nem da sua laia.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Zeze, eu acho que uma resposta muito – e me permita chamar Zeze –, Senador Zeze, uma resposta muito boa é falar assim: "Olha, cuide dos seus, cuide dos seus."

    Eu não gosto de falar nome de Senadores aqui. Eu penso que nós devíamos ter mais respeito pela dor alheia e principalmente esperar, vai ter investigação. Mas eu tenho visto que não tem tido essa temperança de não citar os Senadores aqui antes que as coisas sejam esclarecidas.

    Eu penso que como uma boa resposta seria V. Exª dizer o seguinte: "A senhora pode ter legitimidade para pedir alguma apuração contra mim no dia em que a senhora pedir de Lindbergh, de Gleisi, da Senadora Vanessa, de todos os outros companheiros que ora, em um caso ou outro, foram citados."

    Então, esse negócio de ser muito draconiano com os outros e condescendente com os seus é meio que uma prática.

    Mas eu ouvi agora há pouco o Senador falar aqui sobre golpe desmoralizado. Eu penso que o golpe que está ficando desmoralizado é o que eles tentaram implantar agora contra o Senador Aécio e contra o Presidente da República. Esse golpe está começando a ficar desmoralizado, porque começa a aparecer que tinha um Procurador envolvido em um negócio de quase cem milhões, e o principal beneficiário desse negócio aí saiu sem pagar um centavo, e sem pegar um dia de cadeia, e foi orientado para ir lá gravar um Presidente da República.

    Não sou aqui procurador nem defensor do Presidente Temer, não sou advogado dele, mas, Senador Zeze, eu mando alguém... A Justiça não pode se comportar, o Ministério Público não pode se comportar como se um bandido fosse; mandar preparar uma casinha de caboclo, como fizeram com o Sarney...

    Você pode pegar... Eu trabalhei nessa área 22 anos; você não pode dar uma de bandido para pegar o bandido. Existe um brocado que diz o seguinte: "é melhor dez culpados soltos do que um inocente preso."

    E o Ministério Público não pode ter...Na sabatina aqui, perguntei ao Procurador se ele brilhava os olhos para processos; se processo, para ele, tinha capa ou tinha conteúdo, e ele afirmou que tinha conteúdo. No entanto, a gente sente que as coisas têm sido muito teleguiadas.

    Esse fatiamento, por exemplo, da ...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ...denúncia é notadamente para desgaste. Ela poderia ter ido una para a Câmara. Agora, no momento em que o País está arrebentado, ele quer que se façam três processos como se fossem três processos de impeachment.

    Quem quer ser mais um poder tem que se comportar como um poder. A gente tem que aplaudir, e aplaudimos quando houve acertos, mas, Senador Perrella, o Ministério Público tem querido os bônus de ser um poder assim como o Legislativo, Judiciário e Executivo, mas não tem tido o mesmo comportamento. E isso não é bom para a nossa República.

    Outra coisa, Senador Perrella, agora há pouco eu ouvi dizer que houve uma negociata grande para tirar a presidente Dilma da Presidência da República, que teria sido uma negociata feita pelo Senador Aécio, por mais não sei quem, mais não sei quem, mais Globo e mais todo mundo. Essa teoria da conspiração vale como debate político, mas não se sustenta. Não se sustenta. Dizer: "Olha, agora o Presidente está querendo obstruir a Justiça." Meu Deus do céu, como é que falam uma doidice dessas na tribuna! Se vamos falar de obstrução da Justiça, vamos lembrar do que o Senador Delcídio disse, que a presidente, andando com ele, pediu para que um ministro do STJ fosse nomeado notadamente para soltar o Marcelo. Aquilo era obstrução de Justiça na veia. Colocar o presidente Lula – e a gravação deixou bem claro à época – foi uma clara obstrução de Justiça. Mas, não! Nesses 13 anos não foi cometido nada de irregular, e é simplesmente a oposição que destruiu quando não aceitou o resultado das urnas.

    Para quem está nos ouvindo e, de repente, fala: "não, mas o PSDB entrou mesmo com ação contra o resultado", eu devo explicar aqui o seguinte: o Código Eleitoral deixa alguns instrumentos para combate de irregularidades que eventualmente tenham eivado o processo eleitoral de fraudes ou de qualquer outra coisa que possa contaminar o resultado, mas essas ações têm que ser protocoladas logo após a eleição, senão o prazo já não permite que se entre com as ações. Uma delas é a impugnação. A Aime, a Aije e todos esses... Quem trabalha com Direito sabe muito bem que ação de impugnação do resultado eleitoral tem que logo em seguida, e, por isso, foi feito, tanto é que, no decorrer do processo, se descobriu que a eleição realmente foi totalmente, Senador Perrella, fraudada, ganhada ali... Até os Correios foram usados. E se a Justiça tivesse agido rapidamente, hoje o presidente seria Aécio Neves.

    Então, estamos num momento em que eles sobem aqui e querem dizer que estão procurando uma saída, que estão querendo que o Brasil... Não estão procurando saída coisa nenhuma, querem simplesmente apontar o dedo para se livrarem, para dizerem: "nós não pecamos", para esconder Pasadena, para esconder Petrobras. Quem não se lembra daquela eleição ganha em cima da Petrobras? Eles diziam: "Olhe, vai privatizar a Petrobras, vai não sei o quê", mas, aí, eles se portaram como diz aquele pensador: foi o cavalheiro que procurou proteger os bens da Petrobras contra terceiros, mas os tomou para si.

    E, agora, já indo para o final, Sr. Presidente, eu ouvi a Senadora que saiu agora há pouco dizer que houve um assalto ao poder. Perdoem-me, mas, mesmo na ausência dela, eu tenho que fazer esse contraponto aqui: assalto é o que foi descoberto que foi feito.

    Já conseguiram devolver quase R$2 bilhões disso tudo, mas o interessante é que esse assalto foi tão bem perpetrado que só existe a turma que foi assaltar o banco; não existe o beneficiário maior. Até o processo que está correndo dizem que é uma perseguição política.

    Senador Zeze Perrella, com o montante que saiu desses cofres todos – Pasadena, Abreu e Lima, sem falar nas obras pelo País afora...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... dizer que o Lula está sendo injustiçado é até um acinte, porque essa cantilena vem desde o negócio.

    O senhor veja bem: um negócio privado do Aécio Neves, agora, eles estão colocando aqui como se fosse o fim do mundo. Mas e essa coisa toda? Todo mundo vê o Duque, o Delcídio, e todo mundo, até agora, diz: "Lula era o cara". Mas, não; eles vêm aqui e dizem que o Lula é um inocente. É um inocente, Senador Cássio!

    Dá até para um repentista fazer um bom cordel com essa história toda, porque eu não sei o que é que fazem. De repente, o Brasil, que o amava tanto, resolveu perseguir esse inocente? Tenham paciência! Tenham paciência! Não dá para ouvir essas coisas calado.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2017 - Página 16