Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a comemorar os quarenta anos de fundação da Igreja Universal do Reino de Deus.

Autor
MARCELO CRIVELLA
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a comemorar os quarenta anos de fundação da Igreja Universal do Reino de Deus.
Publicação
Publicação no DCN de 29/06/2017 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, IGREJA EVANGELICA.

    O SR. MARCELO CRIVELLA – Sr. Presidente, Senador Eduardo Lopes; senhores da Mesa; meus irmãos e minhas irmãs queridos que estão aqui hoje celebrando conosco os 40 anos da nossa igreja, e também os Senadores, os Deputados, já nominados, que abrilhantam tanto nossa festa, antes de eu cantar, Presidente, eu queria contar uma história a que eu assisti... Eu acho que Deus permitiu que eu a assistisse para que eu pudesse contar para vocês.

    Foi num dia em que eu estava almoçando na casa da minha avó, quando entrou, na época, um funcionário público, Edir Macedo, que disse a ela o seguinte: "Mamãe, eu vou largar o meu emprego para pregar o Evangelho." Minha avó disse: "Meu filho, não faça isso! É um salário pequeno, mas você tem estabilidade. Você não pode ser mandado embora." "Não, a senhora não imagina, mãe, o que eu sinto no meu coração. Eu preciso. Eu vou." E ele insistiu com muita veemência... Demorou uns cinco minutos, então, a minha avó, uma figura extraordinária – vocês precisavam ter conhecido – disse: "Está bom. Você vai, mas eu vou te pedir uma coisa que você não pode negar." E ele: "Está bom, mamãe. O que é?" "Não deixe de pagar o carnê do Instituto, do INSS, que é para, quando você ficar velho, você ter alguma coisa para se sustentar." E nós estamos votando agora a reforma da previdência. (Risos.)

    Eu não sei se ele ouviu a voz da vovó, não sei se ele está pagando o carnê, mas foi o pedido.

    Passados alguns dias, Senador Eduardo Lopes, nasceu a segunda filhinha do Bispo, a Viviane, e eu fui visitá-la de manhã cedo. Ele não foi, porque estava no trabalho, e ela nasceu com dificuldades, ela nasceu com lábio leporino, que, naquela ocasião, era muito complicado. Quando eu a vi no berçário, levei, claro, um susto. Ela chorava, ela era muito pequenininha, ela tinha uma dificuldade enorme e eu fui andando do hospital para a casa da minha avó me perguntando: por que um homem humilde, mas dizimista fiel, no momento em que toma a decisão suprema da sua vida, que é deixar o pouco que tinha, que para ele era muito... Aliás, na Igreja Universal, nós sempre aprendemos a fazer sacrifícios. Muitos sacrificaram coisas grandes – muitos nos criticam até por isso –, mas talvez – talvez, não; com certeza – ninguém sacrificou mais do que o bispo sem nenhuma garantia, sem nenhum sucesso no horizonte. Tudo o que era o seu emprego colocou no altar e recebeu como recompensa um castigo talvez dos piores, porque eu não saberia qual seria a reação dele ao chegar lá para ver que a sua filha tinha uma situação tão difícil como teve.

    Estava desolado. Confesso a vocês que, a cada passo que eu dava, era uma lágrima que caía naquela caminhada até a casa da minha avó. Cheguei lá por volta da hora do almoço, minha família se reuniu, ele chega às cinco da tarde e duas coisas que ele disse me marcaram profundamente. Nem se imaginava a Igreja Universal nessa época. Ele disse duas coisas. A primeira foi: "Mamãe, eu vou gostar mais dela do que da outra." É impossível um pai gostar mais de uma filha do que da outra. Eu imaginei que fosse uma maneira de compensar, de extravasar a sua dor, a sua tristeza. A primeira – vocês conhecem, a Cristiane, casamento blindado –, um bebê lindo, de olhinho azul, cabelinho, era uma coisa. A segunda nasceu com um sério problema na face, mas eu verifiquei depois que essa coisa não era apenas um pai tentando compensar, ou extravasar, ou alguma coisa do tipo. A Igreja Universal teria este perfil: uma igreja decididamente devotada aos que mais sofrem.

    Nós éramos cristãos antes. Quando víamos uma pessoa que não xingava, que não fumava, que não bebia, dizíamos: "Ah, o fulano tem tudo para ser crente. Vou chamar e vou levar para a igreja", mas, se passássemos diante de pessoas que não tivessem esse comportamento, nós nos afastávamos. Com a Igreja Universal, mudou. Nós fomos para as portas dos cemitérios, para as encruzilhadas, nós passamos a fazer programas de madrugada, a convidar as pessoas que não dormiam, que tinham vícios, as pessoas que estavam desesperadas, que pensavam em suicídio e logo o altar ficou cheio de gente nessa angústia, nesse sofrimento.

    É interessante como aquela criança foi tão importante para nós – talvez o bebê mais lindo que eu já vi nascer –, e como Jesus disse que nós não temos olhos para ver... Nós temos olhos, mas não vemos; nós temos ouvidos, mas não ouvimos.

    A segunda coisa que ele disse e que também marcou foi o seguinte: "Eu não vou ficar com raiva de Deus. Agora é que eu vou me dedicar mais ainda; eu vou ficar com raiva é do Diabo." Sabe que aí, nesse instante, eu, que o acompanhava, eu, que o via nos tantos anos que passou nas outras igrejas – e não foi consagrado em nenhuma igreja na qual passou, exatamente porque não viam nele nenhum valor, nenhum talento, um homem do povo, um homem qualquer –, naquele dia, naquele momento, naquela reação, vi nascer um grande líder, um homem extraordinário, que, no momento mais duro da sua vida, fez cumprir aquela palavra de Habacuque, dizendo "o justo viverá pela sua fé". E essa fé se espalhou. Nunca mais se apagou, com todas as perseguições, incompreensões, injúrias, infâmias e calúnias, por tudo que esta igreja passou. Meu Deus do céu! Essa chama continua acesa e o Senador Eduardo Lopes e o nosso Deputado Márcio Marinho hoje fazem com que ela, na Casa do povo, como foi dito, neste grande plenário, nessa forja, onde se retemperam as essências mais puras da nossa brasilidade, esteja acesa, com o testemunho para todo o Brasil de que somos um povo de fé.

    E eu, então, por causa da Vivi, escrevi essa música, que fala muito da gente, do nosso começo, de como nós somos, da nossa origem, que se chama Perfume Universal e que eu vou pedir para cantar para vocês agora.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 29/06/2017 - Página 13