Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal referentes à redução de investimentos da Noruega destinados a combater o desmatamento na Amazônia, causada pelo envolvimento do Presidente Michel Temer em denúncias de corrupção.

Autor
Ângela Portela (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Governo Federal referentes à redução de investimentos da Noruega destinados a combater o desmatamento na Amazônia, causada pelo envolvimento do Presidente Michel Temer em denúncias de corrupção.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2017 - Página 60
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, NORUEGA, OBJETO, DESMATAMENTO, REGIÃO AMAZONICA, MOTIVO, CRISE, POLITICA, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR – SERERP

COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM – COREM

28/06/2017


DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    A SRª  ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores o Brasil passou o maior vexame internacional, na semana passada, por causa da inconsequência de um governo corrupto e ilegítimo.

    O governo da Noruega anunciou o corte de pelo menos 50%, no valor que é enviado ao Brasil para ser aplicado em projetos de combate ao desmatamento na Amazônia. São cerca de 170 milhões de reais a menos para a proteção da floresta brasileira.

    O anúncio foi feito na última quinta-feira em Oslo. Após encontro com o presidente ilegítimo Michel Temer, a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, anunciou a redução pelo seu governo, do investimento no fundo de proteção da floresta amazônica e cobrou soluções para a corrupção no governo brasileiro.

    Passar vergonha no exterior já é constrangedor. Em dose dupla, então, é inadmissível.

    O governo da Noruega, principal país financiador do Fundo Amazônia, referia-se ao fato de dados oficiais terem revelado que, entre agosto de 2015 e julho de 2016, o Brasil destruiu cerca de oito mil quilômetros quadrados da floresta amazônica.

    Esse dado representa um aumento de 29% no desmatamento da floresta, em relação ao levantamento feito anteriormente.

    Como o dinheiro é repassado ao país, mediante a redução do desmatamento, consequentemente, o aumento dessa prática implica imediatamente corte no valor da doação à preservação da Amazônia.

    Setores da mídia enxergaram o episódio do anúncio dessa redução como um vexame vivido pelo Brasil.

    E foi exatamente o que aconteceu, durante a viagem que Temer fez ao exterior, com a estratégia de emplacar uma agenda positiva, para minimizar os efeitos danosos ao seu governo; envolvido até o pescoço em denúncias de corrupção.

    De fato, o vexame internacional teria sido menos grave, se não tivesse sido acompanhado de críticas à corrupção do governo de Temer.

    Aliás, o próprio presidente já foi denunciado pela Polícia Federal, por corrupção passiva, e está na iminência de ser denunciado à Câmara dos Deputados, agora, pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, também por corrupção e por obstrução da Justiça.

    “Estamos preocupados com a Lava Jato e é preciso fazer uma limpeza e encontrar uma solução”, afirmou a chefe-do-governo da Noruega, em uma coletiva que concedeu à imprensa ao lado de Michel Temer.

    A reprimenda que nos humilha parte de um governo acompanha de perto os acontecimentos atuais no Brasil, tendo em vista que uma empresa norueguesa, a Sevan Drilling, aparece na operação Lava Jato, acusada de ter pago algo em torno de R$ 140 milhões, em propina para corromper ex-diretores da Petrobras.

    Mas indiferente a este vexame, Temer tentou dar ares de normalidade ao que o mundo acompanha sobre nosso país. Tanto com relação à corrupção como no que se refere ao meio ambiente.

    O presidente tentou esconder que recentemente, o Congresso Nacional aprovou alterações em duas Medidas Provisórias – a 756 e a 758 - que reduzem a proteção em unidades de conservação na Amazônia. Temer vetou a MP 756 e sancionou a 758, com vetos.

    Mas, como depende de seus aliados para se salvar de um impeachment, ele deverá enviar um projeto de lei ao Congresso, com medidas que atendam ao segmento que o sustenta no Parlamento brasileiro.

    Era o que tinha a dizer.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2017 - Página 60