Discurso durante a 98ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do Dia do Orgulho Autista e comentários sobre a importância do convívio do portador de autismo com a sociedade.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Registro do Dia do Orgulho Autista e comentários sobre a importância do convívio do portador de autismo com a sociedade.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/2017 - Página 145
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • REGISTRO, DIA, PESSOAS, PORTADOR, AUTISMO, COMENTARIO, NECESSIDADE, INSERÇÃO, SOCIEDADE, DIREITO A CONVIVENCIA COMUNITARIA.

  SENADO FEDERAL SF -

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03/07/2017


    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, comemorou-se, em 18 de junho, o Dia do Orgulho Autista, que desde 2005 tem por objetivo a celebração da neurodiversidade e das características únicas que as pessoas com autismo apresentam.

    É uma data especial para os autistas, para as mães, os pais e familiares de autistas e para todos aqueles que de alguma forma estão profissionalmente vinculados ao espectro autista, como, por exemplo, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores, fisioterapeutas, psicopedagogos, entre outros. Mas é, sobretudo, um dia importante para a sociedade brasileira.

    De modo geral, o autismo é marcado por muita desinformação, e especialmente por estigmas. A pessoa que sofre algum dos transtornos autistas tende a ter dificuldades de relacionamento social. Quando criança, é comum o atraso na fala, a dificuldade de fazer contato visual, a dificuldade de interação. Tudo isso faz da pessoa autista um potencial alvo de discriminação e exclusão nos meios que frequenta.

    Na celebração do Dia do Orgulho Autista é importante combater a desinformação, os preconceitos e os estigmas que estão associados ao autismo.

    Antes de mais nada, é preciso esclarecer que o autismo não é único. Na verdade, hoje em dia, fala-se em espectro autista, ou em desordens do espectro autista, justamente porque há uma considerável variação de características entre os autistas, bem como da intensidade com que essas características se apresentam.

    O espectro autista é um espectro de condições psicológicas, caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente repetitivo.

    Um dos casos mais conhecidos de autismo é também chamado de Síndrome de Asperger, considerado grau leve de autismo. Normalmente, os portadores da síndrome têm dificuldades com a linguagem não-verbal - como perceber expressões faciais e fazer contato visual - e de interação com outras pessoas. Por outro lado, sua grande atenção aos detalhes confere às pessoas que têm a Síndrome uma boa chance de sucesso em áreas como as ciências exatas.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, felizmente, a indústria cinematográfica tem ajudado a desfazer mitos e preconceitos que circundam os transtornos do espectro autista.

    Talvez o caso mais emblemático disso tenha sido o filme Forest Gump, estrelado por Tom Hanks. Quem não se apaixonou pelo desajeitado e improvável herói, que, com sua pureza e autenticidade, vive aventuras inimagináveis e transforma a vida de todos aqueles que com ele convivem?

    Outro filme que marcou toda uma geração é, sem dúvida alguma, Rain Man, de 1988, estrelado pelo jovem Tom Cruise e pelo brilhante Dustin Hoffman, que interpreta Raymond, autista com habilidades mentais seriamente limitadas em algumas áreas, mas com capacidade de gênio em outras. A longa e maluca viagem deles atravessando os Estados Unidos, rumo a Los Angeles, ensina a ambos - e a todos nós - algumas lições sobre a vida.

    O Dia do Orgulho Autista é também para incentivar as pessoas a se informem melhor sobre as desordens do espectro autista.

    Por causa disso, aproveito para fazer este convite a todas e a todos para que procurem conhecer melhor sobre o autismo, suas características e peculiaridades; procurem ao seu redor, no seu círculo de convivência, e verifiquem se não há adultos ou crianças autistas. Possivelmente descobrirão pessoas com dificuldades de interação social, que parecem viver num mundo à parte. Mas se nos aproximarmos um pouco mais delas, se aprendermos a respeitar seu jeito de ser, descobriremos seres humanos repletos de ideias, emoções e sentimentos. Seres humanos que merecem todo o nosso respeito, consideração e afeto.

    Os direitos dos autistas foram conquistados com muita dificuldade no Congresso a partir da luta de familiares e de entidades. O acolhimento é necessário em todos os lugares de convívio social, seja em casa ou nas ruas, no comércio e nos ambientes educacionais e de lazer, para que toda a sociedade assuma esse compromisso com fé e coragem.

    Muito obrigada!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/2017 - Página 145