Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à possibilidade de rejeição pela Câmara dos Deputados da denúncia apresentada contra o Presidente da República, Michel Temer.

Elogios à gestão do Governador Tião Viana no Estado do Acre (AC).

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à possibilidade de rejeição pela Câmara dos Deputados da denúncia apresentada contra o Presidente da República, Michel Temer.
GOVERNO ESTADUAL:
  • Elogios à gestão do Governador Tião Viana no Estado do Acre (AC).
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2017 - Página 42
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • COMENTARIO, PROCESSO, DENUNCIA, CRIME, AUTOR, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPUDIO, POSSIBILIDADE, REJEIÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • ELOGIO, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, TIÃO VIANA, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, Senadores, Senadoras, eu queria me dirigir especialmente a todos que nos acompanham pela TV e Rádio Senado.

    Eu quero dizer que não tenho como, voltando do recesso – ontem foi um dia de trabalho intenso aqui, e cheguei anteontem –, não me referir ao que o País vive hoje, ao que Brasília sedia hoje, que é a decisão na Câmara dos Deputados sobre um pedido do Ministério Público Federal – refiro-me ao Procurador-Geral da República –, encaminhado pelo Supremo Tribunal Federal, numa solicitação histórica e inédita, de autorização da Câmara dos Deputados para que um Presidente da República, no exercício do mandato, possa ser investigado e para que seu inquérito seja levado adiante, o que ocorre pela primeira vez no País. É essa a decisão que o País aguarda daqui a pouco.

    Se não fosse algo tão inédito e tão grave, o que mais choca os jornalistas, os articulistas, a opinião pública hoje é o custo dessa votação. Eu li, há algum tempo, no jornal O Globo que o resultado da não aceitação desse mesmo processo contra o Presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara custou, segundo o jornal O Globo, R$15 bilhões. Eu fico tentando imaginar qual o custo, já que o Governo resolveu pagar, dessa votação de hoje à tarde ou de hoje à noite, na Câmara dos Deputados. Quantos bilhões?

    Agora, tudo isso acontece na hora em que o País vive as mazelas desse golpe, desse impeachment. Em abril do ano passado, a Câmara dos Deputados talvez tenha feito a sua mais vexatória sessão, um espetáculo deprimente, aceitando o pedido de impeachment contra a Presidente Dilma sem crime de responsabilidade. Passou-se aí um ano, mais alguns meses, e o que aconteceu com o Brasil e com a vida dos brasileiros? A situação só piorou, o Brasil ficou muito pior.

    Na economia, por mais que alguns tentem tapar o Sol com a peneira, é evidente que o Governo, se não mentiu, omitiu os números do déficit público. Anunciou que cumpriria, honraria um déficit público para este ano de 129 bilhões e agora já está dado como certo que o déficit vai passar para 159 bilhões. A inflação caiu, é verdade, caiu porque o povo não tem dinheiro para comprar. O consumidor não pode consumir, mas a gastança e a má gastança seguem. Agora, a indústria e o comércio sofrendo, penalizados e o desemprego na casa de perto de 15 milhões de brasileiras e de brasileiros.

    Esse é o resultado do golpe, de um impeachment sem crime de responsabilidade. Esse é o resultado de se chegar à Presidência da República sem passar pelas urnas. Nunca tivemos um governo tão impopular no Brasil, que agora tenta se manter graças à Base de Apoio na Câmara e aqui no Senado. Com a proximidade das eleições, as pesquisas divulgadas deixam bem claro que os políticos, os partidos, os Parlamentares que estão servindo de boia para este Governo, que, cada dia, afunda mais, vão pagar um preço muito alto nas eleições do próximo ano.

    Acho que estão fazendo desdém com a opinião pública. Sempre falei: a opinião pública não é para ser temida, a opinião pública é para ser respeitada. Hoje, a opinião pública brasileira – eu acho – já não aguenta mais os desmandos políticos. Essa política da perversidade, corrompida, essa política que está afundando o Brasil é liderada hoje pelo Governo, que fez o impeachment golpe, que desrespeitou os votos.

    E qual é a saída, então? Só há uma saída na democracia, é nós tirarmos a política fisiológica, corrompida, que desrespeita a opinião pública e colocarmos no lugar a boa política, com pessoas decentes, pessoas que trabalhem pelo bem comum, pessoas que tenham ética para uma atividade tão importante, que é a atividade política na democracia representativa, no Parlamento, seja no Executivo municipal, estadual ou federal.

    O Brasil só está aguentando essa crise porque é um país gigante, mas o povo brasileiro é quem está pagando a conta. Essa sessão hoje, na Câmara dos Deputados, é muito parecida com aquela de abril do ano passado, a do impeachment, também vai entrar na página triste da história do Parlamento brasileiro, porque as informações da imprensa, das redes sociais é de que estão comprando voto no plenário da Câmara dos Deputados, lá no plenário. Só que nós já estamos tão desrespeitados, tão sem prestígio junto à opinião pública... Eu digo nós, os partidos, a atividade política hoje. Isso é perigoso, gente! Nós temos que ganhar a confiança da sociedade, da opinião pública. Isso só ganharemos com atitudes concretas. Já tivemos um Brasil dando certo. Em vez de consertarem o que estava errado, estão destruindo o País. Nós vamos ter que trabalhar para termos o Brasil de novo dando certo.

    Sinceramente, você que está indignado com tudo o que está ocorrendo – especialmente hoje na Câmara – tem toda a razão. Eu dou toda a razão às pessoas que estão indignadas com este momento na vida nacional, com a maneira como a política está sendo conduzida, com a maneira com que o Brasil está sendo liderado hoje ou desgovernado hoje. O problema é que nós precisamos canalizar essa indignação para o bem comum, para o nosso País, para a boa política, para que possamos pacificar um país que hoje está desgraçadamente dividido.

    Sinceramente, a Câmara dos Deputados rejeitando – como provavelmente vai rejeitar – esse pedido do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público Federal e do Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot, para processar, para levar adiante as evidências concretas e as provas que existem contra o Presidente da República... Se negarem hoje, segundo informações também, vai vir um outro pedido do Supremo mais grave ainda. E qual é o custo que o brasileiro vai seguir pagando para manter um governo que não tem condição de se manter? Essa é a pergunta que se faz. Isso vai piorar ainda mais a situação de todos, especialmente dos que mais sofrem neste País, porque a conta negociada na Câmara aqui em Brasília chega, de maneira disfarçada, do pior jeito, à vida das brasileiras e dos brasileiros.

    Eu queria, Srª Presidente, ainda dizer que fiz, querida Lídice, que esteve lá no Acre conosco, um recesso no Acre de intenso trabalho, conversando com as pessoas e, graças a Deus, sendo muitíssimo bem recebido, mesmo nesses tempos de dificuldades. Volto com um mundo de ideias, com muitas propostas que, se Deus quiser, irão se transformar em iniciativas concretas aqui.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Lá no Acre mesmo...

    Peço só um tempinho para concluir, Srª Presidente. Não vou me alongar.

    No Acre mesmo, acabamos de ter uma pesquisa de opinião pública encomendada pela TV Gazeta, que contratou o Instituto Vox Populi. Nessa confusão em que o Rio de Janeiro está falido; Minas Gerais, também; do Rio Grande do Sul, nem se fala; São Paulo, Goiás, Estados ricos passando por dificuldades, o Governador Tião Viana consegue ter o seu trabalho, no pior momento da vida nacional, bem avaliado e aprovado pela opinião pública. Isso mostra que, trabalhando com honestidade e com dedicação, como faz o Governador Tião Viana, o resultado vem, o reconhecimento da opinião pública vem.

    Eu queria também aqui fazer o registro de que nós criamos uma modelagem, dentro da Frente Popular, de identificar quatro grandes companheiros para oferecer...

(Interrupção do som.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – ... já concluo em dois minutinhos no máximo – à opinião pública nomes que possam, dependendo das decisões partidárias, ser colocados – um deles – para as eleições do ano que vem ao Governo. Refiro-me à Drª Nazareth, que é nossa Vice-Governadora; ao Emylson Farias, Secretário de Segurança; ao Daniel Zen, que é nosso Líder e Deputado na Assembleia; e ao Marcus Alexandre, que, aliás, está aqui em Brasília. Passei esses dois dias trabalhando com ele nos ministérios, lutando pela liberação de recursos, porque temos bons projetos, em nome da população de Rio Branco, como eu faço com todos os prefeitos, independentemente de partido.

    O Marcus Alexandre se destaca na pesquisa, mas eu acho que os nossos outros três nomes também estão muito bem avaliados, porque são pessoas que nunca tinham sido lembradas para ser pré-candidatos ao Governo.

    Meu nome e o do Ney Amorim também são colocados para o Senado.

    Agradeço a confiança do povo acriano, que nos coloca em uma posição de destaque, mesmo em um período tão longe da eleição como ainda estamos vivendo.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Estar à frente nas pesquisas não significa muita coisa – pesquisa é uma radiografia –, mas, para mim, conta muito, estimula para seguir trabalhando aqui, no Senado, intensamente como procuro fazer, e V. Exª, Senador Cássio, sabe bem disso porque é meu colega aqui.

    Então, eu queria dizer que, para mim, é uma satisfação estar aqui fazendo esse registro, ver que o povo do Acre reconhece no Governador Tião Viana talvez um dos mais importantes atores da eleição do ano que vem e ver no nosso Prefeito da capital uma esperança de mudança para esses tempos novos, que é Marcus Alexandre, uma pessoa que se dedica, que acorda cedo e dorme tarde, por isso é um dos prefeitos mais bem avaliados do Brasil. Estar aqui com ele trabalhando em Brasília e lutando por recursos para Rio Branco me dá uma sensação de dever cumprido como Senador da República.

    Eu pretendo, mesmo na crise, porque agora é que precisam da gente, seguir trabalhando pelo Acre e por todos os Municípios do meu Estado. 

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2017 - Página 42