Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a necessidade de debater formas de combater os problemas de segurança pública que assolam o país.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Comentários sobre a necessidade de debater formas de combater os problemas de segurança pública que assolam o país.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2017 - Página 65
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • COMENTARIO, CRISE, SEGURANÇA PUBLICA, AUMENTO, VIOLENCIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DESLOCAMENTO, ORGANIZAÇÃO, CRIME, REGIÃO NORTE, DEFESA, MELHORIA, TRABALHO, REMUNERAÇÃO, POLICIA MILITAR, POLICIA CIVIL, NECESSIDADE, DEBATE, SENADO.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Sem revisão do orador.) – Quero parabenizar V. Exª, Senador Eunício, porque nós estamos começando este segundo semestre e V. Exª traz algo que aproxima o Senado Federal da opinião pública brasileira. Debater a segurança, ou a insegurança, com que os brasileiros vivem hoje é fundamental. Discutir temas da economia... Nós não podemos ficar – eu sei e respeito os que apoiam o Governo – reféns de uma agenda que venha do Palácio do Planalto. O Senado, com altivez – V. Exª está propondo –, vai construir sua própria agenda. Se for perguntado hoje aos brasileiros que tema o Senado deveria não só debater, mas também tomar atitudes em relação a ele, certamente a questão da insegurança estará em primeiro lugar ou entre os mais cotados.

    É muito grave o que nós estamos vivendo. O Exército brasileiro, as Forças Armadas estão na cidade do Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro. Nós estamos vendo números... Quase cem policiais foram assassinados no Rio de Janeiro só nesses seis meses. Em São Paulo também, mas São Paulo tem uma estatística, que a imprensa está divulgando, de que quase 500 pessoas foram assassinadas por policiais.

    Eu acho que a polícia precisa, inclusive, de condições de trabalho. Nós precisamos dar suporte para a Polícia Militar, para a Polícia Civil, mas sempre pactuando, como eu fiz quando era Governador, que a polícia, tendo condições, não tenha que chegar ao extremo de tirar a vida de ninguém, não a ponha em risco, como acontece hoje com todos que trabalham na área da segurança.

    Tivemos uma audiência, na Comissão de Relações Exteriores, com o Ministro da Defesa e com os comandantes das Forças Armadas. Há uma ação do crime organizado se deslocando do Rio e de São Paulo para a Região Norte, especialmente para as áreas próximas às fronteiras, para chegar mais perto da produção de drogas, especialmente da cocaína. Eles querem ter o controle do varejo, da venda, do transporte e da produção. É muito grave. Nós ouvimos isto do próprio Ministro da Defesa, do Comandante do Exército, General Villas Bôas, que falou de sua preocupação com que o Brasil não tenha instrumentos para garantir o controle de 16 mil quilômetros de fronteira. Os Estados Unidos têm 3 mil quilômetros de fronteira com o México e, mesmo sendo a nação mais poderosa do mundo, não consegue controlar, Senador Lasier. Eles assumem que não têm controle e estão querendo construir um muro. E o que nós vamos fazer? Deixar a população cada vez mais amedrontada?

    No meu Estado, essa onda também chegou. O Governador Tião Viana, o Secretário Emylson Farias, o comando da PM, a Polícia Civil, todo o aparato de segurança faz o que pode e o que não pode para enfrentar, mas tem que haver uma ação do Senado, da Câmara, do Governo Federal, do Ministério da Justiça, das Forças Armadas, especialmente nas regiões de fronteira, uma ação coordenada – e eu vou propor isso aqui – do Exército, que tem os pelotões na área de fronteira, com a Polícia Civil e a Militar para vigiar, para controlar as estradas, os rios.

    Isso é tão fundamental para que tenhamos o Brasil inteiro também tendo o efeito positivo dessa ação. Ou enfrentamos essa retomada da força do crime organizado ou vamos seguir perdendo vidas. Foram 62 mil assassinatos no ano passado; no ano anterior, havia sido 52 mil.

    Acho muito importante o que V. Exª, Senador Eunício, está propondo: trazer para o Senado esse debate. Aqui é a Casa da Federação, aqui temos ex-governadores, temos ex-prefeitos, ex-ministros e certamente haveremos de encontrar a maneira de socorrer a opinião pública, de socorrer os brasileiros que não aguentam mais viver num País onde o medo tomou conta de todas as cidades.

    Não é a questão de um governo ou de uma prefeitura, é o Brasil que está pedindo socorro, são os brasileiros. Por isso, eu queria parabenizar V. Exª por nos levar para debater, deliberar sobre temas que atendem ao clamor da opinião pública nacional.

    Obrigado, Presidente Eunício.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2017 - Página 65