Pronunciamento de Paulo Paim em 12/07/2017
Comunicação inadiável durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica ao descumprimento do acordo acerca do envio de medida provisória pelo Presidente da República para ajuste da reforma trabalhista.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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TRABALHO:
- Crítica ao descumprimento do acordo acerca do envio de medida provisória pelo Presidente da República para ajuste da reforma trabalhista.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/07/2017 - Página 18
- Assunto
- Outros > TRABALHO
- Indexação
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- CRITICA, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, PREJUIZO, TRABALHADOR, DISCORDANCIA, APROVAÇÃO, SENADO, REPUDIO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ROMERO JUCA, SENADOR, MOTIVO, DESCUMPRIMENTO, ACORDO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBJETO, CORREÇÃO, PROJETO DE LEI, TRABALHO.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senadores e Senadoras, eu não tenho como não começar com este assunto.
Eu só quero dizer, Sr. Presidente, que a mim ninguém traiu. A mim ninguém traiu. A gente sabia muito bem o que iria acontecer. Então, ninguém aqui é inocente útil. Traiu o acordo entre eles, para eles mesmo. Eles que vão cobrar deles, porque, quanto a isto que o Rodrigo Maia diz: "Não votarei medida provisória nenhuma. A reforma trabalhista é a que foi aprovada.", nós alertamos que iria acontecer isso. Nós alertamos. Eu quero só ver como eles vão se entender agora.
Há um Presidente no exercício do cargo, queiramos ou não, e há outro que já está assumindo o lugar do Presidente, dizendo que acabou, que não tem acordo. Qual o Presidente que vale: o atual ou o que pensa que vai assumir daqui a 15 dias? E nós dizíamos: "Vocês não sabem nem quem vai assumir."
Então, eu não me sinto traído, Senadora, sinceramente, e nem vou cobrar acordo. Não vou cobrar. Eu não fiz acordo nenhum. Eu não fiz um acordinho. Esse acordo de eles para eles. Eles que respondam agora à população por esse acordo que eles fizeram. Foi um acordo fajuto, que não vai ser cumprido. Claro que não vai! Ou alguém acha que o Rodrigo Maia e o Michel Temer vão cumprir acordo?
Eu vou além. Quem avalizou esse acordo aqui se chama Romero Jucá. Ele disse que falava em nome do Presidente. Eu não tenho nada a ver com esse acordo, mas, se eu fosse o Romero Jucá – o Romero Jucá deve estar nos ouvindo –, renunciaria ao cargo. O Romero Jucá deveria renunciar ao cargo. Você foi desautorizado, Romero Jucá! Foi desautorizado publicamente! E não tem acordo nenhum. Comigo não tem mesmo. Então, não é problema meu, é teu. Mas não tem como, o Brasil todo está discutindo isso. Vocês venderam um terreno na Lua e agora não querem dar a aeronave para quem quer ir para lá.
Respondam isso não para mim, mas para a população.
E quero dizer também para o Rodrigo Maia: se é isso que ele pensa, desmontando o acordo que eles construíram, por que ele não disse ontem isso? Por que ele esperou para dizer hoje de manhã?
É golpe em cima do golpe!
Esperou para dar essa declaração hoje pela manhã. Por que ele não disse ontem? Seria mais honesto com os Senadores da Base.
Estou refletindo a crise deles, a lambança que estão fazendo neste País. O Líder do Governo vai para a tribuna com oito pontos. Todos eles nós criticamos antecipadamente e dissemos: "Vamos votar aqui!" "Vamos votar aqui." "Não, mas é um acordo e pe-pe-pe, pe-pe-pe", aquele papo de sempre.
Sinceramente, eu não sou de dar conselhos para este Governo, porque sei que não adianta, mas, Senador Romero Jucá, renuncie. Chegue aqui e diga: "Olha, estou renunciando porque eu fui desautorizado pelo Presidente que vai entrar e não ouvi uma voz do Presidente que está saindo."
E me perguntaram sobre a posição do Presidente da Casa neste momento, do Senador Eunício. O Senador Eunício está certo! Ele diz: "Eu não participei de acordo nenhum, não sei de nada, não é comigo. Isso é com eles." Queriam que ele dissesse o quê? Isso ele disse para nós ontem, também, aqui: "Não participei de acordo nenhum, não sei de nada, não vi, não é comigo."
Quem tem de responder é o Líder do Governo, pois o Líder do Governo aqui avalizou o tal do acordo entre eles, bem distante de nós! Nós votamos com a nossa consciência e votamos contra. Votamos contra o projeto, porque não concordávamos com essa falácia do tal acordo que hoje está desmontado. Eles é que têm de explicar.
Eu quero apenas reafirmar esta posição, Sr. Presidente, de que eu vou ser traído por quem eu sabia que não ia cumprir coisa nenhuma? Imagina! Eu não me sinto traído. Votei, brigamos, lutamos. Aqui, as mulheres fizeram a sua resistência, com o apoio, naturalmente, da oposição. Em nenhum momento, a gente participou de acordo.
Então, não perguntem para mim se íamos reagir contra. Eu não vou reagir a nada, porque era um acordo fajuto, que não deu em nada. Aquilo é água no oceano, água no rio. Eu sabia disso. É o rio e suas águas por baixo das pontes. Não ia acontecer nada mesmo. Agora, quem confiou hoje...
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ...deve pedir desculpas ao povo brasileiro e retirar o seu voto então, pedindo para que houvesse uma outra votação. Ou que o Líder do Governo renuncie. Se eu fosse do Governo... As Senadoras aí que foram... A Senadora Gleisi, que foi Líder, foi Ministra. Se você aqui faz um acordo e, no outro dia, a senhora é desautorizada: "Bom, tudo bem. Fico com a minha consciência, mas estou fora desse Governo." É o mínimo que se espera agora que aconteça.
Está aqui, Sr. Presidente: Rodrigo Maia diz que não tem acordo coisa nenhuma. Pode editar medida provisória...
E digo mais, para concluir, Presidente. Ele diz o seguinte: "Parem de mentir." Palavras do Presidente da Câmara, que vai ser Presidente da República, pelo que tudo indica, de forma indireta. Ele disse: "Parem de mentir para o povo." Chamou os Senadores de mentirosos. Chamou o Presidente atual de mentiroso. "Isso é mentira! Esse acordo não existe."
Isso é grave, Presidente. É gravíssimo!
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – Deram um calote neles mesmos.
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Em nós, não. Em nós, não.
O Senador Eduardo Amorim está ali, muito tranquilo, com a sua consciência, seu voto.
Agora, pelo menos isso.
Eu acho que foi uma desonestidade com a própria Base. Se são desonestos com a própria Base, calculem com a oposição, porque a Base aqui votou iludida. Eu vi inúmeros Senadores: "Não, mas há um acordo ali". Eu digo: eles não cumprem esse acordo. Vão passar o calote em vocês. É mais um calote que vão passar. Vamos fazer um acordo para votar o destaque e vamos brigar até o fim. Mas, não: engoliram.
Quero só terminar com esta charge, que já mostrei em outro dia e mostro de novo: os escorpiões estão invadindo Brasília e engolindo os trabalhadores. E traição é bem coisa de escorpião, porque ele ferra. Mesmo que morra junto, ele não aguenta: ferra o amigo e ferra os inimigos.
Era isso, Sr. Presidente.
Obrigado pela tolerância...
(Interrupção do som.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – ... tolerância. V. Exª, muito gentil, me deu dois minutos a mais.