Pela Liderança durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a condenação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Juiz Federal Sergio Moro.

Críticas à ocupação da Mesa da Presidência do Senado Federal por parlamentares na terça-feira última.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PODER JUDICIARIO:
  • Comentários sobre a condenação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Juiz Federal Sergio Moro.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas à ocupação da Mesa da Presidência do Senado Federal por parlamentares na terça-feira última.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2017 - Página 54
Assuntos
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, DECISÃO, SERGIO MORO, JUIZ FEDERAL, JUSTIÇA FEDERAL, ESTADO DO PARANA (PR), REFERENCIA, AÇÃO PENAL, VITIMA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUTORIA, MINISTERIO PUBLICO, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO PASSIVA.
  • CRITICA, OCUPAÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, ATUAÇÃO, GRUPO, SENADOR, OPOSIÇÃO, REFERENCIA, VOTAÇÃO, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, PREJUIZO, DEMOCRACIA, DESAPROVAÇÃO, PEDIDO, CASSAÇÃO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Brasil inteiro que nos acompanha, hoje o País foi tomado, agora à tarde, por uma notícia que muitos torciam para ouvir há muito tempo, que era a prisão do principal chefe de uma organização que Celso de Mello taxou como uma organização criminosa.

    Um senhor que teve todas as benesses dos céus e da terra saiu de Pernambuco, virou Presidente da República, ganhou o carinho de todos os brasileiros e também, por suas condutas, o jogou fora. Não é de se comemorar aqui a prisão de uma personalidade da estatura do ex-Presidente Lula, mas mostra que no Brasil a lei é para todos.

    Essa prisão, que deve ser confirmada pelo TRF, vai ser imediata? Não, mas foi decretada a prisão. Condenado a nove anos de prisão e, nesse caso, é regime fechado porque são mais de oito anos. Talvez pela idade, ele fique hospedado em prisão domiciliar, talvez na casa de Chico Buarque ou de algum amigo. Mas o fato é que o Brasil viu hoje a Justiça se manifestando.

    Eu trouxe isso aqui para comemorar? Não, para mostrar a desfaçatez dessa gente que arrebentou com os fundos de pensão, com a Petrobras, com tudo que era financeiro do Brasil, que acabou com a economia deste País.

    Sabe o que eles dizem? Que esse senhor a quem todos os delatados acusam é um perseguido político, para se ver como funciona essa democracia e o contraponto dessa turma. Mas vamos à reforma, a reforma trabalhista que discutimos aqui.

    Em momento algum discutiram o mérito em sua essência. Por isso um certo candidato a Presidente me disse uma certa vez: "É impossível ganhar do PT em algum debate, porque é impossível, num debate, a verdade ganhar da mentira imediatamente." Depois, quando o sol brilha, aparece e fala: "Não, era verdade."

    Desde os primeiros debates, desde Lula, lá atrás, o debate foi sempre na base da realidade alternativa. A reforma trabalhista, a verdade vai aparecer. Essa mentirada que foi contada aqui, que o trabalhador não vai ter mais 30 dias de férias, que o trabalhador vai ter que trabalhar 12 horas por dia, que o trabalhador só vai ter meia hora de almoço, vai cair por terra! E é por isso que eu digo: hashtag não voltarão. E não voltarão por quê? Porque mentem deslavadamente, não fazem um debate intelectualmente honesto, mas quando as mentiras não dão certo começa o vitimismo, o coitadismo.

    Quem não se lembra do espetáculo da Casa? Agora mesmo, ouvi um Senador dizer aqui que, certa feita, em uma comissão, houve briga. Eu não tenho nada com o PSDB, não sou tucano, não sou procurador do PSDB, não sou responsável pelas atitudes do PSDB. Quem estava na época, que se achou ofendido, deveria ter representado no Conselho de Ética. Agora, o que eu digo é o seguinte: na CAS, o comportamento já havia sido extremamente aviltante a esta Casa. Quebraram os microfones, só faltou saírem nas vias de fato. Não é esse espetáculo que a população brasileira espera. E se repetiu aqui, na Mesa do Senado Federal, mandando para o mundo inteiro a imagem de um Senado às escuras e transformado, como se fosse um acampamento do MST.

    Que figura dantesca! Senadores eleitos pelo povo para representar, para vir aqui fazer o debate de ideias, usar a força dos argumentos e não o argumento da força, Senador Moka. Não. Sabe o que aconteceu? Aboletaram-se ali, tomaram na força física, e vieram alguns dizer: "Não, foram os arroubos do momento." Não foi. Tive acesso hoje a um vídeo em que a Senadora Gleisi diz o seguinte: "Nós vamos usar, se preciso for, a força física, e vamos colocar só mulheres, porque eles ficarão constrangidos de qualquer ação de força para nos tirar dali." Quando estavam aqui na mesa, o tempo inteiro ligavam, provavelmente para Boulos ou para Dirceu, sei lá para quem. E não bastava o técnico, Senador Lindbergh, que instruía o time aqui.

    Será que este Senado é composto por Senadores que não têm comprometimento com a democracia? Não, não é. Nós temos comprometimento, sim. Esta Casa não é um acampamento, uma casa da mãe Joana. Isto aqui é uma instituição de que nenhum de nós é dono. Nós não somos donos do Senado Federal. Esta Casa é dos Estados brasileiros, é do povo brasileiro. Esta mesa não pode ser transformada em um piquenique. Isto aqui é uma coisa séria, isto aqui é onde se decide a vida dos brasileiros.

    "Ah, mas estavam acabando com os direitos dos trabalhadores!" Mentira deslavada. Na Câmara, a proposta que defendiam contrariamente aqui foi aprovada por eles, foi apoiada, até pedida. Mas por que queriam fazer todo aquele debate? Para que voltasse para a Câmara, para atrasar.

    Nós não estamos falando aqui, senhores, de reforma trabalhista. Trabalhador aqui era a última preocupação. Trabalhador sempre foi a catapulta, sempre foi o trampolim para esse Partido chegar ao poder. Usou uma vez, deu certo, quer usar novamente. Só que dessa vez a preocupação não era com o trabalhador, a preocupação era com essa decisão do Moro hoje, era o medo de que Lula não pudesse ser candidato e que fosse preso antes. Eu defendo que o Lula seja candidato, para que possa enfrentar as ruas, para que possa beber do seu próprio veneno, para que possa enfrentar suas mentiras e o que fez com o País. "Ah, mas quem quebrou foi Dilma, não foi Lula." O poste quem colocou foi ele.

    "Bem, nós somos democratas, estamos defendendo a democracia." Aquilo que aconteceu ontem aqui é defesa da democracia? Democracia é quando há o debate de ideias, e não o uso de força física. Eu digo o seguinte: toda hora estou ouvindo que envergonhamos o Senado com a aprovação da reforma trabalhista. Isto aqui é uma Casa de leis – ora uns ganham, ora outros ganham. Mas, aos vencidos, cabe aceitar a derrota da maioria. Assim é o sistema democrático; não para o PT. "Ah, mas vocês foram deselegantes de pedir que o Conselho de Ética..." Olha, o PT pediu ao Conselho de Ética, pediu o impeachment de todo mundo neste País; não tem dó de ninguém, aponta o dedo para todo mundo.

    Então, é o seguinte: eu acho que a pena mínima que deveria ser feita pelo Conselho de Ética é a cassação desses Senadores, porque obstruíram o trabalho da Casa, obstruíram o trabalho legislativo. Isso é um crime da mais alta gravidade, Senador Cidinho, porque, se cada um neste País começar agora, diante de uma decisão, a ocupar salas do Judiciário, mesas de câmaras de vereadores, Câmara dos Deputados, este País vira um caos. E não basta essa violência, que começou já nas ruas, insuflada por esses mesmos, que vêm sempre aqui à tribuna.

    Então, eu quero dizer que aquela ação, em que infelizmente algumas Senadoras foram de gaiatas, foi urdida! Existe um vídeo – é uma pena que não trouxe o celular, porque eu iria passar – com a Senadora dizendo o seguinte: "Vamos ocupar a mesa e, quando o Eunício chegar, nós não vamos sair." Eu estava pensando que tinha sido um rompante. Não. Um vídeo para o Brasil inteiro ver: numa reunião do PT, a Presidente do PT fazendo isso. É por isso que existem essas milícias que quebram tudo aqui, Senador Waldemir Moka: é porque é urdido, é planejado, é estrategiado. Não é à toa que o maior esquema de corrupção deste País – aliás, diz-se, do mundo – era organizado nas suas filigranas: é porque planejam e planejam muito bem.

    Eu digo aqui e tenho dito ao Governo: não devemos ser patifes, mas devemos ter a audácia deles, porque, se o bem não tiver audácia, vai perder sempre aqui os debates. É por isto que as ruas estão indignadas com este Senado, achando que nós aprovamos um acinte contra o trabalhador: porque mentiram o tempo inteiro aqui e nos quedamos – nos quedamos, que eu digo, eu me retiro, porque o tempo inteiro eu fiz o contraponto aqui.

    Então, que me perdoem aqueles que não concordam com essa representação, mas penso que aquilo não pode se repetir. E, no dia em que eu fizer uma miséria dessa aqui, por favor, cassem meu mandato porque eu perdi a capacidade de representar o povo brasileiro, que ficou envergonhado de ver a mesa do Senado da República cheia de marmita, como se fosse um acampamento do MST; assim como fizeram no Palácio do Planalto, quando transformaram aquilo lá, nos últimos dias de Dilma, parecendo um grêmio estudantil. Isto aqui não é nosso, isto aqui não é do PT, o Senado brasileiro não pertence ao PT: o Senado brasileiro pertence ao Brasil.

    Sr. Presidente, já me encaminhando para o final, cada um de nós, quando recebemos os votos para vir para cá... O eleitor, quando deposita ali o nome Waldemir Moka, Cidinho, deposita esperança e ele quer ter orgulho da representação: "Aquele Senador me representou". Agora, quando você vem aqui, envergonha a Casa, envergonha o Brasil... Porque àquilo, ontem, quem assistiu – e a imagem foi mundo afora – pensou que nós estávamos no regime do Maduro, pensou que nós estávamos em qualquer "paiseco" que está sob a égide de um dono, de um ditador. Isso é de indignar. Isso, sim, é de envergonhar! Isso, sim, é de ter vergonha!

    Hoje eu vi que os discursos aqui foram todos de dissuasão. Sabe para quê? Para que não se falasse do Lula. Eu torci para o Lula? Torci, mas não tenho compromisso com os erros dele. Se ele resolveu tocar por um lado... Fazer como Mário Amato disse: "Ali não tem nada de ideologia, ali é um bon vivant, gosta de dinheiro". Isso é problema dele para lá, eu não tenho compromisso com isso.

    Agora, todo lameado, como diz Magno Malta, e vem aqui acusar os outros o tempo inteiro. E aí se acham no direito de virem tomar, encher de marmita aqui e a gente passar o dia aqui, 70 Senadores aqui feitos de besta, o País parado. Sabe quanto custa a hora de trabalho de um Senador? Não é barato, não, viu, gente? Mas, para essa turma, isso não vale nada, porque eles não estão nem aí – se apropriam do Estado como se fosse deles, confundem o privado com o público, tanto é que acharam que essa mesa aqui era do PT.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2017 - Página 54