Pela Liderança durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à ocupação da Mesa do Senado Federal por senadores da oposição.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SENADO:
  • Críticas à ocupação da Mesa do Senado Federal por senadores da oposição.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2017 - Página 30
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • REGISTRO, ILEGITIMIDADE, OCUPAÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, SITUAÇÃO, PROTESTO, COMENTARIO, DESRESPEITO, PARLAMENTO, SOLICITAÇÃO, APURAÇÃO, PUNIÇÃO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não tive oportunidade de falar sobre o tema, mas, recentemente, antes do recesso, o Senado Federal brasileiro passou por um dos seus momentos mais obscuros e mais tristes. Nunca na história do Senado Federal brasileiro tinha acontecido uma cena daquela. Esta mesa em que V. Exª neste momento preside foi tomada e transformada como se fosse um acampamento do MST. A figura do Senado Federal brasileiro foi mandada para os quatro cantos deste mundo redondo com a cena de integrantes deste Parlamento comendo marmitinha na mesa do Senado Federal brasileiro. Sr. Presidente, isso é da mais alta gravidade, porque é muito simbólico – e política é feita de símbolos – e demonstra um total desapreço pelas instituições e total escárnio pelo Senado Federal brasileiro, por um Poder. Não se trata de uma simples mesa e de uma simples cadeira.

    Sr. Presidente, este Senado precisa ter uma atuação firme e pedagógica para que isto aqui não se transforme numa balbúrdia, principalmente porque, com os membros que fizeram esse ato, se trata de uma organização similar a que está neste momento governando a Venezuela e que demonstrou total desapreço por aquele Parlamento ao praticamente cassar os mandatos de todos os Parlamentares, trazendo uma Constituinte fake e, de certa forma, deixando o país totalmente de joelhos para uma ditadura sem fim. De que jeito começou isso? Começou aos poucos.

    Isso me faz lembrar aquele poema de um brasileiro que se chama No Caminho com Maiakóvski, que diz que vieram e pisaram hoje as flores, que arrancaram uma flor; que, no outro dia, eles pisaram nas flores e por aí vai seguindo, só se agravando. No outro dia, pisotearam o jardim. E, se nós não tomarmos cuidado com as pequenas raposinhas que vão entrando no cenário político, daqui a pouco, vamos estar de joelhos para uma organização que não quer democracia, que quer o poder pelo poder.

    Basta ver que houve, a partir da nota técnica da Presidente dessa organização, declaração o de apoio total aos desmandos do Maduro na Venezuela.

    Hoje, eu vi um desfiar de rosário aqui muito parecido com o de lá. Por exemplo, disseram que este Senado e os Senadores que votaram pelo impeachment são responsáveis pelos contingenciamentos, pelos cortes e pela diminuição nos aportes financeiros para a educação. E também foi dito aqui que o brasileiro não é bobo. E realmente não é. O povo brasileiro sabe que tem nome e CPF as pessoas que tungaram e que arrombaram os cofres deste País. O povo brasileiro sabe que esse impeachment não é daquele ou deste Parlamentar, mas do povo brasileiro que foi para as ruas.

    E aí vem a pergunta: "Por que vocês fizeram o impeachment?" Eu respondo que nós fizemos um impeachment para que o País não fosse arrebentado de vez, porque as empresas e os fundos de pensão já estavam todos arrebentados. E o País ia, a toda a velocidade, para o buraco. Foi por isso que nós fizemos o impeachment e porque existia crime de responsabilidade, além desses crimes que eu citei, que é arrombar fundo de pensão, acabar com a Petrobras, o que está aí claro na Lava Jato.

    Como eu digo, eu não sou de apontar dedo, mas sou de fazer o contraponto. Vieram dizer que nós fizemos um golpe. Golpe deram nos cofres da Petrobras, golpe deram nos fundos de pensão, golpe deram no BNDES, que financiou essa ditadura da Venezuela, que mandou dinheiro para tudo que é lugar, que votava até para pagar escola de samba. Esse foi o golpe que foi dado no povo brasileiro. Foi dado o golpe no Ministério da Educação, quando criaram programas, por exemplo, como o Turismo sem Fronteiras... Opa, digo Ciência sem Fronteiras, que não tinha aferição, que não tinha métricas. Golpe deram quando gastaram o que não podia, o que o País não tinha. E agora vêm reclamar de rombo, dizer que existe rombo!

    Senador Waldemir Moka, se existe um rombo, existe quem arrombou, e nós sabemos muito bem quem foi. Agora, começam a apontar o dedo para todo mundo. Sinceramente, se tivesse morrido alguém na minha casa enforcado, eu não falaria de corda e nem aceitaria que ninguém falasse de corda em casa. Porém, ficam apontando o dedo, e, então, eu vou dizer.

    Há um santo homem, que disse que era franciscano e que fez voto de pobreza, mas foram confiscados da conta dele pela Justiça R$9 milhões. Esse é o santo que diz ser perseguido, que não tinha um centavo! Foram R$9 milhões! Eu sei que nutrem esperança de que o TRF4 acompanhe a decisão sobre o Vaccari em relação ao caso do ex-Presidente Lula. Eu não iria falar de Lula aqui, mas ele não perde a oportunidade de apontar os nove dedos para os outros, assim como os seus asseclas aqui. Então. Já que o jogo é esse, vamos dançar conforme a música.

    Agora, dizem que querem cassar avidamente o Presidente Temer para que haja eleições diretas. E por que a pressa? Porque sabem que o seu principal candidato não tem condições de chegar a 2018 apto a disputar as eleições. Por isso, esse desespero, gente. Por isso, estão falando que vão fazer atos de mais ocupação aqui.

    O que nós temos neste momento é simplesmente esclarecer o povo brasileiro de que boa parte do que se tem feito aqui, com essas bravatas e com boa parte do que se vocifera contra este Congresso por ter aprovado, por exemplo, a reforma trabalhista, é mentira. O trabalhador vai continuar tendo todos os seus direitos, vai continuar tendo sua hora de almoço, com todos os direitos constitucionais. E sabem por que essa verve, a forma rançosa, com muita raiva, com que atacam a reforma trabalhista? É porque ela é similar a mais um Plano Real. Lembram-se de como atacavam o Plano Real? Lembram-se de como atacavam a Lei de Responsabilidade Fiscal? Pois é. Quando a reforma trabalhista entrar em vigor, quando os trabalhadores brasileiros virem que ela é uma lei melhor do que a que estava, vão cair por terra esses discursos. O medo disso é que deem fôlego e aí percam recursos. Por isso, esse ranço, com que se tenta massificar todo dia, dizendo que a reforma é uma coisa ruim.

    O ponto que quero fechar é dizer que este Senado não se dobre e não aceite isso. Eu solicitei que possam ser cassados os mandatos desses Senadores que desrespeitaram este Senado, esta Casa, este Poder, mas, se não for possível isso, que subsidiariamente os Senadores do Conselho de Ética possam dar, no mínimo, quatro meses de afastamento, para que isso seja pedagógico. Isso não é uma coisa pessoal, mas isso é para que cada membro lembre-se de que esta Casa não nos pertence. Isto aqui não é a antessala ou o quintal da casa de ninguém, Senador Waldemir Moka. Isto aqui é o Senado Federal da República brasileira.

    Cada Senador aqui representa não seus interesses pessoais ou os anseios partidários. Cada Senador aqui representa o Estado, um Estado da Federação. São três Senadores por cada Estado. Um Senador não pode vir aqui e diminuir este mandato, este soberano mandato, que é do povo do seu Estado...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... ao comer marmitex aqui, na mesa do Senado Federal, expondo ao escárnio público o Senado Federal brasileiro. Se nós relativizarmos esse comportamento, achando que é um somenos, daqui a uns dias, estarão trocando as cadeiras aqui e colocando qualquer um, como está sendo feito na Venezuela. Daqui a uns dias, vão estar com bandeiras do MST balançando aqui, fazendo casinha. E nós não podemos permitir isso. Nós não podemos nos permitir que o Senado seja diminuído. Se nós pensarmos pequeno, nós vamos ficar pequenos. Este Senado não tem que ser maior ou menor; tem que ser do tamanho que ele é, do tamanho de que homens como Rui Barbosa o deixaram, para que hoje estivéssemos representando os nossos Estados.

    Sr. Presidente, agradeço pelo tempo e deixo esta reflexão a todos os brasileiros e ao Senado Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2017 - Página 30