DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    O SR. EDUARDO BRAGA (PMDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) anunciou, na semana passada, que, em 20 dias, mais precisamente em 1o de agosto, seria desativado o Terminal 2 do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, que conhecemos como o "Eduardinho".

    Recebi a notícia com surpresa, e não posso me furtar a trazer o assunto a esta tribuna, visto que as consequências de medida tão repentina são muito sérias para boa parte da população amazonense, direta e indiretamente.

    Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que, por suas peculiaridades geográficas, o Estado do Amazonas tem uma logística de transporte bastante complexa. Não há estradas conectando muitos dos municípios. As distâncias fluviais são enormes, com viagens que chegam a 15 dias de deslocamento entre uma cidade e outra, o que toma essencial o transporte aéreo na região.

    Conscientes disso, podemos avaliar a decisão da Infraero com mais acuidade e detalhe.

    Do Terminal que está em vias de ser desativado, partem voos das empresas Total e Map, e o fluxo, em 2016, foi de mais de dois milhões e meio de passageiros. É justamente o transporte regional de pessoas, que interliga a capital às pequenas e médias cidades do interior do Estado.

    Para atender a essa grande demanda, entre os anos de 2013 e 2015, o espaço foi inclusive ampliado, recebeu melhorias, uma reforma geral. Ganhou novo piso em granito, o teto foi elevado em três metros e substituído por placas de aço galvanizado e, agora, o ambiente está todo climatizado. As redes elétrica e hidráulica foram completamente refeitas. A área total do prédio passou de 3.658 para 6.959 metros quadrados.

    Salas de embarque, desembarque, check-in e banheiros foram modernizados. Até o estacionamento foi reformulado, e hoje conta com 261 vagas, o dobro do que tinha antes das obras. O total dos investimentos chegou a 20 milhões de reais, e houve aumento de quase 200% na capacidade operacional do "Eduardinho", por onde podem circular mais de 800 passageiros todos os dias.

    É difícil de entender, depois de se gastar uma soma vultosa de recursos para modernizar o Terminal 2, que vem recebendo perfeitamente os passageiros, o porquê de decidirem assim, de supetão, simplesmente desativá-lo!

    Que uso vai ser dado àquele espaço? Será mais um elefante branco símbolo da má gestão, da má administração de recursos públicos?

    Não faz o menor sentido!

    Também não há tempo hábil para que as companhias que lá operam transfiram suas operações até agosto. É algo que demanda planejamento. Você não encerra as atividades de uma companhia aérea de um dia para o outro, especialmente as de manutenção de aeronaves, que demandam uma série de equipamentos pesados!

    E qual vai ser o destino dos mais de 700 funcionários que trabalham no Terminal 2 ?! Terão seus empregos garantidos?!

    O que acontecerá com a operação das permissionárias de taxi aéreo de menor porte, que terão de disputar lugar com as grandes companhias já instaladas no Terminal 1 ?!

    O que se ganha realmente com a desativação do "Eduardinho"?! Quem ganha?! Não é a população, obviamente! Isso eu posso dizer.

    Preocupado com os expressivos impactos, para o Amazonas e região, de se fechar o Terminal 2 do Aeroporto Eduardo Gomes em Manaus, trago à luz essa questão, para a reflexão de todos, e apelo veementemente à Infraero para que reconsidere a decisão, em nome de todo o povo amazonense.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente!

    Muito obrigado!