Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene do Congresso Nacional em comemoração ao aniversário de 80 anos da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Solene do Congresso Nacional em comemoração ao aniversário de 80 anos da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2017 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, MOTIVO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), ELOGIO, ATUAÇÃO, ENTIDADE, MOVIMENTO ESTUDANTIL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, SOCIEDADE, JUVENTUDE.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Presidente, Exmo Senador Eunício Oliveira, quero cumprimentar toda a Mesa formada, cumprimentando a Deputada Alice Portugal, cumprimentando o nosso ex-Presidente da União Nacional dos Estudantes, eterno Presidente, Aldo Arantes; quero cumprimentar o Deputado Orlando Silva, que foi um dos proponentes da realização desta presente sessão solene e cumprimentar as jovens Gesse e Marianna, Vice-Presidente e Presidente, respectivamente, da União Nacional dos Estudantes.

    Quero dizer da alegria de estarmos hoje, aqui, comemorando 80 anos de uma entidade que, sem dúvida nenhuma, tem um histórico, Presidente Eunício Oliveira, que se confunde com a própria luta em defesa da democracia em nosso País. Muitos são os Parlamentares, Senadores e Senadoras, Deputados e Deputadas que, a exemplo do Presidente Eunício Oliveira, iniciaram a sua trajetória política no movimento estudantil. O Presidente Eunício Oliveira estava falando hoje da importância de, em sua época – na época de sua juventude –, dirigir uma Casa do Estudante. Talvez esse fato não signifique muita coisa para muitos que são jovens ou que não acompanharam a trajetória do movimento estudantil.

    As Casas dos Estudantes, pelo Brasil afora, eram também, assim como nossas entidades, como os diretórios acadêmicos dos cursos das universidades, como os diretórios centrais, focos de organização, de mobilização e de resistência por parte da sociedade brasileira. Portanto, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, companheiros e companheiras, eu cumprimento todos aqui, cumprimento a todos que acompanham esta sessão, cumprimentando Cappelli, que foi também presidente da União Nacional dos Estudantes, e quero dizer que esta sessão que homenageia a União Nacional dos Estudantes, sem dúvida nenhuma, homenageia a coragem, o desprendimento e, sobretudo, os sonhos da juventude brasileira.

    Eu quero dizer e confessar a todos que esta sessão também é especial para mim, como é para um número significativo de Parlamentares. Aqui vejo a Deputada Jandira Feghali que, como muitos Parlamentares, também iniciou sua militância no movimento estudantil, seja o movimento estudantil de formação secundária ou já de formação profissional, porque todos... E aqui acaba de chegar ao Plenário o Senador Lindbergh Farias, que foi também Presidente da União Nacional dos Estudantes num momento ímpar, muito importante para a juventude e para a luta democrática do País. Afinal de contas, quando Lindbergh, ao lado da juventude brasileira, pintava a cara e ficaram todos conhecidos como "os cara pintadas", estavam lá não apenas combatendo a corrupção, mas estavam lá defendendo um projeto soberano de Nação, um projeto democrático de Nação.

    Desde o dia 11 de agosto de 1937, quando o gaúcho Valdir Borges foi eleito o primeiro presidente da União Nacional dos Estudantes, a UNE tem buscado se articular com outras forças progressistas da sociedade.

    Os primeiros anos da UNE acompanharam a eclosão do maior conflito humano da história, que foi a Segunda Guerra Mundial. Os estudantes brasileiros, recém­organizados, tiveram ação política fundamental no Brasil durante esse processo, opondo-se desde o início ao nazifascismo de Hitler e pressionando o governo do Presidente Getúlio Vargas a tomar posição firme durante a guerra.

    No calor do conflito, em 1942, os jovens ocupam a sede do Clube Germânia, na Praça do Flamengo 132, no Rio de Janeiro, tradicional reduto de militantes nazifascistas. No mesmo período, o Brasil entrava oficialmente na guerra contra o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Naquele mesmo ano, o Presidente Vargas concedeu o prédio ocupado do Clube Germânia para que fosse a sede da União Nacional dos Estudantes. Além disso, pelo Decreto-Lei 4080, o Presidente oficializou a UNE como entidade representativa de todos os universitários e universitárias brasileiros.

    Após a guerra, a UNE fortaleceu a sua participação e posicionamento frente aos principais assuntos nacionais, fortalecendo o movimento social brasileiro em ações como a campanha "O petróleo é nosso!". E a luta prosseguiu em 1953, quando se deu a criação da Petrobras.

    Durante os governos de Jânio Quadros e João Goulart – o Jango –, a União Nacional dos Estudantes e outras entidades formaram a Frente de Mobilização Popular. A UNE defendia mudanças sociais profundas, dentre elas a reforma universitária no contexto das reformas de base propostas pelo governo.

    A renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a turbulência acerca da posse do Vice, João Goulart, fizeram com que a UNE transferisse momentaneamente sua sede, no ano de 1961, para Porto Alegre. Ali, os estudantes se empenharam na Campanha da Legalidade, movimento de resistência para garantir que Jango fosse empossado na Presidência da República.

    Ao assumir a Presidência, Jango foi o primeiro Presidente da história a visitar a sede da UNE, já no Rio de Janeiro.

    Em 1962, a UNE criou um projeto ousado de mobilização nacional, a partir de caravanas que rodariam o Brasil inteiro. Era a UNE Volante, que, em conjunto com o Centro Popular de Cultura, o CPC, contribuiu para consolidar a dimensão nacional da entidade em todo o território nacional.

    Em 1964, o então Presidente da UNE, e hoje Senador, José Serra, foi um dos principais oradores no comício da Central do Brasil que defendia as reformas sociais no Brasil.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – Não foi à toa, que a primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar o poder em 1964 e depor o Presidente João Goulart foi metralhar, invadir e incendiar a sede da União Nacional dos Estudantes no Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro.

    Para os ditadores, a coragem, a determinação dos jovens é sempre um dos principais alvos a serem combatidos, e a UNE representou e representa essa combatividade, essa resistência, até hoje, até os dias em que vivemos.

    O regime militar retirou legalmente a representatividade da UNE, por meio da Lei Suplicy de Lacerda...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – ... e a entidade passou a atuar na ilegalidade. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, levados a viverem na clandestinidade.

    Mas, apesar disso, a UNE continuou a sua luta, os jovens continuaram a sua luta, e o ano de 1968 foi marcado por revoluções culturais e sociais em todo o mundo e no Brasil também. Foi quando os estudantes e artistas engrossaram a passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, pedindo democracia, pedindo liberdade e pedindo justiça. Foram duramente reprimidos, mas nem por isso deixaram de se organizar.

    No 30° Congresso da UNE, em Ibiúna, lá estiveram e foram presos, mais de mil estudantes e, no fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional nº 5, o AI-5, indicava uma violência ainda maior, que foi resistida. E o exemplo, um dos exemplos da resistência, teríamos muitos a falar aqui, mas um dos exemplos foi o jovem Honestino Guimarães, ex-Presidente da UNE, que foi morto pela ditadura e que hoje é homenageado aqui, na Capital Federal com o nome que emprestou a uma das mais belas pontes da nossa cidade, da Capital Federal...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – ... uma bela homenagem, não apenas a Honestino, mas a toda juventude brasileira.

    E eu me encaminho para o final, Sr. Presidente, dizendo que, após a ditadura e com a eleição do primeiro operário a Presidente da República, a União Nacional dos Estudantes voltou a ter voz muito firme e voltou a ser ouvida pelo Governo Federal.

    Importantes projetos, como o Prouni, como o Reuni, como a dedicação e a exclusividade dos recursos do pré-sal para a educação, nos deram uma perspectiva e nos dão uma perspectiva importante, porque os jovens sabem, a sociedade sabe que não há país que se desenvolva, não há desenvolvimento capaz, não só desenvolvimento econômico...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – ... mas também desenvolvimento social, se não houver a inclusão social, e, sem dúvida nenhuma, a inclusão social passa pela inclusão educacional.

    Então, os jovens brasileiros têm que ter como um direito sagrado não apenas cursar até o ensino médio, mas cursar também...

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – ... a universidade (Fora do microfone.), e sempre foi essa a principal luta dos estudantes brasileiros.

    Portanto, hoje, Marianna, eu quero, em seu nome, homenagear a Carina, que acabou, também, outra mulher combativa, de deixar a Presidência, Bruna, que aqui está, da Direção da União Nacional dos Estudantes lá do nosso querido Estado do Amazonas.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – Dizer que vocês todos, jovens, meninas e meninos do Brasil têm uma grande tarefa, que é ajudar a Nação brasileira a recuperar a sua democracia, atingida duramente por um golpe em nosso País, porque recuperar a democracia é dar legitimidade a um governo para que ele possa promover reformas, mas reformas que ajudem a melhorar a qualidade de vida do Brasil e que não promovam e não volte a escalada das privatizações e de retirada dos direitos.

    Então, eu aqui homenageio a União Nacional dos Estudantes pelos 80 anos e que o exemplo do passado seja o exemplo do presente.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) – Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2017 - Página 13